Recomendo a leitura de um excelente artigo na revista Der Spiegel (em inglês) sobre o Norte do Mali, tal como se apresenta atualmente. Paul Hyacinthe Mben, 39 anos, correspondente da SPIEGEL em Bamako, a capital, ainda não controlada pelos islamistas, aventurou-se a uma viagem ao norte para testemunhar o que se está a passar. Antes disso, evidentemente, passou semanas a negociar com os chefes dos islamistas o direito de passagem e as respetivas condições. Conseguiu regressar são e salvo, mas por um triz. O seu relato permite-nos compreender melhor quem e o quê andam os franceses a bombardear, e talvez porquê. Um caso sério de regressão social e uma mistura explosiva de religião, violência e droga mesmo aqui nas nossas barbas. Pouco diferente de Medellin, não fora Alá.
Aqui fica a tradução de duas passagens:
«O tribunal da Sharia está instalado numa antiga base militar nos arredores da cidade e é aí que os seus abomináveis castigos são executados. Uma das suas vítimas é Alhassane Boncana Maiga, considerado culpado de roubar gado. Quatro guardas arrastam Maiga, vestido de branco, para um quarto escuro e atam-no a uma cadeira, deixando apenas de fora uma mão. Um médico dá-lhe uma injeção para as dores.
O carrasco-chefe, Omar Ben Saïd, desembainha então uma faca. “Em nome de Deus, pleno de graça e de misericórdia”, proclama, pegando depois na mão do condenado e começando a cortá-la, enquanto o sangue jorra. Quando a faca atinge o osso, a tarefa torna-se mais difícil, mas, ao fim de apenas três minutos, a mão acaba por cair num balde. Pega então no telemóvel, liga ao seu superior e diz: “O homem foi castigado”.
Maiga mantivera os olhos fechados todo o tempo, não libertando um gemido. Foi depois levado para outra sala, onde lhe puseram uma ligadura e, 15 minutos depois, foi posto a andar, tropeçando até à rua. “Estou inocente,” diz. “O que querem que eu faça a partir de agora? Não vou poder trabalhar.”
Uns dias mais tarde, Maiga está morto, provavelmente devido à perda de sangue ou a uma infeção.»
Quanto ao chefe dos bandidos, alegadamente “guerreiros do Senhor”.
«Marginalizado pelos Tuaregues, deixou de apelar à criação de uma nação tuaregue e, em vez disso, começou a promover a Sharia, dizendo: “Os que não seguirem o caminho de Alá são infiéis”. A sua mudança de discurso granjeou-lhe o apoio da al-Qaida e de outros extremistas do Magrebe.
O seu grupo está também envolvido no tráfico de droga no Saara. Os cartéis sul-americanos enviam a cocaína de barco para a Guiné-Bissau, de onde é levada por terra para o Norte – em troca de uma choruda percentagem nos lucros – por rebeldes, revolucionários e bandidos, como os combatentes de Ansar Dine. Os raptos são outra fonte de rendimentos para os “Defensores da fé”. Quando as Nações Unidas aprovaram o envio de tropas para o Norte do Mali em meados de outubro, Ansar Dine ameaçou matar os reféns franceses sob sua custódia.
Ag Ghali tem pouco para dizer ao visitante. “Bem-vindo à cidade islâmica de Kidal,” diz, entrando depois no seu SUV e arrancando a grande velocidade, seguido da comitiva.»
Vale a pena ver este Blog de um jornalista catalão que está em Bamako
http://guinguinbali.com/
Podes ter toda a razão, Penélope. Mas os franceses só estão lá preocupados com o urânio que lhes alimenta as centrais nucleares. O resto predomina actualmente em todo a África. Pelo menos a norte.
Temos que falar de várias drogas.
Temos que nos preocupar com todo tipo de drogas. Digo eu…
A intervenção de França tem pouco a ver com a droga, mas com a defesa das minas na região do Niger, fronteiriça ao Mali, entre as quais está a maior mina de urânio de toda a África, explorada pelos franceses. Esta história, assim como a mutilação do ladrão em questão, passou esta semana na TV portuguesa, num documentário inserido na série “Observatório de Mundo”.
