No meio da tempestade

Se você acha o Sócrates um político competente, honesto e, no fundo, tem uma opinião relativamente boa dele, experimente dizer isso em Portugal e verá o que lhe acontece.

Se estiver entre camaradas esquerdistas, o ambiente gela e você será olhado, no mínimo, como um perigoso “amarelo”. E de seguida escarnecido, vituperado e, por último, escorraçado de qualquer discussão.

Se estiver entre maltosa do PS, muita da que eu conheço, militantes de reuniõezinhas semanais, vai logo ter de levar com o catárctico “mas fez muitos erros, olha as PPP’s, o TGV, o Aeroporto de Lisboa…” e alarvidades do mesmo estilo.

Por outro lado, se estiver à saída de alguma Missinha e falar em Sócrates à frente de velhotas beatas, ou catequistas jovens, o mais certo é o céu abrir-se e cair um raio fulminante! Ou chamarem piedosamente o 112 para lhe enfiarem uma camisa-de-forças…

Garanto-lhe que, se não quiser causar problemas, ferir susceptibilidades, ou gerar empecilhos ao harmonioso desenvolvimento de situações sociais ou profissionais, é de maior etiqueta em Portugal que o nome Sócrates nunca seja, nem ao de leve, pronunciado. E espero que acredite em mim, que não sou filiado em nenhum Partido, nem votei no Sócrates em 2005.

Acha isto uma doença mental? Pois também eu, mas é real.

Quem alimentou esta patologia aberrante? Os meios conservadores, sim, as Corporações e os Sindicatos, também, mas igualmente a Esquerda parlamentar, o Bloco e a CDU, e os blogues marxóides.

Quem ampliou ao insuportável esta disfunção colectiva? Os meios de comunicação de massas, os opinadores e os intelectuais mais prestigiados. Uns pela palavra, outros pelo silêncio.

É-lhe possível, apesar disso, continuar a discutir racionalmente o Sócrates e a unidade da Esquerda, abstraindo-se deste clima doentio e crispado? É, mas só porque vive no Estrangeiro, garanto-lhe. Ou melhor, a mim também é, sobretudo consigo, porque não sinto no ar essa crispação, mas aqui é muito difícil.

Compreende agora melhor a virulência pró-Sócrates que às vezes aflora em alguns dos textos deste “blogue”? Se você estiver no meio de uma tempestade fortíssima, a sua posição será normal e vertical, ou antes procurará inclinar-se para contrariar o efeito do vento na gravidade?

Se conseguir ultrapassar o seu afastamento e vislumbrar esta contextualização que nós aqui sentimos tão fortemente, talvez consiga dar “o desconto” e adoptar a mesma “inclinação” que nós, que lutamos para não sermos arrastados para a demência há mais de três anos.

E admitir que, nestas condições, se torna quase impossível não só pôr as pessoas dos vários Partidos de Esquerda a falar entre si (e mesmo falando já não seria fácil atingir consensos…), como sobretudo pôr as PESSOAS NA RUA a falar entre si com abertura de espírito. É isso que falta a Portugal, sabe? O clima de fraternidade e união que se viveu, no seu expoente máximo, nos primeiros meses de 1974, mas que no essencial durou até à Expo’98, ou talvez mesmo até ao Euro’2004. E que se perdeu completamente a partir de 2007-2008…

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Oferta do nosso amigo Júlio de Matos

15 thoughts on “No meio da tempestade”

  1. para não falar da quantidade de profissionais anti-socras que arranjaram emprego como políticos, assessores, jornalistas, investigadores, juristas, sindicaleiros, escritores, historiadores, lombas, crespos, raposos, ruis vários: tavares & ramos, ienas matos, amorims, cerejos, guinotes, balbinos, vpvalentes, mouras guedes e ficava aqui a noite inteira a botar nomes de gajos que ficaram famosos, ganharam dinheiro ou arranjaram emprego para eles ou para as mulheres graças ao zé sócrates, não chagaram aos 150.000 prometidos em campanha mas devem andar lá perto.

    ps – almeida! gostaste? vai levar na peida.

