Não tenho automóvel. Sai da vida militar há pouco tempo e comecei a trabalhar como professor na Escola Veiga Beirão. Saltei do vapor em Cacilhas e apanhei a camioneta dos Belos. Apesar de o dia estar belíssimo, fazia frio. Era o tempo dele.
Também em Azeitão, na paragem onde muitas vezes Sebastião da Gama me esperou para os nossos passeios à Arrábida, também em Azeitão estava frio. Mesmo no Verão (e hoje não é Verão) acompanhar um enterro é sempre uma coisa fria.
António Osório e Couto Viana, Luís Amaro e Hernâni Cidade, Lourdes Belchior e Matilde Rosa Araújo, Lindley Cintra e todos os amigos encheram o pequeno cemitério de Azeitão. Muitos anos depois, será José Afonso que numa destas ruas de Azeitão, perto de uma Filarmónica, se irá perdendo aos poucos para a música e para a vida. Que estranha geografia a desta terra, aqui frente à Serra-Mãe do Sebastião.
Caminho devagar mas tenho a cabeça repleta de palavras do poeta, sei de cor alguns dos seus poemas e nesta altura só me lembro o poema que fala do seu nascimento: «Quando eu nasci / ficou tudo como estava / Nem homens cortaram veias / nem o Sol escureceu / nem houve estrelas a mais… / Sòmente / esquecida das dores / a minha mãe sorriu e agradeceu. / Quando eu nasci / não houve nada de novo / senão eu».
Pelas três da tarde do dia 9 de Fevereiro de 1952, numa mesa da Pastelaria Herculano, tomo as notas para um futuro diário. Quero escrever algo mais sobre a morte mas só me lembro os versos de vida do Sebastião da Gama. «Quando eu nasci» – pois é isso mesmo. Nasceu assim nem social nem romântico, apenas poeta, afinal o menos literato de todos nós.
Gostei muito.
Obrigado! Já valeu a pena – basta um leitor.
que confusão do caralho, mas quem é que escreveu essa porra? não me digas que foste tu com 2 anos de idade ou será o quiz da semana e quem adivinhar leva um exemplar do iniciais para acender a fogueira.
Estou me matando prós críticos./ Hei-de cantar
o que muito bem me apeteça./ Hei-de sentir,
hei-de pensar, hei-de berrar o que muito bem
me apeteça./Um grande raio que os parta mais
às suas sentenças. // Se me der na maluca desato
para aí dizer palavrões/ ou a escrever sonetos
de Camões / começados do fim para pró
princípio / e com os acentos todos trocados. /
…/ Deixem-me cá sossegado a fazer versos/ –
uma coisa melhor que todas as suas
pretensões,/ todas as suas ciências, todas as
suas opiniões/ e que mais belos do que eles só
uma flor encarnada a nascer em cima de um
telhado/ sem se importar de saber se olham para
ela ou não…
estou confusa: este Sebastião é o d’anicha que afinal era David?
balha-me deus! hoje acordou contusa. não, bécula, o david é na buraca, o restórante onde fiquei pendurado à espera da musse e o sebastião era o que dáva porrada na c’aniche da mulher. entendes? ou queres música?
http://www.youtube.com/watch?v=7nj2V4otZPQ
ó anónimo, por mim, o poema acima merece integrar a antologia da novíssima poesia da benedita. mereces uma musse.
música, claro, sempre. e a pusse, que é um peido em estado líquido, fica para ti. :-D
oh bécula! filha, não percebeste e levas tudo p’rá peida. o david é um poeta que deixou de fabricar em 1980 e que dedicou o poema acima ao bastião, mas isso agora não interessa nada. o que interessa é que o sr. david um dia tropeçou numa palete de “iniciais” ainda fresquinhas, só faltava adicionar-lhes canela e no processo do adicionamento fodeu um tornozelo, bai daí gerou-se um quiproquo em bolta da poesia rural da benedita e o viegas recebeu a cópia de autor com dedicatória ao ferreira, o resto é o que toda a gente sabe e sempre a subir. complicado? ou queres que mande aí o tomtom.
o meu pai é um aldrabão, o david deixou de fabricar em 1996 e o autor do poema é o sebastião.
…de modus que é assim, abécula, temos um quiproquo pró xá das cinco com scones sem manteiga o que vai dificultar a digestão do viegas. o resto já deves saber, descobri que a poesia rural da benedita causou a morte do marato e do socrates através do pincel poético do jacobino do david. e só mais uma coisinha e ficamos já por aqui, o ferreira mandou dizer que o sebastião tá na buraca a sonhar comovido e mudo. mas cuidado, isto é top secret. complicado? ou queres que mande aí a fomfom.
num carece de fomfom, acho me desenrasco na wiki apesar do descodificador ter encravado com as causas da morte, nada de cuidado, já chamei a gata para alterar a estória.
oh mussolinda! és muita benita, mulher. se calhar é por isso que o descodificador encrava quando carregas o username.
Olinda – o texto é uma dupla inscrição. Homenagem a David Mourão Ferreira na homenagem a Sebastião da Gama. OK?
JCF, fiquei curioso sobre a origem deste texto (está publicado?).
