Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão. Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.
Quando é que o PCP vem dizer que Trump, o presidente da, desde sempre, “única potência imperialista, militarista, agressora e capitalista do mundo”, é um grande pacifista e que, com ele, a América está finalmente a apresentar alguma sanidade e a aproximar-se do lado bom da Galáxia, aquele em que os cidadãos são carneiros mudos e os dirigentes vitalícios, eternos, por serem os únicos detentores de sabedoria, como o Xi, o Vladimir e o Kim, enquanto a Europa e as suas democracias só atrapalham?
Mas quem sabe os novos tempos de amor do casal Donald-Vladimir os deixem desnorteados e incrédulos, sem inimigo útil, e, envergonhados de aplaudir, prefiram o silêncio. Eu aguardo.
É estranho, ou tão-só irónico, ver os putinistas todos assanhados contra Netanyahu. Os putunistas, que também curtem bué do tirano Trump quando este permite que a destruição e carnificina na Ucrânia continuem até que o imperador russo esteja saciado, caso prezassem a coerência estariam apaixonados pelo actual primeiro-ministro de Israel. Porque ele está a seguir o exemplo de Putin. A única diferença é que Putin não consegue um grau de violência totalitária e absurda igual apenas com armas convencionais, dado haver alguma capacidade de defesa nos ucranianos. No resto, a lógica é a mesma: matar e roubar, enquanto se quiser. Nada mais importa, seja a lei internacional ou os princípios do humanismo.
Mas os putunistas, e os pulhas em geral, não podem ceder à coerência. Quando lhes aparece a racionalidade pela frente puxam logo da pistola.
«Num Estado de direito democrático, a denúncia sobre a prática de ilícitos penais só pode ter dois destinos: o arquivamento ou a abertura de um inquérito. Não, não é possível investigar factos passados sujeitando os cidadãos a uma espécie de purgatório penal. É o que nos dizem a jurisprudência constitucional e a lei, esta reservando as ditas averiguações para a “recolha de informação relativamente a notícias de factos suscetíveis de fundamentar suspeitas do perigo da prática de um crime”. Dirigem-se, pois, à prevenção de factos futuros.
Mas não é apenas a utilização ilegal de tais averiguações que impressiona. A sua exposição pública em plena campanha eleitoral lança um anátema insuportável sobre os respetivos destinatários (“suspeitos”, mas não sujeitos processuais) e contamina, objetivamente, a disputa democrática.
Foi por isso que, no passado dia 23 de abril, apresentei uma proposta no Conselho Superior do Ministério Público recomendando a submissão do tema ao Conselho Consultivo e ainda o apuramento das circunstâncias que permitiram a mediatização daquelas duas averiguações.
Tal proposta, discutida durante mais de três horas naquela reunião do Plenário, aliás com rasgados e transversais elogios, veio a ser votada no dia seguinte — a pedido de vários conselheiros, em benefício de melhor reflexão. Mas, malgrado o esforço de integração dos vários contributos recebidos nessa madrugada, acabou por ser liminarmente rejeitada, contando apenas com o meu voto favorável e, de entre os presentes, com o voto contra de todos os magistrados e a abstenção dos demais membros.»
«“Coitada!”, comenta uma colega da juíza que vai dirigir o julgamento de José Sócrates e restantes arguidos da Operação Marquês, lamentando a sorte de Susana Seca, a quem calhou, aos 52 anos de idade, “o processo que ninguém queria que lhe calhasse”.»
Neste artigo de 2 de Julho, a jornalista dá o maior destaque ao reconhecimento de ser unânime, entre os magistrados judiciais, o sentimento de aversão a ter de julgar a Operação Marquês. Naturalmente, a peça de Ana Henriques não gerou o mínimo sobressalto, sequer a mais leve curiosidade, no editorialismo e no comentariado; muito menos no sistema partidário. No entanto, porém, contudo, tal constatação leva-nos para os fenómenos do Entroncamento. Pela histórica razão de nos terem enfiado a mioleira ao longo de anos, se não forem décadas, numa tanga que implicava precisamente o oposto — que todo e qualquer juiz adoraria julgar Sócrates para lhe dar a indefensável, inevitável, inapelável, já transitada em julgado na indústria da calúnia, condenação exemplar. Como explicar que agora andem a fugir da glória corporativa e popular de enjaular o monstro?