  2. Calma, calma, Júlio de Matos. Tu não és, de facto, o único que anda a lutar para não ser arrastado para essa demência que referiste e que afecta a generalidade dos portugueses. Esse clima doentio – caracterizado pela impossibilidade em comunicar, discutir e ter relações com camaradas esquerdistas, com malta do PS, com velhotas beatas e jovens catequistas, com conservadores, ou com pessoal dos sindicatos e da comunicação social – é diariamente experimentado por uma minoria de resistentes. Mas a verdade é que a capacidade para enfrentar e lutar contra essa maluqueira colectiva só está ao alcance dos autistas como tu. Portanto, já sabes: quanto mais te isolares e fechares em ti próprio mais dementes vais encontrar.

  3. Quantas, mas quantas vezes eu já senti isto! Quantas vezes já vi amigos olharem-me com um imbecil ar de comiseração! Quantas vezes já vi outros calarem-se por puro medo de passarem por parvos! Enfim…este país está um verdadeiro “júlio de matos”, meu caro Júlio de Matos. Como foi possível chegarmos aqui!?

  4. Prezado Dr. Magalh’emos (ou Sehr Geherte Herr Doktor Sigmund Freud?),

    felizmente, não percebi nada do seu douto comentário, em especial da respectiva e douta última frase.

    Acho mesmo que só o Sr. Dr. é que a “percebeu”. Mas afianço-lhe, fique descansado, que isso não tem mal nenhum.

    Siga a sua viagem e, olhe, verde também eu sou sempre!

    Mas só por causa do «Sporting»…

  5. Excelente pergunta, caro CÍCERO. Como foi possível chegarmos aqui?

    Lamento não lhe saber responder em breves parágrafos, mas penso que lhe posso deixar algumas pistas.

    Um Povo sábio, mas pouco culto. Oprimido por uma longa Ditadura moderna e por séculos de obscurantismo inquisitorial, beato e (muito pouco) católico. Formatado mentalmente, ao longo de três gerações, por um sistema de Ensino ideológicamente controlado e por uma comunicação social vigiada e obliterada. Habituado a obedecer sem questionar (como os alemães), mas mais ainda a confiar em quem manda e a esperar. Esperar, sempre, que as iniciativas e as soluções proveniessem dos poderes. Isto é, de cima. Para rematar, industriado no tirocínio das competências cívicas e democráticas básicas por uma mentalidade anti-fascista sectária, triunfalista, míope e agressivamente avessa a diálogos e conciliações.

    Uma “élite” residual, pacóvia e provinciana, livrescamente “culta”, mas pretensiosa e, na sua generalidade, sem quaisquer escrúpulos morais. Educada ainda no seguidismo e no proselitismo dos morgadios, das senhorias, dos aventureiros, dos mandantes e, não o esqueçamos, dos colonos. Mas logo deseducada pela idolatria marxista, anarquista, libertária e, supostamente, esclarecida e vanguardista. Mas sempre tutelar.

    Uma miragem de riqueza, de ostentação, de facilidades e de infinito, proporcionada pela avalanche dos dinheiros comunitários. Que caíram ainda, tantas vezes, em cima de quem tanto sofrera, labutara, ou até combatera, em tempos outros de contida resignação.

    E por último, para incendiar este braseiro, uma comunicação social tablóide e mercantil, ao pior estilo do “marketing”, que arrasou e aplanou toda e qualquer consciência de deontologia, de dever, de ética, de verdade e de decência.

    Fizeram de nós um bando de maltrapilhos morais, capazes de tudo para salvar a pele da nossa má-consciência colectiva.

    E agora, batatas.

  6. a sic não se cala com os sucessos do filantropo horta-osório, não tarda temos aí a vedeta em ministro das finanças da salvação possóila.

  7. cícero, no 1/2 da euforia libertária os herdeiros do estado novo co-adoptaram o marxismo e o resultado está à vista.

  8. o que vale é que os “ciganos” são uma minoria valente: carregam a coragem nos olhos e nos dedos – que da inteligência se faz foz.

