Portugal colocou no Parlamento e no Governo aquelas pessoas que se propunham acabar com as “gorduras do Estado”. As gorduras consistiam nos salários, nas pensões e nos apoios sociais para a classe média e para os mais desfavorecidos, mas a gente séria atrapalhou-se na campanha eleitoral e só teve pachorra para nos explicar que os tecidos adiposos já marcados para a extracção eram apenas aqueles pendurados nos corruptos dos socráticos, e que o País ia sentir um enorme alívio ao ver-se livre desse peso e dessas vergonhas. Felizmente, assim que as tais pessoas agarraram o pote, a sua memória atinou e começaram de imediato a cortar a eito onde havia banha da boa. Hoje, o sucesso é retumbante. Estamos numa espiral de crescimento, ora aumentando mais a pobreza e o desemprego, ora menos, mas infalivelmente a crescer pelo caminho certo. O único. O certo, portanto. E por tanto.
Também não consta que essas pessoas frequentem a Cinemateca ou tenham interesse por qualquer uma das suas actividades museológicas. Na Cinemateca não se ganha dinheiro nem dá para fazer compras de jeito. Outra situação aborrecida na Cinemateca é a alta probabilidade de se cruzarem com socialistas, pelo que o melhor é nem lá porem os bem calçados pezinhos. Daí acharem que as suas salas estão sempre vazias ou, enfim, que não estão sempre cheias. O que acaba por ser o mesmo. É o mesmo porque a cabeça destas pessoas é simples, daí serem tão rápidas a pensar. O mecanismo mental é o seguinte: o mundo foi criado só para quem tem dinheiro do seu, venha lá ele donde vier. A partir deste invencível axioma, o qual subsume tudo o que estas pessoas com estas cabeças conseguem elaborar à volta do que seja o liberalismo-que-odeia-socialistas-e-tem-nojo-do-Estado, é lógico que a Cinemateca deve fechar se não passa de mais um coio de pobretanas armados em ricos com o dinheiro da gente séria.
Confesso que o encerramento da Cinemateca me encheria de satisfação. Como regular frequentador, tendo lá vivido dezenas das minhas mais luminosas paixões cinéfilas, ficaria especialmente agradado com o simbolismo do seu fim neste tempo em que os pulhas e os broncos tomaram conta disto. Até porque, sejamos honestos, quem precisa de estar a dar três euros e tal por um bilhete na Cinemateca quando temos uma esquerda que é uma comédia e uma direita que é um horror?
fecham a cinemateca, e permitem com o dinheiro dos portugueses pobres e ricos, que abram escolas privadas,onde existe oferta publica, em nome da liberdade de escolha! qualquer diaestamos como a africa do sul antes de mandela.pobres numa escola,e os ricos noutra,transporte para pobres e outro para ricos em nome da liberdade de escolha.que os pariu. Nota: o pcp,está de acordo com as chefias militares que pretendem o controle dos vencimentos por ramo.a ” irmandade comunista” não deixa de nos surpreender!
ó. não podemos admitir que nos tomem por zombies e que acabem com as nossas paixões. não quero que vás ao circo: quero-te na película para a viveres; e para a contares.
Dizem que o Ministro Paulo Portas é um grande cinéfilo. Gostava de saber a opinião dele sobre este problema.
“Na Cinemateca não se ganha dinheiro nem dá para fazer compras de jeito.” É uma toda ideologia, sintetizada.
A direita no seu melhor. O seu grande sonho é os saudosos setenta porcento de analfabetos alcançados pelo fascismo.
Um famoso franquista, dizia: quando ouço falar em cultura puxo logo do revólver.
Cinéfilos neste governo de néscios?! Duvido. Hollywoodescos, deve haver alguns, penso que é o caso do portas.
Se perguntarem aos membros deste governo quem é Tarkovsky. Aposto que noventa porcento, responde que é um jogador de futebol; os outros dez porcento, vão dividir-se entre o compositor, o bailarino e o escritor.
Mais uma na “muche” do Valupi.
O objetivo desta Social Democracia que se senta na cadeira do poder (absoluto) e que de Social tem pouco e de Democracia tem nada, é voltar à trilogia Deus, Pátria e Família para ter um Povo analfabeto, inculto e submisso. Há um pequeno pormenor, é o de que o tempo não volta para trás.
