Todos os artigos de Valupi

Coisas que não interessam a ninguém

«Num Estado de direito democrático, a denúncia sobre a prática de ilícitos penais só pode ter dois destinos: o arquivamento ou a abertura de um inquérito. Não, não é possível investigar factos passados sujeitando os cidadãos a uma espécie de purgatório penal. É o que nos dizem a jurisprudência constitucional e a lei, esta reservando as ditas averiguações para a “recolha de informação relativamente a notícias de factos suscetíveis de fundamentar suspeitas do perigo da prática de um crime”. Dirigem-se, pois, à prevenção de factos futuros.

Mas não é apenas a utilização ilegal de tais averiguações que impressiona. A sua exposição pública em plena campanha eleitoral lança um anátema insuportável sobre os respetivos destinatários (“suspeitos”, mas não sujeitos processuais) e contamina, objetivamente, a disputa democrática.

Foi por isso que, no passado dia 23 de abril, apresentei uma proposta no Conselho Superior do Ministério Público recomendando a submissão do tema ao Conselho Consultivo e ainda o apuramento das circunstâncias que permitiram a mediatização daquelas duas averiguações.

Tal proposta, discutida durante mais de três horas naquela reunião do Plenário, aliás com rasgados e transversais elogios, veio a ser votada no dia seguinte — a pedido de vários conselheiros, em benefício de melhor reflexão. Mas, malgrado o esforço de integração dos vários contributos recebidos nessa madrugada, acabou por ser liminarmente rejeitada, contando apenas com o meu voto favorável e, de entre os presentes, com o voto contra de todos os magistrados e a abstenção dos demais membros.»


Paulo Valério — Advogado e Membro do Conselho Superior do Ministério Público

Coitada da Justiça

«“Coitada!”, comenta uma colega da juíza que vai dirigir o julgamento de José Sócrates e restantes arguidos da Operação Marquês, lamentando a sorte de Susana Seca, a quem calhou, aos 52 anos de idade, “o processo que ninguém queria que lhe calhasse”.»

Operação Marquês: a juíza que ficou com o processo que ninguém queria

Neste artigo de 2 de Julho, a jornalista dá o maior destaque ao reconhecimento de ser unânime, entre os magistrados judiciais, o sentimento de aversão a ter de julgar a Operação Marquês. Naturalmente, a peça de Ana Henriques não gerou o mínimo sobressalto, sequer a mais leve curiosidade, no editorialismo e no comentariado; muito menos no sistema partidário. No entanto, porém, contudo, tal constatação leva-nos para os fenómenos do Entroncamento. Pela histórica razão de nos terem enfiado a mioleira ao longo de anos, se não forem décadas, numa tanga que implicava precisamente o oposto — que todo e qualquer juiz adoraria julgar Sócrates para lhe dar a indefensável, inevitável, inapelável, já transitada em julgado na indústria da calúnia, condenação exemplar. Como explicar que agora andem a fugir da glória corporativa e popular de enjaular o monstro?

A Operação Marquês contém indícios que justificam, sem margem para qualquer dúvida, a abertura de uma investigação judicial a Sócrates. O problema não é esse, porque não o ter investigado seria uma gravíssima falha das autoridades. O problema vem da decisão, tomada por Joana Marques Vidal sob influência directa de Passos e Cavaco, de transformar a Operação Marquês num processo político. A partir daí, houve magistrados a cometer crimes para se atingirem os objectivos principais de um ataque com alvos a abater: assassinato de carácter, diabolização máxima, domínio totalitário dos meios de comunicação, ecologia institucional de coerção sobre qualquer juiz que viesse a intervir no processo. A melhor ilustração do que se pretendeu fazer — e que se alcançou com sucesso quase completo — pode ser dada recorrendo a Marques Mendes. Este conselheiro de Estado escolhido por Marcelo, nessa condição, usufruindo de antena aberta na SIC, em múltiplas ocasiões verbalizou que a Operação Marquês estava a investigar, no fundo, um grupo de indivíduos que tinham montado uma rede que lhes permitiu roubarem, durante anos e anos, colossais quantidades de dinheiro a partir de posições cimeiras no Estado. Ou seja, PS. A fantasia afrodisíaca de que os Governos de Sócrates não passavam de máquinas de corrupção, em que todas as decisões tomadas só tinham essa causa e finalidade, pode ter sido espalhada pela Cofina e pelo Pacheco Pereira (entre muitos outros, claro), e logo a partir do Face Oculta, mas foi consagrada pelas mais gradas figuras do regime por palavras e silêncios. Até o PS de Seguro e de Costa contribuiu para isso, por incrível que possa parecer aos ingénuos. O regime é cúmplice.

