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Leio José Pacheco Pereira hoje, no Público:
«A maioria da opinião pública e de muita da comunicação social (aqui o PÚBLICO é excepção) permanece indiferente à política externa portuguesa quanto ao Kosovo. O mesmo se poderá dizer da indiferença com que o PS e o PSD tratam esta questão, ainda por cima numa zona onde há tropas portuguesas que foram para lá baseadas num mandato que afirmava que o Kosovo era parte da Sérvia… Quem é que quer saber disso para alguma coisa? Agora o que eu queria saber é que pressão está a fazer o directório europeu, França, Alemanha, Reino Unido, para que países como Portugal reconheçam o Kosovo? Porque estão de certeza a fazê-la e eu estou longe de considerar que o reconhecimento do Kosovo corresponda aos nossos interesses nacionais. Por muito que isso pareça contra-intuitivo em relação à nossa história, não é do interesse nacional qualquer coisa que ajude à fragmentação da Espanha.»
E releio:
Por muito que isso pareça contra-intuitivo em relação à nossa história, não é do interesse nacional qualquer coisa que ajude à fragmentação da Espanha.
Não sei se concordo. Não sei se discordo. O meu entendimento bloqueia aqui.
E, no entanto, eu queria que Portugal existisse, se ainda não o houvesse. E posso crer que Pacheco Pereira, ele próprio, também. Mas não sei. Não sei onde acaba a Pátria e começa a demagogia.
JPP, pelos vistos, quer convencer-nos que o interesse nacional português se inclina para o não reconhecimento do Kosovo, por interposta razão de não favorecer a fragmentação da Espanha. Fantástico. E diz que é contra-intuitivo. Pois, se calhar, é, mas nem me interessa. Só sei é que a questão é balcânica, envolve seres humanos sérvios e kosovares a 3000 km daqui, e que me parece pouco sério ter uma posição “portuguesa” sobre isso em função do que nos convém por convir ou não à Espanha madrilena.
Eu acho que reconhecer o Kosovo (e já agora, alimentá-lo, fornecer-lhe energia, abrir as portas à sua emigração, etc) é uma grandecíssima asneira europeia, um acto hostil à Sérvia e um acto irresponsável em relação ao Kosovo, país evidentemente inviável. Estarão a pensar em fazer daquilo um sultanato sem petróleo? Os americanos só querem é fazer mais um aliado de religião muçulmana, impedir que aquilo se transforme num santuário de terroristas islamistas e tentar enfiar lá uma base de mísseis virados contra a Rússia, para continuar o cerco que começaram com a Polónia, a Rep Checa, não tarda muito a Roménia, a Hungria, a Ucrânia. De resto, os américas estão-se a cagar para os sérvios, para a Europa, para a Espanha, para a Rússia (menos as suas riquezas minerais) e para tudo o resto.
Os EUA decidem tudo em função dos seus interesses de potência mundial e cagam-se para as pessoas a quem as suas decisões possam afectar e para tudo o mais. Deve ter sido com eles que o JPP aprendeu a não considerar os interesses dos povos e das pessoas reais que vivem na zona, só que lhe acrescentou a obsessão com o que se passa em Espanha.
Sinceramente, ainda não consegui perceber bem porque é que alguma (a maioria?) da direita portuguesa tem problemas com a fragmentação de Espanha em nações históricas que a compõem. Talvez seja um desejo de conservar o estatuto de excepção que Portugal adquiriu ao ser o único Estado ibérico que escapou à centralização madrilena, até porque no nacionalismo luso sempre houve muitos que gostam de fazer equivaler galegos, leoneses, leoneso-castelhanos e castelhanos a espanhóis, tudo no mesmo saco como se fosse farinha indistinta: Afonso Henriques lutou contra Espanha, Inês de Castro era espanhola e Aljubarrota foi uma vitória contra Espanha. O Fernando até saberá melhor que eu como, ainda hoje, há dificuldade em distinguir na mentalidade de muitos um estreitar de laços Portugal-Galiza (ou Portugal-Catalunha) com uma aproximação Portugal-Espanha. Se o Estado espanhol se fragmentasse, lá se ia a excepção portuguesa e lá se ia a distinção entre nós e o resto da península como um todo uniforme.
