O conceito de Estado de direito democrático não costuma ser discutido à mesa do café ou em táxis. Também é raríssimo que entre nas conversas de família no Natal, em casamentos ou nos baptizados. É fácil de perceber porquê, ele requer uma literacia histórica e política que escasseia na população. O povo quer é tratar de si e dos seus, não tem disponibilidade para pensar. Partidos à esquerda do PS não se entusiasmam com a noção e defesa do Estado de direito, e até o podem ver como mais um braço do imperialismo capitalista. Partidos à direita do PS só se agarrariam a ele furibundos caso estivessem a ser prejudicados nos seus direitos. Como são, há décadas já, os socialistas as quase exclusivas vítimas dos crimes na Justiça e na imprensa, a direita portuguesa opta por aproveitar as oportunidades e alinhar com o assalto à cidade através do berreiro, do veneno e dos silêncios.
A ironia trágica é a de ser a lei o instrumento que melhor defende os mais fracos. Sem lei democrática — portanto, sem direitos — reina sempre, sempre e sempre a outra lei. A do mais forte. A da selva.
O povo não se interessa pelo estado de direito porque ele só vira problema quando a sua suposta degradação atinge políticos, nomeadamente aqui no blog zezito y
sus muchachos.. E o povo faz muito bem, amor com amor se paga. O povo só se deve ralar com aquilo que o lixa, entre outras coisas , governantes corruptos, desde autarcas a ministros.
O “Estado de direito democrático” é, em Portugal, uma fantasia usada pela classe política para justificar os seus desmandos e repetida pela carneirada que ainda acredita no Pai Natal da partidocracia.
O PS, a maior máfia do país, logo seguida pela do PSD, é o maior obstáculo ao Estado de direito. Se existisse realmente justiça, separação de poderes e outras histórias bonitas, metade do partido estaria sob investigação e a outra metade estaria presa há muito. Do PSD também pouco restava.
Se houvesse democracia e um controlo efectivo desta escumalha que se arrasta pelos partidos, ainda pior: deixavam de poder fazer o que lhes dá gana após o cheque em branco das eleições, certos da sua impunidade, deixavam de poder ser lacaios de banqueiros, Motas, Mexias e outros mamões, e até podiam – choque dos choques – ter de trabalhar a sério.
Alguém imagina o que fariam o Nuno Porsche Santos, o Merdina, o César, o Lacão, a Mendes, o Carneiro, a Leitoa, a Moreira, o Ascenso, o Sousa Pinto, o Ferro e tantos outros inúteis se não tivessem o colinho da famelga e da pulhítica? Em que buraco ou repartição obscura estariam hoje?