O Cristiano Ronaldo deixou a crista e põe agora brilhantina e um penteado à anos 30 e decidiu que só trabalha em um quarto do terreno, golos é que nada; os franceses branquearam literalmente a equipa, perderam peso (refiro-me mesmo a kg) e parece correrem mais; os irlandeses jogam com umas meias verdes às risquinhas, muito giras, mas vão-se embora com elas; os ingleses, tendencialmente excêntricos, vestiram o guarda-redes de pijama; os alemães jogam em formação e traçaram previamente a trajetória das bolas com régua e esquadro, sendo eficazes mas nem tanto, é só fazer-lhes uma cócegas (ao estilo das cigarras); os gregos não sabem que também se podem distribuir pela zona imediatamente antes da baliza adversária; os italianos ainda falham mais flagrantes do que nós e os ucranianos são o esplendor na relva (refiro-me também aos fatos).
Esta é a Europa despreocupada e bonita em vésperas de grande confusão no seu flanco sul. Sendo certo que ainda existirá Euro 2012 daqui a duas semanas, existirá ainda a eurozona?
Se a Grécia abandonar a área (o Euro já praticamente abandonou), os prejuízos financeiros já foram mais ou menos contabilizados: € 89 000 milhões para a Alemanha, 59 000 milhões para a França, 39 000 milhões para a Espanha (à beira da bancarrota, vem mesmo a calhar) e algo parecido para a Itália (também à beira do estrangulamento). E depois? Ninguém sabe. Provavelmente por causa disso, os gregos vão poder renegociar as condições. Mas o contrário também é possível. O que se segue, ninguém sabe.
Ao ouvirmos os políticos e economistas deste mundo, já ninguém tem pruridos em trocar as expressões “a Europa” ou “o Conselho Europeu” ou “as instâncias europeias”, até aqui muito politicamente corretamente utilizadas como introdução a uma crítica, por simplesmente “a Alemanha”. Já toda a gente percebeu que é lá que, mais uma vez, está o problema. A chancelerina alemã (numa altura destas, há inegáveis vantagens em não ser um homem, não há?) chama os espanhóis de irresponsáveis e brevemente presenteará os italianos com epítetos semelhantes (e esqueçamos o que já disse ou mandou dizer dos gregos).
Sabemos que Mario Gomez, Özil ou Lahm nenhuma responsabilidade têm na condução alemã da política europeia. Mas se os europeus do norte e os do sul não se entenderem definitivamente quanto à resolução desta crise das dívidas, perante a falta óbvia de meios para resgatar países grandes, e desatar tudo à batatada, alguém cá de baixo terá vontade de se voltar a divertir nos tempos vindouros com os de lá de cima? Só se for com uma bola de explosivos.
E se alguém um dia destes, em Itália, complicando-se a situação, se lembra de dar um tiro num alemão? Não é impossível.
Mais longe, no país de destino do Titanic, não estando os americanos nada divertidos com o que se passa na Europa, é provável que já estejam a pensar acionar o alerta de “prontidão”. Vai uma dinamizaçãozinha da economia, como em 1944?
Penélope,
Esta não é uma crise da zona Euro, mas do sistema (capitalista). Que sejam os alemães ou os povos do Sul, os “maus da fita”, é pouco relevante, pois em ambos os hemisférios temos os mesmos intervenientes. Portanto, estamos a chegar ao fim de um ciclo e o sistema está a (re) ajustar-se, agora que a China e restantes BRICs entraram na partilha das riquezas. Como há mais macacos que bananas…
Rui Mota: Não é bem assim. Não é o sistema capitalista, por oposição a outro qualquer (como pareces sugerir), qual? já agora, que está em crise. Os chineses adoram o sistema capitalista – de Estado. Os indianos também, não necessariamente de Estado. O Brasil nada contra.
Há problemas de excesso de desregulação do sistema financeiro, é um facto. Mas há vários problemas a decorrer ao mesmo tempo. E o nosso regional tem responsáveis.
o problema tá na bandalheira a que se chegou, incumprimento generalizado, garantias falsas, avais duvidosos, bués de produtos e engenharias financeiras para disfarçar a merda anterior e quem regula é parte interessada no regabofe.
