Educated guess

As notícias do caso Figo/Taguspark, a confirmarem-se, são boas tanto judicial como politicamente. No plano da Justiça, é um alívio ver um processo com esta importância política chegar a resultados preliminares com rapidez. Politicamente, vai permitir testar uma hipótese sociológica acerca do PS.

Obviamente, os acusados estão inocentes. Só deixarão de estar se forem considerados culpados pelo Tribunal. Todavia, e visto de fora, é impossível escaparem ao julgamento popular que não deixa margem para dúvidas – as informações publicadas pela comunicação social indiciam acto corrupto. O que leva a questão para Figo, o único que detém a chave da situação se não existirem provas concludentes. Porque a acusação deixa de fazer sentido se Figo não foi cúmplice de nenhum artifício ilícito, antes de livre vontade apoiou o PS na campanha eleitoral para as Legislativas, como tem alegado desde que o caso rebentou.

Contudo, temos de perguntar: e se Figo vendeu o seu apoio político? Para lá de todas as questões colaterais que essa suspeita arrasta, as quais tanto se podem esgotar no grupo de acusados como atingirem o aparelho e dirigentes do PS, o que me interessa, neste tempo intermédio até à conclusão do julgamento, é observar as reacções e acções daqueles que fazem a cultura socialista. A tese que proponho é esta de o PS ser o partido que menos tolerância tem à corrupção, em flagrante contraste com o PSD e CDS onde a corrupção não passa do efectivo exercício do poder, sendo celebrada privadamente como manifestação de excelência. Quanto ao PCP e BE, partidos que se arvoram moralistas na sua lógica de contrapoder demagógico, a tolerância à corrupção não pode ser medida por falta de histórico comparativo. Recusando-se à governação em democracia, estes dois partidos são essencialmente corruptores, posto que subsistem graças a um Regime – e a um modelo civilizacional – que pretendem derrubar.

Os discursos inflamados contra a corrupção são invariavelmente nefastos. Aumentam a indiferença, enfastiam, acabam a justificar a impotência. É ver quem os reproduz e amplifica, o tipo de atitudes que geram nos que são mais frágeis pela sua condição económica, estatuto social, nível de escolaridade, capacidades cognitivas, estado psicológico. É frequente estar um retinto hipócrita, e um frio manipulador, por detrás do moralista que verbera contra os corruptos, contra os políticos, contra os governantes. Esta conexão não é de hoje, é de sempre – está inscrita na memória política, filosófica e literária do Ocidente. A corrupção, bem ao contrário, combate-se com a cidadania. E esta cresce com a educação, a comunicação e o entusiasmo pelo bem comum. Pretender acabar com a corrupção, ou diminui-la, é em tudo igual ao combate contra os agentes patogénicos; podemos adquirir cada vez melhor higiene e remédios, nunca acabaremos com as infecções, pois o meio ambiente está vivo e em imparável evolução.

No PS tenho visto o mais difícil exercício da cidadania e da responsabilidade governativa. Mais difícil porque feito em condições especialmente adversas, contra forças enquistadas e selvagens que tudo fizeram, fazem e farão para manter os seus privilégios. A sucessão de casos lançados contra Sócrates, porém, revelou uma superior capacidade de inteligência política e discernimento moral nos socialistas – senão, o Secretário-Geral teria caído logo ao primeiro ataque. Esta força, eis a hipótese sociológica, nasce de uma característica mais provável de se encontrar nos militantes e apoiantes socialistas: um exercício de honestidade que é racional, não sentimental. Ou seja, enquanto nos partidos tribais, como o PCP e BE, a honestidade é identitária, no PS ela é crítica. E enquanto nos partidos empresariais, como no PSD e CDS, a honestidade é pragmática, no PS ela é idealista. O resultado é uma extraordinária capacidade intelectual para harmonizar extremos e combater diferentes adversários – salvaguardando a Cidade.

