Em cartaz

Este talvez seja um dos piores cartazes de campanha na história do PS. Porque nada se salva. Partir “Habitação” posicional e cromaticamente, gerando um abstruso “habita ação”, é criar ruído cognitivo sem qualquer benefício para a mensagem. O lema de campanha é estafado e inane. E a ideia de pôr o líder a mostrar os dentes, no que parece uma tentativa falhada de fazer meio sorriso, é um erro primário há décadas do conhecimento dos especialistas em comunicação: mostrar os dentes, e ainda mais num homem, transmite sempre agressividade e retira gravitas.

Tem isto alguma importância para o resultado eleitoral? Sim, pá. Pois exibe amadorismo, ignorância e desleixo.

34 thoughts on “Em cartaz”

  1. A palavra que, eventualmente, se pretende destacar, no cartaz, é ação. Quanto ao sorriso pepsodent, sempre é melhor do que as trombas cínicas do Montenegro.

  2. Ainda não apareceu quem trate o eleitorado como gente crescida, porque se calhar o eleitorado, ou a maioria, ainda não cresceu para se dar ao respeito, e continua a ir atrás de PÃO E CIRCO. Depois manifestam-se, fazem greves, e queixinhas quando encontram os artistas de circo em campanha, para logo a seguir fazerem a merda do costume, e votarem no seu clube de eleição, mesmo que faça trafulhice e meta golos com a mão na própria baliza.
    Talvez isso possa ser explicado pelo IMP, ou por um trabalho do economista Gabriel Mota, intitulado o Charme da desigualdade.
    Há muitas análises científicas às questões das desigualdades, estudando os efeitos destas no crescimento económico, na felicidade, na violência ou na esperança média de vida. Tipicamente, fortes desigualdades estão associadas à deterioração daquilo que consideramos bom, como a felicidade, a paz ou a esperança média de vida.
    Na prática, qualquer que seja o sistema económico vigente, a geografia ou a época, é a existência da desigualdade que faz com que uns sejam ricos e outros pobres, uns favorecidos e outros desfavorecidos. E, muitas pessoas, mesmo tendo nascido pobres, ou sendo prejudicadas pelas políticas que agravam as desigualdades, acabam por votar nos partidos que defendem essas políticas, na esperança de enriquecerem e passarem a beneficiar das vantagens de existirem essas desigualdades. Enquanto tanta gente se deixar enredar pelos encantos de estar no lado bom da desigualdade, não percebendo que as probabilidades de lá chegar são tão grandes como as de acertarem no Euromilhões, muito dificilmente construiremos sociedades menos desequilibradas.
    Que fazer quando a população vota contra si própria – contra a democracia, contra o bem comum, a tolerância, a igualdade, a racionalidade, o progresso da sociedade? Quando até a definição de progresso é contestada?
    Fazer como antigamente as madames negavam a esmola ao pobre, diziam, TENHA PACIENCIA.

  3. ” O que é «ação»? ”

    caiu o “r”, é um anúncio àquilo que tu comes, casas para todos e de borla no centro de lisboa. portantes não estragues mais se queres um t5 na praça do comércio.

  4. não é preciso o IMP para nada

    A BEM DA NAÇÃO já explicou tudo bem explicado.

    Apenas, em jeito de desabafo, apetece-me dizer que parece que o ‘humano’ vive na esquizofrenia de dois mundos paralelos: o mundo real e o mundo imaginário.

    Cada eleição (tal como cada dérbi de futebol, concerto rock, cerimónia militar ou religiosa, etc.) parece ser um Jogo entre o real e o imaginário.

    É como se o Mundo acabasse e começasse em cada Jogo. Cada Jogo é um Mundo que começa e acaba. Um Mundo diferente do outro Mundo onde se é obrigado a viver. É como se dentro do Jogo fosse onde, aí, e apenas nele, se realizasse a utopia humana da Liberdade. O início e o fim dela.

    Talvez tenha sido por esta des-razão que em 1932, em “Discusión”, Jorge Luis Borges, escreveu: “A magia é a coroação da glória ou o pesadelo da causalidade, não a sua contradição”.

    Com a guerra sucede a mesma esquizofrenia. Por exemplo, como se pode criticar a violência se são as ‘autoridades militares’ e os ‘presidentes dos países’ a defenderem armas e bombas para resolver os conflitos no Mundo. Os grupos económicos dos países vendem jogos digitais e filmes a incitar a violência. Os políticos incitam à exclusão e ódio, e são acusados de corrupção. E depois culpam quem?