Eu sei que não gostam dela, mas vale a pena ler o artigo da Ana Gomes, sobre o Mali, na Acção Socialista, de Novembro.
Não deixa de ser chocante e assustador, a três horas de distância de avião, ver proliferar esta espécie de homens das cavernas.
É o negócio do urânio que está em causa? Claro. Mas os franceses não andam a roubar urânio. Estabeleceram uma relação contratual com o Níger, aposto.
Os franceses estão no Mali, como estiveram na Líbia contra o Khadafi: por interesses nacionais e não por estarem preocupados com as populações locais. Acontece que, com o desmoronamento do regime líbio, grande parte dos mercenários dessa guerra aliaram-se ao ramo do Al Qaeda que já estava activo no Magreb e que opera agora no Mali e no Niger. Porque a maior mina de urânio de toda a África (ainda não está em funções e já emprega 1500 técnicos estrangeiros, a maioria dos quais franceses) é vital para a energia nuclear de França, aí estão as tropas francesas para defender o urânio.
O Al Qaeda também está na Somália e noutros países africanos e os franceses não parecem muito preocupados com o que lá se passa…
rui mota: Estranho seria um país não defender os seus interesses, não achas? Mas os interesses podem ser mais amplos. Por exemplo, uma fuga em massa das populações do norte de África para a Europa não é muito do nosso interesse, parece-me.
Lá vem a conversa etno-centrista do costume: aí se os negros vem para cá, o que há-de ser de nós, brancos?
rui mota: Não falei em cor nenhuma. Até porque, em relação à humanidade, sou totalmente daltónica. Mas também te digo que “lá vem a conversa” de não se poder tentar travar a imigração para países europeus, porque quem emigraria tem a pele mais escura. Enfim.
Esquece lá as cores. A Jordânia ou a Turquia podem ou não declarar que não é do seu interesse receber refugiados sírios em massa e fazer tudo para o impedir?
Penélope,
Ainda bem que és “daltónica”.
Com o mesmo argumento, o Khadafi foi mantido no poder durante décadas pelos europeus (italianos, franceses e não só) porque “impedia” que os africanos, vindos do Sul, passassem através da Líbia para o continente europeu. Quando os “rebeldes” (mercenários a soldo da Europa e não só) iniciaram a guerra contra o coronel, a França (mais uma vez!) escolheu o lado que lhe interessava e foi o primeiro país a bombardear a Líbia. O petróleo, pois então!
Agora, com o argumento hipócrita de que “só” quer restabelecer o poder no Sul do país (onde estão as minas) e ajudar o governo do Mali a restabelecr a ordem, Hollande enviou tropas sem consultar ninguém para apoiar a sua decisão. Porque não disse ele que queria defender as minas que são estratégicas para o poderio nuclear francês? Se há países que não têm moral para “intervenções”, a França (o primeiro país europeu fornecedor de armas) é um deles…
Podemos ser daltónicos, mas não temos de ser naíves.
países com mural? hum… deixa cá ver… actualmente só em israel, o da china foi convertido ao turismo e o alemão foi abaixo e o entulho vendido como souvenir.
…não é de abismar que haja gentinha que neste cantinho prenhe de crise se dê ao luxo de perorar moral… os franceses malandros «é só urânio»…para acabar de vez com a barbárie e com o fanatismo creio mesmo ser uma peninha que não haja um poço de petróleo ou buraco cheio de urânio em cada um desses países…isso é que seria fantástico…oremos irmãos…
É estranho fazer-se tanto alarido com o extremismo islamico no Mali e omitir que a nova constituição da Libia assenta nos fundamentos da Sharia.
Será que a aplicação da lei islâmica na Arábia Saudita é mais benévola que em qualquer outra parte?
No entanto ninguém se dispõe denunciar a forma cruel como são aplicadas as sentenças em praça publica com uma multidão entusiasmada a assistir em autenticos ritos medievais.
Decapitações, mutilações, homens e mulheres a serem chicoteados.
