Eu sei que o maradona é muito giro, que fica bem a qualquer um achar-lhe imensa pilhéria e postular que anda por ali sabedoria a rodos. Mas alguém devia ter dito ao homem que os bobos têm um campo de acção algo limitado: cabriolas para animar jantares dos amigos cultos e pouco mais.
Como é que alguém se lembra de escrever e assinar isto: «a maior parte das crianças que cairiam no grupo que definimos como alvo do “trabalho infantil” estão melhor a trabalhar para as Multinacionais (ui, ui) que a “””””””beneficiar””””””” das condições que lhes (Portugal) proporcionamos»?
Amanhã, seguindo pela mesma viela, poderemos até garantir que os africanos estariam bastante mais confortáveis algemados a segadeiras na Europa do que a passar fome no Chade…
Apresenta-nos assim o maradona uma versão refrescada do velho chavão das crianças-do-terceiro-mundo-que-ainda-bem-que-trabalham-senão-andavam-a-prostituir-se. Aliás, este lugar comum também assoma à sua leve pena: “ou seja: antes putas que eu imaginar-me responsável aos olhos dos meus amigos do Bairro Alto por uma menina de nove anos estragar a vista e a infancia a montar relógios numa fábrica em Rayong.” Todos sabemos bem que os boicotes abrutalhados podem ter consequências terríveis; só que a alternativa não é por certo aceitar alegremente que cada vez mais crianças cresçam sem infância. Mas ficamos assim a saber que ainda há quem julgue aceitável que uma empresa maximize os seus lucros oferecendo — em Rayong, por exemplo — ordenados infantis, poupando-se ao esforço financeiro de pagar salários a adultos, mesmo os prescritos pelos padrões tailandeses! Tudo para que os investidores recebam mais uns cêntimos por acção ao fim do ano e nós possamos ter pochettes mais em conta.
Não me vou pôr a adivinhar se o maradona alguma vez amou uma criança ou não. Sei é que só um coração impermeável admite um tal pesadelo e ainda é capaz de o decorar com chistes supostamente espertalhões.
PS: no que toca ao futebol, posso bem concordar que a Helena Matos não tem razão. O meu filho mais velho joga num clube de algum destaque, onde há prémios para os melhores alunos e onde ter negativas significa afastamento dos jogos. Não estou bem a ver a relação com a produção de sapatos.
Isto é, nitidamente, um manifesto anti-Maradona e então o trabalho infantil???
Está em franco desenvolvimento?
hurrrgh
“alguém devia ter dito ao homem que os bobos têm um campo de acção algo limitado: cabriolas para animar jantares dos amigos cultos e pouco mais.”
Uma frase bastante reaccionária.
Será que a pochette desse tal de “Luis em maio” é da Louis Vuitton ou será uma bem mais em conta? Pela parte que me toca não uso pochettes porque é piroso e também não me chamo “…. em um mês qualquer do ano”.
Trabalhar com sapatos é trabalho infantil!
E representar nos “Morangos com Açúcar”?
E ser Modelo?
E ser Futebolista?
E ir trabalhar para o Campo?
E ser cantor pimba?
E ser pastor?
E ser cigano?