O sarcasmo é giro e tal, mas a verdade é que a cinemateca pouco tem para oferecer desde que se tornou muito fácil encontrar os filmes mais obscuros do planeta sem levantar o rabo do sofá e sem gastar um cêntimo. Sendo um tremendo preguiçoso, basta-me ler o programa da cinemateca e ir buscar os filmes que me interessem nos sites de partilha internáutica (alguns dos quais os mesmos onde a página fb da cinemateca vai buscar os stills para promover os seus filmes).
O que fazem à Cinemateca é obtuso e absurdo, mas devo dizer que não é, tal como se diz no texto um problema apenas da direita ou da esquerda… é mais como a fama do Constantino, vem de longe, de anos e anos seguidos a deixar cair a Cultura em saco roto!
A Cinemateca Portuguesa foi fundada no tempo de Salazar. É só mais uma das obras do ditador fascista sem as quais a esquerda portuguesa não sabe viver.
A direita e a esquerda – que conversa mais redutora. Os PS vão à Cinemateca? e os os PSD não vão ? E a esquerda é boazinha e a direita malvada? Meu deus! É possivel ver o mundo tão a preto e branco?
Já agora a Cinemateca , que eu acho uma instituição fenomenal e importantíssima não mexe um chavo para fazer dinheiro. Há exemplos no mundo inteiro de organizações sem fins lucrativos que não estão quase totalmente dependentes da “mama” do estado.
Mas andar à procura de fundos dá muito trabalho! mais val ficar sentadinho (ou neste caso inha) à espera da massa e quando ela não aparece culpar os malvados no governo. Que sem dúvida são uns incompetentes – mas isso não é relevante agora.
A Cinemateca Portuguesa vai ser destruída no tempo do Passos Coelho. É só mais uma peça do País que herdámos, de Salazar e tantos outros, que este “guverno” desmantela e deita para o lixo sem dó nem piedade.
Para gáudio destes palermas como o eduardinho tasqueiro.
“É possivel ver o mundo tão a preto e branco?”
“Há exemplos no mundo inteiro de organizações sem fins lucrativos que não estão quase totalmente dependentes da “mama” do estado.”
Preto e branco não sei, mas populismo bacoco é o que não falta nos comentários.
O que era preciso era a “inha” (suponho que seja a directora da cinemateca) batesse punho não?
Caro blogger, finalmente alguém que me entende, pelo menos quanto aos 3 euros do bilhete da Cinemateca. Eu – como bom político que sou – faria muito melhor: fecharia a Cinemateca, o Museu da Ciência, de Arte Antiga, o Arpad Szenes, enfim, toda essa escumalha de artistas qur vivem de bilhetes alheios. Deixaria, talvez, o Oceanário, para não ter uma revolução em casa com a minha filha.
E depois? Bem, depois… Como bom político diria: que se lixe!
“Preto e branco não sei, mas populismo bacoco é o que não falta nos comentários.
O que era preciso era a “inha” (suponho que seja a directora da cinemateca) batesse punho não?”
concordo com o populismo bacoco nos comentários, mas também é populismo bacoco essa história do “bater punho” e inventar dinheiro do ar (vendem pipocas na cinemateca?).
se fechar, é um “museu” que fecha, e isso significa sempre que alguém nesta sociedade fica mais burro. por muito poucos que sejam.
realmente, qualquer dia só existem burrinhos bem mandados, que são bem mais fáceis de lidar…
A possibilidade está ao nível do rebotalho humano que foi eleito. E dizia o rebotalho que o PEC IV era mau. Safa!
Mário Loja, quando se está a falar da cinemateca está-se a falar de cultura, e quem o está a dizer, é alguém que não sabe o quanto foi importante a cinemateca na sua vida, pois estas coisas não se medem, mas sabe que foi muito importante, mas mesmo muito importante. É alguém que está muito grato à instituição. Alguém que sente que o homem que é hoje não seria o mesmo, seria mais pobre, não fosse o bendito dia em que lá entrou pela primeira vez, para lá voltar muitas e muitas vezes. Alguém que nunca diria a parvoíce com que vieste conspurcar este espaço. Pois a falta de sensibilidade que manifestaste ao dizer que ver um filme em casa é o mesmo que ver o filme na cinemateca, só é possível em ti, não em mim. Se calhar devido ao facto de nunca lá teres posto os pés. Mas isso já não sei.
Sou levado a crer que para ti também se podia acabar com os museus. Pois podemos ver os quadros no computador.
Estrangular a Cinemateca é do que estamos aqui a falar.
Se a sua gestão recente é a mais adequada ou não é uma discussão totalmente diversa.