Estas coisas não há sacana de jornalista nenhum que tenha a coragem de escrever, no entanto são uma realidade dos nossos dias.
Esta noticia é uma forma muito habilidosa de enganar os incautos.
O que está verdadeiramente em causa é a defesa dos interesses estratégicos e economicos da França e seus aliados Ocidentais.
Resumindo: é o controle das matérias primas.
rui mota, Carlos Carapeto: Lamento vocês não fazerem ideia do interesse em suster uns alucinados que querem fazer regredir a humanidade até antes da Idade Média. Talvez não fosse mau irem até lá ajudar a combater os “interesses ocidentais”.
Porém, as pessoas de Bamako agradecem, tendo mesmo entoado cânticos em que se ouvia “Vive la France!”.
oh mota! a conversa etno-centrista chama-se al-qaeda, não tarda temos o pcp a organizar uma missa de 7º. dia ao grande socialista bin-laden.
http://www.pcp.pt/pcp-condena-interven%C3%A7%C3%A3o-militar-estrangeira-em-curso-no-mali
não vos ficáva mal um niquinho de respeito pelos mortos das torres gémeas e atocha.
Ignatz,
Se não fosses tão burro tinhas percebido que eu não defendi o Al-Qaeda, mas tão só critiquei a posição da França neste conflito. O Al-Qaeda está na Somália, no Sudão, na Mauritânia, em Marrocos, na Líbia e sabe-se lá mais onde…porquê o Mali? É o urãnio, estúpido!
é d’ucrânio, mas é do do teu oh estúpido! chega-te ó queres mais, se não souberes inglês fica-te pelos bonecos ou vai ao tradutor do google.
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/africaandindianocean/mali/9816356/French-troops-stop-al-Qaeda-group-in-its-tracks-in-Mali.html#
http://topics.nytimes.com/top/news/international/countriesandterritories/mali/index.html
http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-17582909
só o avante nega a presença da al-qaeda no mali
Penélope!
Mau mesmo parece ser é a sua falta de conhecimentos sobre geostrategia e geopolitica, porque se não sofresse dessa carência certamente que não dava este tipo de resposta descabelada.
Diga por favor com que interesse a França mantêm forças militares em práticamente todas as suas ex-colonias de África, em particular na região do Sahel ?
Quanto ao horror que sente por o extremismo Islâmico. Consegue explicar onde se deve colaborar com esses movimentos e onde se devem combater?
Estou a lembrar-me da Líbia, Irão e da Siria, e um pouco mais longe porque não o Xinjiang e o extremismo Uigur.
Se se assusta tanto com os perigos da regressão da humanidade, então o que sugere para que o reino Saudita progrida da Idade Média para os dias de hoje?
E qual foi o progresso que as mulheres alcançaram com a invasão do Afeganistão? Mas na altura os invasores propagandearam até à exaustão as terriveis condições em que elas viviam. O foi que mudou?
Sobre os “vive la france” devia lembrar-se também que no Iraque quando um tanque Americano derrubou a estatua de Sadan Hussein em Bagdade, esse acto foi acompanhado por uma enorme multidão em delirio, e depois aconteceu aquilo que todos sabemos.
Sobre a defesa que faz de suster alucinados através de invasões e agressões violentas para impor a ordem, a liberdade e a democracia, esse é outro daqueles chavões que sempre serviram para justificar todo o tipo de desrespeito ao direito Internacional. Precisa que lhe lembre factos?
Leia as teses de Halford Mackinder, de Brzezinski. Leia também a opinião do geoestratega Yves Lacoste sobre os jogos de interesses da região adjacente ao Mediterraneo, do general Pezarat Correia, de Alexandre del Valle, do general Pierre-Marie Gallois.
Se se sentir ainda com forças pode ler também de um dos maiores geostrategas da actualidade Guenadi Ziuganov “A Globalização e o Destino da Humanidade”. Muito actual mas só disponivel em Castelhano.
Ficamos por aqui. Porque já percebi que o seu problema reside na falta de conhecimentos da história, por isso se atreve a intrometer-se em assuntos que não percebe patavina.