Nik,
Eu não creio que o programa dos EUA para o Kosovo seja tão vasto. A mobilidade, mesmo dos americanos, naquele torrãozinho nunca poderá ser grande. Se há um plano monstruoso americano (e concordo contigo em admiti-lo), será mais «low profile», tipo criar um precedente, provocar a Rússia, mostrar as cisões da Europa.
Héliocoptero,
A direita portuguesa? Eu diria a malta toda. Sugeres que receamos deixar de ser a «excepção» na Península. Ser-nos-ia difícil gerir, dentro dela, uma política multipolar. Talvez. Mas há, decerto também, o receio (estratégico) de enfrentar Madrid e o receio (táctico) de fazer perder Zapatero a 9 de Março.
Um reconhecimento do Kosovo daria argumentos à Direita fascista espanhola para gritar ó tio ó tio. Olha Portugal a incentivar os nossos separatistas! Vamos lá votar todos em Raxói! (Esta grafia, sabes, não é inocente).
“Eu não creio que o programa dos EUA para o Kosovo seja tão vasto. A mobilidade, mesmo dos americanos, naquele torrãozinho nunca poderá ser grande. Se há um plano monstruoso americano (e concordo contigo em admiti-lo), será mais «low profile», tipo criar um precedente, provocar a Rússia, mostrar as cisões da Europa”.
Aqui, com o devido respeito, é que o meu amigo talvez se engane. Ouviu falar das enormes jazidas de petróleo e gas estimadas em terrritório albanez? Já há vários gigantes do petróleo a babarem-se pelas pelas cuecas abaixo só de fazerem tantas contas de cabeça.
O Kosovo é, vamos lá, a Albânia, pela razão étnica, pelo motivo religioso e contiguidades geográficas. Tudo por culpa das Otomanas e dos comunismos à La Ocha que fizeram tanta gente dar o salto para a liberal Jugoslávia sob o olho condescendente dos sérvios de então, e isto tudo aliado ao facto de que os Kosos parecem máquinas a fazer filhos. Os mais rendosos, pelo menos da Europa.
De modo que ofender Kosovares é ofender a Albânia. Los gringos e sus aliados maçonos en Europa sabem disso.
Històricamente, não há dúvida que a Sérvia tem todo o direito de reclamar o Kosovo como parte integrante do seu território. Ridículo seria que não. Até a organização das nações fodidas sabem disso. Um Kosovo independente corresponderia em termos de filosofia patriótica sãobentina a uma independência do Algarve com Guimarães, Santarém e Évora lá dentro. O Kosovo é a Jerusalém da Sérvia em muitos aspectos. Pelo menos é o que me assegura o meu correspondente de Belgrado, um tal Vlozosvick que nunca vi gordo nem magro.
Resta saber é se haverá muita inteligência da parte dos Sérvios em manterem uma província em que há nove kosovares para um Sérvio. Se não for suicídio, arranjem-me outro nome relacionado com roleta russa. O chefe dos Kosovares, kosovanos ou kosovianos diz, com manha de raposa ou sinceramente, vá lá saber-se, que adora Israel e especimens dessa raça com nomes famosos como Sharon e Naiatandu (desculpe-me o xpelling) num golpe de propaganda porque sabe que Israel é a rosa de inspiração, se não de ordenação, dos USA. Mas mau porque arrasta equiparações com a Palestina.
E Portugal, se não reconhecer, será em grande parte porque estará a pensar nos corrimentos separatistas das nossas Ilhas do Atlântico. É que nem precisarão dos exemplos da Espanha ou Grécia. Mas não vá muito com esta opinião. É toda tirada de jornais, com umas pitadas leves de má-criação.
