E da “rientrê”, ninguém fala?

Rentrée” (regresso às aulas ou à política, termo francês) agora em Portugal é “reentré”, “reentre” ou outras aberrações.

[Qu’est-ce que ça veut dire la rentrée ?
Action de reprendre ses fonctions, ses travaux après l’interruption des vacances : La rentrée des classes.]

 

Está à vista que a língua francesa já não é “coisa que assista” à maioria dos portugueses. A palavra escreve-se como no início do primeiro parágrafo, mas começa a haver jornalistas, publicitários e outros que conseguiram ver ou inventaram os dois “ee(s)” no princípio da palavra e não no fim e então dizem “reentré” ou, pior, escrevem assim e por vezes sem acento. Caso do autor deste artigo do Público:

Passe ferroviário a 20 euros: muitas borlas para tão pouca oferta?

A reentre política do PSD ficou marcada por uma novidade ferroviária: na Festa do Pontal, Luís Montenegro anunciou um passe ferroviário nacional para todos os comboios – com excepção do Alfa Pendular – por um preço mensal de 20 euros.” […]

“A reentre”?? Se assim é, mais valia “a reentrada”.

Também há para aí um anúncio para o regresso às aulas em que a rapariguinha que fala diz “reentré” (pronunciado “rientrê).

Querem ser chiques a valer? Digam “rentrée” em francês (vão informar-se da pronúncia correcta). Para evitarem fazer figuras tristes, mais vale que digam “reentrada”, “regresso a”, “recomeço”, sei lá. Mas podiam começar por ir a um dicionário.

14 thoughts on “E da “rientrê”, ninguém fala?”

  1. Porque estamos a falar du francais bien écrit et parlé de la France de Macron….

    -Nesta arte de escrever e falar, em comunicação com o povo (e não só com o povo…), nos ocs, especialmente nas tv’s, há muito o hábito de trocar umas coisas pelas outras… Lembro-me do Pacheco (quando eu via aquele programa), às vezes, esquecia-se da palavra em português e socorria-se do “como dizem os ingleses” e, bumba, certamente influenciado pelo hábito que tinha no seu Abrupto, abruptamente interrompido, de, sistematicamente, publicar poesia em inglês – para que todos percebessem melhor. –

    ..de la France de Macron:

    Gostei desta. Macron nomeia Michel Barnier como novo primeiro-ministro. É uma boa resposta aos esquerdistóizes que querem que seja o seu partido a decidir quando fazer uma revolução e dispor do seu destino nem que seja com campos de concentração e gajos amandados de arrejeitada de aviões e prédios abaixo, especialmente camaradas seus – ou envenenados, indo à caça deles no estrangeiro como fizeram ao desgraçado do Trotsky. Senão, se tiverem chance disso, criam as condições para a extrema-direita aceder ao poder, como as meninas do bloco e os meninos Bernardo e Raimundo, mesmo que percam apoio nas eleições.

    Estou a apoiar Macron nisto. Há algum problema nisso? Era o que faltava. É preciso denunciar esta cambada que polvilha a área da esquerda em Portugal. E em França.

    (So me petece é morder nos pulhas que se dizem de esquerda e que levaram estes gajos ao governo sem puta de vergonha nenhuma)
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~
    Ponham-se a pau, que está aí a brotar um malandrote para a política. Fardado. Bastaram-me 14 minutos da entrevista. Desliguei aí. O jeitinho que o gajo tem para ser hipócrita.

  2. Ouvi um burgesso qualquer a dizer “re-entrê” da tv, mas aí já não se estranha nada – aliás, durante dias ouvi jornalistas, comentadores, ministros e deputados a dizer “hile-cóptero”, aparelho que deve ter uma “hílece” é vez de uma hélice. Aborrece-me mais a quantidade de dinheiro dos contribuintes que gastamos com professores de francês, e não haver um só jornalista que fale a língua – os francófonos são invariavelmente em inglês (enfim, o “inglês” que falam os nossos jornalistas e a maioria dos franceses). Já que saber mais do que inglês passou a ser considerado conhecimento redundante, acabe-se com a disciplina de francês e os professores que vão trabalhar noutras áreas, em que bem são precisos.

  3. Interrogatórios que ficam para a História
    13 Novembro 2017 às 15:36 por Penélope

    Agora, que se queiram misturar nessa cassarola as relações normais entre pessoas com a mesma filiação política e respectivas práticas correntes (como a associação de pessoas em blogues) e considerá-las como altamente suspeitas e intrigar nos jornais acerca delas é outra coisa bem diferente, que não devia acontecer.

    ______

    «Agora, que se queiram misturar nessa cassarola», que caraças!
    (escreve-se caçarola, essa é do ensino preparatório)

    «Mas podiam começar por ir a um dicionário»: nem mais, Peny!

  4. Pronunciar “rientrê” parece-me ser caraterístico de sotaque parisiense. Vivi lá 18 meses após regressar da g. colonial e eles têm a tendência para o h’iããn, h’iããn… h’iããn…. h’iããn… -r’iããntrée.

  5. Fontes: Moraes, 1999, vol. I, p. 425; Lexicoteca, 1985, vol. I, p. 483. CO e AD

    Lêrau! #haduzentosanosqueandanabocadetodaagentecomoapastamedicinalcouto

    O Dicionário da Língua Portuguesa, de António de Morais Silva (por isso vulgarmente referido como “Dicionário Morais”), intitula-se na sua edição original, de 1789 (ui-ui!), Diccionario da Lingua Portugueza composto pelo Padre D. Rafael Bluteau, reformado, e accrescentado por Antonio de Moraes Silva, natural do Rio de Janeiro.

    LOL

  6. o neoconservas muda para caçarola voadora em tungsténio que confere um look moderanaço ao bafio que serve com o ranço tradicional.

    leitura complementar:
    “Também nesses olhares identifico com nitidez a esperança na rejeição da miragem por alguns apontada de reformas imponderadas quanto ao conteúdo e imprevisíveis quanto aos resultados a reboque do ribombar dos tambores da ignorância e da superficialidade ou de uma contagiante e incauta maledicência enraizada em pérfidos desígnios”
    https://www.publico.pt/2024/09/04/sociedade/noticia/lucilia-gago-insurgese-perfidos-designios-critica-justica-2102978

  7. cassarola voadora

    Lêgau!

    #haduzentosanosqueandanabocadetodaagentecomoapastamedicinalcouto

  8. paçarola voadora

    Lêgau!

    #haduzentosanosqueandanabocadetodaagentecomoapastamedicinalcouto
    #padrebartolomeudegusmão
    #saramago

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