Esta característica do PS que aqui esboço pode ser uma fantasia, mas levaria a que um caso provado de corrupção tivesse imediata e decisiva resposta do corpo sociológico por ser contra-natura. O caso Figo/Taguspark, mesmo que seja um desvario alheio a Sócrates ou ao partido, ou mais uma consequência perversa da espionagem política feita em Aveiro, vem testar a hipótese. Seja lá o que for que aconteça, ganharemos todos com a descoberta.

37 thoughts on “Educated guess”

  1. Tanto paleio para tentar esconder ou justificar que os administradores da TaguspPark – todos pertencentes ao PS – cometeram ilegalidades cujo objectivo era – e foi! – favorecer o PS nas eleições, através do apoio de Luís Figo a José Sócrates.
    Neste caso não estão apenas em causa as denúncias do semanário Sol, o “jornal do Saraiva”.
    Este caso não se deve apenas à “espionagem política” denunciada e nunca provada pelo Ministro Silva Vieira. Está isento de prova, eu sei.
    Aqui, as escutas não foram consideradas ilegais. Azar, não é?
    O Ministério Público entendeu que os Srs. Rui Pedro Soares; João Carlos Silva e Américo Thomati deram um passo maior do que a perna e usaram dinheiros públicos em proveito do PS.
    “Obviamente que estão inocentes”, mas o “(…)julgamento popular não deixa margem para dúvidas”. Bons tempos aqueles, em que as “figuras importantes” estavam resguardadas dos olhares do povo, essa amálgama disforme, que se atreve a duvidar da sua boa índole.
    Há pessoas que pensam que podem fazer tudo só porque pertencem ao partido do governo. São vícios antigos e enraizados, que custam a largar. Eu compreendo…
    Já Luís Figo teve sorte, porque desconhecia o que convinha que desconhecesse.
    Assina um contrato com uma empresa, que por acaso até é pública mas ele desconhece, depois aparece a elogiar José Sócrates numa entrevista, desconhecendo, ou esquecendo, que não há pequenos-almoços grátis…
    O distinto dirigente do PS, Capoulas Santos, já veio comunicar que o seu partido nada tem que ver com o assunto e eu acredito. É muito natural que, também neste caso, e a exemplo do que aconteceu na PT, estes amigos de José Sócrates quisessem fazer-lhe um favor-surpresa. Daí o restante elenco dirigente do PS nada saber. É muito plausível, convenhamos…
    Depois lá vêm também os habituais ataques aos outros partidos, como se estes fossem os culpados do mau comportamento dos boys do PS.
    Mas alegremo-nos todos!
    Porque “As notícias acerca do caso Figo/Taguspark, a confirmarem-se, são boas tanto judicial como politicamente. No plano da Justiça, é um alívio ver um processo com esta importância política chegar a resultados preliminares com rapidez. Politicamente, vai permitir testar uma hipótese sociológica acerca do PS”.
    Adoro ler estórias com final feliz e esta é uma delas, sem dúvida!

  2. Aos poucos vai-se confirmando que o PS e a gente «proxima» do PS esteve a ser espiada, completamente, não se sabe desde quando. Os episódios virão em cadência desde a comarca de Aveiro. Isto vai acabar mal, porque a democracia não aguenta todo o tempo tamanha bandalhice. Diz quem sabe, que a justiça está partidarizada. Mas as coisas estão a ir longe demais. A caixa de Pandora foi aberta.

  3. Primeiras impressões: quantos votos vale Luís Figo

    Todos temos um preço: qual o preço do Luís Figo?
    Luís Figo foi pago ao voto, por atacado, a granel, ao pacote, ao quilo ou…?

    Por aquele preço, não se comprariam meia duzia de gestores e ex-gestores do BPN e SLN, ainda por cima do outro partido?

    Tirando as escutas, os magistrados conhecem outros meios de investigação?

    E é claro, que estando o caso na TVI, o magistrado não acredita numa condenação fundamentada em acusação, pelo que passou directamente “aos finalmente”, vulgo julgamento popular.