    O ‘Mal’ não está nas cores clubísticas, partidárias, ideológicas ou religiosas. Está dentro da alma humana. Vive na mesma casa do ‘Bem’.

    Como querem ensinar os jovens a não praticar crimes e violência, se estes arautos se levantam todos na AR a aplaudir a guerra e as armas para resolverem os conflitos humanos? São estes arautos (presidentes, políticos, e chefes dos países) que matam em Gaza, Palestina, Sudão, Hiroxima, Ucrânia, Caxemira, Vietnam, Afeganistão, Gronelândia, etc.

    Por mais que queiram (mintam, disfarcem ou enganem) não sobram nenhuns ‘humanos’ fora destes ‘humanos’.

    A contradição e o paradoxo somos nós, os ‘humanos’.

    Votar ou não votar, este ou aquele regime, alguma vez conseguirá mudar isto? Acreditam mesmo que é a ‘democracia’?

    Seja o que for, queiram ou não, isso que talvez ‘há-de vir’ é ainda, por agora, impronunciável.

  5. a ritualização da ACÇÃO … e o fazer com o dizer

    Em 1989, Daniel Dubuisson, escreveu:
    — “A ritualização da ACÇÃO reflete a aspiração a uma ordem (a um sentido) comparável àquela que está presente no TEXTO (na organização textual); e ambas, refletindo-se mutuamente, confortam o indivíduo no sentimento de que a vida e o mundo são de facto como ele os diz, tão legíveis e ordenados quanto os seus textos.” (Daniel Dubuisson, 1989, “Antropologia Poética: Prolegómenos a uma Antropologia do Texto”, l’Homme, vol.111-112, EHSS-CNRS, p.234)

    Sete anos antes, já Bourdieu tinha lançado mais lenha para esta fogueira:
    — “Como se o texto fosse capaz de dar pelo menos a aparência de um sentido, de uma razão de ser, a esses seres sem razão de ser que são os seres humanos, dar-lhes a sensação de terem uma função ou, simplesmente, uma importância; e, assim, de os livrar da insignificância”. (Pierre Bourdieu, 1982, “O que Falar quer dizer”, Fayard, Paris, p.133)

  6. «Que fazer quando a população vota contra si própria – contra a democracia, contra o bem comum, a tolerância, a igualdade, a racionalidade, o progresso da sociedade?»

    Boa pergunta, que me soa familiar. A desigualdade é realmente a questão essencial, e limitar a riqueza é uma solução óbvia. Ninguém pode ou precisa ter mais que um valor razoável, decidido democraticamente com base no rendimento e na riqueza média de cada país. O pior pesadelo dos donos do mundo é que a população perceba isto. Sem uma democracia a sério nada irá mudar.

    Em vez disso eis o que discutimos: cartazes de pulhíticos vendidos como produtos, como detergentes ou pastas de dentes, impingidos por publicitários a uma carneirada votante cada vez menor. Devem mostrar os dentes ou a beiçola? Perguntem aos volupis; disso percebem eles.

  7. «…é a existência da desigualdade que faz com que uns sejam ricos e outros pobres, uns favorecidos e outros desfavorecidos.

    O palavreado ‘original’ à PM-C de iguais pensamentos circulares ou aqueles que se justificam a si mesmo e tão imitativos do esoterismo do ‘mestre’ que até faz apelo a que o dito ideólogo do ‘há-de vir’ explique porque há desigualdades.
    Este do salazarismo ‘a bem da nação’ não é capaz de lançar ao ar neste espaço argumentos de autoridade extraídos do contexto ou copiados de textos gnóstico-esotéricass-cabalísticas que determinados filósofos e poetas se armam e servem para transcendentalizar os seus textos.
    Assim como a ideia acima da desigualdade poder-se-ia dizer:
    – é a existência da liberdade que faz que uns sejam livres e outros sujeitos e servos –
    -é a existência da vontade que faz que que uns tenham vontade e outros não –
    – é a existência do medo que faz que uns tenham medo e outros não –
    – é a existência do saber e conhecimento que faz que uns saibam e conheçam e outros não –
    – é a existência da riqueza ou pobreza que faz que uns sejam ricos e outros pobres –
    – etc, etc.
    Este tipo de raciocínio circular auto-sustentado foi aquele que deu origem ao primeiro princípio suficiente da justificação da existência de ‘deus’: – se se apela a uma entidade superior sempre que desconhecemos as causas então a causa original só pode ser um ‘ser’ superior, transcendental, ao humano.
    Aliás, o palavreado do JM-C não faz outra coisa que dizer que ‘tudo é o mesmo’ para justificar o totalitarismo existente, logo; – é a existência do totalitarismo e democracia que faz que uns regimes sejam totalitaristas e outros democracias -. O Próprio é uma total contradição em si, pois, para além da total contradição nos termos do ‘há-de-vir’, ao professar que o que existe ‘tudo é o mesmo’ ele, contudo, põe-se de fora ao contestar o ‘tudo é o mesmo’ e propor um novo paradigma transcendental para a humanidade!
    E é assim, inevitaveolmente, porque o humano não pode fugir à finalidade da natureza que o criou, sustenta e dirige.
    As intrínsecas desigualdades individuais de capacidades de cooperação no trabalho, de inteligência, de habilidade manual, de observação e estudo dos fenómenos para os contestar e formular novos conceitos nunca, jamais, entram na equação dos ‘igualitaristas’ do planeta.

