Recebeu-o das minhas mãos e acariciou-lhe, por duas vezes, o “Ne varietur” da capa, como que para o fazer seu (pois naquele nunca tinha tocado) e para se certificar (e a mim) que nada tinha mudado desde que o havia passado para as folhas do Bombarda (receio inusitado, que uma edição “Ne varietur” serve para isso mesmo – atesta que ninguém lhe foi, à sorrelfa, mudar as palavras e os sentires).
Depois de, à segunda vez, ter percebido o nome de quem o interpelava, passou-o para o papel, precedendo-o de um “Para” e preenchendo os espaços vazios, e assinou.
Sem acento no “o” de António.
E, de novo, passou por duas vezes o polegar da mão esquerda no “Ne varietur” da capa.
Descansado, entregou-mo – “o Barrigana continua lá”, disse-me (em azul e sem abrir a boca).
Apontando com os olhos para o “Para” dela, Para Maria Eugénia, a senhora da caixa, ao reparar que também eu levava um “Para”, atirou-me: “É um malandreco, aquele! Não fazia ideia!”.
Depois, sem mos pedir, disse-me que eram vinte e cinco euros.
Aceitando o eufemismo (é uma Bertrand, caramba), entreguei-lhe as duas notas que tinha.
A alma de um autógrafo? Gostei muito do texto. Parabéns.
Se a contrapartida de escreveres menos fossem textos como estes, aceitava de bom grado que escrevesses uma vez por ano.
Belo texto, afixe. Com um estilo «ne varietur», mas muito bom, de facto… Não podia deixar de o dizer.
Obrigado.
Politikos: a espécie de paródia ao estilo é, como terás percebido, propositada.
Yep, meu caro. Dá-me ao menos esse crédito :-)
parabéns pá, obrigaste-me a esquentar os neurónios e a gastar mielina, (até ao google fui) mas gostei. Boa semana ou coisa assim…
Não sei se é muito «à maneira de» (talvez tenhas que trabalhar ainda a coisa), mas pela intenção fui lá. Bem apanhado, Afixe.
Parodiar, no máximo, Fernando. E mais com as ambiências. Nada de querer fazer a coisa à “maneira de”. Teria, realmente, que comer muita sopinha.
py: mas deu para perceber que é da Margarida Rebelo Pinto que se trata? :)