Numa democracia constitucional, como a que temos, a lei suprema nasce de um acordo maioritário validado pela comunidade. A Constituição vai buscar à sua legitimidade prévia a posterior dinâmica evolutiva, podendo o texto fundamental ser alterado sempre que a maioria necessária para o efeito assim o delibere.
Numa democracia liberal, como a que temos, a governação é, por inerência, um exercício reformador. Reforma-se incessantemente como forma de responder à imparável alteração das circunstâncias económicas, sociais e políticas. Só um regime que se arrogasse a posse de uma qualquer verdade histórica ou religiosa abdicaria do propósito reformador por ver nele a perda da verdade original.
A direita portuguesa, servida pelo formidável aparelho mediático que domina e com a decisiva cumplicidade da esquerda, teve sucesso na operação que fez de Sócrates e do PS os únicos responsáveis pelas consequências das crises internacionais que rebentaram em 2008 e 2010, apagando qualquer referência às causas externas. Continuou a ter sucesso na estratégia de alto risco que consistiu em afundar o País no resgate e em mentir de alto a baixo e do princípio ao fim na campanha eleitoral. E é de sucesso que temos de falar perante a facilidade, até impunidade, com que ataca a Constituição e os juízes do Tribunal Constitucional só para concluir um plano de destruição económica e devastação social que a oligarquia considera ser proveitoso.
Não, defender a Constituição não equivale a defender a imutabilidade do texto constitucional, pois isso seria igual a renegar a legitimidade democrática da Lei. Não, acusar Governos anteriores de terem errado só porque eles tiveram de lidar com crises globais e sistémicas de origem externa não corresponde a nenhuma forma de debate intelectual, é apenas hipocrisia e cinismo, o triunfo da chicana como modus operandi da baixa política.
O que está em causa é fazer frente a quem pretende alterar o regime à força, grupos e indivíduos que agravaram as dificuldades nacionais por infrene calculismo político e que estão agora a explorar os constrangimentos assim impostos para conseguirem aquilo que democraticamente jamais obteriam. E estes grupos e indivíduos não se comovem com sofrimentos da população passados, presentes ou futuros, pois estão a tratar de aumentar a sua riqueza, sabendo-se blindados no topo da pirâmide social e protegidos vitaliciamente pela oligarquia.
Ah, como tudo seria diferente se Portugal tivesse oposição…
a tua serenidade a tocar na ferida que dói – ao mesmo tempo que explica porque arde e infecciona é incrivelmente proveitosa. és, sem dúvida, uma oposição – a maior e melhor – oficiosa.
Excelente. O lider da oposição usa para caracterizar a situação argumentos que são citados ipsis verbo pelo deputado do banco espirito santo, banco que pressionou o resgate e agora diz que vai ganhar 100 milhões de euros com a dívida pública comprada em Julho ao desbarato.
O poder financeiro comanda o desgoverno.
Mais um excelente “post” do Valupi. Assino por baixo, e por coincidência eu, com a minha insignificância , escrevi ontem no meu blogue no mesmo sentido. Parabéns ao Val.
A desilusão é de facto grande e eu quase fico convencido que a única oposição a este governo são o A Santos Silva e a Constança da TVI de 3ª a sexta….
Pobreza franciscana….
Mais Oposição em Portugal?
Então os pilotos da TAP, os maquinistas da CP e Metro?, os marinheiros dos Cacilheiros? não são oposição?
E os administradores desta gente não são oposição também? todos feitos?
E os professores e passadores de atestados médicos não são oposição?
É tudo oposição a Portugal e aos portugueses!
Nós reconstruimos o passado recente, conforme a nossa visão dos
acontecimentos.A situação social
já é trágica para milhões de portugueses. Estou sempre na expectativa de ler um post,que mostre como acabar este pesadelo.Até lá vou continuar à espera@
Ah como dói saber que o Sr. tem toda a razão no que escreve!
Se o Cavaco dissesse o que o chéchéSoares disse sobre o rei ou a “miragem” do Socrates sobre o jogo Coreia/Portugal tivesse saído do Coelho teriamos os media inflamados. Se as previsoes de que tudo anda a derrapar no programa com a troika tivessem acertado já estariamos pior que a Grecia =isto são os lamentos da direita para mostar como a boa imprensa está com a esquerda.
Lendo os argumentos do post fico com a ideia que há sempre varias “verdades”.
Ainda sonho com imprensa séria e isenta mas acho que tenho desistir.