João Miguel Tavares teve um mês de Novembro glorioso, a fazer lembrar façanhas anteriores; em que usou os seus filhos menores para produzir a meias com António Costa uma operação publicitária, por exemplo, e a epifania sobre a carreira de caluniador que iria abraçar deliciado, ocorrida quando foi lançado para o estrelato graças a uma acção judicial contra si promovida por Sócrates, outro exemplo. Desta vez, e só contabilizando o que me apareceu à frente, viu-se citado ou referido por Vicente Jorge Silva, Miguel Sousa Tavares, David Dinis, Pedro Marques Lopes e Francisco Assis. E ainda recebeu uma carta aberta do Ministro do Ambiente e da Transição Energética. Correm boatos de que Pacheco Pereira e Marques Mendes igualmente vocalizaram o seu nome em sotto voce nos estúdios da SIC mas pediram sigilo mediático. João Miguel Tavares é um caluniador profissional. A questão que me ocupa no resto da prosa é a seguinte: o seu inigualável sucesso nesse exclusivíssimo clube do comentariado nacional ocorre apesar de ele ser um caluniador profissional ou por ser um caluniador profissional?
Que é um caluniador profissional não carece de discussão. É o próprio quem o passou a reclamar com alucinado orgulho. Fez da sua contumaz violação do Estado de direito o meio para vender os seus serviços, explorando e amplificando crimes cometidos por agentes da Justiça e jornalistas e abolindo o princípio da presunção de inocência e restantes direitos e garantias de certos arguidos – os quais trata como alvos legítimos para qualquer tipo de abuso que lhe pareça aproveitável com o fito de continuar a ganhar dinheiro à custa dessas vítimas. Esses serviços incluem a repetição da agenda bélica dos “ultras” no PSD ligados à violência política chefiada por Passos, a perseguição obsessiva a Sócrates e terceiros que com ele se tenham relacionado privadamente ou funcionalmente, e também o berreiro a favor de um combate político sem discussão de ideias e apenas baseado na judicialização da política e na politização da Justiça. Quem perder o seu rico tempo a ler os comentários que o seu pelourinho no Público convoca irá encontrar uma audiência que aplaude os linchamentos que o artista serve semanalmente. O perfil-tipo desses comentadores exibe alienação e fanatismo depressivo e impotente. O que conseguem entender do mundo à sua volta, do funcionamento das instituições e agentes sociais, da natureza humana, é um fragmento do que conseguem perceber da realidade apenas olhando para a janela a partir do cu-sentadismo com que teclam furiosos contra os “corruptos” e os “socialistas”. Alguns aproveitam para dar vivas a Salazar, outros mal escondem (ou mostram impunemente) o desejo de molestar ou mesmo balear os bandidos apanhados pelo autor, quase todos comungam de tortuosas limitações cognitivas onde o que escrevem poderia ser apresentado em consultas de psiquiatria como fundamento para baixas médicas compulsivas.
