Quem nunca ouviu Joel Costa não é bom chefe de família, nem patriota. O seu Questões de Moral, na Antena 2, é inqualificável e imprescindível. Eis um maduro que sabe de ciência certa da inutilidade de tentar mudar o mundo, da quimera dessa demanda; e que ainda assim, apesar de tudo e contra tudo, contra todos, especialmente contra todos, ousa pensar.
Num reino perfeito, os programas estariam disponíveis em ficheiros MP3 — exaustivamente disponíveis, listando os mais de 12 anos de serviço à inteligência e à cultura. E as escolas trocariam muitos dos professores-espantalhos pela audição do tonitruante e histrião Joel. E os meninos receberiam, finalmente, algumas lições para a vida. Uma vida amoral, como se quer.
Lá estou eu outra vez a tirar o chapéu a Valupi, sina a minha.
Hoje não é pelo discurso, que saiu assim-assim.
É por trazer aqui as Questões de Moral, de que alguns andamos precisados.
E já agora, sobre o Joel Costa, diga lá mestre Valupi (dê ao demo as vozes da vizinhança!):
– o tipo é histrião, ou é um ‘ironista’ impenitente, para não dizer sarcástico, única arma eficaz diante da fortaleza?!
– a ‘inutilidade de tentar mudar o mundo’: e zurzir este não significa querer outro diferente?
Pois, se pudessemos replicar os Joel Costa deste país, seria uma benção…
Até muitos graúdos e não só meninos aprenderiam as tais lições para a vida…
podias ter sido cavalheiro e ter deixado a mãe passar à frente.
e pronto, rendo-me: quero ser boa mãe de família. não sabia que isso era aquilo que me faltava. quando e a que horas dá?
Chapeleiro (para variar do anónimo ‘Anonymous’),
Um ‘ironista’ aceitará o apodo. Porque ele tem uma faceta histriónica que verte directamente do palco operático; palco que conhece tão bem (e que tão bem celebra na selecção musical do programa).
Contudo, uma ressalva: nem só do perigoso riso se faz a resistência e a luta. Muitos lhe apontam o vazio, a ausência de resposta, de caminho. Que o mesmo é dizer que muitos não o compreendem, o que os leva a desistir passada a tesão do mijo. Só que a sua queixa dá que pensar, pois apenas com a desconstrução não se levanta o tabernáculo.
Zurzir, sim, muito e implacavelmente. Todavia, também criar. E nisto vai tudo: para criar, há que arriscar. Temos de ser justos e reconhecer que, apesar do tanto, as “Questões de Moral” não arriscam. O que não é um mal, apenas o preço a pagar para a sementeira.
O nosso imerecido Joel não me deve nada, é ao contrário. Nele vejo a consciência da inutilidade suprema, a ciência dos vencidos da vida – e, depois, rendo-me ao entusiasmo que é só o daqueles que entram na tragédia para nela ficarem, e nela descobrirem a alegria.
Por tudo isto, por nunca ter feito concessões, é uma das raras fontes de lucidez em Portugal.
susana
Os programas mais recentes estão à disposição em vários formatos, basta entrares no link.
Passa às segundas, meio-dia ou 23h, à vez.
sim, entretanto descobri. não consigo é ouvir os ficheiros.
não conhecia, obrigado pela dica
mm []’s
links podcast:
http://tv.rtp.pt/web/podcast/gera_podcast.php?prog=1091
itunes
itpc://tv.rtp.pt/web/podcast/gera_podcast.php?prog=1091
Na era do limiar da buçalidade lusitana, Joel Costa é um verdadeiro mestre da comunicação social. Pena que apenas uma pequeníssima parte da população assiste com alguma assiduidade a este programa, o que por outro lado justifica a sua não extinção da rádio(pelo menos depois do programa sobre a febre do Euro…bola). Espero que ao menos exista um clã de Joeis Costas por aí. O bom senso agradece.
www. myspace.com\anormalmusic