Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão. Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.
O ano passado morreram mais de três mil pessoas com gripe e não houve nenhum alarido. Este ano são cerca de mil e há este alarido todo.
Os mortos deste ano são mais importantes que os do ano passado, porquê?
Eu mesmo,
conhecida gripe com os medíocres hábitos de higiene social dos portugueses: 3000/12= 250/mes
novo vírus com quase todos os portugueses arrecadados: 1000/2 = 500/mes e continua…
percebes o problema?
Quanto ao vídeo, tanto quanto percebo, a intenção será ridicularizar a fé de meia-dúzia de queques. Nada contra, a liberdade de expressão e a religiosa são ambas uma conquista do estado de direito democrático. Mas a aspirante a humorista na verdade está é ressabiada pelo facto dos responsáveis da igreja terem tido a pronta sensatez e força política que a ministra da saúde não teve em relação ao dia 1 de maio que.
Notar bem que a ministra, com desonestidade intelectual, inexperiência política e achando que os outros, neste caso, os padrecos, seriammenos inteligentes do que ela, tentou escamotear o que de muito mal decidiu em relação ao dia 1 admitindo como possível a celebração religiosa do dia 13. A coisa correu-lhe muito mal, não há nada que o consiga esconder, muito menos o humor fácil da Penélope, desculpe lá dizê-lo.
“O ano passado morreram mais de três mil pessoas com gripe e não houve nenhum alarido. Este ano são cerca de mil e há este alarido todo.”
Cerca de mil com gripe influenza, ou com corona beer ?
O Alarido, é assim, é um sujeito que tem a mania de armar banzé.
Se se comparar os dados do país da bota, relativos a mortos por gripe influenza, a gripe mais vulgar, no ano de 2017 temos que,
“Nos dados de 2017 do Instituto Nacional de Estatística da Itália (Istat), os mais recentes disponíveis, mostram que, naquele ano, o país da bota registrou 16.270 mortes por doenças respiratórias, sendo 15.316 por pneumonia, 663 por influenza e 297 por tuberculose “
e,
“ Desde o início da crise, o novo coronavírus matou 7.503 pessoas na Itália, segundo dados oficiais do governo “
Portanto, como não morreu ninguém em Italia em 2017, com corona vírus, à tua maneira, tens sempre razão, a gripe vulgar, que matou 663, matou mais que o corona jururu .
Parabéns !
“Os mortos deste ano são mais importantes que os do ano passado, porquê?”
É pa, nao sei !
Talvez por a vítima n° 1 ter sido massagista do Estrela da Armadora, e a segunda, sherman de um banco espanhol, La Calculadora .
Só pode ser …
é vê-los a espumar raiva por todas as caixas de comentários, trumpeando números e bolsonando teorias. encomendem mais umas desgraças que o costa chega aos 60%.
Colado com cuspo,
Tens uns rácios porreiros, é pena é serem uma falácia. Terias razão se comparasses no tempo as mortes do ano passado com as mortes deste ano , ou seja para fazeres essas contas tens de aguardar o fim do ano e se calhar hás-de ver que as mortes do corona encaixam nas médias da gripe dos anos anteriores, e repara que houve anos com mais de seis mil mortos.
Ora faz lá as contas outra vez.
Felizmente, neste caso concreto, tanto os bispos como o próprio papa parecem vacinados contra o vírus da bacoquice idiota que afecta alguns paroquianos, mas, enfim, idiotices não se discutem e, como muito bem disse o Jota Cê, abençoados os pobres de espírito etc…
Agora tanto o Costa como o Marcelo davam uma nalguinha para que a Igreja celebrasse o 13 de maio, para ver se a polémica do 1º de maio se esfumava. Mas a Igreja, que já tem um saber acumulado de 2000 anos a lidar com reis, presidentes e imperadores, deu uma chapada de luva branca. E não parece que vai rejeitar (e bem) o presente envenenado.
Convém ainda recordar que o Governo não tem legitimidade para suspender ou proibir o culto religioso, bem como manifestações. E por isso, recorreu à manha legislativa proibindo celebrações (não refere a palavra “religiosas”) e “outros eventos” (para não usar a palavra “manifestações”). O ónus vai ficar na mão das polícias. Se os respectivos dirigentes da PSP e GNR forem sábios não engolem o isco e não se põem a proibir celebrações religiosas nem manifestações. Se forem papalvos e a coisa corre para o torto, o Governo toma aquela nobre e tradicional atitude política que hoje o Marcelo já colcou em execução: descarta. E fica a polícia com a carga em cima.
Onde se lê
“E não parece que vai rejeitar (e bem) o presente envenenado”
Deve ler-se
“E parece que vai rejeitar (e bem) o presente envenenado”
«Seria mais fácil o mundo sobreviver sem o Sol do que sem a santa missa»
Também o Sol e a Lua pararam, segundo a bíblia, por ordem de Josué para se cumprir a vingança dos israelitas sobre os de Gabaon.
E tal era a prova concludente do engano de Copérnico.
Claro, mistérios da santa missa.
sendo certo que já está confirmado, por analises a um senhor , que o vírus já se passeava calmamente por Paris em Dezembro , é caso para dizer que o vírus começou a matar como o caraças quando a comunicação merdial o descobriu. um exibido , o cara.
O Público escreveu aquilo que foi encomendado. O Público e o DN não são jornais. São panfletos ao serviço da política.
Eu mesmo, tu é que falaste em números e se queres tanto falar de números, a base tem de ser os números conhecidos, porque nenhum de nós sabe o que vai realmente acontecer. A gripe é sazonal. É sazonal há milénios, sabias? A gripe depende muito menos dos contactos sociais do que depende da temperatura do ar, por isso é que no verão, apesar das pessoas conviverem muito mais, tens muito menos casos.
Os casos de gripe ocorrem praticamente todos entre novembro e fevereiro, sabias? No site da DGS tens relatórios semanais desde 2016, vai lá ver.
Insistes em comparar dois vírus diferentes e que pouco têm em comum, nem sequer nos sintomas.
Por exemplo, a pneumonia causada pela CoVID é viral e ataca a zona mais sensível e profunda dos pulmões, ou seja, os alvéolos pulmonares, ao passo que a da gripe é bacteriana e está longe de alcançar essa zona. De tal modo é assim que uma das formas de diagnosticar a CoVID-19 é simplesmente através de um radiografia ao tórax, pela especificidade da imagem obtida.
Ora, à medida que o tempo passa e se alcança mais conhecimento sobre o SARS-CoV-2, o fosso que separa ambos os vírus, que já é muito extenso, será cada vez maior, é inevitável. E existem até na comunidade médica algumas dúvidas acerca da classificação da CoVID-19 como uma doença respiratória, uma vez que começam a surgir indícios de que os problemas respiratórios advêm de coagulação do sangue precisamente nos alvéolos pulmonares, problema sanguíneo idêntico que surge também noutros órgãos vitais que são atacados pela doença. A comprovar-se, esta suspeita será um “game changer”.
Nem tu sonhas o quão pouco se sabe desta doença.
Quanto ao vírus SARS-CoV2, que causa a doença CoVID-19 não há, por enquanto, evidência científica de que seja sazonal, pelo que, até prova em contrário, terás de considerar que a taxa de contágio depende, acima de tudo, do número de contactos sociais, caso em que se manterá relativamente estável ao longo do ano.
Em suma, se vires bem as minhas contas, apesar de merceeiras, admito, não são assim tão falaciosas.
Eu mesmo, “uma das formas de diagnosticar a CoVID-19 é simplesmente através de um radiografia ao tórax, pela especificidade da imagem obtida.” – para clarificação, isto é assim quando já existe pneumonia, ou seja, numa fase avançada da doença.
Pois, então diz-me lá quantos casos de gripe houve em janeiro e fevereiro deste ano. É que segundo as tuas contas já devíamos ter esses dados, não?
