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Metrónomos

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Hoje, dia da assinatura do Tratado de Lisboa, a rede do Metro está aberta ao povo. Oportunidade para me recordar de uma das várias ideias brilhantes que tenho desenvolvido para futura, mas inevitável, glória. Consistiria em passar música nos altifalantes das carruagens. De tão simples, é desesperante ainda ninguém se ter lembrado: o sistema já existe, só falta dar-lhe uso. E quais as vantagens? As óbvias dizem respeito ao estado anímico da população, o serviço de musicoterapia: o deprimido ganhando ânimo, o ansioso recuperando a calma, o paranóico esquecendo-se da perseguição, o bipolar encontrando um equador, o esquizóide finalmente em harmonia com a realidade onírica. Toda esta massa laboral chegaria ao emprego em condições de render o máximo ao serviço do patronato ou do público pagante de impostos. Notas para o Orçamento Geral do Estado, o PIB a cantarolar feliz.

Comigo à frente do Metropolitano de Lisboa, ou do Metro do Porto, esta genial ideia receberia um genial acrescento: cada carruagem teria um tipo de música diferente. Possibilidade de escolher a música consoante o biorritmo ou a panca de ocasião, mas também a socialização facilitada, cada outro ao nosso lado um pouco menos estranho; de interior sonoro, ou até canoro. Teríamos era, democraticamente, de referendar os géneros musicais e artistas a escutar, dada a limitação de unidades transportadoras. Qualquer utente com título de transporte válido, independentemente da sua estação de embarque ou destino, poderia votar a cada 4 meses (ou assim). Eu votaria para a existência das carruagens da Amália, da música folclórica alentejana e do Max. Depois, ganhando ou perdendo, o resultado seria sempre música para os meus ouvidos.

Com o tempo, correria mundo a lenda de uma cidade onde os seus habitantes dançavam debaixo do solo. Dançavam a caminho do emprego. Dançavam a caminho de casa. Dançavam porque iam daqui para ali. E, roído de curiosidade, pela primeira vez um deus desceria à terra só para andar de Metro.