Cumprimentos.
Carlos Carapeto: Fundamentalistas e alucinados como, por exemplo, os militantes ou simpatizantes da Al-Qaeda, têm como propósito dar cabo dos que eles chamam “os infiéis”, não conhecendo fronteiras. As suas práticas de vida e relações sociais deviam bastar para o deixar, a si, descabelado (já que a mim é extremamente difícil).
Não é mais do interesse da França manter boas relações com certos países do que desses países manterem boas relações com a França. Assim como não é mais do interesse do mundo ocidental controlar as pestes religiosas atuais do que dos fanáticos quase saídos das cavernas de expandirem a sua influência, coisa que já esteve mais difícil, havendo hoje em dia aliciantes fontes de financiamento (tráficos vários – tabaco, droga, armas, etc.).
A Arábia Saudita não pretende apoderae-se do Mali, nem da Argélia nem da Mauritânia, nem sequer de Israel, nem se recusa a estabelecer relações comerciais com o ocidente. Nessa base, o país é soberano e as mentalidades irão evoluindo, espero eu, e lamento se assim não for, com a Internet, a televisão, os movimentos humanos.
Constato que, apesar de todas essas leituras, daria livre curso à vontade dos islamistas e abrir-lhes-ia as portas da própria Europa. Só tenho de congratular-me com o facto de muita gente igualmente cultivada, da qual não me excluo, ter bastante mais noção dos valores a defender e a preservar e ter mais sentido de responsabilidade.
Ignatz,
Se tivesses lido os “links” que citáste, tinhas percebido que o que lá está não contradiz em nada o que eu disse. Que o Al Qaeda está no Mali, toda a gente sabe e não é esse o meu ponto. O meu ponto é a intervenção da França. Porque é que os franceses estãp no Mali e não estão noutros países africanos (eu nomeei vários, mas há mais) onde está o Al Qaeda?
Mais, o golpe no Mali contra o presidente deposto, começou com uma revolta dos militares que não concordaram com a repressão dos Tuaregs no Norte do país. Estes tinham combatido ao lado do Khadaffi e, depois da derrota deste, voltaram para o Mail armados. Foi a repressão da minoria Tuareg que desencadeou a luta armada que, os braços (internos e externos) do Al Qaeda aproveitaram para destabilizar a região e instalar ali mais uma base. Mas, isso já o Al Qaeda faz há anos naquela região (Sudão, Somália, Mauritânia, etc…).
A razão da intervenção francesa numa sua ex-colónia, para além do aspecto neo-colonialista implícito (já estamos habituados) revela a verdadeira causa por detrás desta pretensa ajuda humanitária. E a causa real são as maiores minas de urânio de toda a África localizadas na fronteira entre o Niger e o Mail, que são vitais para a energia nuclerar francesa (mais de 2/3 de toda a produção, calcula tu!).
Estás obcecado com o PCP (quero que o PCP se foda!) e juntas tudo no mesmo tacho. És mesmo burro!
toma lá mais um link que reforça as tuas teorias
http://edition.cnn.com/2012/07/26/world/africa/mali-burnett-al-qaeda/index.html?iid=article_sidebar
e outro que mostra o apoio que os americanos e italianos dão ao programa nuclear françiú
http://edition.cnn.com/2013/01/22/world/africa/mali-unrest/index.html
ainda bem que te estás fodendo para o pcp, mas olha que os gajos tem uma conversa parecida com a tua
http://www.pcp.pt/pcp-condena-interven%C3%A7%C3%A3o-militar-estrangeira-em-curso-no-mali
Penélope na mitologia Grega tratava-se de uma mulher, assim vou supor.
Saiba que a sua resposta veio reforçar ainda mais a minha opinião sobre a sua falta de cultura politica.
Afinal bateu e rebateu no mesmo ponto sem ter conseguido adiantar nada de novo.
E face à sua falta de preparação para discutir assuntos desta natureza quase que me sinto constrangido em arrumar o assunto numa panada com meia duzias de palavras.
