Dissertação para um nome (sobre foto de Álvaro Carvalheiro)
Entre mar e Maria, soltam-se na espuma da tarde, as várias sílabas de um nome.
O teu nome é mistério, memória e lugar de ser. É um espaço de interrupção de alegria intensa no mais cinzento dos dias que passam por nós quase iguais uns aos outros.
Vejo o mar das ameias de um castelo e pressinto a massa líquida dos teus olhos disfarçada na sombra dos grandes óculos escuros que trouxeste hoje de manhã.
Junto com a espuma das marés chegam à praia restos de sinfonias, memórias de marinheiros, naufrágios e outros desastres marítimos porque as palavras mais fortes são «mar, medo e morte» e os relatos escritos dos pilotos da Índia todos apresentam essa espantosa linha de unanimidade.
Ouço Maria, o outro nome parecido com o teu, ouço nos meus caminhos e atalhos esse nome desde sempre – nas escolas, nos escritórios, nos cinemas, nas esplanadas e também nas ruas de todas as cidades.
Entre mar e Maria, existe um som íntimo que os registos da sonoplastia não alcançam, é um espaço que tu convocas para a lenta construção de um novo mundo.
Talvez a rota de uma viagem, talvez a música de uma canção, talvez as letras de um poema.
Não sei nem nunca o saberei.
Vou perder o som do teu nome no bulício da cidade, entre a pressa e o trânsito, o ruído e a escuridão, o vento e a chuva inesperada.
Perdi o som do teu nome e procuro de novo o seu volume no precário do meu poema em vagarosa construção.
Faz-me lembrar a outra, a simplesmente Maria:
Vendia o corpo na praça,
saiu de casa dos pais,
Maria de sua graça
e dos Prazeres e Morais!
E há também a pobre da Maria Alice. Sabem o que ela tinha? Tinha tinha.
Pobre da Maria Alice
a cunhada da vizinha,
o que o médico lhe disse
é que ela tinha tinha.
Mariertar e bem. se me permites, vou também reescrever a fotografia. à minha moda.
Transcrevo: “Entre mar e Maria, soltam-se na espuma da tarde, as várias sílabas de um nome.”
Este mar e Maria fazem-e lembrar aquela senhora que morreu de Maria. Eu conto:
E não nadava nadinha
o mar se enfurecia,
pensava que o mar vinha,
afinal o Mar… ia! (o mar ia e a onda a levou. Se não sabia nadar…)
Ó Adolfo essa não vem nada a propósito. Olinda tens razão a foto é belíssima.
jcfrancisco diz que esta não vem a propósito. Sabes que eu costumo REMAR CONTRA A MARÉ:
Eu cá rimo sempre no contra,
contra os do contra até,
pois eu rimo montra com lontra
e rimo contra a maré!
A verdade também é que eu não sou um poeta famoso. Sai o que sai.
Não sou poeta de fama,
escrevo umas quantas tretas,
escarafuncho na lama,
inspiro-me nas sarjetas!
Mas olha jcfrancisco. O humor é o pouco que se leva desta vida. Acredita.
Nesta terra prometida,
quase nada se releva,
o que se leva da vida
é a vida que se leva.
E tu acreditas na frase «leva desta vida»? Pensa bem na falta de sentido – desta vida não se leva nada. Nem para a morte nem para a vida eterna. Não existe pauta aduaneira…
oh xico! é essa a ideia do fodias, falta de sentido. ou ainda não deste por isso? se leres o que escreves, vais ver que nada faz sentido e os versos do adolfo gozam com isso. és um idiota chapado e o ridículo não te assiste.
Não é nada disso. Tu és um doente mental cujo lugar é o Telhal mas fugiste num fim de semana. Delirante e alucinado, és perigoso por isso mesmo…
Dizes jcfrancisco que: “Nem para a morte nem para a vida eterna”. Mas a morte tem algumas coisas agradáveis. Pensa bem…
A morte é detestável,
os ritos, os funerais,
e só tem de agradável
as viúvas, nada mais!
Ó Adolfo a morte só existe para os outros; para nós não existe. Eu escrevi «morte» para os que acreditam na morte total e «vida eterna» para os que acreditam na separação e vitória do espírito sobre a carne. Só isso.
A propósito de morte. Eu que sou uma pessoa prevenida já escrevi o meu epitáfio, embora também não acredite na morte mas, pelo sim pelo não aqui vai ele:
Não chorem a minha morte
nem perguntem os porquês.
A todos cabe esta “sorte”,
fico esperando vocês!
Não existindo a morte como diz o jcfrancisco no entanto conta-se a história daqueles 2 amigos que tiveram um acidente e foram direitinhos para o céu.
S. Pedro que os recebeu disse:
-Mas esta ainda não era altura de vocês morrerem. Deve ter havido um equívoco.
Assim, voltam para a terra. Tu agora vais de galinha.
E tu aí, bem tu vais de boi.
Responde este:
-Outra vez!!!