  8. «As intrínsecas desigualdades individuais … jamais, entram na equação dos ‘igualitaristas’ do planeta.»

    No remate do neves, o costume: os xuxas falam da direita como inimigo, mas pensam tal e qual como ela. São os seus fiéis aliados; a maior força de bloqueio à justiça, à igualdade, à esquerda.

    Claro que as pessoas não são e, até onde a vista alcança, nunca serão iguais. O que está em causa não é a igualdade absoluta, é limitar os extremos e diminuir a desigualdade. E não, xuxas, não é apenas a igualdade de oportunidade, que já de si é uma mentira: é preciso mais igualdade nos resultados.

    Tão simples quanto isto: ninguém merece, pode ou deve ter tanto mais que os outros.

  9. ” O que está em causa não é a igualdade absoluta, é limitar os extremos… ”

    afinal já não é absoluta, é só limitar os extremos, daí o gajo combate o centro.

  10. “Tão simples quanto isto: ninguém merece, pode ou deve ter tanto mais que os outros.”

    todos merecem, podem e devem ter mais que os outros. limitar as ambições, capacidades e direitos é promover o atraso e a mediocridade da sociedade. as situações limite corrigem-se com o estado social suportado por impostos. não é preciso inventar e muito menos destruir aquilo que funciona nas sociais democracias que tu e a tua pandilha consideram ser a desgraça da humanidade.

  11. «limitar as ambições, capacidades e direitos é promover o atraso e a mediocridade da sociedade.»

    OK, se v. o diz; mas eu não falei em limitar nada disso. Só a riqueza. E o poder que vem com a riqueza. Cada um pode ter as ambições que lhe apetecer, as capacidades que a genética lhe deu e que a vontade lhe permita desenvolver ou aproveitar, e os mesmos direitos que toda a gente.

    Nada disso está em causa. Só a remuneração que pode receber por isso, a riqueza que pode acumular e o poder que pode exercer sobre os outros. E nem sequer estamos a dizer que tem ser igual para todos: há decerto quem saiba mais, quem trabalhe mais, quem produza mais, quem tenha melhores ideias, melhores resultados, ou apenas mais sorte, e tudo isso causará inevitável desigualdade.

    Mas a desigualdade não pode ser tão grande. Tem de ser limitada. Como a velocidade na estrada, ou o tabaco, ou o barulho, ou as leis me que impedem de lhe dar um tabefe só porque sou mais forte, entende? É isso a sociedade: limites. Se tanta coisa é limitada, por óptimas razões, porque não o seria a riqueza? Eu posso ter dez vezes mais do que v.; mas não cem, ou mil, muito menos dez mil.

    Porque é isto tão difícil de entender para os xuxas? Nos v/ cornos afinal o que acham que é a esquerda? Só mamar tachos e fazer vagos apelos ao ‘estado social’ que ajudam a demolir?

  12. ” E nem sequer estamos a dizer que tem ser igual para todos: há decerto quem saiba mais, quem trabalhe mais, quem produza mais, quem tenha melhores ideias, melhores resultados, ou apenas mais sorte, e tudo isso causará inevitável desigualdade. ”

    afinal tamém já não é para todos e as excepções até já incluem o tótóloto

    ” Como a velocidade na estrada, ou o tabaco, ou o barulho, ou as leis me que impedem de lhe dar um tabefe só porque sou mais forte, entende? ”

    claro que entendo, tia! bem vista essa cena de inventar o código da estrada e o código civil para evitar a rebaixaria. só falta um bocadinho, mais um esforçozinho e a tia ainda inventa leis para regular as finanças, impostos para regular assimetrias e investimento público, taxas para compensar os pionaises, uma constitução igual à que existe e por aí afora até inventares tudo o que queres destruir. pela conversa deves andar a dar trump na veia.