E já agora quantos é que morreram de gripe normal?
a morte entrou num processo semelhante ao simplex no que se refere a causas, por ordens superiores : já não há mortes por cancer, doenças cardiorespiratorias, avc, diabetes, gripe, ela, etc, etc, e tal , a partir de agora leva tudo o selo certificado corona, muito mais chic e na moda. depois, para além do brilharete no combate ao covid, 2020 ficará conhecido como o ano em que houve uma diminuição brutal nas causas de morte habituais , graças aos grandes avanços da medicina. tudo isto em países como a Itália , Espanha , USA e tal , porque em Portugal não há mortos que cheguem.
Eu mesmo, agora é que me dei conta do seguinte.
Eu não sei onde viste que a gripe causa 3.000 mortos por ano em portugal, deves estar a basear-te em notícias erradas, porque no site do INE em 2017 e 2018 não passam das cerca de 120 por ano.
Aliás, um UCI por ano em casa período da gripe também tens cerca de 120 NO TOTAL de doentes e outros tantos em enfermaria. Vai ver os relatórios semanais da gripe publicados na DGS.
Desculpa lá, mas o que dizes não faz sentido.
Pois a net é tramada. Vai ao Google e procura. Está lá tudo.
Já agora tenta ser um bocadinho mais crítico e não acredites piamente nas instituições.
Eu mesmo , este médico é bom, vale a pena espalhar para os hipocondríacos ouvirem
Sou ateu e não vou ir à missa, mas também não vou começar a discutir as actividades que cada um considera essenciais, desde que isso seja feito com responsabilidade, como me parece ser o caso, nomeadamente prontificando-se a tomar as precauções necessarias, no minimo equivalentes às que se tomam noutras actividades ditas essenciais, tais como ir ao supermercado comprar comida. E se alguém pretende que ir ver futebol ou hoquei em patins é para ele uma actividade essencial imprescindivel ? Bom, não conheço quem diga isso, mas se fosse o caso, acharia normal respeitar…
Se estiveres com falta de guerras de religião, acho melhor arranjares outro campo de batalha, porque neste arriscas-te a ter rapidamente de dar o braço a torcer ao pinto.
Boas
Ò Viegas, achas que se essa maltinha vivesse na Somália teria o mesmo conceito de “essencial” ? Não te parece que poderiam ter arranjado melhor adjectivo para a alegada “carência”, caso tivessem uma noção minima do que é a vida para os milhões que não se podem dar ao luxo do confinamento burguês ? Não achas que falha aqui qualquer coisa de relevante na compreensão do mundo e do lugar que nele se ocupa ? Será caso ?
MRocha, não me parece que as pessoas que viveram na Europa ao longo destes últimos 20 séculos tivessem tido todos uma vida de luxo. E ao que parece não prescindiam das cerimónias da Eucaristia. Muitos celebravam a Eucaristia com o estómago e os bolsos vazios.
Pinto, filho, não desconverses, meu ! Não estou a fazer extrapolações sociológicas. Refiro-me em concreto ao estereótipo burguesinho plasmado no videozinho em apreço.
Quanto ao que dizes relativamente a celebrar a tal eucaristica de estómago vazio, não te contesto. Sei como é grande o poder dos hipócritas para formatar as prioridades dos simples. Como de resto fica bem evidente na frase pia que remata o poente do triste episódio.
Amém!
“Muitos celebravam a Eucaristia com o estómago e os bolsos vazios.”
e se não fossem à missa lá se ia o emprego precário s/recibo e o crédito no banco jonéte, com a barriga e a despensa cheias ninguém lá punha os butes e lá se ia a merda da caridadezinha pelo ralo. a igreja sabe disso e tu tamém, têm a noção dos adeptos que vão perdendo com a melhoria das condições de vida do piople, mas fazem que não percebem, baralham e voltam a dar o mesmo jogo viciado de antanhos. ide pró caralho mais as rezas, missas, caridades & afins, a eucaristia da vida é a inflação e o resto é marketing bolorento.
Not my point, MRocha,
A questão é saber se tu estas pronto a aceitar restringires-te ao “essencial” definido numa hipotética Somalia e, sobretudo, quem é que tu propões que possa julgar, em teu nome e em nome de todos, se a volta que deste ontem ao quarteirão e os iogurtes de fruta que compraste no supermercado eram mesmo “essenciais” nesse sentido.
Assumindo que é improvavel que aceites isso, parece inevitavel encarares a hipotese de que alguém tenha um conceito do que é “essencial” diferente do teu, ainda que esse alguém se chame pinto. A sociedade liberal tem dessas coisas…
Boas
MRocha, não vou discutir consigo a questão da fé. Respeito a sua crença e percebo-a. Afinal de contas nasceu e cresceu numa mui nobre e isenta república laica com um sistema de ensino que, digamos, auxilia a pensar numa determinada direcção. A única coisa que me deixa apreensivo dos devotos da sua legião é a forma intolerante como reagem. Começam logo com os habituais insultos que muito dizem sobre a elasticidade mental, a tolerância e o respeito.
Quem respondeu a seguir a si esse já está num patamar acima no nível de jihadismo. Ainda bem que as discussões na internet não permitem o contacto físico se não já estou a imaginar muita gente com uma guilhotina pronta para aprimorar a argumentação.
Pinto, amigo: não confundas virulência argumentativa com falta de civismo. Pode ser ? Optimo. Adiante.
Pareceu-me que tinha ficado claro que no comentário que produzi a questão da fé nem marginal é. Tudo o que pretendi foi criticar uma certa forma burguesa de alienação em relação ao básico, às merdas tão comezinhas como a necessidade da própria merda para continuar a cultivar as couves bio-vegan que usam lá em casa. Esclarecido ?
Viegas, my man: não te preocupes, pá, pois quem irá nivelar todos pelo essencial será a natureza madrasta no dia em que resolver dizer basta ás multi-explorações neo capitalistas que proliferam por aí. Os somalis já sabem bem do que falo. E tal como o covid, esse virus tb cá chegará. Será nesse dia, quando tivermos de optar entre ocupar os barros de Ferreira com trigo ou com laranjeiras, que o essencial virá á tona. Como vés nem precisei de voltar à missa para vincar o meu ponto. Atingiste ?
MRocha, ao estar a rotular o espírito missionário da conversão como “alienação”, está a partir do pressuposto que esse espírito não é puro e sincero. Para lhe dar um exemplo, até aos meus vinte e muitos anos era agnóstico e as Escrituras Sagradas não me diziam grande coisa, independentemente e ter ido à catequese. A minha conversão deu-se a partir dos estudos que inicialmente tive de fazer por razões académicas. Essas investigações suscitaram curiosidade e admiração pelas Escrituras e por toda a história da cultura judaico-cristã. E foi a partir daí que passei a ir às celebrações eucarísticas. Se alguém me alienou fui eu a mim mesmo.
A fé é racional. Se não o for é fideísmo. É superstição. Quando diz que a pessoa que é católica foi alienada está a menorizá-la. A Igreja não obriga ninguém a nada. Apela.
O conceito de essencial cada um toma aquele que lhe “parece” para si na vida o mais importante ou qualquer coisa do género conforme o gosto ético-cultural de cada um.
Mas o que é a “essência” de uma coisa ou ainda para maior absurdo lógico considerar essencial a irracionalidade da fé, objecto da missa?
No mundo ocidental andam os pensadores desde os tempos arcaicos a discutir qual prevalece sobre a outra, a essência ou a existência e a discussão ainda não acabou.
De qualquer modo está definido que uma “essência” é aquilo sem a qual uma coisa não pode ser essa coisa mas será outra, talvez, pelo que uma essência humana individual será a nossa natureza ontológica de seres pensantes.
Será que aqueles meninos, os papás e os seus mentores deixarão de ser pessoas pensantes (gente) por falta de a missa?
“A igreja não obriga ninguém a nada. Apela”
Assim como apelou no tempo da inquisição.
ler simplesmente “por falta de missa” sem o «a» que foi na pressa.
“A fé é racional.”
e a ciência é irracional.
“A Igreja não obriga ninguém a nada. Apela.”
pedofilia e inquisição são apelos que ninguém esquece.
