Em má hora me atrevi a desafiar a ira do Norte e agora estou a ser gramaticalmente sovado pelo meu primo JPC, sem apelo e com agravo. E é de corpinho macerado que me vejo obrigado a conceder que só deve obedecer à gramática quem já não consegue aguentar o que sente.
Mmh. Temos aqui terreno movediço…
Nada temas, meu primo. É um bocadinho movediço, certo, mas não se afunda mais do que a chinela.
vocês são divertidos! :)
bom ano para usteds
Bom, estupendo ano para ti, caríssimo PY.
Faço minhas as palavras do meu primo. Grande ano para para ti, py.
Não percebo a confusão. Isto não tem nada a ver com a pronúncia do norte ou do sul (pelo menos no actual estádio de evolução da língua). São palavras homófonas mas não homógrafas. Acho que foi o facto de uma ser presente e outra passado que obrigou a que se grafassem de modo diferente já que se pronunciam da mesma maneira. (Será mesmo assim. ou estarei enganado pelas minhas origens nortenhas?)
São primos ?!
(nunca sei a ordem certa daqueles dois pontos ali em cima. E entretantes não é que o Aspirina me linkou o tasco? Wonders never cease!)
Grafólogo
Tens razão, não se trata de uma questão de pronúncia – e esse é que é o problema. Aparentemente, há muito boa gente que ignora a ortografia, e respectiva fonética, do pretérito perfeito do indicativo (nos casos onde só a acentuação marca a diferença de tempo verbal). Ora, este fenómeno regional ameaça a (lógica, útil, belíssima!) norma nacional, daí a minha preocupação.
Já agora, corrijo-te: não há homofonia (precisamente o aspecto que o post original ressalta e sobre o qual discorre). Há é ignorância que resulta de vícios miméticos por influência do meio sócio-cultural.
Catarina
Somos primos à força, mas sem esforço ou com uma perna às costas. Também podemos ser considerados primos dos quatro costados. Mas estamos de costas viradas um para o outro, por causa do mouro na costa.
… eu então, muito prezando as vossas incursões, e excursões, acho engraçado que o passado e o presente se confundam numa proto-eternidade, a menos de um sotaque.
PS1: se os primos divertidos e inteligentes me quiserem ajudar aqui numa coisa, eu agradeço.
Estou mergulhado num mar de números sobre a economia do Carbono, a ver se consigo indexar as emissões de CO2 dos fogos florestais ao Protocolo de Quioto: a única maneira que vejo de suster a coisa em termos sustentáveis (passe o pleonasmo), porque se essas emissões ficarem oneradas, tal como na indústria, então pia mais fino…
Depois de 10 anos bem sucedidos na Galiza a explosão deste ano mostra que o monstro está sempre à espera,
Donde, estou a usar a expressão “indústria do fogo”, sendo que não é uma industria propriamente dita mas a concatenação de múltiplos interesses, desde os madeireiros às celuloses, passando pelo imobiliário e os “pastores” e caçadores, de mistura com os meios aéreos e outros e sei lá que mais.
A minha dúvida é se a expressão “indústria do fogo” é uma metáfora ou uma metonímia – penso que é esta última pela relação de contiguidade directa com o referente – mas já agora ouvia uns expertos :)
Assim de caretas, caro PY, e ousando afrontar o mestre da coisa (o nosso extraordinário Fernando Venâncio) digo que é uma metonímia (e pela razão que apresentas, de resto). O vocábulo “fogo” está a remeter para “alguns fogos”.
Já agora, com trabalho tão especializado em temática tão relevante, podias um dia destes mandar-nos um texto com algum peso científico ou político (ou ambos, óbvia e naturalmente) sobre esse “plexus” de questões. Aqui fica o convite.
Obrigado Valupi. Só para a semana é que atino com a desmultiplicação dos números que tenho na mão. Este artigo será o 3º (e último) dos mísseis retóricos que atirei sobre o assunto, vê o belo monstro, uma missão que me propus enfrentar antes que o systema me…
É uma metonímia quando mal interpretada, mas uma metáfora com o uso que lhe dás.
Ah, primo!… A fúria do ódio gramatical levou-te ao pecado da desatenção, e eis-te entalado numa armadilha donde temo já não venhas a sair… É que não tens modo algum de transformar “indústria do fogo” numa metáfora (sob pena de o conceito de metonímia vir a ser derrogado). Mas fica já aqui a promessa de ser eu a pagar o nosso próximo jantar (e que tal para a semana?) se te safares.
oh diabos, se vocês ficam zangados por causa disto, transforma-se numa hipérbole e eu é que fico chateado, para não dizer triste, que é mariquice, e dá-me uma elipse!
Chateados?! Estamos chateados é com o facto de ainda não termos ido jantar. Coisas muito (mas mesmo muito) metonímicas estão para acontecer nesse jantar, para as quais não haverá metáforas em qualidade (ou número) suficiente de modo a poderem ser descritas (as tais coisas muito – mas mesmo muito – metonímicas) a favor (e para formação) das gerações vindouras.
… tenho agora uma pôrra de uma reunião e amanhã vou ser incinerado numa assembleia: montei uma conspiração contra mim, para me tentar livrar de uma seca, que saiu fora de controlo :) Se sobreviver, mesmo tição (e a probabilidade é elevada porque py é a abreviatura de pyrenaica, o Quercus que melhor rebenta de toiça depois dos fogos) venho saber se o pato estava bom
puf, safei-me só com metade da folhagem queimada, amanhã já tou bom!
Entretanto aproveito para explanar a minha ignorância: sempre patinei na distinção entre metáfora e metonímia,…, às tantas arrumei as coisas assim: uma metonímia é uma metáfora mais directa, a tal contiguidade com o referente. Estará mal?