  13. Tudo é um estado excitado do Mesmo

    Em abstracto, a desigualdade (e toda e qualquer ‘diferença’ ou ‘assimetria’) não é Bem nem Mal.

    Por exemplo, o Capitalismo (acumular recursos, energia, riqueza) é uma forma de terminar com o nomadismo e o circunstancialismo (o andar com a casa às costas, e ter de repetir todos os dias sempre as mesmas tarefas de sobrevivência), e possibilitar comunidades humanas maiores de partilha e cooperação (cidades, exploração espacial, ficar-se menos dependente das circunstâncias da Natureza, haver tempo para outras actividades fora das da sobrevivência quotidiana, etc).

    O acumular recursos, energia e riqueza não é um Mal nem um Bem em si mesmo, tal como a desigualdade ou a assimetria. Uma coisa é a COISA. Outra coisa totalmente diferente é o USO (a política) que se dá às coisas. E outra terceira coisa diferente, é o VALOR (significado ideológico) que se dá às coisas e ao uso das coisas.

    É na forma concreta (em cada momento, contexto e circunstância) como se resolve essa equação de três variáveis (coisa, uso, valor-significado), e na forma como o emissor (detentor, possuidor), o receptor (dependente), e a coisa-em-si (bem, recurso, exaurimento dos recursos ambientais e naturais) repercutem essa resolução, que é a questão.

    Nada é ou não-é, senão quando é. Ou quando deixa-de-ser. Ou, ainda há-de vir.

  14. «limitar as ambições, capacidades e direitos é promover o atraso e a mediocridade da sociedade.»

    “OK, se v. o diz; mas eu não falei em limitar nada disso. Só a riqueza. E o poder que vem com a riqueza.”

    se limitares a riqueza individual a um valor médio da cooperativa nacional, vai acontecer o que acontece a todas as cooperativas, abrem falência ou perdem um “o” e viram corporativas. pensas que um gajo que trabalha sério 8 horas, é competente e inovador está disposto a trabalhar para alimentar idiotas e incompetentes e malucos como tu, que só dizem disparates e inventam utopias distópicas. emigravam todos em menos de 1/2 hora e ficavas cá tu a gerir a loja, a iô~iô a secretariar e a mula russa a fazer copiaspasta do chatgtp.

  15. sem desigualdade, sem assimetria e sem diferença não haveria destruição

    A Natureza não permite a igualdade. Pois, para continuar a «ser o que ela é» tem de conseguir eliminar os menos capazes, os prescindíveis, e os que a ameaçam.

    Logo, a Natureza tem de continuar a ter a capacidade de explodir e exterminar «aquilo que não lhe interessa». E o instrumento que usa é exactamente a desigualdade, a diferença e a assimetria (porque sabe que, inevitavelmente, uns vão dar cabo dos outros numa purga … ‘natural e evolutivamente’ desinfectante).

    LOGO, a única maneira de acabar com a desigualdade e a assimetria é acabar com a Natureza. É criar uma desigualdade, assimetria e uma diferença que não conduzam à destruição.

    A única maneira de impedir que a desigualdade, a diferença e a assimetria não provoquem uma sucessiva eliminação das desigualdades, assimetrias e diferenças que a Natureza considera perniciosas é substituir esta Natureza por outra.

    Para o Impronuncialismo, não é substituí-la pela Cultura. O Impronuncialismo não cai no erro dual e dicotómico de opôr Natureza a Cultura. Escolhe outro caminho. Substituí-la pela propriedade física SAP3i. Isto é, usar as propriedades da «Natureza que já cá estava quando o ser-humano apareceu» para a transformar numa Natureza mais potente e perpétua (SAP3i).

  16. Há tanto burro mandando
    em homens de inteligencia
    que ás vezes fico pensando
    se a burrice é uma ciencia

    A ninguém faltava o pão
    se este dever se cumprisse
    ganharmos em relação
    com o que se produzisse.

