Celebraram um pacto

Nuno Crato tem-se revelado um mestre na ciência da aldrabice. Tudo começou com os números falsos que atirou para o ar na Assembleia da República com o maior dos desplantes a propósito da Parque Escolar (na altura, inseriam-se na linha dos “desvios colossais” do Gaspar). Estava dado o mote também na Educação, o que na altura chegou a surpreender, dada a auréola de credibilidade que acompanhava a cabeça de Crato. Não tardou a assistirmos às trapalhadas nas colocações de professores, aos avanços e recuos nos vínculos, nas contratações e nos agrupamentos de escolas, às promessas várias e vagas não cumpridas, percebendo-se cada vez mais a ideia de escola que lhe vai na mente – um modelo Estado Novo, segregador, impositivo, a que só faltarão, por enquanto, as reguadas e a Mocidade Portuguesa.

Ontem, quem teve oportunidade de o ouvir no Telejornal a propósito da alteração do programa de Matemática dos 1.º e 2.º ciclos não pôde deixar de confirmar o seu total alinhamento pela cartilha desta espécie de governo. Ao dizer que o conteúdo dos programas não muda, ou praticamente não muda, laborou de imediato em dois equívocos: afinal não muda em relação a quê? Por entre frases escorregadias, percebi (será que percebi mal?) que, desde o ano passado, está em teste um novo programa nalgumas escolas e que é em relação a esse que não há grandes mudanças. Mas e em relação ao que estava em vigor na esmagadora maioria das escolas? E qual a grande justificação? O que disse sobre isso foi muito pouco. Fiquei com a sensação de que, quando muda, é só para se demarcar da “peçonha socialista” anterior, cujas vitórias menospreza, e em nome da tal ideia mítica da escola antiga. Depois, a questão dos manuais: é ou não é necessário adquirir novos manuais? Atendendo ao que acabo de dizer, não se percebeu. Que manuais têm os miúdos neste momento? Crato disse que os poucos ajustamentos que haviam sido introduzidos seriam facilmente acrescentados pelos professores nas aulas, pelo que não seriam necessários novos manuais. Mas, da forma como eu entendi, só pode haver dúvidas. Mais uma vez, o tom com que tal foi dito não transmitiu muita certeza.

Na questão da forma de ensinar a disciplina, disse que, anteriormente, era dado demasiado ênfase a esse tipo de instruções nos programas, mas que agora seria dada total liberdade pedagógica aos professores, pois o que interessava eram os conteúdos e as metas de aprendizagem. Mas onde é que isto é novidade? Não percebi onde queria chegar. Os professores são obrigados atualmente a dar as aulas de uma só maneira? E o que estaria tão mal nos conteúdos anteriores?
Também ontem se soube da mentira sobre o uso das calculadoras nestas idades. Não são usadas.

Em que momento da sua entrada em funções se reuniram estes farsantes à volta de uma mesa e, de punhos unidos, juraram usar a falsidade com toda a arte e engenho de que fossem capazes?

10 thoughts on “Celebraram um pacto”

  1. Este ministro tem sido de uma coerência a toda a prova!
    Questionado, em tempos, sobre o que faria no ministério da educação se alguma vez fosse ministro, respondeu assertivamente: “Implodia-o”.

    E o homem, paulatinamente, vai fazendo o seu trabalho…

  2. Nâo seria boa ideia o PS criar ma “task force” para cair em cima desta exxurrada de mentiras, em tempo útil? Ouviram aquela do Marcelo a dizer que as swaps começaram com o governo PS? Claro que que pedir um “forcing” a Seguro é pedir o impossivel.i

  3. Algumas das intervenções do ministro Cratino só confirmam a sua falta de idéias quando
    das charlas dos planos inclinados, ao aceitar integrar o des-governo dos estarolas, deixou
    claro não ser tão bom profissional nas matemáticas e outras artes, como se queria fazer
    passar … só por más decisões a sua passagem pelo des-governo ficará assinalada!!!

  4. Crato deve ter por conselheiro oseu amigo Medina Carreira, para saber o que se fazia no ensino… antigamente, lá para as decadas de 1930,1940… e apliocá-lo agora. De facto só não pode é aplicar as reguadas, mas aposto que orelhas de burro ainda é capaz de considerar…

  5. “Em que momento da sua entrada em funções se reuniram estes farsantes à volta de uma mesa e, de punhos unidos, juraram usar a falsidade com toda a arte e engenho de que fossem capazes?”

    Errado! em que momento ANTES da sua entrada em funções…

  6. Passar da Maria de Lurdes Rodrigues para esta coisa é deprimente demais. E choca-me mais este que o Passos, que não teve arte para se disfarçar tão bem. Este coiso-crato é dos maiores vígaros de que há memória nas últimas décadas. Uma fraude total. Se é verdade que tudo tem um preço, este vendeu-se por muito baixo. Puta de esquina* a tomar conta da Educação de um país, do seu futuro, portanto.

    * sem ofensa para a dita, que me merece infinitamente mais respeito.

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