Mas perante o intricado contexto da situação, as graves implicações que podem trazer para os povos da região e para a humanidade em geral se os mentores desta agressão barbara alcançarem os objetivos pretendidos, eu como pessoa + _ informada nestas questões sinto-me no dever de esclarecer aqueles que se deixaram enredar nas malhas da propaganda dominante, desmistificando ao mesmo tempo o fundamentalismo puritano dos muito bem intencionados.
Vamos aos factos.
Ignora que a Al-Qaeda foi concebida, gerada e amamentada por quem pretensamente hoje a está a combater em alguns locais?
E que aqueles que a criaram, usam essa organização com duplos objetivos?
Não sabe as origens do conflito no Mali?
Onde adquiriram os Islamitas do Mali o armamento ultra moderno de que dispõem? E donde vieram? E quem treinou muitos deles?
Porquê tanto ódio aos extremistas no Mali e a omissão àquilo que acontece na Libia? Ignora que são precisamente os mesmos?
E na Siria a Al-Qaeda já pode ser financiada e armada, para assassinar e destruir indiscriminadamente?
Responda primeiro a estas questões, que depois tratamos das outras de ordem de geoeconomica( é o que está ali em causa). Sabe o que é?
Quanto à sua opinião sobre a Arabia Saudita, ilucida na perfeição o conceito que tem de relações sociais, liberdade, democracia, expansionismo e dominio religioso. Conhece a palavra Wahabismo?
Conclusão: a sua falta de cultura politica permite-lhe odiar num lado aquilo que aceita noutro.
Isso não deixa de ser outra forma de extremismo/fundamentalista, no seu caso trata-se de fundamentalismo de caracter neolibaral/burgues, que não deixa de são tão ou mais perigoso que os outros.
Quanto a drogas e armas tenha muito cuidado com aquilo que escreve. Se soubesse que a produção de drogas no Afeganistão multiplicou por dez desde a invasão da NATO abstinha-se de contemplar os outros com estes disparates.
Sobre armas convém informar-se quem está a armar os extrimistas na Síria.
carlos Carapeto
Amigo estive a ler com atenção o que escreveste e fiquei intrigado sobre a quantidade de informação que tens acesso. Deves pertencer a uma qualquer comunidade de agentes secretos, ou deves ter recebido dinheiro, num qualquer projecto, a fundo perdido, da UE e construido um drone com câmaras e orelhas para ver e ouvir as conversas de todo o mundo. Tenho de me pôr a pau contigo.
Agora falando neste assunto que tanto preocupa a Penelope, acho que no geral tens alguma razão no que dizes, pois já todos sabemos, o que interessa aqui são os negocios, as questoes humanas, são um meio para atingir um fim. Nao necessitas é de ser tao cínico e caustico para a Penelope, pois ela nunca deve ter saido da Brandoa.
Só tenho uma pergunta para a Penelope: onde estava a comunidade internacional quando aconteceu a tragédia no Ruanda? Não sei se o Carlos Carapeto já tinha um drone, nessa altura, para nos dizer o que lá se passava.
oh carrapato vermelho! antes de avançar em considerandos táctico-ò-técnicos sobre as pertinentes questiúnculas que tiveste a amabilidade geoestratégica de elencar no âmbito das tuas competências de pessoa + _ informada nestas questões, gostaria que desencriptasses a frase “…arrumar o assunto numa panada com meia duzias de palavras.” supracitada com eloquência de um “extrimista” sério, ou sírio, tanto faz. não tenho nada contra arrumadores e até costumo dar moedinha, ganda nome, para obviar posteriores trabalhos de leve risco ou penada na pintura da bagnole, mas se queres resolver isto à panada é melhor levar umas declarações amigáveis. enquanto geoeconomisas os teus conhecimentos estratégicos na elaboração de uma resposta efectivamente cabal no interesse dos povos em geral e da região em particular, vou ali ao centro de trabalho emborcar umas minis, contrinuto do pires de lima para não fazer ondas na central, e enrolar um charro em papel bíblia, avante vintage. xau.