A Operação Marquês contém indícios que justificam, sem margem para qualquer dúvida, a abertura de uma investigação judicial a Sócrates. O problema não é esse, porque não o ter investigado seria uma gravíssima falha das autoridades. O problema vem da decisão, tomada por Joana Marques Vidal sob influência directa de Passos e Cavaco, de transformar a Operação Marquês num processo político. A partir daí, houve magistrados a cometer crimes para se atingirem os objectivos principais de um ataque com alvos a abater: assassinato de carácter, diabolização máxima, domínio totalitário dos meios de comunicação, ecologia institucional de coerção sobre qualquer juiz que viesse a intervir no processo. A melhor ilustração do que se pretendeu fazer — e que se alcançou com sucesso quase completo — pode ser dada recorrendo a Marques Mendes. Este conselheiro de Estado escolhido por Marcelo, nessa condição, usufruindo de antena aberta na SIC, em múltiplas ocasiões verbalizou que a Operação Marquês estava a investigar, no fundo, um grupo de indivíduos que tinham montado uma rede que lhes permitiu roubarem, durante anos e anos, colossais quantidades de dinheiro a partir de posições cimeiras no Estado. Ou seja, PS. A fantasia afrodisíaca de que os Governos de Sócrates não passavam de máquinas de corrupção, em que todas as decisões tomadas só tinham essa causa e finalidade, pode ter sido espalhada pela Cofina e pelo Pacheco Pereira (entre muitos outros, claro), e logo a partir do Face Oculta, mas foi consagrada pelas mais gradas figuras do regime por palavras e silêncios. Até o PS de Seguro e de Costa contribuiu para isso, por incrível que possa parecer aos ingénuos. O regime é cúmplice.
O pauzinho na engrenagem deste esquema chama-se Ivo Rosa. Nunca, nem de perto nem de longe, se viram em Portugal campanhas de ataque mediático e político a um juiz como se fizeram a Ivo Rosa — ainda antes de sequer começar a analisar o processo. Se tivesse sido Carlos Alexandre a fazer a instrução, o que o Ministério Público tinha escarrapachado seria o que ele assinaria por baixo. Ivo Rosa desmontou a acusação, e explicou com detalhe geométrico onde e como essa acusação era um logro. Recebeu aplausos pela sua incrível coragem? O editorialismo e o comentariado abafaram a racionalidade e fundamentação do seu argumentário, voltaram a atacar o juiz e entraram em desespero. Porque num processo político só a destruição do alvo tem sentido, é um jogo de soma nula. Sócrates tinha de ser condenado por corrupção, e receber uma condenação à Vara, voltar à prisão. Para que a mácula no PS jamais pudesse ser apagada. Passaria a ser oficialmente o partido do maior corrupto da história portuguesa.
Irá Susana Seco dar esse êxtase à pulharia? Ou optará por fazer justiça? Iremos perceber sessão a sessão.
«O povo está absolutamente farto de políticos do ar condicionado. Os eleitores de Ventura não são todos "fascistas" – estão fartos. Se o PS e o PSD quiserem sobreviver terão que mudar de vida. Os políticos têm que estar onde o povo está, têm que falar uma linguagem que o povo perceba — as palavras "caras" não vão a lado nenhum — e têm, acima de tudo, de resolver problemas que têm sido miseravelmente postos na prateleira dos assuntos que podem ser adiados até ao dia em que não sobrar um cidadão no interior.»
É exactamente ao contrário: os eleitores do Ventura são todos fascistas. Porquê? Porque estão fartos da democracia. É só isso que precisamos de identificar para topar com um facho. As razões pelas quais estão fartos são indiferentes. Uns porque vieram de África e nunca fizeram a descolonização, filhos e netos idem. Outros porque eram fachos antes do 25 de Abril e nunca engoliram o fim da ditadura, filhos e netos idem. Outros porque são estúpidos, e já não têm idade para deixar de ser. Outros porque estúpidos são, e ainda não estão na idade para deixar de ser.
Esta senhora trabalha para facilitar a vida ao Ventura. Daí a obscena contradição, tão comum nela e nos seus colegas de pasquim e de profissão. Alegam estar a defender a democracia no acto mesmo de deformarem os seus processos, lógica, constrangimentos. Que faria ela se fosse governante? Népias, porque jamais quereria meter-se nessas andanças. Apenas pretende despejar opiniões de merda.