Meu Caro Luis Eme – a origem deste texto é a situação de eu ter uma enorme admiração pela obra do David Mourão Ferreira e do Sebastião da Gama. Daí ter escrito como se fosse o David – um pouco à maneira do que fiz no meu livro «Os guarda-redes morrem ao Domingo». Está publicado aqui no «Aspirina B» aliás em ligação com o texto anterior que fala do jornal Gazeta do Sul onde se estreou o poeta Sebastião da Gama.
fui bem “caçado”, pensava mesmo que era do David. :)
é uma bela homenagem aos dois, JCF.
prontes… está desfeito o enguiço e… as obras completas do autor vão para a miss marple em “a poesia rural da benedita causou a morte do marato e do socrates através do pincel poético do jacobino do david” e ca parvo fui*. cambada d’ignorantes o da benedita deveria ser obrigatório a partir do infantário.
* homenagem à deolinda, o dezorrorizante da sua pussy
ganda tolada, meu! matas dois disfarçado de um deles, o poirot flipava uma vilhena.
ainda vou descobrir a razão pela qual o JFC assassinou o David e a responsabilidade deste na morte de Marat e do nosso querido Sócrates. é desta que o Val vai conhecer pessoalmente o poeta da benedita, precisamente no solene momento da entrega da carta de despedimento. todos ansiamos por justiça e por uma chávena de chá.
anda tudo a dormir, este gajo é um nobel do suponhamos.
támem acho, sócio! ohohohohooooo que sono!
oh branca! mete esta na mochila para acompanhares o discurso do chefe logo à tarde.
http://www.youtube.com/watch?v=weLe_Q3fy0s
se quiseres decorar a letra pra botar figura na manif, aí vai
Arménio, era um trolha da Areosa
Que tinha, um par de olhinhos azuis
Que quando, me fixavam no baile
Me deixavam, indefesa e tão nervosa
Arménio, tenho nas minhas gavetas
Aerogramas, cheios de erros de ortografia
Perfumados, entra as minhas meias pretas
Aquelas que te punham, num estado de euforia
Arménio, fui tua madrinha de guerra
Rezei por ti, longas novenas sem fim
Para voltares, inteirinho e sem mazelas
E tu lá ficaste, tão perdido no capim
Arménio, quantos sonhos e planos
Prometeste, que me levavas a Lisbo-o-o-o-o-o-a
Em Junho, no dia dos meus anos
Bem sabes que a memória é um atributo dos gémeos.
está bem, Zézinho, agora percebi. mas não é preciso arregalares a voz. :-)
aí vai a versão do david, fazendo de conta que é o xico numa homenagem ao vasco da gama:
tenho um citroeih. fiz a tropa no hospital e comecei a trabalhar como paquete na rua do ouro. saltei do combóio nas caldas e apanhei a camioneta dos capristanos. apesar de o dia estar belíssimo, fazia frio pra caralhos. era o tempo deles.
tamém na benedita, na paragem onde muitas vezes o gama me esperou para os nossos passeios à serra, também em turquel estava frio. mesmo no verão (e hoje não é verão) acompanhar um enterro é sempre um pincel.
olinda, pacheco, cimento e todos os amigos encheram o pequeno cemitério de benedita. muitos anos depois, será roberto leal que numa destas ruas da benedita, perto da mónica sintra, se irá perdendo aos poucos para a música e para a vida. que estranha coreografia a desta terra, aqui frente a santa catarina da serra.
caminho devagar mas tenho a cabeça repleta de confusão, sei de cor alguns dos seus poemas e nesta altura só me lembro o poema que fala do meu amigo nascimento: «quando eu nasci / ficou tudo assi /… /não houve nada de novo / senão eu e só eu».
pelas três da tarde do dia 9 de fevereiro de 1952, numa mesa da tasca do xico no bairro alto, apanho uma carraspana de caixão à cova. quero escrever algo mais sobre a morte mas só me lembro do cheiro a mijo e da emel. «quando eu nasci» – pois é isso mesmo. não nasceu, nem foi parido foi apanhado ao visgo.
Meu Caro Luís Eme – faltou ainda dizer por escrito e por extenso uma coisa: viva Salir de Matos!
E viva o «anonimo»! Vê se aprendes alguma coisa com ele, francisquinho. Pelo menos, a escrever! Vai fingindo que não lês, vai, que lucras muito com isso… Com tanta grosseria calada, qualquer dia rebentas e temos novo terramoto em Lisboa. Entretanto, aproveita bem os «intervalos» para te gabares… Até o teu amigo Pacheco te deu com o Torga! Cada vez estás menos mais, caramba!
deves estar ainda a sonhar, sócio. chefinho tenho, mas está na rua da amargura, demissionário, coitado, porque isto da autonomia tem muito que se lhe diga. quanto mais liberdada lhe dão mais se afoga em incompetência.
olha, hoje limitei-me a subir e descer o chiado no dandismo do costume, mas estou solidária com os milhares de concidadãos que vieram hoje desafiar o terreiro do Passos. isto é só o começo. e não sei, não, se para a próxima lá estarei a fazer coro, não com o arménio e o pcp, mas com os mais humildes e desafinados.
eh pá! não afines, eu fiz o mesmo mas primeiro atestei no joão do grão à cause des mouches