Carlos Carapeto:
1. O facto de me indignar com o que os fundamentalistas pensam fazer no Mali não quer em nada dizer que não me indigne com o que fazem noutras partes do globo. Acontece que os bombardeamentos franceses no Mali era o assunto do momento.
2. Você afinal repudia ou relativiza e, portanto, aceita a visão do mundo dos fundamentalistas islâmicos? Convinha esclarecer, como condição mínima de discussão.
3. Na Síria – reconhece você que os russos têm interesse em lá manter as suas bases aéreas ou considera você que os russos não têm interesses geoestratégicos?
4. Mais – queira por favor indicar-me um país que não tenha interesses a defender, ou apenas interesses. Fico à espera.
5. Gostaria também de saber em que código moral se inspira para condenar o conceito de “interesse” (embora eu desconfie que essa condenação não é para si universal).
6. Gostaria finalmente de saber duas coisas – 1) se sabe da existência de códigos que regem as relações internacionais e o porquê da sua existência; 2) se por acaso subscreve a posição do PCP sobre o bombardeamento do Norte do Mali?
http://www.pcp.pt/pcp-condena-interven%C3%A7%C3%A3o-militar-estrangeira-em-curso-no-mali
Caros amigos,
Se querem falar de relacoes internacionais, entao, hoje, ha um assunto mais perigosos para falar. A Coreia do norte.
Carlos Carapeto, tu que tens um drone e que sabes tudo o que se passa onde os EUA andam atolados, também, deves saber como a Coreia do Norte se financia para pagar os seus projectos nuclear e espacial.
Francisco Rodrigues!
A ironia miserável dos seus comentários provam cabalmente a pessoa que deve ser. Porque se soubesse fazer uso daquilo que se costuma chamar decencia só tinha que contrapor os seus argumentos aos meus e provar que eu estou faltando à verdade.
Ou considera que as pessoas que mencionei num comentário anterior são uma cambada de patomineiros?
Será Brezinsky um perigoso comunista? Alexandre del Valle (um homem da UMP) será algum mentor da Al-Qaeda?
Por as aleivosias com que me brindou apercebi-me logo que estou a dialogar com um ilustrissimo douto profundamente conhecedor destes assuntos.
Entretanto e para desfazer algumas duvidas que o sobressaltam quanto à minha pessoa, faço questão de esclarecê-lo como consegui chegar até aqui.
Considero que esses tais artefactos que de forma provocatória colocou na minha posse , por enquanto ainda pouca ou nenhuma utilidade têm para a formação e desenvolvimento do ser humano.
Por mim e a bem da humanidade dispenso tais instrumentos da morte. Ao longo da minha vida tive o cuidado de habilitar-me com “armas” muito mais eficientes que esses objectos de denegação da vida, que enumera.
Primeiro apostei na minha formação para poder tornar-me o mais livre possivel, depois tentei compreender o mundo em que vivia e por fim saber qual o lugar que me pertencia na sociedade em que estou inserido.
Como pode constatar balizei a minha vida nestes principios muito simples. Portanto enganou-se ao tentar premiar-me com atributos que não tenho e talvês nem mereça.
Depois viajei muito; dediquei parte da minha vida a trabalhar no estrangeiro, conheci três continentes a trabalhar. Foram mais de vinte anos nessas andanças.
Trabalhei desde o Orinoco até ao Volga, passando por o Norte de África, Médio Oriente e Irão.
Se reparou bem nos livros que mencionei, também leio bastante. Ninguém lê demais.
Está esclarecido sobre a origem dos meus conhecimentos?
E com que propósito veio a Coreia do Norte a terreiro se estamos a discutir a situação do Mali?
Portanto no seu pobre imaginário intoxicado por a informação dominante quem discorda dos seus pontos de vista tem que estar conetado com o regime Coreano?
Pelas mesmas razões deve aceitar que aos seu oponentes lhes assiste o mesmo direito de conetá-lo com o Nazismo.
De certeza que V.sa Exc. com essa prosápia vã de justificar o injustificavel , está mais próximo do nazismo que eu do regime Norte Coreano.
Sabe que mais? Habilite-se a conhecer melhor aquilo que pretende discutir, para depois saber responder às questões com que é confrontado.