  4. Parece que você está bem mais informado do que eu, Valupi, tendo em conta tudo aquilo que escreveu.
    Se eu escrevi alguma mentira, faça o favor de me desmentir.

  5. Não é por nada, mas há comentários que, parecendo ser a favor, fazem mais estragos do que aqueles que são contra.
    É um paradoxo paradoxal, mas é verdade.
    Viva a Liberdade!

  6. Pois, quem leu o despacho que ordenou a detenção e levantamento da imunidade parlamentar de Paulo Pedroso a uns anitos, verificou na altura, que os fundamentos eram frouxos e as ilações extraídas das escutas telefónicas muito discutíveis. E deu no que deu. Quanto a este casinho novo, quero crer na existência de outros elementos, de outros indícios, mais sólidos, para justificar a posição do MP. O processo contra Pedroso deveria ser analisado pelo nosso MP. Meus caros, apesar desta indistinta rede de circulação de informação, que envolve juízes, procuradores, políticos e a Felícia, nós não sabemos tudo.

  7. Mário Pinto, escreveste que foram cometidas ilegalidades. Como é que sabes? És polícia, procurador ou juiz? Já recolheste as provas, analisaste os documentos e ouviste os implicados?

    Se não o fizeste, não és apenas um mentiroso; és um caluniador.

  8. Valupi

    Tanto tempo para me responder dessa forma?
    Eu limito-me a usar os seus métodos, Valupi. Não gosta do seu próprio veneno?
    É natural.
    Você devia ser a última pessoa em falar em calúnias, Valupi, porque – nesse capítulo – tenho muito que aprender consigo.
    É sintomático que, de tudo o que escrevi, apenas a palavra “ilegalidades” lhe tenha chamado a atenção! É pouco, Valupi, muito pouco. Procure melhor, porque tem lá mais para ler.
    Quer um exemplo da sua “objectividade”?
    Aqui vai ele: “O caso Figo/Taguspark, mesmo que seja um desvario alheio a Sócrates ou ao partido, ou mais uma consequência perversa da espionagem política feita em Aveiro, vem testar a hipótese.”
    Você tem dúvidas de que Sócrates sabia do assunto? Leu hoje as declarações de Paulo Penedos acerca desse assunto? Sim, refiro-me a Paulo Penedos e não a Pacheco Pereira, ou “ao” Saraiva…
    Será que no PS anda tudo sem rei nem roque e cada um faz o que quer sem dar conhecimento aos restantes dirigentes? Você é tão anjinho assim que acredita nisso?
    Fala também em espionagem política? Apresente-me provas, se as tiver. Se não as tem é um mentiroso e um caluniador!
    Também lhe digo que estou plenamente convencido de que as escutas que envolvem José Sócrates o incriminam. Fossem elas inócuas e seria o próprio PM a pedir a sua divulgação. Mas não.
    Escondem-se atrás de legalismos para esconder que não passam de uns maltrapilhos bem vestidos.
    Mas sabe? Noto em si uma melhoria.
    Desta vez não falou em vinho. Será que já deixou de beber?

  9. Mário Pinto, a prova da existência de espionagem política foi dada pela decisão do Presidente do Supremo, acima de tudo, e pela utilização política das informações obtidas desse modo ilegal e duvidoso, tanto pelo PSD como pela comunicação social opositora e selvagem. Reconheço, porém, que o Presidente do Supremo errou ao não ter falado contigo antes de mandar destruir as gravações ilegais, caso contrário já teríamos o engenheiro com a fatiota dos irmãos Dalton.

    És, de facto, um caluniador. Mas não aprendeste comigo, andas é a oferecer-te para ensinar.

  10. “…as escutas que envolvem José Sócrates o incriminam. Fossem elas inócuas e seria o próprio PM a pedir a sua divulgação. Mas não.”