Os bispos portugueses não são estúpidos, têm sentido de responsabilidade e estão-se nas tintas para esses imbecis do video, que até se servem de crianças inconscientes para a sua miserável propaganda.
Além do mais, é óbvio que os bispos também não querem ver os seus párocos a morrer, desfalcando um clero para o qual há cada vez menos vocações.
Essa beataria do video, cuja motivação é obviamente mais política do que religiosa, adoraria agarrar qualquer pretexto para agitar o papão da questão religiosa, que tanto jeito lhes faria na guerra contra a esquerda “ateia” que nos governa. A citação final do Padre Pio, ídolo da direita católica italiana, é eloquente.
Os bispos portugueses, cumprindo aliás as firmes directivas do papa Francisco (que essa beataria conservadora odeia), não alinharam até agora com atitudes irresponsáveis nem com provocações de fanáticos. Voltará a haver missas e peregrinações quando os bispos e os padres acharem que isso se pode fazer e sem que a Igreja esteja a contribuir para agravar a pandemia.
Pinto, assuntos de fé e de sagradas escrituras não debato – não alcanço, não conheço , não domino.
Neves, sem estômago composto , corpinho protegido e hidratado, não há ser pensante ( ou não ) que funcione durante muito mais que dois pares de dias. Extingue-se. Ponto. Portanto, salvo melhor opinião, colocar o assunto como se fosse um opção entre alternativas, nem dá para inicio de conversa. Essencial é o que nos mantém vivos. O resto, por muito importante que seja para o bem estar de cada um, será sempre qualquer coisa do dominio do complementar. As palavras ainda têm de valer pelo seu significado tangível, ou a comunicação entre os falantes torna-se mero exercicio de estilo.
José Neves, apenas duas questões. Pegando na sua última frase, eu pergunto: o José deixará de ser pessoa pensante (gente) por falta de liberdade? Não o sendo, deve prescindir da sua liberdade até o Estado lhe apetecer de lha devolver. É isso? Segunda questão: se a fé é irracional, na sua perspectiva as pessoas que têm fé não são seres pensantes? Não são seres racionais? São pedras? São árvores?
Eu mesmo, a Inquisição foi um tribunal criado a pedido dos monarcas europeus e para resolver problemas sociais que tinham a ver com o fanatismo cátaro. Esse tribunal foi muito instrumentalizado (por exemplo, por D. Fernando II aqui ao lado) com a conivência de alguns papas, que cederam a essas pressões. Haveria muito a escrever sobre a Iquisição, a sua origem, a sua evolução, etc. Mas deixo-lhe só duas notas. A primeira que não foi a Inquisição que inventou a tortura. A tortura como meio de obtenção de prova e o emprego da dor como pena, como castigo pelos ilícitos, eram realidades transversais a todos os tribunais. Tanto em todos os reinos europeus como no oriente, nas Américas, e na África. Se há algo de pioneiro na Inquisição podemos apontar, entre outros aspectos, a abolição da tortura como meio de obtenção de prova e a criação de uma nova fase, a fase de inquérito, que antecede a fase de julgamento. A segunda nota para lhe dizer que não faz parte da matriz axiológica da doutrina da Igreja obrigar à fé, mas antes a conversão. E isso constata-se ao longo da história. Desde Santo Atanásio – “é uma execrável heresia torturar pela força, pela brutalidade, pelas prisões, aqueles que não foi possível convencer pela razão” – a São Justino – “Nada é mais contrário à Religião do que o constrangimento”, desde Santo Agostinho – “Perseguiremos nós aqueles a quem Deus tolera?” – a Lactâncio – “a religião forçada não é uma religião; é necessário persuadir, e não constranger; a religião não se encomenda” – desde São Bernardo – “aconselhai, porém não forçai” – a mais uma infinidade de personalidades da Igreja, essa posição é bem visível. Os papas seguiram quase sempre esta posição. Recorde-se a carta de protecção aos judeus, de 1271, do papa Gregório X (“ninguém deve perturbá-los [aos judeus] de qualquer forma durante a celebração de seus festivais, seja de dia ou de noite, com paus, pedras, ou qualquer outra coisa”), as bulas do papa Clemente VI em 1348 (6 de julho e 26 de setembro, a última chamada Quamvis Perfidiam) a condenar a culpabilização dos judeus pela peste negra e as inúmeras bulas e encíclicas a condenar as conversões forçadas.
Atenção que não estou aqui a dizer que os papas nunca cometeram falhas, que nunca pecaram. Claro que sim. Diria mesmo que todos os papas pecaram; a começar por Pedro que negou Cristo três vezes. A Igreja existe precisamente porque somos pecadores. Pegando nas palavras do padre Portocarrero de Almada, a Igreja não é um condomínio fechado de almas selectas mas um hospital de campanha para pecadores.
Júlio, concordo consigo. Mas a Igreja não criou nenhum dogma nesta questão e estas pessoas estão apenas a expressar a sua opinião. Eu também penso que a Igreja está a agir bem ao apelar a que se sigam as instruções e os pareceres dos especialistas. Mas há uma fronteira: a partir do momento em que se perceba que um Estado – seja ele qual for – esteja a restringir ou a proibir a liberdade de culto por mera questão ideológica, a Igreja faz mal se continuar a seguir. Se isso acontecer, a Igreja deve desobedecer. A Igreja também pode e deve ouvir os especialistas e não apenas aqueles que estão ao serviço dos governos. Por uma questão de transparência.
” A Igreja também pode e deve ouvir os especialistas e não apenas aqueles que estão ao serviço dos governos. Por uma questão de transparência.”
certo ! é o que fazem as chamadas republicas islâmicas: em caso de dúvida sobre a razão dos especialistas, segue-se a sagrada escritura. na apostólica, católica, romana, tb temos disso: em caso de dúvidas sobre o “momento” em que começa a “vida”, nada de contraceptivos e não ao aborto, que isto de pinocar sem proposito procriativo é pecado. tá bem, pinto. estamos conversados.
O problema Pinto ,é que ao longo dos tempos houve sempre uma promiscuidade muito grande entre a política e a religião, e a forma de lidar com a pandemia é um exemplo. Vê lá se o vídeo não te faz lembrar os tempos da mocidade portuguesa.
Eu mesmo, há uma promiscuidade entre política e religião porque um grupo de pessoas deu uma opinião através de um vídeo? Então há uma promiscuidade entre política e tudo.
A religião faz parte da sociedade. Não é um corpo estranho.
Ricardo, as escolas, os clubes de futebol,as empresas, o ricardo não pode ouvir especialistas da saúde para orientar as suas decisões? O Estado não é a sua mamã que lhe mudava a fralda quando era bebé. E se tiver dignidade, nunca deixe que o Estado o eclipse. Aliás, se estivesse à espera das orientações do Governo para tomar todas as decisões, a esta hora já estava no Júlio de Matos com tamanha confusão.
Agora obedecer às leis de cada Estado, isso deve. A lei constitucional portuguesa garante a liberdade de culto . O Governo pode, por uma razão imperiosa, pedir ao presidente para suspender temporariamente esses direitos. E fê-lo. Neste momento já estamos em normalidade constitucional (cfr. art. 19.º da CRP) por isso a Igreja não tem de pedir autorização ao Governo para celebrar cerimónias nem o Governo tem legitimidade para as proibir. Tal como o ricardo não tem de pedir para se manifestar nem o Governo tem legitimidade para o proibir de se manifestar. Se o Governo pretende fazê-lo em normalidade constitucional os cidadãos têm o dever cívico de rejeitar essa pretensão totalitária e abusiva.
O papa pediu aos bispos para ouvirem as recomendações dos especialistas e as acatar. Mas não disse para ouvir apenas os especialistas sob a alçada dos governos.
