Toma lá e embrulha

Cavaco – Sou levado a pensar que esta decisão política de não recondução de Joana Marques Vidal é talvez a mais estranha tomada no mandato do governo que geralmente é reconhecido como geringonça.

Marcelo – O presidente Cavaco Silva, no fundo, disse que era a mais estranha decisão do meu mandato. Todos sabemos que quem nomeia as procuradoras-gerais da República são os presidentes, não são os governos. Portanto, a nomeação da procuradora-geral da República foi minha e de mais ninguém. Perante isso, tenho sempre o mesmo comportamento: entendo que, desde que exerço estas funções, não devo comentar nem ex-presidentes, nem amanhã, quando o deixar de o ser, futuros presidentes, por uma questão de cortesia e de sentido de Estado, e não me vou afastar dessa orientação.

Registe-se e arquive-se.

8 thoughts on “Toma lá e embrulha”

  1. O problema é que na actual nomeação fica-se com a ideia de que quem nomeou foi o Governo e não o Presidente. Este limitou-se a assinar. O que é diferente de nomear.

  2. “não devo comentar nem ex-presidentes, nem amanhã, quando o deixar de o ser, futuros presidentes, por uma questão de cortesia e de sentido de Estado, e não me vou afastar dessa orientação”

    O Cavaco estava a pedi-las, mas reconheça-se ao Marcelo uma destreza invulgar na arte de manejar a ironia. Chapeau l’artiste !

    Boas

  3. Isso mesmo! Ponham o Marcelo num pedestal que é o lugar dele. Aplaudem porque a “vitima” foi o Cavaco. Mas como a memória é curta esquecem que Marcelo é gajo para fazer exactamente o que critica ou ainda pior. Em caso de dúvidas veja-se o célebre discurso de Pedrogão, onde decapitou em público uma Ministra sem dar cavaco ao PM. Um exemplo paradigmático de “cortesia e sentido de estado”. E também de lealdade Institucional à prova de bala.

  4. Jogatana: Cavaco foi esmagado por Sampaio nas eleições presidenciais de 1996.
    Eu mesmo: e ficaste com essa ideia porquê? Achas mesmo que Marcelo alguma vez se limitaria a assinar?
    MRocha: Marcelo é capaz de muita coisa, mas só daqui a uns anos é que poderá “fazer exactamente o que critica”, ou seja, atacar um sucessor.

  5. Júlio:
    Conhecendo a sua (dele) volubilidade, fiquei com essa ideia pelas respostas com que MRS reagia quando o assunto era abordado.
    Sim, acho que Marcelo se limitaria a assinar se as consequências da sua assinatura se enquadrassem no seu plano. Plano, o do momento, pois nada garante passados dias o plano não seja outro, adaptado às novas circunstâncias.
    Creio mesmo que não perdeu muito tempo a pensar no assunto.

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