Estes indivíduos são a fonte das métricas que colocam João Miguel Tavares como a vedeta principal da opinião do Público, destacadíssimo dos seus pares. Engolem tudo sem sequer mastigar. O caluniador profissional pode atribuir a Sócrates, ou a quem lhe apetecer, qualquer tipo de responsabilidade e de culpa que o resultado é invariavelmente o mesmo, o aplauso e regozijo por encontrarem validada na “imprensa de referência” a diabolização que os justifica na sua miséria intelectual e moral. A lógica é exactamente igual à que se segue na Cofina, misturando-se os ataques políticos de políticos com as suspeitas judiciais de agentes da Justiça num composto onde esses dois ingredientes se reforçam um ao outro e multiplicam a sua força destruidora – as suspeitas dos procuradores provam as calúnias dos políticos, os quais deixam de ser caluniadores e passam a profetas graças às suposições dos procuradores inspiradas nas calúnias dos políticos que, vê-se agora, eram já a antecipação das provas que o Ministério Público reuniu num megaprocesso que equivale à tentativa de colocar um partido e seus Governos em julgamento criminal. É não só um círculo vicioso quanto viciante, tendo levado o narcisismo do caluniador profissional para um êxtase onde se cita com regularidade e onde faz da sua actividade de caluniador algo equivalente ao Desembarque na Normandia. Aposto que já tem mármore encomendado para a estátua onde ficará eternizado ao lado do Zé Manel e do Rui Ramos por cima de uma pilha de volumes da “Operação Marquês”. Quando este senhor protesta contra a demora em encarcerar um cidadão apenas porque, através de crimes, se publicaram excertos de escutas e de interrogatórios judiciais e esse mesmo senhor declara já não ser preciso esperar pela acusação e pela sua defesa em tribunal, concidadãos com a antiga 4ª Classe ficam banzos com a celebração – num órgão de comunicação social dito da imprensa que se respeita a si própria como imprensa – da mais nefasta violência que é possível conceber a seguir à da guerra: o apelo à justiça popular e ao linchamento que subjaz ao argumentário e retórica usados.
O problema, claro, não é a pessoa e figura triste do João Miguel Tavares. O seu ar de satisfação alarve dispensa intérprete. O homem está maravilhado com a facilidade com que enche os bolsos mensalmente só a carimbar como “corruptos” este mundo e o outro, intervalando apenas para deixar odes a Passos e mandar beijos para os seus colegas caluniadores profissionais. Conseguiu até difamar e ofender os accionistas da TSF, onde primeiro apareceu o Governo Sombra e lá continua a passar, numa prova de que a sua farronca se transformou em método comercial: ele calcula que há mais dinheiro para ganhar se voltar a passar por mártir dos “socráticos”, pelo que anda a pedir que o ponham a andar ou em tribunal para aumentar o seu preço na indústria da calúnia. Se tivesse continuado no Correio da Manhã, ou se for para o Observador, deixaria o mundo de estar desordenado e não se justificaria falar dessa peçonha. Ficaria no seu meio natural, junto dos seus. O problema é a Sonae, através do Público, pretender ser representada civicamente por um profissional da calúnia. E se chamar à liça o accionista poderá parecer abstracto de mais (quando o contrário é que é verdadeiro), então o actual director e o principal fundador do jornal não podem escapar à sua responsabilidade directiva, deontológica, moral, cívica e, portanto e por tanto, política.
Quando Manuel Carvalho se insurge em editorial contra aqueles que apelam ao derrube das instituições democráticas para as substituir por “caudilhos” e “salvadores da pátria”, está a falar a sério ou na reinação? Está a falar de algo fundamental para o jornalismo tal como o pensa e pratica ou de algo irrelevante e sem ligação com a sua carteira de jornalista e posto hierárquico num órgão de imprensa? Se a sério e de algo fundamental, concebe o jornal que dirige como uma plataforma onde esses que minam a democracia e fazem terrorismo cívico podem ter voz e destaque ou, precisamente ao contrário, concebe o jornal que dirige como um instrumento da defesa da liberdade e da democracia, da salubridade do espaço público, da integridade da República e da coesão da comunidade? Quando Vicente Jorge Silva demonstra analiticamente que um certo colunista no Público andou a legitimar um fascista, tal exercício é a sério ou na reinação? Ver alguém a usar o jornal que fundou para normalizar e defender quem “se propõe mergulhar o Brasil no coração das trevas” é assunto desprezível ou crucial para o cidadão e pessoa Vicente Jorge Silva? Que terá o Vicente a dizer quando vê o projecto de jornalismo e decência que lançou e dirigiu a ser usado como meio de perseguição e assassinato de carácter contra o Domingos Farinho?