Eu acho que a Igreja fez bem em não querer celebrar o 13 de maio este ano. Em primeiro lugar porque os especialistas dizem que ainda é perigoso e em segundo lugar porque não deve potenciar esse perigo. Mas neste momento, repito, não tem qualquer impedimento legal. O art. 18.º da Resolução do Conselho de Ministros n.º 33-A não se aplica a celebrações religiosas nem a manifestações (e o Governo teve o cuidado de não escrever expressamente “religiosas” nem “manifestações”). Se a intenção do Governo for que se aplique, então está em completo e descarado confronto com a Constituição e os mais elementares direitos consagrados. Nesse caso estaríamos oficialmente em regime totalitário.
o problema do pinto é ser facho e esconder-se na igreja justificar o injustificável, até cita aquele porschecarrera turb-ó-conservador e o vosso problema é darem trela a filhos da puta que bolsam latâncios & atanásios de cátedra a ver se cola. só falta vir com a treta dos comunistas poderem comer criancinhas ao pequeno almoço e os padres é que são acusados de pedofilia. vejam lá se o gajo fala do papa francisco, tá bom, esse é comuna, aquele nazi de almada éké fixe.
Não são o grupo de pessoas a dar opinião, é a forma com que o vídeo transmite a mensagem, só falta porem no final a célebre frase “viva salazar”.
só falta porem no final a célebre frase “viva salazar”
Isso cheira a preconceito.
Salazar nunca ia a uma missa. A sua aproximação à Igreja foi mera estratégia política.
Ó Pinto chama-lhe preconceito chama-lhe o que quiseres, mas não achas que estes vídeos paternalistas já não fazem sentido em pleno século XXI.
As pessoas não precisam que lhes digam o que fazer, as pessoas precisam é de ser informadas com isenção e sem fundamentalismos.
A igreja só tem de fazer o seu papel, que é difundir a fé e apoiar os mais necessitados.
“Salazar nunca ia a uma missa.”
yah meu! basta googlar salazar+missa e vais a quantidade de fotografias que aparecem do gajo na missa.
“Salazar nunca ia a uma missa”.
Pois não, a última vez que foi, 1937, escapou a um atentado à bomba. A partir de então, tinha capela privativa na nova casa (S. Bento) e um capelão que lá ia rezar a missa todos os domingos sem falta, só para ele. E tinha o seu confessor oficial, como os reis.
“A sua aproximação à Igreja foi mera estratégia política.”
Não se aproximou da Igreja, sempre lá esteve, mandava nela e ela obedecia-lhe. Esqueces que ele fez o seminário todo e só recuou no momento da ordenação. Esqueces que ele foi dirigente do Centro Católico Português. Esqueces que ele teve a total confiança dos papas, da grande maioria dos bispos e do patriarca de Lisboa, seu íntimo. De certo modo, Salazar foi verdadeiro dono da Igreja até aos anos 1950-60, quando começou a surgir alguma contestação de fieis, padres e dois ou três bispos.
“Salazar nunca ia a uma missa.”
não era preciso, o cerejeira e o barbeiro iam lá a casa.
“A sua aproximação à Igreja foi mera estratégia política.”
e ao hitler tamém, diziam que o gajo era comunista e assim convenceu aos alemães do contrário
“Neste momento já estamos em normalidade constitucional (cfr. art. 19.º da CRP) por isso a Igreja não tem de pedir autorização ao Governo para celebrar cerimónias nem o Governo tem legitimidade para as proibir.”
então bora lá fazer missas a granel, espalhar o vírus e infectar os infiéis. tás à espera de quê? o que tu queres mesmo é cenas à ventura pró currículo.
«Será que aqueles meninos, os papás e os seus mentores deixarão de ser pessoas pensantes (gente) por falta de a missa?»
Pinto, afinal que leste, e não tresleste, nesta frase que não viste precisamente o sentido da proposição feita na interrogativa?
Se tivesses lido com cabeça terias logo concluído que a tal frase tinha o sentido preciso que defendes em 8:43, isto é, que a missa não só não é essencial como não tem ponta de corno de qualquer “essencia”.
E por isso mesmo nem eu nem os meninos deixam de ser o que são por falta de missa.
Percebeste agora ou precisas de mais racionalidade.
A propósito de racionalidade.
Quanto à fé como sendo uma racionalidade já os melhores neoplatónicos escolásticos e Aquino tentaram a todo o custo e milhares de páginas de papiros e papel demonstrar tal proposição e não o conseguiram nem ninguém depois deles que eu saiba. Mas talvez o teu mestre Portocarrero cometa tal proeza num golpe de fézada transcendental.
Entendi bem? Cafés, Restaurantes e Comércio em geral não são atividades essenciais, mas as missas são.
Só podem ser atrasados mentais.
Júlio, uma coisa reconheço: estudar a história é sempre difícil e complexo. Analisar a fé de figuras históricas que já não estão entre nós é amplamente difícil. Mas recorramos ao que temos. Salazar ia às missas como vão muitos portugueses hoje (casamentos, baptizados, em honra de um amigo ou familiar, etc.) ou na qualidade do cargo que ocupava. Agora o que as biografias dele indicam (com excepções, como é óbvio) é que não ia a missas como devoto e não tinha grande apreço pelo culto mariano. Em 1946, na primeira visita do representante do papa ao país, o cardeal Benedetto Masella (naquela altura o papa não saía de Roma), nem sequer o recebeu, tendo deixado o cardeal Cerejeira furioso pois dava um sinal de afastamento. E em 1967, quando o papa Paulo VI veio a Portugal no 50º aniversário das aparições, recebeu-o apenas em contexto diplomático, não tendo comparecido nas cerimónias religiosas.
Aliás, até a insuspeita e vermelhusca historiadora Irene Pimentel (vou logo à mais radical para não dizer que procuro historiadores a jeito) escreveu que ” tanto Cerejeira como Salazar advogavam a separação entre o Estado e a Igreja” e que “criticavam já o relacionamento entre a Igreja e a monarquia constitucional, a forma como os padres se sentavam à mesa do orçamento de Estado”. Diz ainda que quer o estadista quer o clérigo “eram dois estrategas e depois do período mais fatal de relacionamento, na década de 1930, Estado e Igreja dividem tarefas”. Atenção que estou a citar a historiadora com reconhecida e aberta tendência político-ideológica.
José Neves, se tivesse lido a resposta, teria percebido que eu não retorqui na questão do que é essencial. Apenas fiz um paralelismo com a liberdade que também não é essencial do ponto de vista biológico do termo. E a questão que eu volto a colocar é esta: e deixa de ser essencial por isso?
Não me recordo de um, um único filósofo, de um único teólogo a tentar demonstrar que a fé é racional. Só o simples exercício intelectual sobre a fé já por si é racional. As “Cinco Vias” de São Tomás de Aquino não são ou deixam de ser racionais. Isso nem sequer é conversa (foi uma pedra que as escreveu?). São de uma subtileza intelectual, de uma riqueza racional, que ainda hoje são doutrina em todas as universidades do mundo.
Quando eu faço uma análise histórica à vida de Jesus de Nazaré e um pensamento dialético sobre essa investigação – sem preconceitos e com a devida elasticidade mental que o assunto recomenda – a argumentação lógico-racional aponta para a veracidade da Sua ressurreição e da Sua natureza divina. É mais racional, mais lógica esta tese que outra qualquer. Eu sei que à primeira leitura isto faz confusão. E até se mexeu na cadeira quando o leu. Mas é factual: se nos libertarmos de algumas amarras, se nos debruçarmos sem a prévia conclusão (ou seja, o preconceito) que não houve ressurreição, e estudarmos com uma mente aberta (e ter uma mente aberta é precisamente isto e não aquela ideia propagandística que muitas vezes é vendida), a conclusão mais lógica é que Jesus Cristo, filho de Deus, ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras.
dass… ò galináceo. lê os jornais da época e caga nas biografias dos lambe cus. claro que o botas queria mandar no país e não ter de obedecer a ordens do vaticano, mas a irene não diz que deixou de ser católico e não ia à missa. ele, como bom ditador, não ia à bola com quem lhe dava ordens, só com cunhas e muita vassalagem. a ressurreição é como a cena de fátima, ninguém acredita naquela porra, mas como vai rendendo umas massas livres de impostos, a igreja vai dizendo que sim porque o povo delira com idas ao santuário de joelhos para curar artrites.
Pinto, estudar o catolicismo do Salazar não é nada difícil, é preciso é estudá-lo, e não acreditar em bocas sem qualquer fundamento. Há material muito abundante, a começar pelas agendas dele, em que o Salazar registou sem falha todas as missas dominicais em sua casa desde os anos 30 até ao fim. Quanto à falta de “apreço” do Salazar pelo culto mariano, pelos vistos não sabes que ele sempre teve uma imagem da Virgem na parede do gabinete em S. Bento.
O ponto principal, que parece que não entendeste, é que ele tinha uma atitude regalista em relação à Igreja, isto é, queria mandar nela, até porque estava convicto, e insinuou isso várias vezes, que conhecia o catolicismo melhor que os próprios bispos. Era assim que ele entendia a tal “separação”: com o Estado (que era ele próprio) a mandar na Igreja e não a Igreja a mandar no Estado. O que não o impediu de dar muitas benesses à Igreja, coisa de que ele próprio sempre se gabou, sobretudo para exigir dela apoio político e obediência.
Paulo VI era um democrata cristão e foi um dos principais fundadores da Democracia Cristã em Itália no pós-guerra. Salazar considerava a democracia cristã uma porta aberta para o comunismo.
O mesmo Paulo VI, e antes dele João XXIII, eram anticolonialistas, pelo que entraram fatalmente em choque frontal com Salazar durante a guerra colonial.
Seria absurdo, perante estes e muitos outros factos, sustentar que o Salazar era pouco católico ou que hostilizou a Igreja. Tinha fortes convicções católicas, mas muito antiquadas e bolorentas. Hostilizou apenas os católicos que lhe fizeram frente, em Portugal ou em Roma, mas em ambos os lugares tinha muitos apoiantes e lambe-botas.
Vou citar um texto de um autor a ver se o convence que Salazar não era católico: “ele [Salazar] tinha uma atitude regalista em relação à Igreja, isto é, queria mandar nela, até porque estava convicto, e insinuou isso várias vezes, que conhecia o catolicismo melhor que os próprios bispos. Era assim que ele entendia a tal “separação”: com o Estado (que era ele próprio) a mandar na Igreja e não a Igreja a mandar no Estado (…) ele próprio sempre se gabou, sobretudo para exigir dela apoio político e obediência (…)
Júlio, sem querer estar aqui a debater cada frase que escreveu, o seu texto contradiz-se nele mesmo. E porquê? Porque antes de tudo é preciso saber o que é o catolicismo e o que é ser católico. Um católico nunca, jamais e em tempo algum pode querer “mandar na Igreja”. Em primeiro lugar porque quem manda na Igreja é Jesus Cristo. A Igreja somos nós e todas as almas dos que já cá passaram e não a Benfica SAD. Em segundo lugar, o católico deve obedecer ao papa. A Igreja tem dogmas e nenhum católico pode achar que, tendo mais conhecimentos teológicos que os papas, pode contrariar ou rejeitar esses dogmas. Se assim pensa, não é católico. Pode dizer à boca cheia que o é. Mas na melhor das hipóteses para ele, é um ignorante. Na pior, um mal intencionado. São Tomás de Aquino certamente sabia mais que o papa. Mas nunca almejou ser ele a mandar na Igreja. E porquê? Precisamente porque conhecia bem o que é a Igreja.
Se correr este país de Norte a Sul, o que mais vê são pessoas com um terço pendurado no retrovisor do carro e que nunca puseram um pé numa cerimónia da Eucaristia (exceptuando um ou outro casamento no qual vão beber martinis para o café mais próximo enquanto decorre). Também vê muitas fotos do presidente da República em gabinetes de responsáveis de organismos do Estado com as pessoas a falar mal do presidente com ele pendurado nas costas. O que eu lhe apontei foram actos (ou omissões) praticados por Salazar e que demonstram o desdém que teve pela Igreja. O Júlio adicionou argumentos. Eu agradeço
Pinto, não sou eu que sou contraditório, o Salazar é que o poderia ser, segundo essa óptica, que não é a minha. Ele sempre foi católico, mas sempre quis mandar na Igreja, não propriamente para a oprimir ou subjugar, como o Afonso Costa, mas porque se achava o verdadeiro chefe e patrono dela em Portugal. E teve de facto a seus pés, durante muitos anos, toda a Igreja portuguesa, que o considerava unanimemente uma dádiva de Deus a Portugal. O cardeal Cerejeira chegou mesmo a associar o advento do salazarismo à história de Fátima e a chamar ungido de Deus ao ditador. A Irmã Lúcia derretia-se toda pelo seu Salazarinho. Não há maneira de iludir isto.
E quanto aos papas, o Salazar teve durante décadas os maiores elogios do Pio XI e do Pio XII, que também o consideraram providencial. Esses papas, sim, eram obedecidos e venerados pelo Salazar e pelo Cerejeira. Depois apareceram outros papas, com outras visões políticas, que tanto o Salazar como o cardeal Cerejeira consideraram que eram maus papas, porque eram “progressistas”. Acha que o Cerejeira também não era católico?
ò galináceo vai estudar, pela amostra nem a primária fizeste. podes começar por aqui:
deus, pátria, família:
a trilogia
da educação nacional
procura no google que achas e de caminho e enfia os martinis mais a eucaristia cu acima. farto de investigadores da treta, especialistas em coisas vagas baseadas em bitaites de porteira amanhados em conversa tipo vendedor de cobertores de refugo. és capaz de ter futuro a pregar essas cenas à porta do império em dia de hálámerda.
Pinto: Contive-me até agora, o que é uma vitória. Obviamente não te achas ridículo a tratar personagens míticas como se existência tivessem. Enfim, estás feliz, eu estou feliz por ti. Mas diz-me só o que andou o teu deus a fazer durante cerca de, pelo menos, 200 000 anos de homo sapiens até se dignar mandar o suposto filho para finalmente iluminar a humanidade, deixando “na escuridão” milhares de infelizes lá atrás? “Troubles” na nebulosa de Andrómeda?
E, já agora, dos 3000 deuses conhecidos (número redondo, simbólico) por que razão rejeitas tu 2999? Homem, se gostas dessas coisas, há todo um manancial de histórias a explorar!
Júlio, para início de conversa eu não partilho quase nenhuma das posições políticas de Salazar. Seja do ponto de vista da economia centrada no Estado, seja o corporativismo económico, seja o anti-semitismo, seja o anti-americanismo, seja o anti-capitalismo, nada disto faz parte integrante da minha ideia de política. Eu não defendo Salazar. Critico esta visão a preto e branco. Quando se quer criticar a ideia do outro e não há um argumento à mão lá vai a conversa do Salazar. E aqui aconteceu precisamente isso: estava-se a discutir numa linha e veio o Eu mesmo: “só falta porem no final a célebre frase “viva salazar””.
Mas vamos de volta ao assunto. Eu comecei por dizer que analisar a fé é dificílimo. E é: ninguém sabe sequer muito bem em que acredita quanto mais naquilo que os outros acreditam. Mais difícil ainda, naquilo que os que já morreram acreditavam. Salazar era católico? Bem, foi baptizado católico. Mas Estaline também foi baptizado na Igreja Ortodoxa. Aliás, não só foi baptizado, como estudou numa escola da Igreja (de Gori) e, mais tarde, num seminário. E a partir da II Guerra permitiu novamente que os bispos celebrassem os seus rituais religiosos. E isso diz-nos o quê? Que Estaline virou um devoto da Igreja Ortodoxa?
O que devemos separar é a religião como sentimento individual, íntimo, da vida pessoal, da religião como instrumento de acção política. A primeira é difícil de se estudar e discutir. Voltando ao exemplo de Estaline, há teorias que defendem que ele acreditou que a Batalha de Moscovo teve intercessão divina. Porventura passou-lhe pela cabeça algumas noites. Quem não tem, ao longo de toda a vida, pensamentos supersticiosos? Mas o que interessa aqui é a religião como instrumento de acção política. E é óbvio, é nítido, é claro, é unânime que Salazar instrumentalizou o catolicismo para os seus objectivos políticos. Mas não foi só Salazar que fez isso. Fez Salazar, fez Mussolini, fez Hitler, fez Estaline (o historiador Oleg Khlevniuk, escreveu: “Mudar da abordagem iconoclasta das décadas de 1920 e 1930, da repressão em massa contra padres e fiéis, à reconciliação foi uma ação prática e demonstrativa. Essa mudança na política soviética em relação à religião deve ser vista dentro do contexto de incentivo ao patriotismo russo”), fez Napoleão, fez D. Fernando II de Aragão. Se quisermos, fizeram todos (Maquiavel dissecou isso tão bem, e com tantos exemplos, para explicar ao Príncipe como deveria instrumentalizar a religião). E Salazar fê-lo particularmente porque o antagonismo ao catolicismo foi uma das principais razões que levou à queda da I República. E ele sabia-o perfeitamente. E mudou o rumo com uma aproximação estratégica (como escreveu Maquiavel, “Pode ver-se, quem considera bem a história romana, o quanto a religião foi útil para comandar os exércitos, animar o povo, manter os homens bons e envergonhar os maus” (Discorsi I, 11)). Mas jamais colocou os interesses da Igreja à frente dos da nação.
Esses papas, sim, eram obedecidos e venerados pelo Salazar
Júlio, volto a recordar em que 1946, na primeira visita do cardeal Benedetto Masella, em representação do papa Pio XII (que na altura nunca saía de Roma) ao país, nem sequer o recebeu, tendo deixado o cardeal Cerejeira bastante chateado. E por acaso em 1967 até recebeu (diplomaticamente) o papa Paulo VI. Quanto ao papa Pio XII, convém recordar que foi o autor (embora ainda não fosse papa) das encíclicas “Non abbiamo bisogno”, de 1931, criticando abertamente o fascismo e “Mit brennender Sorge”, onde critica ferozmente o nazismo (tendo conduzido mais de 2500 padres para o campo de concentração de Dachau). E também não é demais lembrar muito boa gente da Inglaterra e dos EUA criticaram o papa por ter um discurso de conflito, quando estes ainda acreditavam na boa fé de Hitler.
Vou terminar como comecei: isto não é uma apologia a Salazar (nem pouco mais ou menos) mas uma rejeição desta ideia de que tudo o que Salazar fez, decidiu, disse, comeu, vestiu e pensou, foi mau. Aliás, esta pandemia já serviu para uma coisa: fazer salientar o porquê do povo ter aceitado as restrições à liberdade em nome da estabilidade. De cada vez que eu dizia que era preciso analisarmos o contexto da época era acusado por certos colegas de estar a querer defender Salazar. E sempre disse que não; que simplesmente não sou apologista desta ideia snob (Clive Staples Lewis chamou de snobismo cronológico) de pegar nos olhinhos de hoje e fazer julgamentos da história através da nossa perspectiva. Mas há por aí uam escola que insiste que não senhor. Que o povo aceitou porque era ignorante. E dizem: olha os ingleses e os americanos que não nunca prescindiram das suas liberdades. Mas foi ver a chegar uma pandemia, que comparada com os problemas que os nossos antepassados viviam nas décadas de 20 e de 30, é uma brincadeira, e os portugueses a ficarem atarantados. Foi ver o Governo a dizer: meus amigos, vou suspender as liberdades até nova decisão”. E os portugueses, em pavor, com as maozinhas entre as pernas a dizer que sim. Suspendam tudo, metam tudo em casa, mas por favor, que não aconteça o que acontece em Espanha. Foi ver os bufos a ligar para a polícia que o senhor do café estava a vender cervejas pelas traseiras, foi ver aquele tom moralista a condenar toda a gente que ande na rua. Agora imagine-se que em vez de se olhar para a Espanha e ver milhares de idosos sem conseguirem ter assistência hospitalar (que tanto nos horrorizou) fosse ver milhões de espanhóis a serem fuzilados, bombardeados e cheios de fome. A nossa natureza veio ao de cima: aceitamos muito melhor a supressão das liberdades que os ingleses e norte-americanos. Com medo entregamos tudo de mão beijada.
Ahahahahaha,
Vocês conseguem por-se a jeito para levar baile do pinto e é muito bem feito.
Vamos la ver uma coisa simples : quando o pinto diz que as religiões, ou antes os grandes monoteismos, são racionais, ele tem carradas de razão. De facto os grandes monoteismos, na medida em que contribuiram (ou acompanharam) o processo que coloca a raiz da religião na convicção pessoal e na “crença” de cada um, são intrinsecamente racionais. Basta ver, alias, que todas elas produziram paginas e paginas de raciocinação, materializadas por bibliotecas inteiras de teologia…
Esse racionalismo não é incompativel com intolerância, nem com obscurantismo, nem com fanatismo ? Pois não. Seguramente que não. Nenhum racionalismo é. Vocês e os vossos comentarios são a demonstração acabada deste facto.
A ver se alguém, entre os racionalistas de trazer por casa que fazem este blogue, é capaz de rebater isto de forma convincente…
Boas
só faltava aqui o especialista do absurdo a defender o racionalismo do irracional. bora lá ser racionalmente tolerantes com a intolerância, o obscurantismo, o fanatismo e já agora com o idiotice militante do Ahahahahaha.
Ola Inacio, uma beijoca para ti !
“What I know, I believe”
A ver se és capaz de identificar o mestre do absurdo que escreveu isso.
Boas
Pinto, quem puxou para aqui o assunto Salazar não fui eu, foi você e outro opinante. Também não chamei salazarista a ninguém, nem sequer aos patetas dos video. Recordo que contestei duas frases suas: “Salazar nunca ia a uma missa. A sua aproximação à Igreja foi mera estratégia política.” Noutro comentário, você dizia que Salazar não tinha apreço pelo culto mariano. Provei que Salazar nunca falhou uma missa, que era um devoto da Virgem e que não tinha que se aproximar da Igreja, pois sempre lá esteve, era mesmo a figura mais destacada da “política católica” e durante muitos anos foi entusiasticamente apoiado e até sacralizado pela Igreja. O resto da sua argumentação foi basicamente tentar mudar de conversa.
Mas já que falou na encíclica Mit brennender Sorge, apesar de isso não vir nada a propósito, ela não foi escrita por Pacelli, o futuro Pio XII, como afirma, mas sim colectivamente por Pio XI, Pacelli e três cardeais e dois bispos alemães. Alguns destes eram críticos da política racial e religiosa dos nazis, mas outros não queriam uma confrontação com o regime, de que admiravam vários aspectos. Foi o cardeal Faulhaber o redactor do rascunho inicial da encíclica, que foi quase todo retomado na versão final. Um esboço escrito por Pacelli (que, além de cobarde, era um velho germanófilo) foi julgado demasiado débil pelo próprio Pio XI. A encíclica, aliás, atacou a doutrina racial dos nazis, mas não atacou nem o nacional socialismo nem o Hitler. Vários dos bispos e cardeais alemães que colaboraram na redacção da encíclica apoiaram depois as guerras de agressão desencadeadas por Hitler a partir de 1939. Mandaram tocar os sinos por toda a Alemanha quando a católica Polónia foi invadida. E apoiaram a ‘cruzada’ anti-bolchevique em 1941. Mas estas coisas, como digo, nem sequer vinham a propósito.
Estou em total e absoluto desacordo com a sua outraa afirmação de que Salazar instrumentalizou o catolicismo como o fizeram Mussolini, Hitler e até Estaline (este, quando muito, buscou durante a guerra o apoio da Igreja ortodoxa, que tinha antes perseguido e dizimado). Salazar serviu-se da Igreja, mas era católico e idolatrado por essa mesma Igreja, que se revia nele e no seu regime. Nada de comparável com isso aconteceu nos casos da Itália fascista e da Alemanha nazi, muito menos no caso da URSS. De resto, todos os autores que escreveram sobre esses ditadores concordam que a sua diferença principal entre eles era que Salazar era… católico.