Revisor,
Nada há de que desculpares-te de andares informado pelos jornais, menos ainda de polvilhares o teu pensamento de más-criações. (Falo-te assim, porque sei quem tu és, e tu sabes que eu podia concluí-lo, tendo a sua graça, mariola, que te suponham outro. Não é o teu jeito que te denuncia, porque nisso és dúctil e versátil. É a tua gramática).
Não, não tinha pensado nos Açores e na Madeira. E não tê-lo eu pensado é grave, já que pressupõe um bloqueio mental maior ainda do que esse de que me confessei.
E, todavia, o perigo de secessão madeirense ou açoreana é (ao menos de momento) ínfimo, se comparado com o de casos peninsulares. Acresce que (e é disso que aqui particularmente se trata) qualquer posição que Portugal tome a respeito do Kosovo é, sempre, uma tomada de posição frente à problemática espanhola. E este é um nó górdio em que Sócrates tem de mostrar toda a sua engenharia.
Para já, Portugal tem de esperar pelas eleições gerais espanholas de 9 de Março.
De resto, o facto de, num país de tão subtis colunistas, como o nosso, não se ter (a não ser JPP, e en passant) feito ainda essa extrapolação tão óbvia – esse facto, dizia, mostra a que ponto a ‘problemática espanhola’ nos é estranha. E é isso que é gravíssimo.
Fernando Venâncio, eu tenho, já há um tempo para cá, vindo a apreciar o teu don quichotismo de louvar, mas os principais culpados em perdas de identidade são os próprios portugueses, conhecedores inveterados do seu próprio umbigo, invejosos, mesquinhos, de interesses provincianos, dados a novelas e coscuvilhices. Não vejo trabalho duro, conjunto, com vista a melhorar algo. Entretanto, os vizinhos trabalham, gozam com a patarequice do lado e passam-nos as palhetas.
ENTENDIDO?
E eu aqui pergunto: Para quando os protugueses com os portugueses? Para quando a recuperação da identidade comum para continuarmos a ser Portugal?
Cláudia,
Obrigado pelo «don quixotismo». Mas, saberás, às vezes, é tudo quanto resta.
Perguntas: «Para quando a recuperação da identidade comum para continuarmos a ser Portugal?» E eu pergunto-me se nunca reparaste em que nós temos exactamente um superavit de identidade (bom, em si, melhor do que um déficit), e que pode estar aí parte do nosso problema. Somos uns miúdos mimados, nunca nos vimos em pedagógicas confrontações.
Caso não tenhas reparado nisso (ou não te revejas aí), gostaria de saber então quais os exactos perigos que nos ameaçam a identidade. Diz. Diz mesmo. As sonorosas perguntas retóricas tapam bastante o horizonte.
Um superavit de identidade? Estou em total desacordo contigo. Concordo com o outro que falava em medo de ser. Chamas um superavit de identidade a um português confortavelmente apetrechado em casa, mamando subsídios de toda a espécie, pautando-se pelas estatísticas e tretas dos media, rezando as avé marias para não arranjar trabalho, mas um emprego graças à cunha do josé desenrascado, que tem muita sorte na vida? Como um português de hoje, anémico, sem personalidade, sem valores, correndo aos supermercados, correndo para os créditos, correndo para a corrida ao nada, pode ter um superavit de identidade? Identidade com o quê? Com as Zara, os H & M, a Garnier? Só se for…
Os perigos que ameaçam a nossa identidade são inúmeros a começar pela corrupção instalada a todos os níveis. Eu diria até que é a mãe primeira de todos os males. Num terreno minado, não pode haver prosperidade. O descrédito instalou-se. Os crentes tornaram-se descrentes. A fé desapareceu. Há ainda quem se acredite no FC Porto, no Sporting ou no Benfica. Há ainda outros que se acreditam no PS ou no PSD. E há ainda quem vá à missa…
Contudo, falta o essencial: valores, regras, o desaparecimento da corrupção e olhar em frente, seguros, com objectivos claros. Aí poderemos dizer “somos portugueses” e deixaremos de nos armar em don quichotes – que é assim que eu gosto que se escreva – da Mancha do lado de cá, a espevitarem a espada contra o vizinho, não por um superavit de identidade, mas por um défice notável de identidade.