    O homem sonha acordado
    sonhando a vida percorre
    e desse sonho dourado
    só acorda quando morre
    Antonio Aleixo

  17. «se limitares a riqueza individual»…

    Individual e colectiva, merdolas: qualquer empresa acima de, digamos, mil milhões tem de ser parcial ou totalmente pública. No mínimo o Estado deve ter lá uma ‘golden share’, como fazem países mais espertos que nós com as empresas que definem como vitais ou estratégicas, e devem ser escrutinadas e geridas democraticamente, em vez de serem ditaduras como agora.

    E também o lucro deve ser escrutinado e sempre que necessário limitado, para travar o mamanço em roda livre de certos sectores; e o valor de cada empresa, cada trabalho e cada função pode e deve discutido em função do seu real contributo para a sociedade: acaba a mama de muito parasita pela pulhítica, pela finança e pelo entretenimento, de futeboleiros a actores e youtubers.

    E note que isto não é sequer socialismo, quanto mais comunismo: é apenas domesticar o capitalismo e torná-lo um pouco menos selvagem e ao serviço da sociedade, não de uma dúzia de mamões e dos seus pulhíticos amestrados – como aqueles a quem v/ lambe o cu.

    «pensas que um gajo que trabalha sério 8 horas, é competente e inovador está disposto a trabalhar para alimentar idiotas»…

    Cá está a cassete direitola, sem tirar nem pôr: os ‘criadores de riqueza’ idolatrados pelas ILs da vida, pela canalha americana, por todos os apologistas e carneiros do capitalismo. E diz-se v. de esquerda, e dizem-se todos os xuxas de esquerda. Teria piada se não metesse nojo.

  18. limitar, impôr fronteiras, não é insultar a Liberdade?

    O QUE ESCOLHEMOS?
    — “’Regere fines’, o acto que consiste em traçar as fronteiras em linhas rectas, em separar o interior do exterior, o reino do sagrado do reino do profano, o território nacional do território estrangeiro, é um acto religioso realizado pela personagem investida da mais alta autoridade, o ‘rex’, encarregado de ‘regere sacra’, de fixar as regras que trazem à existência aquilo por elas prescrito, de falar com autoridade, de pré-dizer no sentido de chamar ao ser, por um dizer executório, o que se diz, de fazer sobrevir o provir enunciado. A ‘regio’ e as suas fronteiras (fines) não passam de um vestígio apagado do acto de autoridade que consiste em circunscrever a região, o território, em impor a definição legítima, conhecida e reconhecida, das fronteiras, em suma, o princípio da divisão legítima do mundo social.” (P. Bourdieu, 1973/1989, “O Poder Simbólico”, Difel, Lisboa, p.113-114)

    EM QUE FICAMOS?
    — Vender tudo; desapossar-nos até ao nada das identidades, cores, pertenças, fronteiras e valores; ficarmos perante a Liberdade total do Liberalismo?
    — Ou, em alternativa, apropriarmo-nos de tudo. Tomarmo-nos por donos do mundo e dos seus territórios. Construirmos países, cidades, comunidades, Estados, partidos políticos, facções ideológicas, valores, éticas, morais, religiões, conhecimentos, certezas e verdades. Ficarmos na clausura do Estado e do Bem Público (seja no modo socialista, social-democrata, centrista, marxista, comunista, leninista, trotskista, estalinista)?

    EM QUAL DOS LADOS DA BARRICADA CAVAMOS AS TRINCHEIRAS DE NÓS-PRÓPRIOS?
    — “O indivíduo fora do mundo, e o indivíduo dentro do mundo”, dizia Louis Dumont. Isto é, ou, tal como o ioga hindu que, para se constituir a si próprio na sua independência e singularidade, se exclui de todas as ligações sociais, separar-se da vida social. Ou, o indivíduo mundano, que acredita que a sua individualidade é uma determinada posição dentro da sociedade.
    — Ou, o indivíduo que obedece, que faz por si próprio aquilo que os outros lhe dizem para fazer?
    — Ou, o indivíduo que dialoga com deus partindo da premissa: «eu existo, conheço-me, quero-me a mim próprio»?