O que é que não é bem assim? Vê lá se lês bem o que escrevo. Onde é que eu sugeri que era o sistema capitalisa por oposição a outro? Que os chineses adoram o sistema capitalista, toda a gente sabe. O sistema (capitalista) está em desregulação há, pelo menos, 20 anos: a economia deixou de crescer a Ocidente e já só cresce a Oriente, mas o sistema é o mesmo. Exactamente porque, entre outras razões, o Capital deixou de ser investido (e gerar lucros) no factor trabalho e passou a ser aplicado na especulação. Há vinte anos, 2/3 do PIB mundial ainda era criado na economia real, e actualmente só 1/5 é que é obtido dessa forma. Os restantes 4/5 são aplicações financeiras. A crise europeia é uma consequência da crise americana, porque estamos a falar de uma crise sistémica. Deixámos de crescer a 4 e 5%, a partir dos anos noventa e, praticamente, a Europa já não tem crescimeno económico acima dos 2% há muito tempo. A criação do Euro é posterior. Que os “mercados” se aproveitem dessa estagnação, para especularem, faz parte do jogo. Primeiro destróiem-se as relações laborais e depois reconstróiem-se segundo outro modelo (neo-liberal, neste caso). Foi assim na América (com Reagan) como na Inglaterra (com Tatcher) com na Russia (com Yeltsin) como actualmnte na Grécia, em Portugal ou em Espanha. Aconselho a leitura (existe um documentário com o mesmo nome) do livro “A doutrina do choque” de Naomi Klein ou, em alternativa, o documentário “Catastroika” de Katerina Tidisis. Muito elucidatvos. Portanto, e para concluir, não tem nada de sistema capitalista por oposição a outro, mas de uma nova fase do sistema capitalista: o da desregulação financeira ou o “capitaismo do desastre”, para usar uma expressão em voga.
Não concordo nada contigo, Penélope. Isto é tudo, menos um problema de Estados, ou Países, entre si. Simplificando demasiado as coisas elas não ficam mais simples, nós é que fazemos figura de simplórios, como demonstra o ruimota com as suas crises pavlovianas do “capitalismo”, coitado.
O que se passa na crise do Euro é muito mais do que um confronto entre interesses dos Povos do Sul e do Norte da Europa. Vamos tentar simplificar, mas sem desvirtuar a realidade: há diferenças fundamentais de interesses entre o Norte, em geral (por favor, STOP à focagem desta questão na Chanceler alemã, na População alemã, na Economia alemã, ou a História alemã – chega!) e o Sul, também em geral, mas essas diferenças são mais de ordem cultural e menos relevantes do que outras diferenças que também dividem a Europa atual!
Se olharmos para as causas desta crise, podemos identificar erros políticos, ou mesmo fraudes (como as cometidas, em especial, pelos gregos e pelos madeirenses), mas acima de tudo uma arquitectura errada para o Euro e para A PRÓPRIA UNIÃO EUROPEIA, que partiu do princípio ERRADÍSSIMO de que as fragilidades de partida dos novos Países do Sul – P, E e GR – seriam eliminadas à custa de avultadas somas de fundos ditos (eufemísticamente) estruturais, sem fazer o mínimo esforço para garantir que assim o seria – e governantes portugueses de um Passado recente, como Cavaco Silva, Isabel Mota, Deus Pinheiro, António Guterres e muitos outros são quem mais contas, sobretudo MORAIS, tem a prestar nesta matéria… -, e tudo isto culminado por uma erradíssima concepção de escrutinabilidade do SISTEMA BANCÁRIO, que sempre funcionou em roda livre e com a mãozinha por baixo, fazendo os seus “polícias” de ceguinhos quando as coisas corriam de feição, com lucros formidáveis ano após ano, e depois fazendo-se os Banqueiros de “Calimeros” junto dos Estados, pedindo clemência para os desmandos e jurando nunca mais os repetir, mas sempre sem pedir verdadeiramente perdão de coisa nenhuma, nem mostrando os dedos ao fazer as “juras”!
Resumindo, erros políticos e fraudes que deveriam ser severamente puníveis por Instituições idóneas, má arquitectura da construção europeia, que deve ser reformulada e, no topo do bolo, a cereja da inimputabilidade da Banca são as verdadeiras causas de uma crise que, para ser ultrapassada, não necessita de rancores absurdos entre Estados e Povos europeus, que ESTÃO TODOS JUNTOS NA IMINÊNCIA DO DESASTRE, mas sim de uma viragem fundamental, que ponha definitivamente a Banca no seu lugar – ao serviço da Economia e do Trabalho produtivo, não da especulação usurária e gananciosa! -, os Políticos com freio nos dentes (e alguns na masmorra, como o Berlusconi, o Alberto João Jardim, alguns ex-Ministros gregos, irlandeses, islandeses, etc.) e as Instituições europeias ao serviço não dos interesses dos negócios e das negociatas, incluindo Submarinos, Gás e todas essas fontes de dinheiro sujo que POLUEM a Economia, mas sim ao serviço dos INTERESSES ESTRATÉGICOS DA EUROPA NO SEU CONJUNTO, que antes do lucro terão de ter em conta valores fundamentais como a Paz, a Democracia, o Desenvolvimento sustentável, os Direitos Humanos e a Cooperação internacional.
Uma Revolução pela Lei, no fundo…
Penélope, aqui estão os dois últimos comentários, de Rui mota e de ODISSEU que os visitantes deste blogue teriam todo o interesse em ler, fora da caixa de comentários, pelos factores que apresentam como justificação/explicação para as “crises da desgraça do Ocidente”!