Então é assim :já votei. Apesar do voto ser secreto , como parvulita , não me importo de o publicitar.
Deputados :Psoe . Senado: Bloque Nacionalista Galego
Conseguem perceber? Há lugar para todos na España. Não nos invejamos uns aos outros . Todos queremos ser grandes, sabendo que há um denominador comum.
A fragmentação de Espanha dava-no muito geito, a sério !
Dona España,
Viva, senhora. Não a fazia por este humilde tugúrio.
E sim: essa linguagem, consigo percebê-la. Mas concordará em que bastantes espanhóis, por contrapostas razões, não a percebam.
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C. Indico,
«Dava-nos muito jeito», suponho poder ler-se. Interessante, a sério! E até era bom que nos explicasse em quê, mais exactamente.
“E este é um nó górdio em que Sócrates tem de mostrar toda a sua engenharia.”
Dada a rapidez com que ele se fez engenheiro, eu não depositaria grande fé nessa capacidade… ups! Eu não disse isto :p
Brincadeira à parte, é verdade que o reconhecimento do Kosovo por parte de Portugal coloca-nos a um passo de ter que fazer o mesmo se algum dia Espanha se fragmentar com a mesma facilidade. É bem visto, sim senhor. Eu mantenho a promessa que fiz a uns amigos meus há uns tempos: no dia em que a Catalunha se tornar independente, eu pago um jantar de comemoração. A mim, como português, saber-me-à certamente bem retribuir a alegria que os catalães nos deram em 1640 pela sua revolta.
Eu pago uma rodada de copos de vinho português, tapas de polvo à galega e butifarra con judias se um dia se fizer a Confederação Ibérica
Esqueci-me de acrescentar uma coisa: se com a independência da Catalunha eu ofereço um jantar aos meus amigos (com a devida bandeira catalã em local de destaque na sala), no dia em que a Galiza tiver a mesma sorte a coisa nem se fala: ele vai ser jantar, festa, bandeira galega na varanda e sabe-se lá que mais que me ocorra :D
Ó Helicóptero, com tanta independência ainda ficas toxico-independente
“que pressão está a fazer o directório europeu, França, Alemanha, Reino Unido, para que países como Portugal reconheçam o Kosovo?”
– Os mesmos países e a mesma pressão que fizeram sobre nós, no tempo da outra senhora, para que a gente desse a independência às ‘nossas’ Províncias Ultramarinas…
Eu cuidava que este tal Pacheco Pereira fosse mais perspicaz!!!
“Porque estão de certeza a fazê-la e eu estou longe de considerar que o reconhecimento do Kosovo corresponda aos nossos interesses nacionais.”
Os nossos interesses! Não me façam rir, os nossos interesses estão guardados nos cofres do BCP! Que conversa de chacha, se os bascos reunirem as condições necessárias para serem independentes, e se a maioria deles assim quiser, tornam-se independentes e mais nada…
E se a maioria dos algarvios, por uma razão ou por outra – estão ricos, encontraram petróleo em Vila Real de Santo António – quiserem ser independentes, conseguirem o apoio de uma ou outra potência são independentes…
Porra, já há direito ao divórcio caneco, ninguém é hoje obrigado a aturar um parceiro que cheira mal da boca, dá peidos e se embebeda.!
Ó Fernando,
Esta gente ainda vive no tempo da Maria Cachucha e perdem-se em altas cogitações ‘die slaan als een tang op een varken’… Admiro a tua paciência.