    Portanto, quando não se pede a divulgação das escutas, é porque se é culpado…Lógica da batata, Mário Pinto.

  11. Valupi

    Uma treta não deixa de o ser pelo facto de a mesma ser avalizada pelo Presidente do Supremo Tribunal e essa de que as são ilegais porque não foram autorizadas é desculpa d emau pagador.
    Mais do que a “embalagem” da legalidade das escutas, interessa-me o que elas contêm.
    Mas fique descansado: Eu entendo muito bem a sua posição. Você é que não quer entender a minha.
    Sobre quem é mais ou menos caluniador, repito o que já escrevi: Junto a si sou um mero aprendiz, Valupi.
    Não esqueça o que já aqui escreveu sobre algumas pessoas, cujo único crime é o de serem de outros partidos ou, mesmo sendo do PS, se atrevem a criticar José Sócrates.

  12. Vou repetir o texto, não vá alguém não o entender…

    Valupi

    Uma treta não deixa de o ser pelo facto de a mesma ser avalizada pelo Presidente do Supremo Tribunal e essa de que as escutas são ilegais porque não foram autorizadas é desculpa de mau pagador.
    Mais do que a “embalagem” da legalidade das escutas, interessa-me o que elas contêm.
    Mas fique descansado: Eu entendo muito bem a sua posição. Você é que não quer entender a minha.
    Sobre quem é mais ou menos caluniador, repito o que já escrevi: Junto a si sou um mero aprendiz, Valupi.
    Não esqueça o que já aqui escreveu sobre algumas pessoas, cujo único crime é o de serem de outros partidos ou, mesmo sendo do PS, se atrevem a criticar José Sócrates.

  13. Mário Pinto, tu queres devassar a privacidade alheia, claro. Estás a marimbar-te para a lei, o Estado de direito, a decência, pois sim. E achas que a decisão do Presidente do Supremo é uma treta, obviamente.

    Tens de te meter na política, pode ser que toque a ti a receita que queres aplicar aos outros.

  14. Valupi

    Estou a marimbar-me para a decência? Eu?
    Antes pelo contrário!
    Eu exijo decência a todos, e em especial a quem ocupa cargos públicos e que é pago com o dinheiro dos contribuintes, entre os quis me incluo.
    Eu não quero saber daquilo que José Sócrates faz, desde que isso não interfira na governação.
    “E à mulher de César não basta ser honesta. Tem de parecê-lo”. Sabia, Valupi?
    Até prova em contrário, José Sócrates tem muito a esconder naquelas escutas e se eu não creio em Deus, porque razão vou eu acreditar no Presidente do Supremo Tribunal?
    Era só o que faltava!
    Se um dia destes aparecer um caso idêntico ao Face Oculta e que envolva pessoas de outros partidos e eu tiver uma posição contrária a esta, aí sim. Você e toda a gente terá todos os motivos para me adjectivar como entenderem mas, até lá, terão que se limitar a ler e a não concordar, eventualmente. É um direito vosso.
    Quem lhe garante que eu não estou metido na política? Posso estar ou posso não estar.
    O que lhe posso garantir é que a minha idoneidade é tanta que não preciso de me esconder atrás de um nick.
    Quem não deve não teme, Valupi, e eu nada temo.

    Posto isso, e se você não tiver mais nada a acrescentar, fiquemos por aqui.
    Decerto que teremos mais motivos para nos “cruzarmos”, com certeza.

  15. Mário Pinto, tu ficarás onde te apetecer, eu digo-te que és um caluniador. Desde quando é que somos todos culpados até prova em contrário? Só na tua cabecinha justiceira, não num Estado de direito. Se tens algo factual contra Sócrates, ou algum outro cidadão, entrega-o às autoridades.

    Tu não precisas de te esconder atrás de um nick, e eu não preciso do teu nome para nada. Deves pensar que estás no teu quintal a debitar sentenças ao pardalecos. Larga o vinho.

