No artigo que o Val cita abaixo, J. M. Tavares diz que anseia pelo liberalismo para Portugal. Define o liberalismo apenas negativamente, ou seja, como um regime “que não esteja dependente de um Vieira da Silva a redistribuir com a mão direita aquilo que Mário Centeno tira com a mão esquerda”.
Tanto quanto se pode presumir, Tavares defenderá, pois, um liberalismo oitocentista à Herbert Spencer, muito anterior ao advento do Estado social ou Welfare state que hoje impera consensualmente por toda a Europa. O também dito Estado de bem-estar social não é propriamente de esquerda, limitando-se a redistribuir uma parte maior ou menor do rendimento nacional através de políticas que a actual civilização europeia considera assegurarem um nível mínimo de coesão, solidariedade e justiça social. O liberalismo que Tavares presumivelmente defende foi condenado nos séculos passados não só pelos vários socialismos, comunismos e fascismos, mas igualmente pela social-democracia, pela democracia cristã, pela Igreja católica e até pelo Partido Liberal inglês, que introduziu em Inglaterra a segurança social inventada pela Alemanha do Bismarck, que também não era um perigoso esquerdista.
Julgo, porém, que Tavares não defende realmente o liberalismo selvagem do séc. XIX, universalmente condenado por todos os quadrantes políticos. Acho isso por uma razão simples: é que Tavares geralmente não defende porra nenhuma nem tem qualquer ideia doutrinária consistente sobre coisíssima nenhuma. Ele é tão somente um malabarista da palavra, apostado em construir frases, slogans e fórmulas atraentes, utilizáveis no combate político da direita contra o actual governo e contra a esquerda em geral.
Desde que Tavares conheceu Ricardo Araújo Pereira, a sua retórica caceteira tem vindo a deslizar para um plano cada vez mais circense, sem deixar de ser agressiva. Tanto no Governo Sombra como no Público, ele procura dizer em fórmulas pretensamente jocosas aquilo que uma parte da direita pensa ou deseja profundamente, mas nem sempre ousa exprimir. É o que sempre fizeram os bobos. Independentemente da dose de mentiras e calúnias que Tavares inocule nas suas intervenções faladas ou escritas, ele é sobretudo um bobo. Não digo que um personagem que a comunicação social tanto tem promovido não deva ser levado a sério. Digo apenas que o nível dos seus comentários é o da bobice. Não tem pano para mais.
Pois é, ò Júlio! Mas cuida-te de não levar os bobos a sério. A América está aí para mostrar que não é desprezando-os por aquilo que são que evitamos o mal que podem fazer.
Curioso, na minha rua também há um bobi que faz bobices nos passeios e me obriga a circular com cuidados redobrados. O problema não é do bobi, coitado, mas do dono que se está nas tintas para a salubridade da cidade.
O “jmt” é um escarro que defeca na última página do pasquim PàFioso da Sonae.
Porquê citá-lo?