O pauzinho na engrenagem deste esquema chama-se Ivo Rosa. Nunca, nem de perto nem de longe, se viram em Portugal campanhas de ataque mediático e político a um juiz como se fizeram a Ivo Rosa — ainda antes de sequer começar a analisar o processo. Se tivesse sido Carlos Alexandre a fazer a instrução, o que o Ministério Público tinha escarrapachado seria o que ele assinaria por baixo. Ivo Rosa desmontou a acusação, e explicou com detalhe geométrico onde e como essa acusação era um logro. Recebeu aplausos pela sua incrível coragem? O editorialismo e o comentariado abafaram a racionalidade e fundamentação do seu argumentário, voltaram a atacar o juiz e entraram em desespero. Porque num processo político só a destruição do alvo tem sentido, é um jogo de soma nula. Sócrates tinha de ser condenado por corrupção, e receber uma condenação à Vara, voltar à prisão. Para que a mácula no PS jamais pudesse ser apagada. Passaria a ser oficialmente o partido do maior corrupto da história portuguesa.

Irá Susana Seco dar esse êxtase à pulharia? Ou optará por fazer justiça? Iremos perceber sessão a sessão.

As palavras baratuchas chegam a todo lado

«O povo está absolutamente farto de políticos do ar condicionado. Os eleitores de Ventura não são todos "fascistas" – estão fartos. Se o PS e o PSD quiserem sobreviver terão que mudar de vida. Os políticos têm que estar onde o povo está, têm que falar uma linguagem que o povo perceba — as palavras "caras" não vão a lado nenhum — e têm, acima de tudo, de resolver problemas que têm sido miseravelmente postos na prateleira dos assuntos que podem ser adiados até ao dia em que não sobrar um cidadão no interior.»

Ana Sá Lopes

É exactamente ao contrário: os eleitores do Ventura são todos fascistas. Porquê? Porque estão fartos da democracia. É só isso que precisamos de identificar para topar com um facho. As razões pelas quais estão fartos são indiferentes. Uns porque vieram de África e nunca fizeram a descolonização, filhos e netos idem. Outros porque eram fachos antes do 25 de Abril e nunca engoliram o fim da ditadura, filhos e netos idem. Outros porque são estúpidos, e já não têm idade para deixar de ser. Outros porque estúpidos são, e ainda não estão na idade para deixar de ser.

Esta senhora trabalha para facilitar a vida ao Ventura. Daí a obscena contradição, tão comum nela e nos seus colegas de pasquim e de profissão. Alegam estar a defender a democracia no acto mesmo de deformarem os seus processos, lógica, constrangimentos. Que faria ela se fosse governante? Népias, porque jamais quereria meter-se nessas andanças. Apenas pretende despejar opiniões de merda.

Os eleitores do Ventura não querem ir às reuniões dos partidos, não querem participar em associações cívicas, estão-se a marimbar para iniciativas que congreguem a comunidade, desprezam os locais onde o poder autárquico dialoga directamente com os cidadãos, com os fregueses. São indivíduos com visões asquerosas do que é a democracia porque estão dela alienados. Nunca aprenderam a serem democratas, daí a monstruosidade das suas deturpações, daí a aberração das suas soluções.

O Ventura veio explorar politicamente essa gente, a Ana Sá Lopes já cá estava há anos a explorar mediaticamente o mesmo mercado.

Revolution through evolution

A startling omega-3 deficiency may explain women’s Alzheimer’s risk
.
Highly sensitive people are more prone to depression and anxiety
.
Why listening may be the most powerful medicine
.
Strange new shapes may rewrite the laws of physics
.
What came before the Big Bang? Supercomputers may hold the answer
.
Scientists discover forgotten particle that could unlock quantum computers
.
Why tiny bee brains could hold the key to smarter AI

Dominguice

A função dos Governos não é a de resolver os nossos problemas públicos, muito menos os privados. Quem prometer tal é charlatão, anda no arrasto dos broncos. Os Governos apenas conseguem tornar os problemas resolúveis. Depois, inúmeros factores que escapam ao poder dos Governos decidirão quais os problemas, e como, e quando, e para quem, serão resolvidos. Não é pouco, é o máximo possível.