  9. Lá anda o Júlio de Matos a falar do Portugal dos maluquinhos ao mesmo tempo que se olha ao espelho. Como é que ele chegou a este estado de senilidade? Ele próprio nos dá algumas pistas.
    A sua juventude não foi fácil: na escola foi submetido à propaganda salazarista e ao obscurantismo católico, sabendo desde tenra idade que Deus, a Pátria e a Família eram as fontes de autoridade que não se podiam pôr em causa. Por isso obedecia e calava.
    Ao entrar na idade adulta revoltou-se contra este estado de coisas opressivo, e tornou-se, depois do 25 de Abril, num militante de um MRPP qualquer. Passou a ser um especialista em cultura livresca maoísta, e um revolucionário anti-marxismo-leninismo e anti-gonçalvismo. Portanto, o seguidismo e carneirismo em que foi formatado não desapareceu, mas apenas se transfigurou e assumiu novas roupagens.
    Mas este novo estado de coisas opressivo não ia durar muito tempo. Antes do fim dos anos 70, o Júlio, tal como o Pacheco, o Durão, o Manuel Fernandes, e como muitos outros ex-camaradas, romperam com a idolatria e com deseducação marxista e maoísta, para descobrirem que o futuro e o desenvolvimento de Portugal estavam na sua união com a Europa e no livre funcionamento da economia de mercado. Queriam ver Portugal na CEE.
    E foi isso que aconteceu: a convergência com os países da CEE, que sempre lhes pareceu uma miragem, estava a tornar-se numa realidade. Portugal passou a ter inúmeras autoestradas e hipermercados, realizou uma Expo98 e até organizou o Euro2004. Neste período de 20 anos viveu-se um clima de fraternidade, de união e de paz entre os seguidistas das regras e dos tratados neoliberais europeus. Porque, afinal, era tudo porreiro, pá!
    A senilidade do Júlio está, portanto, explicada: o tipo foi carneiro toda a vida. Começou por ser carneiro do salazarismo e do catolicismo, depois tornou-se num carneiro do maoísmo e finalmente transformou-se num carneiro do europeísmo neoliberal. E todas estas fases da sua vida acabaram com a sua revolta interior contra esta sua inclinação natural para o seguidismo e para a obediência cega ao poder, a quem manda. Aliás, o tipo ainda não deu por isso, mas a sua luta e combate contra os dementes que se atrevem a criticar o seu novo ídolo televisivo é apenas a repetição do acontecido noutras ocasiões.

  10. Cacei-te, não foi, ó Lemos? Completamente!

    Baboseiras,

    “clichés”,

    disparates,

    veneno baratucho e

    automatismos pavlovianos de meter dó ao meu cão.

    Continua a escrever aqui as tuas patacoadas freudianas, que estás na mesma morto, pá.

    Já não vais lá nem com “up-grades”.

    És um NULO, sabes isso e róis-te de inveja. Apodrece aí dentro dessa merda onde grunhes, que ninguém te ouvirá gritar. Dinossaurinho impotente, megalómano e coxo. A gente vê-se por aí, um dia. Não tenhas dúvidas…

  11. Júlio de Matos, acalma-te, pá… Olha a tensão!
    Tu não perdes o hábito de falar dos outros ao mesmo tempo que te olhas ao espelho, não é?
    Baboseiras, clichés e disparates? Estás a falar deste teu último comentário ou do penúltimo?
    O cão de que falas existe mesmo, ou és só tu a espumar de raiva?
    E por falar em Freud: estes teus últimos grunhidos são sons que costumam acompanhar a tua evacuação anal, ou só dizem mesmo respeito à tua defecação mental?
    O teu problema é um problema de identidade, ou esqueceste-te que os carneiros, como tu, não caçam nada, e que se alimentam de palha?
    Até qualquer dia, cornudo.

  12. Magalhães Lemos, Sigmund Freud, minha ganda besta,

    nunca passaste de um miserável. Deves meter nojo à tua própria mãezinha.

    Continua, desgraçado, força! Não és mais infeliz por isso e poupas-nos imenso trabalho de descrição da canalha que representas, debilóide.

    És tão imbecil, que pensas que os teus esboços de insultos atingem alguém.

    Metes dó a todos os cães, até aos que não existem. Chafurda aqui à tua vontade, até te lambuzares todo, javardola.

    É um favor que nos fazes.

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