Mas a verdadeira obra de arte do primeiro-ministro é outra! Foi ter conseguido desvincular-se, ele e os seus ministros, do governo de Sócrates. Foi ter desligado este Partido Socialista salvador daquele outro Partido Socialista cangalheiro. Foi ter conseguido refazer a sua virgindade, suavemente, sem ruptura aparente, sem obrigar ninguém a desdizer-se ou a pedir desculpa, sem criar incómodos a ministros e sem dar argumentos a quem disser que o Partido tem duas caras. Foi ainda ter conseguido associar o Bloco e o PCP a este branqueamento inédito.
Os seis anos do mandato de José Sócrates constituíram uma espécie de peste negra que se abateu sobre o país. Aquele governo, apoiado nalguma banca pública e privada, ajudado por um bando de empresários sem escrúpulos e assessorado por consultoras internacionais complacentes, atingiu níveis de endividamento único na história de Portugal, assim como de corrupção, de desperdício de recursos, de destruição de empresas públicas, de favoritismo em concursos e nomeações... Foi provavelmente o mais nefasto governo de Portugal durante décadas. Sem criticar os seus feitos, sem partilhar os erros de Sócrates, sem assumir responsabilidades relativamente aos piores anos de governo de Portugal, António Costa e seus ministros conseguiram, sem nunca o ter feito explicitamente, distanciar-se daquele nefando governo e daquele execrável período. Esse, sim, é um feito histórico.
No domingo, um dos derrotados pelos êxitos da "geringonça", António Barreto, escrevia aqui no DN que a verdadeira "obra-prima" (sic) de António Costa foi ter conseguido desassociar-se de José Sócrates e do seu governo que "apoiado nalguma banca pública e privada, ajudado por um bando de empresários sem escrúpulos e assessorado por consultoras internacionais complacentes, atingiu níveis de endividamento único na história de Portugal, assim como de corrupção, de desperdício de recursos, de destruição de empresas públicas, de favoritismo em concursos e nomeações..."
Pois é este capital político que António Costa coloca em perigo com a nomeação de figuras do antigo "arco da governação" para liderar instituições como a Caixa Geral de Depósitos ou a TAP, dando o sinal de que o "bloco de interesses", que sempre originou a corrupção no país, está, afinal, de boa saúde e operacional.
É este capital político que António Costa coloca em perigo quando nomeia um amigo para o conselho de administração da TAP ou quando uma sobrinha do líder parlamentar do PS aparece contratada por uma empresa da Câmara de Lisboa.
É este capital político que António Costa coloca em perigo quando "deixa acontecer" o acordo "por debaixo da mesa" com António Domingues na CGD ou o ridículo bilhete e viagem para um jogo de futebol ofertado pela Galp e aceite por um secretário de Estado.
Este é também capital político do PCP e do Bloco de Esquerda, que estiveram sempre fora destas negociatas que beneficiaram também, muitas e muitas vezes, o PSD e o CDS.
E se PCP e Bloco podem, por enquanto, ceder alguma coisa ao PS e à União Europeia em matérias económicas - em nome do bom senso e da melhor solução possível, no curto prazo, para os mais desfavorecidos - não podem é ceder em matérias de promiscuidade política/financeira e em matérias de corrupção, pois a sua própria sobrevivência política seria, dessa forma, posta em causa.
Por isso, pela primeira vez desde 24 de novembro de 2015, a "geringonça" corre o perigo de avariar.
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Barreto diz que o Governo de Sócrates era um antro de corruptos. A corrupção é crime, e gravíssimo. Não existe ninguém condenado por corrupção, sequer ainda acusado de tal, que tenha pertencido aos Governos chefiados por Sócrates. Nada disso atrapalha Barreto, o qual terá recebido alguma maquia para caluniar no DN um número indeterminado de cidadãos.
Tadeu usa Barreto para dizer o mesmo. Exactamente o mesmo. Também Tadeu recebeu dinheiro pelo exercício de caluniar no DN um número indeterminado de cidadãos; eventualmente todos os que pertenceram aos Executivos socialistas de 2005 a 2011, a que se deve acrescentar os deputados socialistas desse mesmo período como inevitáveis cúmplices.