Os eleitores do Ventura não querem ir às reuniões dos partidos, não querem participar em associações cívicas, estão-se a marimbar para iniciativas que congreguem a comunidade, desprezam os locais onde o poder autárquico dialoga directamente com os cidadãos, com os fregueses. São indivíduos com visões asquerosas do que é a democracia porque estão dela alienados. Nunca aprenderam a serem democratas, daí a monstruosidade das suas deturpações, daí a aberração das suas soluções.
O Ventura veio explorar politicamente essa gente, a Ana Sá Lopes já cá estava há anos a explorar mediaticamente o mesmo mercado.
A função dos Governos não é a de resolver os nossos problemas públicos, muito menos os privados. Quem prometer tal é charlatão, anda no arrasto dos broncos. Os Governos apenas conseguem tornar os problemas resolúveis. Depois, inúmeros factores que escapam ao poder dos Governos decidirão quais os problemas, e como, e quando, e para quem, serão resolvidos. Não é pouco, é o máximo possível.
Donde, a escolha está na forma como esses problemas serão tornados resolúveis. Democraticamente ou ditatorialmente? Com mais democracia ou com menos? Com mais humanismo ou com mais racismo e xenofobia? Com pessoas que ostensivamente nos querem enganar ou com pessoas em quem, com sorte, poderemos confiar? Não é pouco o que temos para escolher, é o quase tudo.
Para quando um comunicado do PCP a protestar contra aqueles que querem a paz na Ucrânia com urgência, quando ainda há tanto ucraniano para matar e tanto quilómetro quadrado de terreno para abarbatar?
Ninguém se lembraria de tal. Ela não quer. Seria altamente improvável sequer passar à segunda volta. Mas é a melhor imaginável candidata presidencial possível no Portugal que somos.
Falo de Marina Costa Lobo. E não teria de alterar nada de nada de nadinha de nada na sua postura. Bastaria aparecer e dizer o que pensa. Declarar em que acredita. Revelar o que sonha.
À sua maneira. Sem um grama de artifício. Em nome da comunidade que não somos.
Mas porque é que a Europa não manda o Trump passear? Esta é a pergunta que toda a gente faz, mas que nenhum líder europeu democrata e responsável quer ou pode concretizar.
Hostilizar Trump neste momento ao ponto de uma incompatibilização grave deixaria, por um lado, a Ucrânia sozinha e aniquilada e, por outro, a Europa encurralada entre dois blocos liderados por tiranos autocratas amigos e sem capacidade militar para se defender de um, quanto mais de dois. Demasiado mau, demasiado perigoso, dado o carácter vingativo dos personagens em causa. Trump não é um democrata nem um líder respeitador do direito (nacional e internacional). Não conhece nem quer saber desses conceitos. É um empreiteiro e pato-bravo, além de showman televisivo, sem conhecimento algum quer de política quer da História. Aprecia, porém, como é típico, a fidelidade cega.
As técnicas de liderança do ditador russo são-lhe, por isso, atractivas: exercício da liderança sem contestação, prisão para os adversários, silenciamento da oposição, falsificação das estatísticas, órgãos de comunicação social que apenas reproduzem a propaganda do governo, sentimento de superioridade (do próprio – infundadíssima – e do país), repressão sobre quem contraria os seus interesses, militarização do regime, perpetuação no poder, enriquecimento pessoal e partilha da riqueza só com quem o reverencia, etc., etc. Tudo o que Putin faz (excepto atirar adversários políticos de janelas abaixo e envenenamentos. Por enquanto). Porque haveria Trump de hostilizar Putin, se quer ser como ele? Aliás, quando está cada vez mais perto de o conseguir?
O drama de tudo isto não é só para os ucranianos. É-o em quase igual medida para os europeus, para a Europa democrática em particular (e resta saber se seria diferente com uma Europa não democrática, assunto para outro artigo). Perante esta situação inédita e assaz inesperada de entendimento entre a Rússia e os Estados Unidos com base em princípios ditatoriais, de agressão e imperialistas comuns e em amizades pessoais (ou poder de chantagem) entre malfeitores, temos visto a Europa, infelizmente, mas realisticamente, a fazer a única coisa possível: tentar a todo o custo “puxar” o empreiteiro de Washington para o seu lado, entre outras coisas chamando-lhe “aliado” e enfatizando o poder da NATO.
