Gaspar, como Portas, anda claramente a divertir-se

Tal como Portas, Gaspar não trocaria por nada deste mundo o seu atual papel de ministro. Ambos encontram um extremo gozo no exercício do cargo. Gozo esse que é reforçado pelo facto, no caso de Portas, de ter a chave da manutenção da coligação e, no caso de Gaspar, de ser ele o primeiro-ministro.

Vejamos o Gaspar. Em nossa casa, ou seja, em Portugal, e como delegado da Troika e líder de um governo com maioria absoluta, prossegue impávido e sereno uma política radical de empobrecimento do país, de despedimentos, de desmantelamento do Estado social e das políticas públicas, de indiferença pela sorte dos cidadãos e de grande conluio com os credores visitantes, apenas apostado no regresso aos mercados que inseriu como grande objetivo nos seus cálculos, como se isso aliviasse alguém ou sequer a dívida pública, ou como se a Troika fosse para ele algum fardo de que se quisesse libertar (disse aliás, ainda ontem, que o ajustamento de Portugal não é imposto pela Troika).

No estrangeiro, diverte-se agora (por pressentir uma ligeiríssima mudança de vento) a entremear o habitual discurso económico-argumentativo-demonstrativo (que mantém) com declarações impensáveis que pretendem transmitir as preocupações que muitos lhe gritam aos ouvidos em Portugal quanto ao desemprego galopante e à miséria que se vai instalando, mostrando-se assim muito patriótico e defensor do contrato social de um Estado civilizado.

Tudo isto é uma farsa. Basta atentarmos no novo programa “de ajustamento” a que decidiu sujeitar o país nos próximos 3 anos para concluirmos que o homem se anda a divertir à grande e à inglesa não só com experiências económicas como também com exercícios teatrais à nossa custa.

Novidade, novidade, foi o discurso do ministro das Finanças português, que defendeu que “a fragmentação financeira que existe actualmente exacerba o custo associado ao ajustamento e funciona como um choque de competitividade negativo para o pais sob ajuda externa”, acrescentando que a “UE tem de respeitar o que eu considero um princípio: permitir aos Estados que assegurem aos seus cidadãos os direitos sociais que estes exigem”.

[… ]Embora satisfeito com o sucesso da colocação da primeira emissão nos mercados de dívida pública portuguesa a 10 anos, reconhece que o desemprego é um problema irresolúvel, a não ser que seja posto em marcha um programa de políticas activas de emprego.

Nota: Sobre o “sucesso” da nossa ida aos mercados, não perder este artigo de Rafael Barbosa no JN:
http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=3206441&opiniao=Rafael+Barbosa#_page0

4 thoughts on “Gaspar, como Portas, anda claramente a divertir-se”

  1. Nada de novo na frente ocidental. Gaspar alinha milimetricamente com os seus mandantes. Como o seu aparato pseudo-científico ruiu recorrem, pasme-se, ao embuste eleitoral de 2011 de passos coelho!

    No entretanto, a Senhora merkel recebe cognome «bonito» (mas demasiado palavroso, quando traduzido para uma língua sem declinações) que, na língua de Camões, assim reza:

    «Única líder ao nível europeu que melhor compreende o que se está a passar»

    Diz-se que o operacional alemão metade homem, metade máquina, levou um papel ao cherne com o novo cognome da Sua Senhora, para que fosse lido em público. O cherne perdeu assim o último pingo de credibilidade que lhe restava. Mas isto já não interessa nada…

    O que interessa é que a «única líder ao nível europeu que melhor compreende o que se está a passar» vê-se obrigada a defender a sua sobrevivência política recorrendo ao abominável saco de truques do coelho…

  2. O artigo de Rafael Barbosa é excelente.

    A única coisa que preocupa Gaspar é como vender o seu produto: títulos de dívida pública portuguesa a juros de usura. Como aos credores preocupa, essencialmente, o risco de perda total, ele atira-lhes com o embuste do passos coelho de 2011. Como disse ali acima, aos sofistas que vivem à pala dos especuladores resta-lhes agora o saco de truques de passos coelho para tentarem convencer os «moneybags» a não abandonar o casino.

  3. O sociopata Gaspar é como um puto charilas a brincar com o fogo.

    Depois não venha é chorar baba e ranho para baixo das saias da mãezinha, quando a realidade lhe rasgar a fatiota e o fizer lamber o pó e sorver a lama.

  4. a emissão da dívida pública foi um sucesso porque a procura foi 3x superior à oferta, só não se percebe porque é que o juro a pagar não baixa com tanta procura. deve ter sido um leilão up side down, tipo quem apresenta proposta mais cara.

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