Altas cogitações, dizes tu, Carmo da Rosa. Quem te ouvisse, acharia que as independências surgem pela soberana vontade duma maioria popular e pelo apoio de um ou outro amigalhaço de fora.
Não te bastante essa simplicidade, pões no mesmo cesto os Países Bascos e o Algarve. E, assim, por uma varinha mágica, resolve-se o grande problema territorial espanhol.
Que tal se encarreirasses pela diplomacia?
PS. Quanto à expressão neerlandesa, que tão descaradamente aqui pões à vista geral, traduzi-la-ei ao restante povo, muito livremente, por cogitações em que “o cu não tem a ver com as calças”. Ou em que “não bate a bota com a perdigota”.
“surgem pela soberana vontade duma maioria popular e pelo apoio de um ou outro amigalhaço de fora.”
Sim senhora, mais uns INGREDIENTEZITOS e está a coisa feita… Sempre assim foi!
‘SE os bascos reunirem as CONDIÇÕES NECESSÁRIAS para serem independentes’ disse eu, é preciso ler o que lá está, o meu texto não é assim tão longo, que diabo.
Por isso é que eu arranjei uns poços de petróleo para o Algarve, para alterar a situação actual! Na situação actual, é evidente que o Algarve não é comparável ao País Basco!!! Como dizem os franceses, ‘Pas la peine d’avoir fait Saint-Cyr pour comprendre’… Ou em holandês ‘je schiet je doel compleet voorbij’.
Já que se fala em Bascos, e para perceber isto de uma vez para sempre, basta ver a diferença que existe entre os bascos franceses e os bascos espanhóis. As diferenças que me refiro não são morfológicas, são históricas. Os INGREDIENTES, ou a falta deles, de um lado e do outro dos Pirenéus, determinam completamente, como se fosse UMA VARINHA MÁGICA, o comportamento do mesmo povo em relação ao Estado.
Ao contrário dos espanhóis, os bascos franceses nunca estiveram ligados ao Carlismo, não sofreram a Guerra-Civil de Espanha, não estiveram durante muitos anos sob a pata de Francisco Franco Bahamonde, Generalíssimo de España por la gracia de dios…
Esta é a razão fundamental (a varinha) porque os bascos franceses – tenho uma basca na família – não falam nem uma palavrinha de Euskadi. A minha cunhada, nem sequer sabe o que significa Euskadi Ta Askatasuna. Para ela isso faz parte do folclore dos toscos do outro lado do monte. Ela, como todos os franceses, canta Allons enfants de la patrieeeee le jour de gloireeeee est arrivé… E de independências, ela, só quer ouvir falar da do Kosovo.
E o Kosovo tem o MEMENTUM político-estratégico americano a favor deles (um ingrediente bastante importante, penso eu de que!). E isto só acontece uma vez num século. Mas há mais ingredientes. Há a diferença étnica, a diferença religiosa e, é preciso não esquecer, o ingrediente mais importante, o mau tratamento infligido pelos sérvios, com a apoteose nos anos 90, quando Slobodan Milosevic estava mesmo disposto a acabar com a raça…
Não fosse o bombardeamento da Sérvia– ilegal ou não, estou-me nas tintas – e teríamos desta vez ‘die endlösung für der kosovafrage’. A seguir, diriam voceses a célebre frase com ar embaraçado, como os militares holandeses em Srebrenica, ou como os alemães depois da guerra: Wir haben es nicht gewusst. (nós não sabíamos de nada, não estava-mos a par dessas coisas, estava-mos aqui para ver a bola!).
Como se vê, o raciocínio aplica-se a qualquer situação. Mas é preciso raciocinar, pensar em termos estratégicos, mas sobretudo não conspurcar demasiado o raciocínio com preconceitos de ordem moral, condição sine qua non para as calças terem mesmo muito a ver com o cu.