Donde, a escolha está na forma como esses problemas serão tornados resolúveis. Democraticamente ou ditatorialmente? Com mais democracia ou com menos? Com mais humanismo ou com mais racismo e xenofobia? Com pessoas que ostensivamente nos querem enganar ou com pessoas em quem, com sorte, poderemos confiar? Não é pouco o que temos para escolher, é o quase tudo.

A candidata presidencial ideal – dada a tragédia em curso

Ninguém se lembraria de tal. Ela não quer. Seria altamente improvável sequer passar à segunda volta. Mas é a melhor imaginável candidata presidencial possível no Portugal que somos.

Falo de Marina Costa Lobo. E não teria de alterar nada de nada de nadinha de nada na sua postura. Bastaria aparecer e dizer o que pensa. Declarar em que acredita. Revelar o que sonha.

À sua maneira. Sem um grama de artifício. Em nome da comunidade que não somos.

Revolution through evolution

Trapped in guilt and shame? Science explains why you can’t let go
.
Global study reveals the surprising habit behind tough decisions
.
Blood pressure cuff errors may be missing 30% of hypertension cases
.
One small walking adjustment could delay knee surgery for years
.
The 30-minute workout that could slash cancer cell growth by 30%
.
Scientists just made vibrations so precise they can spot a single molecule
.
Tiny chip could unlock gamma ray lasers, cure cancer, and explore the multiverse
.
Continuar a lerRevolution through evolution

Dominguice

Não, pá. Repara. Se precisares de um médico, para ti ou para os teus, não vais escolher o grunho. Queres é quem estudou, de preferência mais e melhor do que os outros. E se precisares de um advogado, para ti ou para os teus, não queres aquele que tem um entendimento grunho do Direito e das leis, e que se comporta como um grunho no tribunal. E se precisares de um mecânico, de um electricista ou de um canalizador, vais fugir dos que tiverem fama de grunhos e vais ficar piurso com os que te tratarem à grunho. Se isto é assim, e assim é, por que raio queres ter um grunho no Parlamento a chefiar uma bancada de grunhos? Por que caralho és cúmplice, por actos e/ou omissões, da crescente pestilência dos grunhos na democracia?

É porque, lá está, no fundo, a verdade verdadinha é a de que também tu és um grunho, pá.

Tragicomédia à portuguesa

«Marcelo faz lembrar o tipo de “pantomineiro” que o ator António Silva magistralmente sempre representou no palco e no cinema português. Só que o ator AS representava um modelo de carácter e não o seu carácter. E, no caso de Marcelo, este possui mesmo o tipo de carácter que AS representava exemplarmente. Tomando Portugal como palco, Marcelo não imita, pratica de sua natureza e condição idiossincrática na perfeição o estilo farsante e pantomineiro, agindo e perturbando desse modo destravado da ‘cuca’ a vida real dos portugueses.
Marcelo é o ‘cata-vento’ caracterizado por Passos Coelho e o ‘lacrau’ batizado por Balsemão; é o troca tinhas criador de factos políticos fictícios, o primeiro autor em Portugal de fake-news. Marcelo é um irreprimível narcisista que pretende concentrar todo o olhar sobre si, isso, explica a sua atitude de excursionista da selfie por feiras, mercados e praias. Tal como usou a Faculdade de Direito (professor), o jornalismo (Expresso), a TV (comentariado a granel) tem usado sempre o cadeirão da Presidência para com as suas traquinices de ‘sem-abrigo’ baralhar dados, argumentos, e políticas a seu belo prazer e gozo.
Digo “sem abrigo” porque Marcelo é um homem só. Cavaco tinha e tem ainda a sua Maria mas Marcelo não tem ninguém e até o seu filho enjeitou de uma forma que nenhum pai verdadeiro de filho e de palavra o faria. Rejeitou a mulher, o filho e o amigo dileto de casa e missas (Salgado) quando este estava caído e mesmo os PSD só o aturam como Presidente de fazer fretes ao partido.
Marcelo representa mais dez anos de patinhar no pântano e atraso para o país e uma eventual pantomina de subversão do regime ao imiscuir-se na governação, demitindo Ministros e Secretários de Estado e insinuando regimentalmente que o governo depende do Presidente e não da AdR
Marcelo que quis acabar com os sem-abrigo pobres, ironia do seu Deus, acaba, ele próprio, como sem-brigo rico.»

__

Oferta do nosso amigo jose neves