  16. Valupi

    Que pena não poder ouvir a minha gargalhada de desprezo!
    Insultos vindos de si para mim são elogios.
    É o que faz lutar com um porco. Ganhei, mas ainda assim fiquei enlameado.
    Ahahahahahahahahah!

    Continue a escrever, que eu vou continuar a responder…(piscadela).

  17. “Tu não precisas de te esconder atrás de um nick, e eu não preciso do teu nome para nada. Deves pensar que estás no teu quintal a debitar sentenças ao pardalecos. Larga o vinho.”

    Val respondeu a Mário Pinto:
    Tu não precisas de te esconder atrás de um nick, e eu não preciso do teu nome para nada. Deves pensar que estás no teu quintal a debitar sentenças ao pardalecos. Larga o vinho.

    Pronto!

    Voltou ao vício!!!!!!!

    Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

    Encham o meu por favor, senão ainda faço ligação directa Pipa/Val.

  18. Os bêbados repetem…repetem….. hih…hih…..
    Já tou quase com a tosga tb. (assustada)

    Aí fico perigosa :(

  19. Mário Pinto, a tua gargalhada não é de desprezo, é de 2,5 de sangue no álcool. Tal é a tosga que já andas a piscar o olho a porcos cor-de-rosa praticantes de luta greco-romana. Que porcaria, Mário Pinto… Metes-te em cada uma… Larga lá o garrafão e vai curá-la que já são horas da caminha.

  20. Val,(porquinho praticante de luta greco romana(???) ui ui) dás-me o teu nº de telefone?

    :) Quem sabe eu te apanhe um dia sóbrio!

    Larga o bagaçoooooooooooooooo…

    Olha eu aqui tão giraço heheheheheh.

    Nota: já te vi em melhores actuações.

  21. QPorr@, não posso dar-te o meu nº de telefone porque ainda preciso dele. Mas quando não precisar, dou-to. Prometido.

  22. Espera aí, a porra da justiceira está com uma crise de identidade ou o bagaço é mesmo de má qualidade?

  23. QPorr@, não posso dar-te o meu nº de telefone porque ainda preciso dele. Mas quando não precisar, dou-to. Prometido.

    Val, porra, isto de escrever o teu nome, faz sempre copie e past….

  24. Edie,

    Cacofonia, cacófato ou cacófaton, é o nome que se dá a sons desagradáveis ao ouvido formados muitas vezes pela combinação de palavras, que ao serem pronunciadas podem dar um sentido pejorativo, obsceno ou mesmo engraçado, como: por cada, boca dela, vou-me já, ela tinha, como as concebo e essa fada.

  25. upsss. acho que houve aqui alguém que perdeu a compostura…e não foi o Mário Pinto. “educate “quem ?

  26. Cláudia, só para Ti que gostas de estórias…

    Jaime Latino Ferreira

    ( CARTA DA TITA )

