Pacheco recuperou uma suspeita antiga para a destacar e reforçar: os serviços de informação estão a ser usados pelo Governo para actos de desinformação em blogues e caixas de comentários, os palcos decisivos do combate político. Escolheu o momento em que alguém da Presidência da República lança a suspeita de haver espionagem do Governo no Palácio de Belém e, pelo menos, numa visita presidencial à Madeira, para alargar o espectro da conspiração. Ontem, Constança Cunha e Sá, na TVI24, lembrou a declaração de Ferreira Leite, de Maio, acerca do seu telemóvel poder estar a ser escutado. Aguiar-Branco disse que a notícia das escutas comprovava a existência de uma asfixia democrática. E, dias antes, já Jardim se tinha antecipado a todos dizendo que Sócrates estava a construir um Estado policial.
Que se vai seguir? Algum assessor da Presidência irá mandar um sms ao Zé Manel e este, minutos depois, irá tuitar que Sócrates foi visto a roubar o rádio dum automóvel junto ao Palácio de Belém?
Comitiva presidencial almoça com espião
o pp é um aldrabão, este poste dele é novo ; ). tem muita coisa a Pretito no que já conhecíamos.
o Pacheco Pereira é um caso clínico. julgo que lhe chamam paranóia. só vê monstros em tudo o que não concorde com ele. devia ser um caso de saúde pública porque isso foi sempre evidente nos debates e noutras intervenções suas. a caca cavalquista adorou o problema psiquiátrico, juntou achas para a fogueira e vá de serenidade e coerência.
muita coerência: de um lado, enquanto a guiar de branco, acusam-se os adversários de usarem tácticas soviéticas, do outro, enquanto amigos do silva, babam-se com a purga efectuada nas suas hostes.
no meio termo, o senhor Presidente deglute com toda a calma conteúdos de jeeps e seus atrelados e a ferreira leite, qual casta medusa em meditação, vagueia no meio aquático sem dimensões. ambos esperam o seu tempo sem noção de lhes poder restar o vazio
Se Portugal fosse o Irão, Pacheco Pereira teria sem dúvida assento no conselho de guardiães.
Pacheco sabe sempre – e não se inibe de nos dizer – qual é a questão essencial dos problemas. Pacheco diz-nos quais são os jornais que devemos ler e aqueles que apenas servem para forrar a gaiola do canário. Pacheco diz-nos quais os canais de televisão em que podemos acreditar, os blogs que podemos ler e até, imagine-se, Pacheco denuncia que há outdoors partidários machistas – os dos outros, claro. Pacheco diz-nos também que é errado dar computadores às crianças, chegando a afirmar que mais valia dar-lhes playstations, ignorando obviamente a opinião de especialistas sobre o assunto. E Pacheco ainda há dias ousou dizer, sem corar de vergonha suponho, que participar num encontro de blogs com Sócrates era uma legitimação deste.
Pacheco diz-nos isto e muito mais, tudo do alto de uma cátedra que arroga com uma superioridade moral que só um Estalinista sabe manobrar.
Claro que Pacheco tem um passado, e como líder partidário sabemos das suas tentativas de meter os jornalistas parlamentares “na ordem” – que o respeitinho é muito bonito – ou de quando tentou condicionar o Público de forma a que este se tornasse um jornal mais favorável ao PSD – tudo comportamentos que o guardião agora diz repugnantes no programa de televisão “à la Hugo Chaves” que lhe deram na SIC notícias.
Nada disto é novidade, e que Pacheco não é honesto já há muito que era sabido. Agora quando a desonestidade intelectual chega a este ponto é preciso que alguém lhe ponha travão. Simplesmente não podemos permitir impavidamente que Pacheco se continue a divertir no chiqueiro. O cheiro começa a ser insuportável…
Compreendo o âmago (ui, isto promete) da tua exasperação (eu não dizia). Um cromo como o PP nunca poderá compreender o que é o usufruto da cidadania por parte de outrem.