A terminar: praticamente todos os conflitos que Salazar teve com a Igreja de Roma antes, durante e depois da II guerra advieram do simples facto de Salazar ser muito mais reaccionário do que os papas.
Penélope, coloca duas questões (das mais vendidas no mercado de acções do ateísmo) e por isso vou responder separadamente às duas. Mas antes disso quero dizer uma coisa. Eu não digo: o meu raciocínio é este e quem tiver um diferente do meu é ridículo. Pelo contrário, aceito todos os raciocínios divergentes. E aceito com gosto aqueles que sejam dialeticamente ricos e densos.
A mente humana tende a arrumar assuntos complexos em gavetas para facilitar a sua percepção. Acontece que, muitas vezes (quase sempre) a realidade é muito mais complexa que as gavetas que construímos. A palavra “Deus” e o conceito de “religião” tanto servem para arrumar lá dentro os monoteísmos abraãmicos como o budimso, como i sistema de crenças dos vikings e dos romanos. Acontece que se retirarmos estes conceitos e analisarmos cada uma destas realidades, umas nada têm a ver com as outras. Os tais “deuses” do sistema de crenças nórdico, dos romanos, dos gregos ou dos incas eram representações alegóricas ddo Sol, da Lua, da guerra, etc. Ou seja, representações figurativas de coisas criadas que conhecemos. Mas não encontra nestes sistemas de crenças, nem no Budismo, (que para muitos autores é classificado como uma filosofia com um conjunto de preceitos) nem no Hinduísmo, nem em qualquer outra crença, a questão do Criador. Ou seja, aquele que criou mas não foi criado. Esta questão é riquíssima do ponto de vista filosófico. Quando alguém faz aquela famosa questão de Leibniz, “porquê algo ao invés de nada?”, ainda hoje leva a debates infinitos entre pessoas. Stephen Hawking, um excelente físico (o que não significa que seja excelente em tudo) cai na armadilha de querer responder de forma científica e diz que “devido à existência lei da gravidade o universo pode, e irá, criar-se a si mesmo a partir do nada”. Esta frase desastrosa (do ponto de vista filosófico) foi deliciosamente dissecada pelo professor John Lennox, da universidade de Oxford, numa palestra de 50 minutos, que se pode assistir no youtube (esta questão em concreto no minuto 13). A nossa mente não consegue sequer materializar, de forma concreta o que é o “nada” (se existe lei da gravidade, existe algo; já não estamos a falar do nada). Quando falamos do Deus cristão estamos a falar do Criador de todas as coisas criadas. As ciências (a física, a química, a matemática, a biologia, a música) estudam o funcionamento das coisas criadas. Mas é redutor, do ponto de vista intelectual, que se aspire a que estas ciências também consigam estudar o Criador das coisas criadas. O Criador não é uma coisa criada. Não é algo que está ali, naquele sítio. É o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis (citando o credo de Niceia). É o Criador do tempo.
E aqui entramos na sua segunda questão. Para Deus não há o “lá atrás” nem o lá à frente. Deus não está amarrado ao tempo. Deus criou o tempo. E é aqui que é muito difícil dar o passo seguinte. Não queiramos conceber de uma forma concreta o que é isso de não estar no tempo ou o que é o nada. Apenas conseguimos materializar isso de forma abstrata. E por isso não vamos conseguir ter uma resposta taxativa a essa questão. Temos de ter a humildade intelectual de admitir que há razões que a nossa razão não alcança (por exemplo, o que é o nada). E essa sua segunda questão só pode ser respondida desta forma: para Deus eles não estão lá atrás e nós cá à frente. Porque Deus não está no tempo. Deus criou o tempo.
Júlio, nem eu. Apenas respondi a uma outra pessoa e o Júlio veio atrás para responder. O Júlio não provou que Salazar não falhou uma missa. Duvido que alguém viva sem falhar uma missa. Nem sequer que ele ia à missa devotamente. O único que sabemos é que esteve em missas em representação na qualidade do cargo (e acredito que tenha ido a muitas de amigos, de casamentos, etc.). Mas eu demonstrrei, com factos, que ele teve atitudes que demonstram pouco apreço pelo catolicismo: não recebeu o bispo em 1946 e não foi às cerimónias religiosas aquando dos 50 anos das aparições.
O papa Pio XII não só redigiu a encíclica* (nenhuma encíclica é escrita por uma só pessoa) como teve atitudes louváveis ao longo da guerra, incluindo o acolhimento de 30 mil judeus no Vaticano, para não serem transportados para campos de concentração, o que lhe valeu um quase bombardeamento daquela cidade Estado (episódio histórico representado na série “Sotto il cielo di Roma”; série que desconfio que nunca passará na “isentíssima” RTP ou na “isentíssima” SIC). A sua ajuda aos judeus foi reconhecida, nada mais nada menos, que por Golda Meir que afirmou, aquando da sua morte: “Nós choramos um grande servidor da paz” pois na ocasião do “terrível martírio que se abateu sobre nosso povo, a voz do Papa elevou-se em favor das vítimas.”
Então porquê esta imagem negativa que por vezes anda no ar sobre Pio XII? Convém ir à raíz e ler um pouco sobre a operação Trono-12 da ex-URSS.
Por fim, eu nunca afirmei que todos os clérigos eram contra Hitler. Teve muitos do lado dele. Tal como houve muitos ao lado de comunistas. Mas isso é à revelia da hierarquia máxima da Igreja. Espero que se esses padres se tenham arrependido e confessado antes da morte. Pois muitos deles pecaram e pecaram muito.
(*) Encíclica que utilizou a expressão “campos de concentração” na sua crítica. Local que à época que foi escrita, não era destinada aos católicos. Foi depois, precisamente por causa da encíclica e da sua leitura
pinto,
o problema com a sua resposta ao enigma da criação é que não explica absolutamente nada. Uma resposta ou explicação é algo que reduz o complexo ou incompreensível a partes mais simples ou compreensiveis de forma a iluminar o entendimento sobre a primeira.
ora ,a sua resposta não esclarece absolutamente nada e é indistinguível de responder a alguém que não entende aerodinâmica que os aviões voam “por magia”.
que o Pinto se console com uma explicação tão pobre, apelando a uma entidade da qual não tem absolutamente nenhuma prova de existência, diz mais sobre si e sobre o seu método de raciocínio que outra coisa.
Nada na natureza implica a existência de um criador e a ideia de que esse tal criador estaria liberto das amarras do tempo torna-o ainda mais absurdo e paradoxal, como é fácil de compreender.
Pinto: Estás mal informado. A ideia de um criador é tudo menos original. Digo mais: de tão simples, seria duvidoso que ninguém se tivesse lembrado de a pensar ou verbalizar até há dois milénios. O hinduismo tem no seu deus Brahma o criador do mundo, em Visnu o seu sustentáculo e em Siva o seu destruidor (uma trindade que até o “diabo” contempla). No zoroastrismo, Ahura Mazda era o deus criador. No antigo Egipto, Ra teria criado o mundo. Cronos criou o tempo, segundo a mitologia grega. E por aí fora. Mas, antes destas, já muitas outras explicações orais semelhantes para o mundo seguramente existiram sem deixarem registo. Portanto, nada de particularmente novo nesse criador cristão nem nada capaz de fazer parar o trânsito hoje em dia. Nem o trânsito, nem felizmente a ciência, pouco dada a explicações simplistas e fantasiosas. Hoje sabe-se (a bem dizer, sempre se soube – mas a religião tem servido vários propósitos) que as probabilidades da existência de um criador do universo ou dos vários universos de que agora se suspeita são nulas. Até de “criação” propriamente dita.