Oh Gajo Intricado no Contexto da Situação.
Arrumar o assunto numa panada é muito simples.
Basta saber dizer a verdade. E a verdade neste caso prova que Vc é um ignorante, um imbecil. Porque além de não saber fazer uso do contraditório é um guzano provocador que só sabe chafurdar na imundicie putrefacta.
Aquilo que escreveu não foi um comentário, exibiu o seu certificado de falta de educação. Mostrou o seu baixo nivel cultural, a sua pobreza de espirito.
Enfim; é aquilo que sem margem de erro se pode considerar um escravo do sistema que o esmaga.
ehehehe… não há seguradora que resista a duas panadas diárias.
“Aquilo que escreveu não foi um comentário…”
morno… morno…se calhar era um polaroid.
” Na Síria – reconhece você que os russos têm interesse em lá manter as suas bases aéreas ou considera você que os russos não têm interesses geoestratégicos?”
Penélope!
Por favor não exagere. A Rússia tem apenas uma base de assistência (repare assistência) naval na Síria (Tartus) a única fora do seu território. E se está a prestar algum apoio militar no fornecimento de armamento já vinha muito antes de ter estalado o conflito.
Uma pergunta. Quantas dezenas de bases militares ofensivas (sabe o que é ?) têm as outras potências na região? E com que objetivos estão lá essas bases?
Espero que consiga responder.
Insurgi-me contra a defesa intransigente com que advoga a intervenção militar Francesa no Mali baseadas nas razões que apresenta , na medida em que sei que estão muito longe da verdade, nem tão pouco os objetivos enunciados correspondem à verdade.
O que está a acontecer no Mali é um flagrante desrespeito ao direito internacional, contrário à vontade dos povos de delienarem livremente os seus própios destinos.
É isso precisamente que se recusa aceitar. Vc está a defender uma acção ilegal.
O conflito no Mali não é mais que a factura daquilo que a França fez na Libia.
Porque na altura houve quem avisa-se que a agressão à Libia servia para trazer a Al-Qaeda para as fronteiras da Europa. E não se enganou quem previu antecipadamente tal desfecho.
Mas o mais grave ainda é que a situação na Libia está muito longe de estar estabilizada, porque ainda hoje e face ao agravar da situação naquela região vários países da Europa mandaram retirar os seus cidadãos de algumas zonas da Libia.
Certamente que ignora também que a Libia de Kadafhi era um dos países mais bem apetrechado de armas do continente Africano. E o que foi feito dessas armas?
No comentário anterior perguntei-lhe se sabia onde foram os Islamitas do Mali arranjar o armamento sofistificado que dispõem ( já derrubaram um avião Francês).
Depois há outra questão que já lhe coloquei várias vezes, sem obter resposta.
Há membros da Al-Qaeda no actual governo governo Libio. Este “senhor” era membro de uns dos ramos da Al-Qaeda, Abdel Hakim Belhaje combeteu no Afeganistão e hoje é o todo poderoso governador militar da região de Tripoli.
Eu não contexto que se tenham que travar as ambições do extremismo Islamico, mas obedendo às regras do direito estabelecido na carta das Nações Unidas.
Verifico com surpresa da sua parte que considera que existe uma Al-Qaeda boa outra monstruosa .
Na Libia, na Siria e no Irão pode cometer as maiores atrocidades que é em defesa do bem.
Quando desafia os interesses do mundo Ocidental deve ser impiedosamente esmagada nem que para isso se tenham que provocar milhares de vitimas inocentes.
É precisamente o que já está a acontecer no Mali, fala-se de mortes indiscriminadas por motivos étnicos além de milhares de refugiados.
Não menos importante para considerar a intervenção da França ilegal deve-se ao facto de.
Primeiro: carece de um mandato internacional.
Segundo: o actual governo do Mali não dispõe de legitimidade democratica, na medida em que assumiu o poder através de um golpe de Estado (quem sabe se patrocionada por a França).
Depois se se trata de uma questão de repor a ordem como afirma porque razão não defende também, que os Franceses deviam realizar uma acção identica no Sarha Ocidental, para fazer cumprir as resoluções do Conselho de Segurança da ONU?