    O QUE ESCOLHEMOS?
    — A “ideia alemã de Liberdade” de acordo com Ernst Troeltsch (in Le Débat, n.º35, maio 1985)? “Quero dizer que a resistência mais profunda que a ideia republicana encontra na Alemanha assenta no facto de o burguês alemão, o homem alemão nunca ter admitido o elemento político no seu conceito de ‘Bildung’ (interioridade), que na realidade isso sempre lhe faltou até ao presente. A exigência da transição da interioridade para o objectivo (para o exterior, para a política), para aquilo a que os povos da Europa chamam a Liberdade, é por ele experimentada como uma intimação (Aufforderung) a corromper o seu ser, como directamente desnacionalizante” (Thomas Mann).
    — Ou “o Indivíduo é atingido no coração pelo poder público” (como escreveu Paul Veyne, em 1987)? Quando esse poder público o atinge na imagem de si? Revolta-se, ou ainda se torna mais submisso?

    A QUEM, A QUE INDIVÍDUO, O ESTADO CONCEDE O DIREITO DE FALAR OU A OBRIGAÇÃO DE FICAR CALADO? A quem o Estado concede o direito de ter ‘a última palavra’, ou apenas ‘uma palavra a dizer’?:
    — Será como afirma Veyne? “Os indivíduos imaginam que o príncipe é tão poderoso como a linguagem com que se lhes dirige … Os interesses do dinheiro são uma coisa. Outra coisa, é a exigência de poder respeitar-se a si próprio quando se obedece … A relação dos indivíduos com o Estado é um acordo íntimo (o estabelecimento de um limite e fronteira) com o seu próprio eu. Se esse acordo é mau, talvez os indivíduos se revoltem, mesmo na ausência de razões sociais.” (P. Veyne, idem, 1987:21)

    — Ou será como afirma Paul Ricoeur (1987:84), de que não se trata de uma relação dual, mas triangular? “Os actores do drama do individualismo estão agora nos seus lugares, o individualismo aparece como ideologia … O esquema de cooperação que constrói uma Sociedade (no sentido de John Rawls, “A Ideia de Justiça”) assenta na promessa. A saber: «devo manter a minha promessa», «tu podes exigir de mim», «temos que manter as nossas promessas para aumentar a confiança de todos no esquema de cooperação da comunidade». Neste triângulo da promessa, a ipseidade encontra-se assegurada, não apenas pela sua relação com o pólo elocutório ‘tu’, mas ainda pelo pólo da equidade, que assinala o lugar do terceiro; este terceiro é talvez por excelência a terceira pessoa, o verdadeiro ‘ele/ela’.” (P. Ricoeur, idem, 1987:84).

    — E “o aparecimento do ‘eu’ gramatical na criança”, que refere Françoise Dolto? E a “autonomia do ser vivo” referida por Francisco Varela? E a relação entre “cérebro, indivíduo, espécie e sociedade” a que Gérard Percheron chamou “neuromitologias”?

    EM SUMA, Egô eimi outos Socratès ho”?
    — “Aquilo que eu sou é o Sócrates que conversa convosco não o outro Sócrates cujo cadáver em breve estará diante de vós” (Platão, Fédon, 115c)? “A consciência de si é a apreensão de um ‘ele’, não ainda de um ‘eu’.“ (B. Groethuysen, 1952)?

  19. “se limitares a riqueza individual a um valor médio da cooperativa nacional, vai acontecer o que acontece a todas as cooperativas, abrem falência ou perdem um “o” e viram corporativas. pensas que um gajo que trabalha sério 8 horas, é competente e inovador está disposto a trabalhar para alimentar idiotas e incompetentes”

    ARTIGO 1- ESPERA AÍ QUE JÁ CHUTAS ,paragrafo 69 Arbeit macht frei da biblia da ILUSÃO LIBERAL, CARA GANHO EU/ COROA PERDES TU

  20. ” E note que isto não é sequer socialismo, quanto mais comunismo: é apenas domesticar o capitalismo e torná-lo um pouco menos selvagem e ao serviço da sociedade, não de uma dúzia de mamões e dos seus – como aqueles a quem v/ lambe o cu. ”

    afinal a coisa resume-se a uma dúzia de mamões, um número indeterminado de “pulhíticos amestrados”, cerca de 6,5 milhões de lambe cus que votam nos amestrados e mais 4,5 milhões que não votam em ninguém. pensei que fosse pior.

  21. ” se limitares a riqueza individual a um valor médio da cooperativa nacional, vai acontecer o que acontece a todas as cooperativas, abrem falência ou perdem um “o” e viram corporativas. pensas que um gajo que trabalha sério 8 horas, é competente e inovador está disposto a trabalhar para alimentar idiotas e incompetentes e malucos como tu, que só dizem disparates e inventam utopias distópicas. emigravam todos em menos de 1/2 hora e ficavas cá tu a gerir a loja, a iô~iô a secretariar e a mula russa a fazer copiaspasta do chatgtp.”