Os Governos de Sócrates tinham um núcleo duro constituído pelo próprio, Teixeira dos Santos, Augusto Santos Silva, Pedro Silva Pereira, Vieira da Silva e Luís Amado. Costa fazia parte do núcleo, mas foi dispensado do Governo para candidatar-se à câmara de Lisboa. Para além deste núcleo duro, variegadas figuras ligadas ao PS, e também independentes, deixaram o seu nome nas actas que registaram as acções da governação de Sócrates como primeiro-ministro.
No discurso de Barreto, nascido do ódio fulanizado, e no de Tadeu, uma réplica automática nascida do sectarismo ideológico, das duas uma: Sócrates fez a tal monstruosa corrupção sozinho, imitando Deus quando criou o universo do nada, ou Sócrates fez esse lençol de crimes através daqueles que levou para o Governo, e esses bué da muitos continuam a ser protegidos por magistrados e partidos corruptos, todos eles, daí não aparecerem nas capas do esgoto a céu aberto.
Acaso o Barreto ou o Tadeu perdem uma caloria a pensar se o que escrevem faz o mínimo sentido quando confrontado com a realidade? Não perdem. É a quem lhes paga por estas cagadas que devemos perguntar se estão satisfeitos com o servicinho.
Valupi, larga o vinho (e bule-bule um bocadinho!).
Mais uma vez agradeço este excelente serviço público Valupi.
uma ajuda teve pelo menos : o Vara :) mas sim , há muito ceguinho no ps…mas não só , alguma ou outra jornalista ,ou comentadeira , ( ainda não percebi qual é a categoria profissional) , tb não achou estranho os rios de dinheiro assim , do nada ….
Boa malha!
“Mas a verdadeira obra de arte do primeiro-ministro é outra! Foi ter conseguido desvincular-se, ele e os seus ministros, do governo de Sócrates.”
… e o “artista” António Costa fez esta “obra de arte” … ANTES ou DEPOIS de ter convidado para o seu Governo VÁRIOS membros dos Governos de Sócrates ?
… e essas pessoas, que com Sócrates eram uns “bandidos”, agora com Costa são ministros e secretários de Estado milagreiros porque beberam agua-benta, foi ???
Este Barreto pago pelo merceeiro é cuspo viscoso.
E Costa lá vai conseguindo concluir reformas e ideias dos governos de Sócrates.
Espero empolgada as cartas rogatórias para me convencer que o Ex. Primeiro Ministro de Portugal é esse bandido que tantas almas das sarjetas conspurcam diariamente há mais anos que ele levou de governação reformista.
O Homem só pode ser muito bom para se manter cabeça de cartaz de tanto pulha inútil que a ele recorre para uns textos mal escritos e nauseabundos de leitura assegurada pela matilha raivosa e bem pagos (suponho) pelos conhecidos mecenas.
A bela senhora que defende a república das bananas dará notícias ainda este verão…supomos…
olha que título excelente: qualquer uma das variâncias que se aplique vai dar ao mesmo :-):
tadeu enfia o barreto.;
tadeu, enfia o barreto.;
tadeu – enfia o barreto!
tadeu? enfia o barreto.;
tadeu: enfia o barreto.;
Mas este discurso, que de novo não tem nada, não tem o apoio tacito do Governo de Costa? Claro que tem… É que não há aqui drama nenhum, nem tensão, com a narrativa do governo…assim, a perspectiva de análise não deveria ser outra? O que é estranho neste teatro politico, um caluniador caluniar ou um suposto caluniado não se defender e concordar?
Por outro lado todos os colunistas caluniadores têm direito a ser convidados para Belém pelo sr. pm, ou pelo menos tentar.
Concurso “Os indignados profissionais portugueses”, concorrentes em 2017:
– Rui Tavares que passa o dia no Twitter?
– Penélope, idem?
– Ou tu, Valupi?
Quem é que não tem mais nada que fazer?
Boa observação do Valupi, complementada, curto e grosso, por “primaveraverão”.
O marrar cansado, míope e impotente do charolês Ant.º Barrete e a lamúria enfezada do Pedro Tadinho-do-bé-bé-chorão são as duas faces da mesma narrativa frouxa, perra e a caminho da descalcificação total que alimenta a turbinagem da popularidade da desconcertante geringonça.
Nunca as “sumidades” pseudo-eruditas da Direita enfatuada e da Esquerda caquética tinham esfregado tanto as suas fuças intelectuais no estrume da pocilga cagada que foi o seu berço moral e ainda é a sua alcova social e cultural.