    Meu caro adoptado,
    Vais-me perdoar, mas eu prefiro a história da Gata Borralheira.
    Sabes, é mais feminina!
    Fala da violência doméstica e de como, quem dela é vítima, apesar de tudo, pode sempre encontrar o seu Príncipe Encantado, se não perder, delapidar o capital de esperança!
    Não o pode perder, sob pena de nada conseguir ver!
    Alguma vez, incapacitada de olhar para vastos horizontes, tão vastos como o mar a perder de vista, poderia encontrar o meu príncipe?
    Não se limitaria este a ser a própria violência doméstica!?
    É que também cultivamos o masoquismo que justifica, aliás, muito do sadismo que julgamos omnipresente!
    Ele está presente porque, voilá (!), também somos masoquistas!
    Qual sistema de vasos comunicantes …!
    Não me perguntes qual dos dois precede qual, porque aí, cairíamos irreversivelmente na tal perseguição que justifica enredos como os de Tom & Jerry.
    Mal amada, sobre mim recaíam os pesados fardos que às outras mulheres, gatas perdão (!), da casa as dispensavam para só pensarem em namoriscos, no social.
    Não perdi, porém, a vontade de sonhar!
    Vi fadas, indumentárias deslumbrantes, abóboras transformadas em carruagens, bailes encantados, dancei nos braços do príncipe e o sonho foi tão forte que deixou vestígios, um sapato à saída do baile, era tal a ânsia de um sonho que tinha de acordar …
    E o príncipe acordou-me, levou-me no fausto de uma vida que julgava para sempre ser-me negada!
    E fui feliz sem que por tal, a infelicidade desejasse a minhas irmãs, irmãs ou madrasta!
    Terá sido madrasto o seu destino?
    Ou apenas a inveja as terá cegado ao destino!?
    As terá feito enredarem-se na perfídia de um filão comunicante que do sadismo conduz, directamente, ao masoquismo?
    Ou que do masoquismo consente todo o sadismo!
    Eu chamo-lhes acidez …
    Acidez com duas faces ou inveja, incapaz de ver mais longe, de se abrir à felicidade que está aí, por todo o lado.
    Por vezes, onde menos se espera!
    No remanso de tua casa meu dono, desculpa-me o afecto, é afecto e não subserviência e confesso-te que o escrevi, embalada pelo enredo!
    Amor de gata pelo seu d …, adoptado, perdão!
    Mas, em verdade, somos donos uns dos outros!!
    Tu pertences-me na medida em que sem ti, viveria como se na idade da pedra lascada.
    Eu pertenço-te também porque sem mim, que referências terias logo para te insinuares inteligente ao ponto de, quem dera (!), preservares os equilíbrios que insinuante te sugiro!
    Em paz, mesmo com cão ou com rato …!
    Periquito, Piu-Piu que seja.

    Vê lá se dormes :)

  27. Não posso concordar com tal: Mas, em verdade, somos donos uns dos outros!!

    Só um domínio permito: o domínio de si próprio.

    Ninguém pertence a ninguém, nem é dono/servo de ninguém, ok?

  28. “A minha idoneidade é tanta que…”
    Por entre as críticas e respostas a críticas do Pinto aparecem, quase sempre implícitas auto-elogios de um auto-convencido moralista que se quer afirmar como anjo impoluto.
    A História negra da civilização está a abarrotar de “impolutos” deste cariz. As histórias mais ferozes e infelizes da História da ascensão civilizacional teve sempre como patronos indivíduos cuja idoneidade é tanta que se julgam acima da condição de animal da natureza com racionalidade limitada pela própria condição de bicho da natureza.
    De gente que se considera fisicamente incorruptível, quimicamente puro, racionalmente imbatível, moralmente um imperturbável, são mais perigosos e metem mais medo que um milhão de políticos defeituosos.

    Os “Cépticos” gregos já diziam que nada se percebe em sí mesmo senão em conecção com outra coisa.
    Classificavam os dogmáticos como bobos, considerando que o que se conclui a partir de hipóteses não tem carácter de investigação real, mas sim de mero tema.
    Afirmavam que os que pensavam não inevitável julgar o verdadeiro a partir de suas circunstâncias nem legislar de acordo com a natureza, definiam-se a sí mesmos como medida de todas as coisas, sem contudo advertir que tudo o que aparece nos aparece em uma circunstância e disposição individuais.
    Afirmavam ainda que na natureza não há bem nem mal, porque nada é em geral bom ou mau para todos. Que a mesma coisa que parece um bem a um parece um mal a outro.

    A frase ” A minha idoneidade é tanta que…”, cabe perfeitamente naquele perfil de gente que se acha a medida de todas as coisas.

  29. Ó Adolfo

    Não seja invejoso.
    A minha idoneidade é enorme mas ainda sobra muita para si, homem.
    Comtinue assim e verá que quando chegar o Natal vai ter muita no sapatinho.
    E uma vez apenas criticou o montante da minha idoneidade, concluo que concordou com o restante texto.
    Obrigado.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *