Nas muralhas da cidade

«O mesmo, ou o que vai dar ao mesmo, ouvimos, em 2018, da boca de um membro do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, Filipe Preces, num Prós e Contras da RTP. Dizendo-se “desconfortável” com a divulgação de imagens de inquirições do Processo Marquês, "por ser crime" e por "contribuir para a vitimização dos arguidos” (ou seja, acha que podia beneficiá-los, e isso é que nem pensar), Preces justificou, ao vivo e a cores, o crime, argumentando que o processo já não estava em segredo de justiça, que se tratava de “um crime de corrupção, em relação ao qual a lei prevê um escrutínio o mais alargado possível”, e que os inquiridos "são pessoas com elevada notoriedade social, por força das funções políticas e sociais que exerceram e isso leva necessariamente a uma compressão dos seus direitos fundamentais”.

Quem diz “compressão” diz anulação: para os membros do MP como Preces, contra certas pessoas — aquelas em relação às quais se determina uma suspeita de princípio, como vimos nas declarações de Ventinhas — vale tudo; não têm direito a direitos.

Como não ter medo de gente assim, de uma corporação, de um corpo do Estado detentor da ação penal que se deixa, com tão poucos protestos internos (et pour cause) representar assim e - já agora, não esquecer — dos juízes que fazem pandã com isto?»


Como não ter medo do Ministério Público?

4 thoughts on “Nas muralhas da cidade”

  1. Anulação de direitos fundamentais era o que acontecia antes do 25 de Abril e o que acontecia no s tribunais plenários ou seja direitos 0
    infelizmente é o que temos hoje em Portugal.

  2. O problema a debater não é esse. É o que ninguém ousa debater. O problema é a «separação de poderes» ser um erro. Quis-se a «separação de poderes» para tentar diminuir a corrupção e o crime. Porém, o tempo veio demonstrar que a separação de poderes aumenta a corrupção e o crime, e desresponsabiliza os culpados (passa-se a não saber quem são, e onde estão).

    A Sociedade humana é inevitável interdependente. Onde houver um ralo por onde se derrote a interdependência, é aí, por esse orifício, que entrará a corrupção e o crime, as máfias e os não-escrutinados pelo voto, as corporações e as seitas, os fanáticos e os extremos alucinados. É por esse buraco que crescerão os assassínios da Democracia.

    Só anulando a «separação de poderes», substituindo-a pela «interdependência de poderes» se conseguirá estancar a deriva da corrupção e crime. A «separação de poderes» é pior para a Democracia do que a «interdependência de poderes». Quando o regime é autocrático os eleitores sabem que a culpa do crime e da corrupção é dos que mandam nesse regime, e, assim, localizam e podem acusar alguém. Quando há autonomia total (i.e., «separação de poderes») ninguém sabe localizar quem é o culpado.

    A coragem é, portanto, mudar de Regime. Ou, se mudar este pilar do actual Regime. E para isso, ninguém tem coragem. Até que (como sempre acontece na História humana) nas ruas surge a ‘revolução’.

    Acresce que, quem decide sobre a culpa/inocência não deve continuar a possuir o poder para decidir quais as penas e punições que essa culpa implicam. Pois são duas coisas completamente diferentes.

    Mas, para olhar esta questão da vida social humana num plano mais geral (i.e., ‘exterior’ à limitação do raciocínio humano), peguemos nas primeiras palavras do início deste Post de VALUPI: “O mesmo, ou o que vai dar ao mesmo…”. E constactemos o seguinte:

    (in Blogger IMPRONUNCIA)
    UNITING EVERYTHING TO NOTHING: what is the answer that manages to unite classical physics and quantum mechanics?

    If the excited states of the ‘Same’ are the ‘Differences’ (parts, things, objects, forms, heteronyms, etc.), if all things and their inverse (i.e., the ‘everything’) are the ‘Same’, just being expressions of different scales, then all possible answers (and questions) are proportional (both in the path of expansion, +, and in the path of contraction, -). So, then, the answer to the unification of ‘classical physics’ and ‘quantum mechanics’ is PROPORTION.

    UNIR O TUDO AO NADA: qual a resposta que consegue unir a física clássica à mecânica quântica?

    Se os estados excitados do ‘Mesmo’ são as ‘Diferenças’ (partes, coisas, objectos, formas, heterónimos, etc.), se todas as coisas e o seu inverso (i.e., o tudo) são o ‘Mesmo’, apenas sendo expressões de escalas diferentes, então, todas as respostas (e perguntas) possíveis são proporcionais (tanto no percurso da expansão, +, como no da contração, -). Assim sendo, então, a resposta para unificação entre a ‘física clássica’ e a ‘mecânica quântica’ é a PROPORÇÃO.

  3. se há medo, em consciência, quem nos guarda tem de ter coragem para liquidar exterminadores implacáveis. homessa. ou são tão implacáveis os que exterminam como os que deixam exterminar.

  4. esqueci-me de acrescentar que, para exterminar o medo, se pudesse, eu atravessava nua, e no meu carro sem travões, a ponte do freixo. agora dei-me vontade de rir. !ai! que riso

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