Mas sobretudo, não ficar muito indignado quando a maioria popular no Kosovo sai à rua com bandeiras americanas gritando thank you mister Bush… Porque na realidade, é apenas esta imagem atroz que faz com que a maioria da esquerda meta demagogicamente os pés pelas mãos em altas cogitações para tentar defender, o indefensável. Quando em PRIMEIRA INSTÂNCIA se trata apenas de um povo que quer ser independente porque não quer ser dizimado…
Está bem, Carmo da Rosa. Mas ainda não percebi bem o teu desenho espanhol. É isso: faz um desenho para eu perceber.
Só uma coisa: o que os americanos têm é «momentum», com «o». Que pode traduzir-se por dinâmica, ou mais exactamente dinâmica imparável, espécie de ‘point of no return’.
E, já agora que o saber parece abundar por aqui, diga-se de passagem que “Euskadi” NÃO é a língua, mas sim a TERRA dos bascos!
À sua língua nacional, os bascos (do lado espanhol) chamam “EUSKERA”.
Eu até conheço algumas palavrinhas em “euskera” (“Agur!”) e uma frase batida: «Nuklearrik? Ez eskerrik asko!»…
Quanto ao Kosovo, a hipocrisia de parte a parte está bem demonstrada nestes comentários. Ora fosse a Sérvia um Estado de Direito democrático e talvez tivesse mais apoios do seu lado, moralmente válidos.
Quanto à Espanha, ou a outra qualquer situação internacional, a verdade é que a posição de Portugal tem e terá sempre um peso abaixo de ridículo. Que é o nível aonde se situa também o “anda Pacheco”.
Quanto a Portugal, um dia virá em que a Madeira se tornará independente (ou seja, formalmente dependente do Reino Unido) e outro dia virá em que, em simultâneo, os Açores e o Algarve também se declararão independentes de Portugal: será no famoso “Dia de S. Nunca”.
Por último, quanto à Ibéria, Federal ou Confederada, é por enquanto apenas “um lindo sonho p’ra viver, quando toda a gente assim quiser…” (José Mário Branco).
“Mas ainda não percebi bem o teu desenho espanhol.”
O meu desenho espanhol!!!
Queres tu dizer que se Portugal reconhecer o Kosovo os espanhóis fecham a torneira do petróleo ou do gás?
Ou os espanhóis, é verdade, não querem reconhecer o Kosovo por causa do precedente bascos, dos catalães, eventualmente dos teus queridos galegos, e last but not least Melilla e Ceuta…?
Será isto o desenho espanhol?
E só mais uma coisa. Se eu escrevi ‘mementum’ é mementum. Punt uit. Eu julgava que estavas de folga e não na sala de aula…
Caro Castanho,
Eh pá! Você também com as correcções que não adiantam nem atrasam! desculpe lá mas eu acho isto muito pedante, muito mesquinho, muito portuga…
“Ora fosse a Sérvia um Estado de Direito democrático e talvez tivesse mais apoios do seu lado, moralmente válidos.”
Também me parece que sim. Pelo menos um dos factores, a limpeza étnica, não teria existido e os perdiam esse argumento.
os Açores e o Algarve também se declararão independentes de Portugal: será no famoso “Dia de S. Nunca”.
Não estou a dizer que toda esta gente que você nomeia tem direito, quer, ou deva ser independente… Estou-me nas tintas. O que digo é que para um país ou região ser independente têm que estar reunidas certas condições. Isto pouco tem a ver com direito ou com varinhas mágicas…
Há mesmo povos com todas as condições reunidas e nem dando-lhes porrada querem ser independentes! As antilhas holandesas por exemplo, por causa dos subsídios…
A Espanha já é a oitava economia mundial, tendo ultrapassado em PNB per capita a… Itália!!!
Claro que isso só é possível porque não têm de arcar com o lastro de Portugal. Connosco, passavam logo para 13º lugar.
Boa. Forma creativa de usar a estatística.
O que faz pensar ao mesmo tempo que os espanhóis, por enquanto, não estarão muito interessados em ocupar-nos, UF. Já chatices têm eles que chegue…