Vinte Linhas 267

Para ganhar não pode (de modo nenhum…) valer tudo

Fui jornalista profissional entre Janeiro de 1997 e Novembro de 2006. Durante esses dez anos de trabalho devo ter visto centenas de jogos ao vivo. Basta perceber que durante muito tempo «fiz» os juniores no sábado à tarde, os juvenis (ou iniciados) no domingo de manhã e o Lourinhanense (ou a equipa «B» do Sporting) no domingo à tarde. Pois vi tudo mas não tinha ainda visto tudo. Não vi mas falei com o meu amigo Sandro Baguinho que é jornalista e me explicou melhor uma coisa que não tem explicação. A situação insólita e quase inacreditável aconteceu no passado dia 10 de Junho no Seixal. O jogo era um Benfica-Sporting decisivo para a atribuição do título de campeão nacional de iniciados. Ao Sporting bastava um empate. Sendo a categoria denominada «Sub 14» percebe-se a idade dos miúdos envolvidos no jogo. Este começou de feição para os «leões» que marcaram logo aos 6 minutos por João Carlos. Mas no início da segunda parte (os jogos demoram 70 minutos) logo aos 40 minutos aconteceu um caso. Perante um jogador benfiquista estendido no relvado um jovem «leão» atirou a bola para fora para permitir a entrada da equipa médica dos «encarnados». No reatamento, para espanto de todos (ou de quase todos) o jogador do Benfica atira a bola para a grande área «leonina» e um avançado faz o golo em vez de devolver a bola ao adversário. Faltavam 30 minutos para o fim do jogo e as coisas ficaram complicadas. O SCP foi campeão. Que «pedagogia» permite atitudes destas num miúdo de 14 anos? Que escola se anda a formar ali no Seixal? Será que o miúdo não percebeu que nem todos podem ser Cristianos Ronaldos ou Moutinhos e que de cem jogadores sai um «muito bom» e de vez em quando? Bolas…

8 thoughts on “Vinte Linhas 267”

  1. diria que aos 14 anos até se deve aspirar a um futuro entre os melhores, mas não me parece ser bem isso o que está em causa. nem mesmo um cristiano ronaldo ou um moutinho têm o direito de serem trafulhas ou mal-agradecidos, se foi esse o caso.

  2. É uma escola, caro JCF. A mesma escola que, mais tarde, os fará reclamar junto da Federação indemnizações fantásticas porque o quarto lugar na Liga não dá direito a ir à Liga dos Campeões.

    E, a provar que não vale tudo, aconteceu o que tinha que acontecer. O Sporting foi campeão…

  3. esperar princípios éticos, dignidade ou fairplay num ecosistema chamado futebol? mais depressa acreditava que os bebés vêm de paris no bico duma cegonha…

  4. mais grave é quando são instruídos no balneário a ter estas atitudes… quando o treinador é capaz de dizer a um jovem: «tens de arrumar o número nove, ele não pode meter mais golos!»

    tudo isto existe tudo isto é fado, aliás futebol português…

  5. tudo isto só existe pela importância desmedida que se dá ao futebol, e a sua conotação a actividade desportiva é uma distorção que em nada favorece as modalidades amadoras.

    a solução é relativamente fácil: ponham os filhos a fazer desporto (rugby, vela, basket,…), deixem-nos escolher, desde que não seja futebol.

    em todos os desportos em geral ainda se cultiva o bom espírito!

  6. Aposto que o Zé do Carmo não contava a história se o mau da fita fosse um jogador do SCP. Eu sou lagarto, mas não sou sectário. O comentário do Val é fanático, mas é a brincar, suponho eu. Outros são fanáticos a sério.

  7. eu quase me atreveria a dizer benfiquices… mas parece-me que é algo que é transversal à nossa sociedade.
    os pobres fazem o que vêem ….
    por alturas do rock in rio, lá pelo estádio 1º de Maio, durante o dia, presenciei cenas lamentáveis que pós catraios que ainda não tinham carta de condução…

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