O silêncio destas autoridades directivas e morais sobre as pulhices não só escarrapachadas como muito bem pagas no seu jornal leva-me a concluir que o sucesso do João Miguel Tavares ocorre não apesar mas por causa da sua tipologia difamatória, panfletária e ofensiva da honra de terceiros, da dignidade das instituições e do respeito pelos princípios fundantes do Estado de direito democrático. Pelo que se o Público está satisfeito com o serviço do seu caluniador profissional, como se induz e deduz, recomendo a contratação de João Pereira Coutinho e José Diogo Quintela. No muito que têm em comum, mas tanto, incluo o pormenor de cada um dos seus primeiros nomes começar por J. Ocasião criativa para o Manuel Carvalho inventar uma secção que seria um sucesso instantâneo e duradouro quanto ao número de comentários dessa querida turbamulta de archote, forquilha e cordame na mão: “Os 3 Javardos“
Excelente texto. Diz tudo o que há a dizer sobre estes homúnculos travestidos de comentadores/jornalistas, sei lá o quê, mas que afinal são apenas caluniadores profissionais…e muito bem pagos. Obrigada.
mas afinal o zé não era amoral, duma amoralidade fantástica ?se não faz ideia dos princípios morais e éticos também não faz ideia do que sejam calúnias e bla bla, daaaaa. não sei pq te ralas.
Mas há muito que o Público, deixou de ser um jornal de referência. Sempre foi o porta voz e defensor dos interesses da SONAE……
São os bandalhos novos alunos de bandalhos antigos como o Pulido Valente, Moura Guedes, Graça Moura e outros “pensionistas” de largo cu-sentado nas poltronas dos media ou do Estado.
Pela sua prática descobriram esse manancial que é tornar-se caluniador às ordens da voz-do-dono pois estes, ao contrários dos romanos imperiais, sempre pagaram bem a quem se dispõe vender-se de corpo todo e até o próprio pensamento.
Contudo, um tipo mais recente de bandalho está fazendo escola ao inventar a ideia de que Sócrates tem de ser preso “com provas ou sem provas” para que uma revolta popular ou uma desgraça tipo Bolsonaro não aconteça em Portugal.
Enquanto JMT e seus copinchas bandalhos ‘fedorentos’ querem o homem na masmorra sem sequer qualquer julgamento além do deles próprios e do “cm”, o novíssimo bandalho tipo Daniel Oliveira propõe uma condenação obrigatória como sacrifício e expiação dum próximo futuro trumpónio ou bolsonário português.
Estes já haviam sido os inventores da ideia do “pôr-se a jeito” e “viver à custa” e outros idealismos a abarrotar de moralidade beata, essa mesmo, plena de calculismos e oportunismos que são, precisamente, aquelas para a qual Sócrates se sente completamente alheio e despeja calma e desprezadamente na sanita mecânica e impensadamente.
Estes bandalhos sabem que estão cometendo uma ignomínia, que estão contra a Lei e o Estado de Direito mas, por medo, inveja e protecção dos verdadeiros corruptos e deles próprios, estarão despertando uma justiça não escrita inerente à sua maldade de que não escaparão sem prestarem contas.
Este filão de desonestidade que descobriram em benefício próprio e de sua vaidade pessoal, uma vez usado e tomado o gosto e o proveito não mais pára por gosto e belos prazeres que proporciona mas não é saudável, mina a consciência e solta os maus desígnios.
você falou em Estado de Direito? ahahahah!
conceito vitoriano que já não interessa para nada!
hoje, que ninguém acredita em nada do que vê ou ouve nos média, as calúnias valem tanto como as verdades. Ninguém as distingue…
A javardice impune ainda compensa?
Cada vez venderá menos por já não ser exclusiva.
Virá a votos não tarda.
Aí vamos perceber se fez larga escola.
o jmt é um palhaço!
E é esta e outras latrinas cheias de MERDA que o presidento da república intitula “cumenicassão çussial” e está tão preocupado em salvar. Coitadito.
Bem que se poderia era preocupar com o urinol lá do seu palácio…