Mas faz parte da “coltura” trauliteira, inflamada pelo nosso “jurnalismo” atual, misturar assuntos para confundir a opinião pública.
Defender a continuidade da Cinemateca é como preservar a riqueza natural do Gerês. Eu raramente vou ao Gerês (com grande pena, aliás), mas se amanhã um governo idiota resolvesse extinguir o Parque Nacional da Peneda-Gerês eu não poderia argumentar com a qualidade da sua direção nesse momento, ou pior ainda, como já li nos demagógicos e populistas comentários que abundam por aqui, que o Gerês é “para uma minoria de nortenhos”, ou que configura um “despesismo” incomportável.
Por essa linha de raciocínio de “merceeiro”, a Biblioteca Nacional deveria ser mantida pela Junta do Campo Grande e a Casa da Música pelos condomínios adjacentes à Rotunda da Boavista. E assim por diante numa cascata de boçalidade muito mediática, mas analfabruta e indigna de uma Sociedade europeia moderna. Se é que a temos mesmo…
a casa da musica tem patrocinios privados e tambem tem gente a mais.por a cinemateca ao lado do gerês para comparar só de maluco!
Nem no tempo da ditadura, a Cinemateca fechou. É verdade que o seu director à época (Luís de Pina), assim como parte significativa dos seus colaboradores (António Lopes Ribeiro, por exemplo) era declarados apoiantes do Estado Novo, para não dizer fascistas assumidos, o que facilitava a colaboração.
No entanto, isso não impediu que a Cinemateca Portuguesa fosse uma instituição considerada e respeitada no estrangeiro, com um espólio onde já havia clássicos como “Potemkin”, “A Mãe”, “Outubro” (e tantos outros filmes vedados ao espectador comum), que podíamos ver nas suas salas. Após o 25 de Abril, a “casa” passou por várias remodelações e direcções, da qual a mais longa e significativa seria a de Bénard da Costa. Com todas as suas vicissitudes e constrangimentos (nomeadamente orçamentais) a Cinemateca sempre cumpriu os pressupostos de qualquer cinemateca: guardar e mostrar o espólio de filmes à sua guarda.
Com a passagem da Cinemateca a Museu do Cinema, e implícita inclusão da instituição na rede dos museus nacionais tutelados pelo estado, maior se tornou a responsabilidade deste em relação à missão principal de um Museu. Não se percebe, por exemplo, que as receitas da Cinemateca dependam de uma percentagem de 4% de publicidade nos cinemas (ver entrevista da directora no “Público” de quarta-feira), quando se sabe à partida que os cinemas tendem a fechar e as receitas a diminuir. Logo, o Estado, através do respectivo Orçamento, deve providenciar no sentido de criar um subsídio estrutural que garanta o seu funcionamento. É assim em todos os países desenvolvidos e deve ser assim em Portugal.
Um país que não cuida da sua memória (seja ela cinematográfica ou outra) não tem futuro.
o que é que fazem 71 gajos actualmente na cinemateca? os bilhetes são vendidos pelo securitas, a preservação e conversão dos filmes não se faz por falta de técnicos, só se for para abrirem portas e fecharem gavetas. caso os gajos não se desenfiem aquilo tem mais empregados que clientes.
Caro J. Rato. Prefiro não o insultar, como pretendeu fazer comigo, e discutir as ideias que deixa. Formou-se na Cinemateca? Ainda bem. Em parte, eu também. Mas só em parte: por razões diversas, a minha formação humana e cinematográfica fez-se mais em casa do que na sala de cinema. Ver filmes no grande ecrã não é o mesmo que ver filmes em casa? Claro. Mas essa estrada tem dois sentidos: ver o filme em casa tem inúmeras vantagens que, em minha opinião, se sobrepõem às virtudes da sala – sendo a mais importante a possibilidade de ver e rever uma dada obra vezes sem conta, quando e em que circunstância eu entender. Dito isto, e porque sei que há muitos cinéfilos que pensam como eu, coloca-se uma questão fundamental: a de avaliar a adaptação das cirematecas do mundo à nova realidade cibernáutica. E a verdade é que estas, como Frampton notou numa entrevista recente, não souberam compreender as mudanças da última década: não privilegiam os inúmeros filmes que ainda não foram digitalizados, não favorecem os cinemas mais marginais, e continuam a achar que a sua função se resume a passar os Casablancas e os Potemkins uma vez por ano. Por último, quanto à sua estirada sobre a extinção dos museus, sugiro-lhe a leitura de O Museu Imáginário, de A. Malraux.