É lindo o amor na blogosfera (1)

De quando em vez, vou sabendo de mais um par, de mais um casal que se conheceu na blogosfera. O rapaz tem um blogue, a rapariga tem um blogue. Acabam, com a conhecida inevitabilidade destas lindas histórias, por reparar nos blogues um do outro. Aí, arriscam comentar um post ou uma ideia que lhes surge como mais admirável. Dias depois, os mails a transbordar admiração sincera e desinteressada começam a sulcar o éter do ciberespaço, para cá e para lá. Não tarda até que se instale a ideia inabalável de que tudo no blogue amado é escrito tendo em vista um só (secreto) destinatário: eles mesmos, claro está. Quando o coup de foudre físico por fim acontece, num qualquer encontro da especialidade ou num lanche aprazado a medo, é apenas o cumprir de uma formalidade que os ditames da vida impõem: a paixão iria por certo ignorar qualquer desilusão com pormenores anatómicos e outras minudências.
Não deixa de ser engraçado ver a blogosfera como um repositório de milhares e milhares de paradas nupciais. Os voos lexicais mais arriscados substituem o peito inchado; a elegância conceptual toma o lugar das plumas coloridas; o arrojo da prosa emula a pose rampante. Assim se vão revelando e atraindo, post a post, os futuros amantes.
E parece-me mesmo bem, que se escolha quem tão bem já se conhece. Para alguma coisa de jeito haveria isto de servir. Ainda por cima, dá-me ideia que por aqui é sempre Primavera.

19 thoughts on “É lindo o amor na blogosfera (1)”

  1. Luís, meu amor, o teu nome soa a Adamastor. Não me queres dar o teu e-mail? Já agora vai dar uma vista de olhos ao meu blog. É que nunca se sabe… (lolada).

  2. (…)”o arrojo da prosa emula a pose rampante”??
    Raios!! Com esta comigo arrasaste!!
    Quando posso ir buscar o meu exemplar das Coisas da Terra?

  3. Eu cá estou contigo Cecília… Aliás, é mais que uma suspeita, quase uma certeza…
    Mas enfim, acho que estes sentimentos ficam muito bem ao Luís…

  4. “Os voos lexicais mais arriscados substituem o peito inchado”:

    – Nina, curtias parar um bocado no Chapitô?
    – Tótil!

  5. Não há nada uma decepção? Mas que porra?

    O que eu queria dizer: É falso! É falso que tudo redunde numa brutal decepção! Entretanto devo ter feito tilt.

  6. Falso, Monty? Coméquesabes? Não me digas que o teu encontro tão aguardado, com o João Garcês, preencheu as tuas expectativas :D

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *