Por fim descobertos os culpados do fiasco iraquiano

No “Público” de hoje, Rui Ramos explica-nos que a ocupação do Iraque não foi bem como imaginávamos. Afinal, as armas terríveis que povoavam os sonhos da menina Rice com cogumelos atómicos não assustaram ninguém. Afinal, os horrores do regime de Saddam não impressionaram George Bush por aí além. E mesmo aquela ideia de montar no Médio-Oriente um glorioso farol da Democracia e da American Way não era para levar a sério.
Na realidade, como nos revela Ramos, o falcão Rumsfeld era sim adepto de uma mera «expedição punitiva». Só que «houve que contar com a célebre “comunidade internacional”» e esta acabou por empurrar os renitentes EUA para o calvário da ocupação.
Bem me parecia que ainda estava para aparecer uma luminária com a derradeira desculpa: a culpa de tudo isto é dos malvados europeus.

PS. Aqui, pode ler-se uma excelente resposta ao artigo de Rui Ramos que lançou as bases para o disparate de hoje.

6 thoughts on “Por fim descobertos os culpados do fiasco iraquiano”

  1. Bem afinfado Luis, mas acho que foste severo demais para com o homem, pois a mim parece-me que ele deu um tiro de sorte com essa dos europeus. Não foi Israel que já ganhou mais que uma vez na Eurovisão?

    TT

  2. A resposta não pode ser a um artigo de hoje, dado que já a li ontem. Não será uma resposta ao artigo da SEMANA PASSADA do mesmo Rui Ramos.

  3. … eu publiquei isso abaixo uma semana depois do Editorial bélico de JMF, no Público. Já na altura era evidente o desaire, não?

    O mesmo de sempre

    No editorial de 20 de Setembro de 2002, o director do Público José Manuel Fernandes tomou partido inequívoco sobre a legitimação da iniciativa de agressão militar contra o Iraque. Finalizou o texto dizendo que “os mesmos de sempre estarão contra”. Como eu estou contra, venho dizer-lhe as minhas razões.

    É triste ver a retórica “civilizada” que visa legitimar o ataque ao Iraque: Saddam Hussein é um mauzão que ameaça os vizinhos e toda a gente e como tal deve ser neutralizado, no mínimo. Como se os arsenais de armas de destruição maciça de Israel ou do Paquistão e, à cabeça, dos EUA, não fossem bem mais preocupantes… e actuantes. Ou ainda se invoca o argumento que no Iraque se vive uma ditadura, como se tal não fosse o caso na Arábia Saudita, por exemplo. O mais clarificador da hipocrisia da argumentação é que não são os vizinhos do Iraque a pedir uma intervenção, mas antes os soberanos EUA que imperialmente o decidem.

    Porque a decisão está tomada, obviamente. No pensamento rasca da pragmática americana isto é assim: é preciso fazer guerra para animar a economia, controlar os recursos estratégicos, elevar a popularidade do presidente e consolidar o sentimento de identificação nacional; depois desta conclusão, há que escolher a vítima mais palatável para a opinião pública, construir o invólucro de legitimação retórica e sossegar, na contemplação narcísica de um grande espectáculo movido pela primeira potência mundial. Eu entendo o gozo masculino com um espectáculo de guerra.

    Os actores principais do lado do mal do filme do princípio do novo milénio são, a meu ver, os srs Bush, Blair e Sharon ; ainda se perfilam no horizonte outros actores secundários, servis do lado do mal, entre os quais um chamado Durão Barroso. Porque a guerra é um mal e a iniciativa da agressão esclarece a responsabilidade dos agentes: está em curso a tecno-barbárie do novo milénio.

    Contrariamente a José Manuel Fernandes penso que a agressão se fará sem a legitimação das Nações Unidas apenas com o apoio da Grã-Bretanha e da corrupta Europa mediterrânica e mais alguns. Honra seja feita à reserva francesa e à distância alemã. Eu que tenho orgulho lusitano, tenho agora que engolir esta vergonha. Mas ainda acrescento que no terrível espectáculo que vai vir, penso que se voltará o feitiço contra o feiticeiro.

  4. Essa imbecilidade de Rui Ramos está bem à altura daquela outra do arquitecto Saraiva que reza mais ou menos assim: só havia uma maneira de saber se havia armas de destruição maciça – invadir o Iraque.

  5. Anónimo,
    Leia outra vez: “artigo de Rui Ramos que lançou as bases para o disparate de hoje.” Logo, não é o de “hoje”.

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