Rui Mota, Odisseu: Tudo certo. Certíssimo. No entanto, chegados à fase do ataque dos especuladores a alguns países da zona euro depois de identificadas as brechas na construção da moeda e tudo o mais que já foi dito, etc., cuja trajetória era mais do que previsível desde o caso da Grécia, as decisões impostas pela Alemanha não foram as mais eficazes, nem estancaram coisa nenhuma. Aliás, foram tão ineficazes que dariam até vontade de rir, não soubéssemos nós que a única preocupação alemã é com eles próprios (farão bem; não podem é vir falar dos interesses europeus. Mas quem não vive ali no círculo da Alemanha precisaria de uns óculos que não tem).
Mas, Penélope, essas decisões “impostas pela Alemanha” têm pelo menos a concordância, quase sempre até entusiástica, da Holanda, da Dinamarca, da Polónia, da Finlândia, da República Checa, da Áustria e, seguramente, da França e do Reino Unido! Já para não falar do cherne banana…
Como vês, não podes “personalizar” tanta vontade e opinião numa singela mulher, ou mesmo num único Povo europeu, por mais formiguinha, poupadinho e cumpridor que ele seja (e de facto É!)…
Odisseu: Eu referi-me aos países do norte e aos do sul da Europa. Não me cingi à Alemanha. O que se constata é que as economias mais estreitamente ligadas ou dependentes da alemã, nomeadamente por estarem na sua vizinhança, apresentam-se em melhor estado. Mas é a Alemanha o motor e o decisor. Se a situação da Alemanha um dia se deteriorar, a desses seus vizinhos deteriora-se em igual medida. O termo periferia é correto e está carregado de significado, quer queiramos quer não.
Quem souber responder que o faça com urgência : os combustiveis fosseis são finitos,o que poderá acontecer à europa e ao resto do mundo pobre,quando os Bric,estiverem no auge da sua produção,a baixo custo,e a consumirem petroleo que vai forçosamente faltar nos outros paises mesmo desenvolvidos.? aproveitemos as potencialidades do alqueva,aproveitemos corretamente o nosso mar,pois a Portugal só nos resta o Turismo e uma economia de subsistência.Infelizmente não vejo alternativa ao sistema capitalista.O triunfo dos porcos de george orwell,mais cuba e a coreia,diz-nos qe o paraiso que o Pcp quer vender aosportugueses não passa de um embuste.O mundo é de todos,dizia aqui há tempos um africano esfomeado e cheio de medo quando foi preso pela policia espanhola.Somos uns privilegiados comparados com esta desgraçada gente.
oh maria brita! tá descansada que os amaricanos já nacionalizaram o brasil e o resto dos poços da américa latina trabalham com tecnologia ianque, mas em caso de dúvida atesta a banheira e aluga o alqueva para armazenares o pitróil que não te couber em casa.
Estamos numa crise de austeridade Merkiana.
Os adeptos alemães chamaram durante todo o jogo macaco ao Nani e as Censuras da RTP, SIC, TVI e SPORTV, proibiram a divulgação desse facto indesmentível!!!
Falam contra a Censura da Coreia do Norte e eles fazem o mesmo, parece que estamos na Coreia do Norte!
Vencemos a Dinamarca por 3-2.
É interessante o blog.
O excelentíssimo António Borges quer que os salários de fome passem a ser salários de muita fome. Mas ele ganha um salário muito interessante e é mais um «moralista», no dia 11 de Junho de 2012, fartou-se de pregar a sua moral para os outros, mas que não usa para si próprio, na RTP1, depois da 22.30.
O LAZER É ÓPTIMO, O PIOR É QUANDO FALTA O SUBSÍDIO DE FÉRIAS.
Um programa recente da SIC Notícias disse mentiras sobre o caso «Equador», que tem frases inteiras copiadas de «Cette nuit la liberté».
MST é um «moralista» anti-Esquerda.
É sempre bom conhecer melhor um «moralista».
A Censura anda muito activa nos comentários dos blogs. Espero que deixe passar este comentário.
Em http://www.anticolonial21.blogspot.com está a verdade inconveniente sobre a cópia de partes de «Cette nuit la liberté» por Miguel Sousa Tavares para o livro «Equador».
A propósito de futebol, em mais uma demonstração de antisemitismo, parece que a selecção francesa não quis comparecer ao estágio:
http://www.lavenir.net/article/detail.aspx?articleid=DMF20120613_00169990
Sobre o futebol no velho campo de Auschwitz, mesmo ao lado dos leviatãs do extermínio em massa…
http://www.youtube.com/watch?v=pQWpepIJH1Y
Mais aqui, e não me digam que não vem a propósito:
http://robertfaurisson.blogspot.pt/2012/06/pelerinage-force-de-nos-footballeurs.html
Na futebolândia, o futebol vem sempre a propósito.
Artigo na “Economist”, sobre Alemanha, economia europeia, II Guerra Mundial, pós-guerra e Plano Marshall. Link sacado em post de João Pinto e Castro no “Jugular”:
http://www.economist.com/blogs/freeexchange/2012/06/economic-history
se hoje portugal não passar, a fase de grupos, temos um berreiro digno de bezerros desmamados…é que Ronaldo e companhia são uma verdadeira vaca leitieira para muitos comentadores de tv e não só…..