As traições a Jesus não são propriamente uma novidade

Não sou católico, sequer cristão, mas compreendo a legitimidade – e naturalidade – do fenómeno religioso, tanto nas suas manifestações sociológicas como psicológicas; em suma, como matriz antropológica e necessidade histórica. Alguns antecipam um futuro onde a cultura científica e secular conclua o trabalho iniciado com o Renascimento, Iluminismo e Humanismo, já antes com a filosofia grega, levando a religião a perder por completo o poder político e a influência cultural, reduzindo-se a uma experiência privada e individualista. Tudo aponta nesse sentido nas sociedades democráticas, capitalistas e tecnológicas, mas não se podem ter certezas.

Entretanto, a religião ainda conserva muito poder e influência, mesmo nas comunidades já completamente secularizadas. No caso dos países onde a Igreja Católica está presente, e bem mais grave do que as eventuais falácias à volta da posição da Igreja em relação ao uso do preservativo, o escândalo maior é o da pedofilia. É grave pelos actos e suas consequências devastadoras, e é escândalo pela insegurança das crianças nas instituições católicas e o encobrimento dos crimes pelos superiores hierárquicos. Por esta razão, a voz de Januário Torgal Ferreira é um clamor no deserto, para vergonha de todo aquele que em Portugal se conceba católico e não lhe siga o exemplo da frontal e sentida denúncia:

Gente que Conta – 17 de Fevereiro de 2013

15 thoughts on “As traições a Jesus não são propriamente uma novidade”

  1. Não vejo como o sentimento religioso possa extinguir-se enquanto o universo e a consciência dele permaneceram um profundo enígma. A filosofia e a ciência vão expurgando, cada vez mais, o sentimento religioso da “pátina” acumulada ao longo dos milénios. Porém, em lugar de apontarem para sua extinção, filosofia e ciência acabam por abrir a consciência humana ao infinito. Nesta perspectiva, concordo que se transforme numa experiência individual (não individualista), numa experiência única de cada sujeito consciente. As manifestações colectivas do sentimento religioso subordinadas a rituais e normas de conduta serão uma experiência do passado, da colectividade, da tribo. Quem sabe, os filósofos, os cientistas e os artistas serão os mais eminentes “religiosos” à face da Terra.

  2. é isto mesmo: sacos de gatos há em todo o lado e não podem ser varridos para debaixo do tapete, viva o Janú!
    só não encontro sacos de gato no teu carácter – uma benção.

    e o que é o individualismo, Pedro, senão a experiência individual, o egoísmo, que nos amarra, e nos liberta por isso, aos interesses próprios?

  3. Caros amigos

    O D Januario Torgal Ferreira é capelao das Forças Armadas não da vossa tribo. Tenham cuidado quando o aplaudem. Se ele lê-se o que voces escrevem e defendem aqui no blog, ainda era capaz de vos enfiar com o crucifixo na cabeça.

  4. e eu, fr, depois de ler o que escreveste só me apetece abrir-te a cabeça com o que tenho na mão. e o que tenho eu na mão? um punhado de emoção.

  5. Olinda

    És uma querida!

    Ainda não te tinha “picado” no blog. Haveria uma primeira vez!

    Vou-te dar um conselho: “desconfia sempre daqueles que cospem no prato de onde comem”

    Beijos

  6. oh xico! lá por seres filho de um lateiro da força aérea, não tens direitos de propriedade sobre o torgal e o que ele diz, depois os avisos à navegação soam a encalhado no mar das convicções e de seguida se o januário te descobre ainda levas com um crucífixo à moda do viegas.

    oh bécula! vai bater punhetas de emoção para outro lado.

  7. oh xico! lá por seres filho de um lateiro da força aérea, não tens direitos de propriedade sobre o torgal e o que ele diz, depois os avisos à navegação soam a encalhado no mar das convicções e de seguida se o januário te descobre ainda levas com um crucífixo à moda do viegas.

    oh bécula! vai bater punhetas de emoção para outro lado.

  8. Olinda

    Como é que te hei-de explicar que ser indivíduo e ser individualista não é, de longe, a mesma coisa? Ninguém pode ser as tuas emoções, os teus sentimentos e os teus pensamentos. Só tu mesma. Sem seres, necessariamente, individualista. Basta que tenhas consciência da realidade das outras individualidades e as respeites.

  9. oh xico! essa das punhetas não era para ti, era uma alegoria poética para a bécula, mas ainda bem que gostaste. obrigado pelos elogios, no hard feelings.

  10. eu sei que não é a mesma coisa, Pedro, mas tenho vindo a aprender que o indivíduo sem individualismo é atropelado, ou mesmo trucidado, pelos outros indivíduos. o ser individualista é uma aprendizagem do indivíduo enquanto indivíduo, uma página do manual de sobrevivência. e é por isso que falar em individualismo já acarreta o indivíduo e faz até com que este vá mais longe – mostra-lhe o quanto as suas emoções e sentimentos e pensamentos são a base do que é ser(-se) indivíduo.

    desconfio mais depressa, fr, de quem fala em beijos à toa e confunde cuspe com comida azeda – que é preciso ser deitada fora – do prato, que acredita ser de cristal como é acreditar naquilo que se escolhe como sendo o melhor, onde come.

    ignatz: ganhavas qualidade de vida se, ao invés de andares sempre com a mão inchada, metesses uma enxada na mão.

  11. Olinda

    Enviei-te um beijo porque nao te vejo como inimiga. Só alguem que tem ideias diferentes das minhas e que teve o cuidado de me responder de uma forma suave e sem agredir. Por isso, quando falam em revoluções e guerras civis, fico triste e revoltado.
    Muitos beijos para ti e uma boa semana!

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