  22. «domesticador de capitalistas selvagens»

    V. é afinal um neoliberoca, merdolas! Basta ler os seus vómitos acima.

    Ser-se neoliberoca é perfeitamente compatível com ser-se xuxa, como já constatamos há décadas, mas isto será ainda assim uma revelação para muitos xuxas que levam a sério o roleplay esquerdista. Para quê tanto fingimento? O povão tem o cérebro tão lavado pelo capitalismo que a etiqueta ‘socialista’ já nem vende: mudem de marketing, como manda o volupi, e também de nome.

    Se não gostam de Partido Sucateiro, o mais fiel, que tal Partido Súcialista?

  23. ” O povão tem o cérebro tão lavado pelo capitalismo que a etiqueta ‘socialista’ já nem vende ”

    se o povo não presta, arranja-se outro povo.

  24. «marx, tendência groucho»

    Nem contesta o neoliberoca, né merdolas? Nem vale a pena: está na cara, no seu caso no focinho.

  25. «Em abstracto, a desigualdade (e toda e qualquer ‘diferença’ ou ‘assimetria’) não é Bem nem Mal.»
    «A Natureza não permite a igualdade.»

    Atenção que isto é importante, IMP: a igualdade tal como entendida pelos seres humanos, nesta altura da nossa evolução, é um bem em si mesmo; um fim em si mesmo.

    Sim, a natureza é desigual, e competitiva, e letal para os fracos e os inadaptados. A civilização que criámos sobre essa fundação cruel, impiedosa, implacável, reflecte ainda essa matriz. Daí a violência, o capitalismo, a ganância e o egoísmo que agravam a natural desigualdade entre as pessoas; e daí esta ser ainda aceite como inevitável, ou até positiva, como diz v. ou diria o merdolas.

    O que é evoluir? É ir além da natureza; dos nossos instintos mais primitivos, das restrições que nos são impostas por um passado e uma natureza que não escolhemos; como seres evoluídos cabe-nos escolher o nosso futuro, escolher como queremos ser. Igualdade, ética, justiça, tudo isto são invenções humanas perante uma natureza e um universo que lhes são indiferentes.

    Para nós não são indiferentes: são estas coisas que nos definem, tanto quanto nós as definimos. E neste momento a igualdade, a máxima igualdade possível, é uma prioridade absoluta. Não é uma religião; não é uma crença irracional. É uma escolha racional, justa, ética, moral, que impomos à natureza e se necessário a nós próprios, porque é assim que queremos ser. Está a ver?

  26. “É ir para além da Natureza” (Filipe Bastos)

    E se não pudermos “ir para além da Natureza”, porque tudo é feito do mesmo (quarks, bosões, electrões, partículas naturais)? E se aquilo a que chamamos pensamento, espírito, mente, evolução, transcendência, consciência, etc., não poderem deixar de ser feitos dessas partículas naturais a que chamamos ‘Natureza’?

    Daí, o Impronuncialismo propôr que esse “para além dela” seja ‘ela’ num estado diferente provocado pela nossa engenharia e imaginação; e não uma coisa diferente ‘dela’. Um estado natural (físico-químico) com a «propriedade SAP3i» (acrónimo de «Singularidade Autónoma Perpétua insolúvel, indecomponível, indestrutível»). Foi para orientar esse caminho que o Impronuncialismo criou no seio da matemática (no seio da ‘teoria dos números’) dois novos ‘números’ (o ‘número absurdo’ e o ‘número limite’).

    Imaginemo-nos com um suporte (corpo) com essa «propriedade SAP3i». Nesse momento, a casa onde habitávamos seria indestrutível e eterna. Nesse momento, para que serviria o social, o bem, o mal, a certeza, a verdade, o ‘0’, o ‘1’, as fronteiras, a riqueza, a pobreza, a desigualdade, a igualdade, as diferenças, etc.?

    Nada que chocasse connosco, nada que explodisse em cima de nós, nada que nos atacasse, nenhuma energia nem nenhuma partícula, nada que atraíssemos ou repelíssemos, conseguiria destruir a «propriedade SAP3i» da casa que habitávamos…

    Como preencher a eternidade, se a pudéssemos obter? Se não pudéssemos decidir desistir de viver (não ser possível não ser), será que queríamos a eternidade? A eternidade não seria uma prisão pior do que a efemeridade e a transitoriedade?

