Nem tudo são desastres no soporífero consulado de Seguro. Uma das poucas vantagens de ter um líder apagado é que notamos melhor quem está à sua volta, pessoas que normalmente viveriam na sombra de um líder carismático sem se notabilizarem para o exterior, mas que têm nestes periodos a sua oportunidade de exibirem algum brilho. É o caso de Carlos Zorrinho. A sua escolha para líder parlamentar, para quem como eu não está dentro das lógicas internas do PS, é algo misteriosa. Não lhe noto nenhuns dotes oratórios especiais, não aparenta a combatividade necessária para o lugar, as suas críticas ao governo, presidente e adversários políticos são, devido à praga do politicamente correcto e “sereno”, de uma inconsequência atroz, e a gestão do grupo parlamentar do PS fica, enfim, um pouco abaixo do nível de José Mourinho. Ou de Paulo Bento. Ou de Carlos Queiroz. E depois há, ahem, isto:
Finalmente temos um acordo. Um mau acordo. Um acordo que garante um empobrecimento consentido do País mas um acordo necessário. Viva portanto o acordo.
Perceberam? Eu também não. Talvez perceba quando parar de rir.
Convido-vos no entanto a descobrir outra faceta. Esqueçam as entrevistas aos media, as colunas de opinião no Correio da Manhã ( a sério, não havia outro? ), ignorem tudo isso e dêem um salto ao twitter, onde o nosso homem na liderança da bancada é um comentador entusiasta de futebol, onde apresenta e defende as iniciativas do PS, divulga notícias, comenta programas e politica, e se envolve em frequentes polémicas com os restantes frequentadores do mais famoso espaço de insta-bitaites. E, mais importante, onde apanha forte e feio sem nunca se escusar a responder. Há políticos, muitos, para quem as redes sociais são apenas outro meio de divulgar sound-bites e propaganda. Não é, definitivamente, o caso de @czorrinho. Nota-se ali um genuíno gosto em interagir com os restantes cidadãos e procurar as suas opiniões, em utilizar a sua recém-adquirida notoriedade não para ego pessoal mas para defender as suas ideias e procurar, através desta interacção, aperfeiçoá-las. Mesmo que, como no caso do vendaval à volta do projecto-lei 118 (#pl118 no twitter) ou da PMA, esteja a defender o indefensável. Mas defende-o o melhor que sabe, directamente aos cidadãos que o questionam, criticam, algumas vezes hostilizam. E independentemente da opinião que se tenha da performance politica de Carlos Zorrinho, isto revela, para mim pelo menos, que tem aquilo que é essencial, que constitui a base: um intenso respeito pelos seus eleitores e pelo lugar privilegiado que estes lhe confiaram, e uma vontade genuína de o demonstrar na prática. Há muitos aspectos onde o cidadão preocupado pode e deve exigir mais, muito mais, de Carlos Zorrinho. Neste, no entanto, está perfeito.
O que queriam mais,se ele é só o Zorrinho?! Zorro era o outro.
mais parece tontinho, o ajudante
Vega 9000,
dizes bem, não estás por dentro das lógicas do PS. Mas as lógicas são sempre iguais, quer nos partidos quer na vida de qualquer organização. Os interesses comandam a tomada das decisões e, por azar do destino, por vezes dão certo. Espera que as coisa estejam maduras, ou que pelo menos pareçam. Só um grande espírito de servir o chefe aceitava este papel, com a devida recompensa lá mais para a frente. Como é de bom tom.
então temos, nas redes sociais, um verdadeiro zorro. qual será a mascarilha?, é preciso pensar.:-)
É verdade,o que aconteceu aos revolucionários Homens da Luta, camaradas???? Bom, lá teremos de voltar aos originais, aos clássicos. Com prazer.
http://letras.terra.com.br/zeca-afonso/757583/
e para o pub e para o futebol
http://www.youtube.com/watch?v=i62UF7uROGU