Penélope não tente fazer com que os outros entendam o mundo apenas à sua maneira, porque isso não deixa de ser outra forma de radicalismo.
Quanto ao PCP se tem contas a acertar com esse partido, incumbe-lhe a si pedi-las, tenho a minha profissão não tenciono tornar-me cobrador de dividas dificeis.
Mas será o anti-comunismo que faz ter este tipo de opiniões? Se é isso fico devidamente esclarecido sobre as suas tomadas de posição.
Portanto critica-se nos outros aquilo que realmente somos. Extremistas do lado contrário.
Da minha parte confesso sem qualquer receio e com bastante orgulho que sou apartidário, sem ser apolitico.
Para mais informações de África e do Mali consulte este Site.
http://www.guinguinbali.com/
Muito ainda ficou por dizer, em particular sobre a opinião que tem acerca da petroditadura medieval da familia Saud.
Encontram-mo-nos noutro lado.
Cumprimentos.
Carlos Carapeto
Fico impressionado com o teu grau de conhecimentos e folgo que haja, compatriotas meus tao viajados e informados como tu. Não necessitas de ficar nervoso com os meus comentários e piadas. Não foi para te ofender. Além do mais, se tivesses tomado atenção ao que eu disse numa observação anterior, no geral, concordava contigo. Agora vim com a história da Coreia do Norte, porque tinha acabado de ler uma notícia, em que dizia, que este país quer retomar as experiencias atómicas. Eu que, graças a Deus, tive a sorte de viver numa cidade, Amadora, onde na sua entrada, havia um placard que dizia ” terra livre de armas nucleares”, fiquei extremamente preocupado com as intensões da Coreia do Norte. Ou para ti, as unicas armas nucleares perigosas, sao as da Nato? Não sei o que o Brzezinski, excelente especialista em geo-política e geo-estratégia e conselheiro de Estado, para assuntos de defesa, do produtor de amendoins, pensa sobre isto. Pensei que tu pudesses dar o teu contributo ao blog e aproveitarmos dos teus conhecimentos, para nos informar de onde vem o dinheiro dos programas nuclear e espacial da Coreia do Norte. Tão dificil de responder?
Mas o que ainda nao percebi é qual a conclusao que se retira do discurso de que a intervencao so ocorre devido a interesses estrategicos e que ha muitos outros sitios no mundo que justificavam uma intervencao ?
O que defendem os carapetos doutores de geoestrategia, como fazem questao de realçar em cada comentario) ?
Que nao se faça nada ? Que se concerte uma intervenção mundial sincronizada, que varra o mundo todo dos ditadores snaguinarios, esbirros da AlQaeda e outros afins, do Mali ao Irao, passando pela Coreia do Norte ?
Quem vai fazer isso ?
Para alem dos comentarios da Penelope, a tirada mais inteligente que li aqui foi do(a) blablazada, que nota que é uma pena que nao haja minas de uranio ou poços de petroleo em todos os sitios do mundo vitimas de barbaries medievais que deixam perfeitamente indiferentes os nossos peritos geoestrategas, que ja viram muito mundo e por isso ja estão habituados.
uma mixórdia de interesses religiosos, por um lado, e económicos e políticos por outros. tudo misturado dá em sangue e destruição. e à França cheira-lhe a gás e a petróleo da argélia.
será caso para dizer que foi uma viagem, não viajem, em que foi-se a mão e ficaram os jactos.
Em matéria de colonialismo e de neocolonialismo, é inegável que os franceses são do mais refinado que há. Cito como exemplo o apoio francês a um grupo no Ruanda que, depois, se tornou genocida. Esse apoio incluiu treino militar a milícias que, posteriormente, deram início o genocídio de 1994, o mais traumático genocídio da segunda metade do século XX, tendo em conta os métodos utilizados e a percentagem de população assassinada. Os franceses negam ter tido conhecimento das intenções genocidas dos seus ex-protegidos…
Olinda: Oops! Imperdoável. Já corrigido.