Nas muralhas da cidade

«Podem existir dúvidas legítimas sobre se tais escutas deviam ter sido autorizadas e se deviam ter sido transcritas e interpretadas, uma vez que não têm qualquer relevância criminal nem integram qualquer processo de justiça. Porém, não há qualquer dúvida de que não podiam ser divulgadas e que a sua difusão constituiu um crime, uma vez que, para tal, a lei exige o consentimento dos intervenientes nas conversações gravadas e transcritas. Pessoalmente, não tenho dúvidas de que a sua divulgação, tal como em outros casos recentes de matérias à guarda de instituições de justiça, cumpriu objetivos meramente políticos e mediáticos prosseguidos de forma ilegal e ilegítima.

Quem são os responsáveis por tal crime, tipificado na Constituição e no Código do Processo Penal? Teremos de aguardar os resultados de um inquérito, mais um, que a procuradora-geral da República diz ter mandado abrir. E segue, como se nada fosse, ignorando que um caso tão grave não permite que os cidadãos confiem na justiça, na sua capacidade de os proteger, de garantir que as informações que tem à sua guarda estão seguras, não circulam, não são dadas nem vendidas, não são usadas para fins políticos ou mediáticos.»


Na justiça ninguém guarda o guardador

6 thoughts on “Nas muralhas da cidade”

  1. Neste país há beira mar, as escutas servem para investigar os portugueses politicos ou não com uma leviandade digna de uma ditadura , neste caso é a ditadura dos justiceiros e da comunicação social falida que o Montenegro já disse que no próximo iria lançar um pacote de dinheiro para os divulgadores de escutas e processos em segredo de justiça.

  2. A forma como actua o Ministério Público (MP) é pior que a da PVDE/PIDE/DGS, ao menos o segundo investigava e fazia o que tinha a fazer, mas não publicava escutas e relatórios na comunicação social.

    Isto acontece – assim como a impunidade – quando um País, o seu Estado, e a Sociedade Civil, estão sequestrados pela maçonaria/sociedades secretas e submetidos a um regime tirânico liberal/maçónico.

    Goste-se ou não do dr. António Costa, os Portugueses têm de parar e reflectir sobre tudo isto que se está passar, porque se o regime através do Ministério Público (MP) é capaz de actuar desta forma e por interesses alheios aos da Investigação e Justiça contra um ex-Primeiro-Ministro, ou como aconteceu – e este caso é ainda mais grave – com o Presidente Rui Rio a ver a sua casa alvo de buscas com base em nada e sem nunca ter cometido algum crime, um dia pode ser qualquer Português o alvo deste tipo de abordagem e perseguição simplesmente por capricho ou vingança de alguém, grupo, ou entidades.

  3. Felizmente ainda alguns estão “Nas Muralhas da Cidade”; guardando-as?. Infelizmente, contudo, parece que apenas continuam observando os que nos alicerces da Cidade andam a tirar pedras sobre pedras afim de fazerem desmoronar as velhas muralhas.
    Abriram frestas nas muralhas desde o caso Sócrates; era contra Sócrates, uma só pessoa só, descaracterizada pelos desprezíveis incompetentes, julgada pelos media ao jeito inquisitorial, feita desprezada pelo povão através de anos de lavagens cerebrais de comentadores avençados, depois isolada e atirada do alto da aparente muralha democrática para as masmorras da própria muralha por vontade de fulanizada interpretação da CRP e da Lei democrática. O caso não era com eles e deixaram andar sob o slogan “à justiça … e à política…” sem nunca terem pensado que quando se deixa passar um mau exemplo premeditado o objetivo é promover a exemplar o que é subversão premeditada e objetiva.
    Quando a “técnica” interpretativa de que tudo na Lei é a título indicativo se tornou oficiosa e tal juízo caiu em cima de quadrantes políticos mais variados (para disfarçar?) as “boas” consciências inquietaram-se e recordaram-se, finalmente, da existência de leis com procedimentos, deveres e datas que são para ser cumpridas e não treslidas à la carte.
    Quando alguns, no princípio deste século escreveram e afirmaram que o séc. XXI seria o século do poder da justiça tinham em mente um projeto; os velhos magistrados rancorosos que haviam servido Salazar que lhes outorgara poderes poderosos através dos tribunais especiais queriam, agora, todo o poder que outrora fora do ditador e do seu longo braço de repressão política, a pide.
    Os meios de produção político-ditaturial são diferentes, mais rebuscados e técnicos, mais subtis e disfarçados, mais discretos pelo uso subversivo da própria lei existente mas, o método de tomar e exercer o poder é o mesmo e o fim é o poder discricionário sem contestação nem democracia.
    O PM que nomeia e o Presidente que confirma a nomeação ou destituição da presidência do MP deixaram andar e foram benevolamente a reboque duma presidente do MP que se auto-proclama não responsável sobre coisa nenhuma; alguém que preside a uma alta instituição do Estado pode ser não responsável por coisa nenhuma mesmo quando da atuação desse mesmo MP resulta gravíssimas consequências para o regular funcionamento das instituições da democracia portuguesa!
    O tratamento benévolo agora iniciado e consentido face à Procuradora Geral está para a democracia tal qual como a primeira atuação do MP perante o caso Sócrates; é o início de mais uma derrocada das muralhas.
    E o povo arrisca-se, caso a caso, complacência a complacência, a ficar soterrado sob os escombros das muralhas.

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