
Teve lugar ontem, no Palácio de Belém, o primeiro dos encontros semanais entre o novo Presidente e o primeiro-ministro. Toda a gente notou a mudança de cenário: em vez dos habituais sofás, uma mesinha redonda e austera; duas cadeiras com torcidos. Mas o punctum da cena, se me permitem, estava no material de trabalho, em que se espelham de forma claríssima todas as diferenças de estilo entre os dois políticos. Enquanto Sócrates trouxe para a reunião um discreto moleskine preto, Cavaco esperava-o com um caderno escolar dos antigos: capa azul, argolas e (quase que aposto) papel quadriculado para melhor fazer as contas.
Isso parece-me um bocado preconceituoso, muito típico de uma certa esquerda-caviar. Sócrates, o moderno e sofisticado, usa um moleskine; o provinciano Cavaco usa um reles caderno escolar com argolas.
Acho que podemos e devemos criticar Cavaco por muitos motivos, mas jamais por não ser “moderno”, “sofisticado”, etc.
Ao criticar nestes termos, o JMS e muitos outros aproximam-se perigosamente de Paula Bobone.
O que eu vinha dizer o RN já disse. Assino por baixo, portanto.
Santana Lopes levaria o panfleto da Ladies’ Night do Docks
Este post é non-sense.
O “punctum”? o José Mario Silva é um barthesiano! ;)
O “punctum”? o José Mario Silva é um barthesiano! ;)
ó palhaço isto tá duplicado
É muito trabalho, taditos!
RN:
Ainda bem que há pessoas que chamam a atenção para os preconceitos dos outros. Mesmo que essas pessoas não resistam ao estafadíssimo preconceito da “esquerda-caviar”…
Monty:
Este é um post factual e só te incomoda porque sabes que não votei em Cavaco. Mas olha, também não votei no Sócrates e o seu look sofisticado e clean não me entusiasma mais do que o conservadorismo provinciano do Presidente. Entre os dois, venha o Diabo e escolha.
random:
Não é o post que é non-sense. É a realidade.
caramelo:
“Barthesiano”, sim, e com muito gosto. Podes crer que o velho Raymond faria, a partir do moleskine e do caderno de argolas, uma análise completa deste Portugal que agora temos.
Mesa pé-de-galo, boa para uma bisca lambida.
Eu já não posso é ouvir falar em moleskines.
Lisboa, fim de tarde de um dia qualquer. Num palácio roubado, um urbano-parôlo-sofisticado e um provinciano-bota-de-elástico, sentam-se a uma mesa de pé de galo para trocar apontamentos. Os respectivos cadernos são notícia. Os figurões não.
É a objectividade.
o-analista-anónimo
Mário,
A realidade é non-sense? Só se for para ti. Para mim tudo faz, infelizmente, muito sentido.
Já estiveste melhor.
Cheers.