    QUO VADIS?

  27. contestar o quê? vais-te apropriando do discurso dos que contestam as tuas parvoíces, mentiras e falta de cultura geral para lhes ocupares a casa, porque afinal foi sempre tua. pronto, leva lá a bicicleta, já podes ser socialista ou social-democrata, porque eu agora sou liberalacho. se precisares de ajuda para compor o discurso da nova personalidade que adoptates, não hesites, pergunta à vontade que terei todo a o prazer em mandar-te para onde nunca deverias ter saído, a cona da tua mãe, caso não tenhas percebido à primeira.

  28. Ora, portanto, vou ser disruptivo.
    Calhando de me cansar de ver o canal ARTE, mudei, apareceu RTP 1, mais um programa de vinho, o Essencia . Diz que o grupo Amorim ganhou 1 prémio mundial com a compra de 1 quinta no Douro que inclui 1 hotel, antigo já nem sei de quantos anos, bastando muito provavelmente ter dito que se candidatou a um fundo comunitário qualquer, que ganhou, e que portanto deveremos estar não em presença de um investimento, mas da mudança de propriedade . Os incautos da “democracia” comem estas notícias como sinais de sucesso do país. Quem não se recorda da resposta do Berardo, na AR ? Disse que era um investimento, e que por conseguinte, podia correr mal . Portanto não ia arriscar o dinheiro dele, mas sim o do empréstimo que lhe deram na Caixa, e que não pagou. Logo, para o país que teve que injectar biliões na Caixa, foi uma tragédia, como disse o deputado, pagamos todos, acrescentando o tinhoso bernardo” para mim não “.

    Igualmente, o alegado neto do sapateiro, o mais provável é ter arranjado o dinheiro para o pai, que depois dá ao filho .

    E de Montenegro ainda não se sabe ao certo, mas que há associação ao nome, por parte de arrivistas, oportunistas e outras istas, isso há.

    Ora, finalizando, porque raio de carga de água é que não se fala nestas coisas aqui ?

    Indo ao tema : é simples Valupi. Têm que o contratar a si.

  29. «Artigo publicado por Social Europe, que tem muito a ver com os últimos comentários. Convém ler.»

    Bom artigo. Os ultra-ricos são a face mais extrema e visível do problema da desigualdade, mas este vai além deles: toda e qualquer desigualdade corrói a sociedade, até a mais natural e difícil de evitar, quanto mais as fortunas obscenas destes mega-mamões.

    Estes artigos sugerem geralmente soluções para taxá-los um pouco mais, vigiar a sua influência excessiva, etc., mas não vão ao fundo da questão: a riqueza tem de ser limitada. De contrário, voltaremos sempre ao mesmo – ou nem isso, pois os mamões nem sequer vão permitir essas insuficientes alterações, ou aceitar pagar essas migalhas a mais. E são eles os DDT.

    Lembre-se sempre, Fernando: mesmo quem escreve estes artigos aparentemente críticos, Stiglitz e afins, faz parte do sistema; jamais pensarão fora dele.

  30. «E se não pudermos “ir para além da Natureza”, porque tudo é feito do mesmo (quarks, bosões, electrões, partículas naturais)?»

    Estamos a falar de instintos e medos primitivos que nos condicionam e que nos levam a criar a sociedade de certa maneira; ninguém está a falar de reinventar o universo a partir desta chafarica. Lá chegaremos um dia, talvez, mas para já basta sermos animais um pouco menos alarves.

    «Como preencher a eternidade, se a pudéssemos obter? Se não pudéssemos decidir desistir de viver (não ser possível não ser), será que queríamos a eternidade?»

    Novamente, lá chegaremos, talvez – e num mundo racional seria esta a nossa grande prioridade colectiva – mas para já o foco deve ser igualdade para todos, a começar pelo acesso à saúde. Milhões morrem todos os anos de fome e outras causas evitáveis, muitos mais sofrem diariamente existências de dor e miséria enquanto os merdolas do mundo cantam loas a mamões.

    Enquanto hipótese, suspeito os nossos cérebros ainda primitivos não lidariam bem com uma vida eterna; mas sendo território desconhecido tudo é possível. Hoje a maioria dos que torcem o nariz a uma longa vida pensam nela como velhos, cheios de artroses e amigos mortos. Assim claro que não tem piada; mas o que está em causa é viver para sempre no nosso auge.

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