Levem mais vezes o Soeiro à rua, por favor

«Estes episódios ensinam-nos por isso também alguma coisa sobre dirigentes políticos e colunistas cuja indignação é seletiva e cujo duplo padrão em termos de exigência é uma máscara para o oportunismo. A política não pode, evidentemente, ser um exercício de clubismo ou de lealdades afetivas: é curiosidade, humildade, capacidade de aprender com o que fazemos. Mas a política é combate. E não nos deixemos distrair: ele está aí – e em força.»


José Soeiro

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Este senhor é licenciado e doutorado em Sociologia. Este senhor é deputado desde 2005. Este senhor tem uma página na Wikipédia com a sua biografia (e foto). Porém, contudo, todavia, chegou ao Verão de 2018 a precisar de uma inaudita e pícara crise no seu partido para aprender “alguma coisa sobre dirigentes políticos e colunistas cuja indignação é selectiva e cujo duplo padrão em termos de exigência é uma máscara para o oportunismo.” Que se passará com este senhor?

Uma hipótese é a de estarmos perante um perfeito e acabado taralhouco. Embora a coloque em último lugar na lista das possíveis explicações, não a vou descartar até prova em contrário. Outra hipótese remete para a sua faceta artística e a proverbial distracção dos mesmos. Pode ser que a vida no palco o tenha isolado numa bolha impermeável à cruel realidade dos padrões dúplices. E por último, dado o adiantado do termómetro, podemos ainda conceber a hipótese de ser esta denúncia contra o oportunismo o exercício de um oportunismo ainda mais agudo. Ver um deputado do BE, um doutorado em sociologia, um político profissional a agitar a bandeira da “curiosidade” e da “humildade” contra o “clubismo” e as “lealdades afectivas” como práxis política não permite sequer que nos comecemos a rir. Ficamos logo no estado preconizado pelo autor acima citado: prontos para o combate contra a sonsaria de todas as cores e densidades.

5 thoughts on “Levem mais vezes o Soeiro à rua, por favor”

  1. “O preço a pagar pela tua não participação na política, é seres governado por quem é inferior”
    Platão.

  2. O Soeiro escreve no Expresso e a rua dos Soeiros fica nas Laranjeiras. A toponímia não falha, é como o destino.

  3. Não sou apoiante e muito menos militante do BE, não conheço nem sei o que faz ou diz o senhor José Soeiro, mas, francamente, não consegui entender bem a crítica, tão crítica, ao seu artigo.

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