O saite do Instituto de Meteorologia é feio, mas útil. Nele se desmonta o cepticismo popular relativo às previsões meteorológicas; bizarra crendice que persiste por causa da complexidade e instabilidade dos sistemas climáticos. Porém, quando o cidadão larga com um sorriso agasalhado a decisiva sentença – “eles nunca acertam!” – algo de ancestral arregaçou as mangas: é uma pequena vingança da racionalidade mágica, acossada pela racionalidade científica.
Na secção de mapas por satélite é possível visualizar animações variadas, sendo a minha preferida a da visão sobre o Atlântico. O filme constrói-se com imagens de infravermelhos, uma por hora. Ali assisto aos movimentos das massas de ar, acompanho os seus rodopios, faço apostas quanto à sua direcção, comovo-me com o desaparecimento das frentes frias, antecipo a chegada de gloriosas formações de cumulunimbus. E quando as nuvens aparecem na barra do Tejo, tenho ganas de as ir receber e oferecer-lhes um poiso para descansarem.
Fabulosas, as animações. E quando fores receber as nuvens, Valupi, let me know.
Desconhecia. Normalmente vou aos weather forecast do pilotpointer.com ou ao weterzentrale.de; fica a sugestão.
Caro José Tim
Fica-te bem o insulto, a arrogância e a cultura de um livro só…
Eu ainda não te insultei e espero conseguir assim continuar…
Os textos com que nos presenteias são, à parte da poesia neles sempre presente, um hino à ciência e à verdade histórica…
Sempre grato, e continua a querer contar com os teus textos, apresento votos de bom natal, chei de paz, Igualdade e Amor…
Excelente para desanuviar, Valupi. Espero que as más linguas não comecem a considerar-te um nefelibata depois deste post.
Fiquei nas nuvens. :-)
se gostas de nuvens, há um livrinho do Goethe (estarei enganada?), sobre a observação das nuvens, que é engraçado.
Que soprem bons ventos na tua direcção, homem!
(Fomos separados à nascença é o que é.)
Logo à tarde, ao aterrar, darei ao mais perfeito cúmulo-limbo que vier ao encontro o nome de Valupi.
Como vaticinei, o Fernando está a preparar-te a cama(e o nome) com este pontapé de saída muito alto. Quando chegar à Portela já todo o mundo sabe.Estes hermeneutas sonsinhos…
Susana, o livro é do Goethe, sim senhor.
Ai, Bomba. Sempre solícito. Nunca confiado da inteligência alheia. E se no mundo houvesse mais algum aeroporto?
Podemos combinar, inspirados pelo Goethe, uma sessão de saudações às nuvens. Desanuviar talvez não seja o verbo apropriado, mas o sentido é esse mesmo. E baptizar uma nuvem com o nome Valupi parece-me uma homenagem perfeita para essa senhora a quem fui roubar o apelido literário.
Cheguei atrasado a Dezembro, como chego sempre atrasado a todo o lado, a toda a hora. Mas talvez por isso tenha visto, da janela do pássaro metálico que me trouxe de Bruxelas, a nuvem Valupi.
A sua forma estranha nunca me permitiria descansar nela o meu olhar.
Acenei-lhe e senti-me dono do universo, observando lá de cima o trabalho e a melancolia da terra e dos mares. Então, caí das nuvens e perdi-a outra vez de vista. Não tive tempo de ouvir a resposta à minha pergunta sobre quem foi essa senhora da literatura de tão belo nome. Fossem as nuvens menos velozes e não fosse o vento o seu senhor!…
Um abraço em forma de rajada.
Forte abraço, Ciclone. E que o vento continue a soprar onde quer.
Mas afinal, quem foi a Valupi?
E quem é o Valupi?
E, já agora, por que escolheste um nome de mulher?
A natureza detesta o vazio.
sit tibi terra levis e responde.
“Maria Valupi” é o pseudónimo de uma poetisa portuguesa, ignorada por editores e críticos (facto que não me causa qualquer admiração). A senhora já morreu, faz tempo, mas tropecei num poema dela; um daqueles acasos que se tornam a matéria do destino. Sim, apaixonei-me por esse poema. Assim, não escolhi um nome “de mulher”, antes um apelido pseudónimo “da mulher”. E, claro, gosto do nome, gráfica e sonoramente.
Quem é o Valupi? Gostava de poder responder: é um ciclone. Aliás, já me contentava em poder responder: é uma brisa.
Brisa ou ciclone, sensível ou tempestivo, seda ou lona, chocolate ou café, estrela cadente ou cometa, riso ou lágrima? Tu ou tu? Val ou Upi. Vale, Valupi?
“Nada é como pensas, mas não tens alternativa senão objectar”.
Vale, Violetas.
Concordo, Ciclone.
E não é que descobri um post inspirado em mim? Mesmo sem ir ao site, posso-vos garantir que “Valupi” é uma nuvem suspensa cheia de uma grave melancolia que só a morte a fará descer um dia. Capaz de falar de anjos numa tarde de Inverno e de chuva, feita de espirais de fumo quente, com o ruído nervoso da cidade logo ao virar da esquina.