Sempre me perguntei se o chamado “agente laranja” dá sequer um “dime” por esta aliança. Ele não quer saber da Ucrânia para nada (a não ser para lhe dar o Nobel da Paz, ideia que me engasga) e, da Europa, apenas lhe interessam os campos de golfe que ainda cá tem, os empreendimentos do genro, o Papa por causa dos seus eleitores beatos e as decorações imponentes dos seus palácios e catedrais, que pretende copiar. De resto, é demasiada História, demasiada intelectualidade para a sua cabeça. Admirando Putin, o que é que a NATO lhe diz quando poderia fazer acordos bilaterais para bases militares e armamento? Quase nada.
Estamos então neste drama do artigo 5.º. Temos o nosso poder militar disperso e inferior ao dos Estados Unidos e da Rússia. O vizinho do flanco Leste tomou o gosto de mandar mísseis para os vizinhos sem o mínimo gesto hostil da maior potência militar do mundo, seu principal adversário de há décadas e nosso aliado. A ida dos líderes europeus a Washington é, sim, desesperada. Não vale a pena os comentadores de serviço mencionarem este facto como lamentável. É o que é. A cimeira do Alasca foi um erro tremendo do ponto de vista da segurança europeia. De cada vez que se encontra com Putin, Trump fica mais apaixonado e solidário. Agora há que reverter os estragos. Votos de bom sucesso. Mas a coisa está preta, como se constata pelo vídeo acima.
Não, pá. Repara. Se precisares de um médico, para ti ou para os teus, não vais escolher o grunho. Queres é quem estudou, de preferência mais e melhor do que os outros. E se precisares de um advogado, para ti ou para os teus, não queres aquele que tem um entendimento grunho do Direito e das leis, e que se comporta como um grunho no tribunal. E se precisares de um mecânico, de um electricista ou de um canalizador, vais fugir dos que tiverem fama de grunhos e vais ficar piurso com os que te tratarem à grunho. Se isto é assim, e assim é, por que raio queres ter um grunho no Parlamento a chefiar uma bancada de grunhos? Por que caralho és cúmplice, por actos e/ou omissões, da crescente pestilência dos grunhos na democracia?
É porque, lá está, no fundo, a verdade verdadinha é a de que também tu és um grunho, pá.
«Marcelo faz lembrar o tipo de “pantomineiro” que o ator António Silva magistralmente sempre representou no palco e no cinema português. Só que o ator AS representava um modelo de carácter e não o seu carácter. E, no caso de Marcelo, este possui mesmo o tipo de carácter que AS representava exemplarmente. Tomando Portugal como palco, Marcelo não imita, pratica de sua natureza e condição idiossincrática na perfeição o estilo farsante e pantomineiro, agindo e perturbando desse modo destravado da ‘cuca’ a vida real dos portugueses.
Marcelo é o ‘cata-vento’ caracterizado por Passos Coelho e o ‘lacrau’ batizado por Balsemão; é o troca tinhas criador de factos políticos fictícios, o primeiro autor em Portugal de fake-news. Marcelo é um irreprimível narcisista que pretende concentrar todo o olhar sobre si, isso, explica a sua atitude de excursionista da selfie por feiras, mercados e praias. Tal como usou a Faculdade de Direito (professor), o jornalismo (Expresso), a TV (comentariado a granel) tem usado sempre o cadeirão da Presidência para com as suas traquinices de ‘sem-abrigo’ baralhar dados, argumentos, e políticas a seu belo prazer e gozo.
Digo “sem abrigo” porque Marcelo é um homem só. Cavaco tinha e tem ainda a sua Maria mas Marcelo não tem ninguém e até o seu filho enjeitou de uma forma que nenhum pai verdadeiro de filho e de palavra o faria. Rejeitou a mulher, o filho e o amigo dileto de casa e missas (Salgado) quando este estava caído e mesmo os PSD só o aturam como Presidente de fazer fretes ao partido.
Marcelo representa mais dez anos de patinhar no pântano e atraso para o país e uma eventual pantomina de subversão do regime ao imiscuir-se na governação, demitindo Ministros e Secretários de Estado e insinuando regimentalmente que o governo depende do Presidente e não da AdR
Marcelo que quis acabar com os sem-abrigo pobres, ironia do seu Deus, acaba, ele próprio, como sem-brigo rico.»
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