Por outro lado, quando dizes lá atrás, continuando no teu estranho mundo, que acreditas piamente na existência física de uma mãe e de um filho de uma divindade, casos de uma tal Maria e de um tal Jesus, referidos nuns dados escritos antigos – registos de histórias que se ouviam, ou que se criaram para realizar profecias -, de criaturas capazes de multiplicar pães e de subir ao céu, o mínimo que posso responder é que estás a ser ridículo. Como o Portocarrero e a virgindade da Maria. Para mim, o que dizes é o equivalente a dizeres-me que a Terra é plana. És livre de o dizer? És. Mas para mim é impensável que seja tema para conversa séria.
seria duvidoso que ninguém se tivesse lembrado de a pensar ou verbalizar até há dois milénios
Dois mil anos Penélope? Mas acha que as Escrituras Sagradas foram escritas há dois mil anos? Que se juntaram uns quantos homens numa sala e um ficou de escrever Génesis, o outro a Epistola de São Paulo aos Coríntios e por aí fora? Bem, não me admira que ache tudo ridículo. Os meus filhos também achavam que lavar os dentes era ridículo. E achavam porque de facto o era? Não: porque a razão deles não alcançava a importância daquilo que estavam a fazer.
Penélope, Cronos é o deus do tempo e o seu pai, Urano, o deus do céu. Mas não é o criador do tempo (como é que um criador do tempo poderia ter um pai que lhe antecedia?). A ideia de criação do tempo ou do antes temporal nem sequer alguma vez foram teologicamente discutidos fora do contexto judaico-cristão. De igual modo, Brahma é o deus do Universo mas jamais essa mitologia abordou a questão da criação de algo a partir do nada. São figuras representativas de coisas criadas, existentes. Mas não a razão da existência das coisas.
nesse criador cristão
Nem me vou alongar. Primeiro deveria entender melhor as religiões abraãmicas.
Hoje sabe-se (a bem dizer, sempre se soube – mas a religião tem servido vários propósitos) que as probabilidades da existência de um criador do universo ou dos vários universos de que agora se suspeita são nulas
Ai é? Mas foi o resultado de uma experiência num laboratório? Vá avisar todos os filósofos e teólogos que discutem por essas universidades, por esse mundo fora, que já tem a verdade no bolso. É que ninguém sabe da novidade. E continuam a discutir as “Cinco Vias” de Tomás de Aquino quando a Penélope já traz consigo a verdade desconhecida por esses ignorantes.
Owen Barfield, há sensivelmente cem anos, rotulava de “snobismo cronológico” àquela crença (imatura) de que a humanidade se enganou “por inúmeras gerações, nos erros mais infantis, em todo o tipo de assuntos elementares, até que foi redimida por um parecer científico do último século” (History in English Words). O seu amigo C. S. Lewis, um agnóstico que achava que a religião estava ultrapassada, confessou mais tarde no seu livro: os “contra-ataques [de Barfield] destruíram para sempre dois elementos do meu pensamento. Em primeiro lugar, acabou com o que eu chamo de “snobismo cronológico”, a aceitação sem crítica do clima intelectual comum da nossa Era e a suposição de que qualquer ideia que tenha saído de moda é, por esse motivo, desacreditada. Você precisa de descobrir porque saiu de moda: foi refutada (e se sim, por quem, onde e como se chegou a essa conclusão) ou simplesmente foi desaparecendo, como na moda costuma suceder? Se foi este último caso, isto não diz nada sobre a verdade ou a falsidade. Percebendo isto, compreende-se que o nosso tempo é também “um período” e certamente tem, como todos os períodos, as suas ilusões”.
(LEWIS, Clive Staples, “Suprised by joy”, C. 13, PP. 207 a 208)
Antes de me responder, pense um pouco sobre isto. Faça isso por si.
portanto, como a humanidade andou anos a dizer que os faraós eram deuses, os faraós deviam ser deuses. estou a perceber a sua lógica. deixe lá ver o que foi que a humanidade andou anos a dizer e estava errada: ah olhe que o sol e as estrelas andavam à volta da terra, que eramos uma espécie diferenciada dos outros animais, por exemplo. o pinto ainda acredita nisso?
eu percebo-o, pinto. o pinto acredita no acreditar. acha que isso cria comunidade e dá força, e eu não tenho nada contra. não tente é passar essa patranha em que acredita como verdade ao mesmo nível da radiação cósmica de fundo ou a recessão das galáxias como prova para o modelo do Big Bang. Porque não tem nada a ver uma coisa com a outra.
E o problema torna-se ainda maior quando, e nem o pinto consegue escapar disso, se tenta dizer que uma dada confissão religiosa tem mais valor que outras. Porque os muçulmanos têm exactamente a mesma convição que o Pinto acerca dos seus textos sagrados. E então como ficamos? Quais é que são os sagrados, inspirados e criados por uma força superior transcendental? Porque dizem coisas diferentes, não é?
Se o pinto me conseguir demonstrar aqui que uns escritos são mais verdadeiros, espiritualmente verdadeiros, que transmitem a verdadeira mensagem divina, por assim dizer, quem vai recolher os louros da Academia filosófica, religiosa, científica, literária, de toda a humanidade vai ser você. e a mim restará aplaudi-lo.
tenho alguma confiança que ganharei o desafio, no entanto. creio que o pinto nem sabe em que lingua foram escritos os evangelhos, quanto mais.
deixo mais uma pergunta para acabar, pinto: porque é que deus, omnipotente, não conseguiu deixar a sua mensagem, partindo do principio que quis deixar alguma, à humanidade de uma forma clara e inequívoca?
depois diga coisas.
Pinto: Quem tem a verdade no bolso pareces ser tu. Afinal é tudo muito simples e não há que gastar neurónios. Há um criador que ninguém criou (enfim, podemos ter sido nós, quem sabe?), autor de tudo o que existe e de mais além. Imaginemos que sim. Nada contra. Até dava jeito. Olha, por mim, se for esse o caso, deixo-o estar sossegado, onde e se estiver. Fez o que tinha a fazer. Um criador cria. E ele criou. Está feito. Só não percebo por que razão mereceria essa criatura (ser, entidade, ente, espírito – riscar o que não interessa) adoração, reverência e louvores, rezas, etc.. Eu até tinha umas sugestões a fazer-lhe. Os tremores de terra, por exemplo, chateiam-me.
Não há dúvida, aqui respira-se coltura…
Ó pinto também sabes o que é o esternocleidomastóideo ou ainda lá não chegaste.
Ora vamos lá a pôr alguma seriedade nesta conversa e a conferir alguma substância à sua confrangedora superficialidade. Para começo e fim da dita, em verdade vos digo que Deus é gordo e leva no cu e sobre esta telúrica verificação edificarei a minha igr… perdão, a minha catedrálica palhota. Nela viverei feliz para sempre e também nela darei o peido final. Oremos.
Quem tem a verdade no bolso pareces ser tu
Não é verdade Penélope. A Penélope desafiou-me a responder ao que aconteceu aos que morreram antes da vinda de Cristo e eu não respondi “foi assim”. Apenas formulei uma resposta dialética sobre a natureza divina: se Deus é o Criador de todas as coisas, se é o criador do tempo, Deus não está amarrado ao tempo.
Tal como não há uma resposta taxativa sobre a razão de Deus nos pedir que acreditemos Nele. Ou do porquê da nossa existência. Ou porque é que criou a gravidade e não outra coisa qualquer. Em vez de tentarmos uma resposta, devemos recuar dois passos e analisarmos a pergunta. Mais importante que dar uma resposta a essas questões, é a reflexão sobre essas mesmas questões.
Quando uma criança de 2 anos lhe pergunta como é que o carro anda, a Penélope responde que carrega no pedal e ele anda: e ele percebe isso porque está ao seu alcance. Mas não lhe vai explicar o funcionamento do motor a combustão, a importância do eixo de transmissão e a formulação química da gasolina, para que não lhe escape nada. Porquê? Porque a Penélope sabe que ele não o entenderia. E estamos a falar de dois seres humanos, com uma diferença de idades.
Se Deus é o Criador de todas as coisas criadas, nós, coisas criadas, teremos o alcance cognitivo para entender todos os mistérios do Criador? E é precisamente a este reconhecimento, a esta humildade, que nos convida a reflectir o Livro de Jó. Quando Jó perguntou a Deus porque havia tido tantos infortúnios se Lhe era tão fiel, Deus não lhe deu uma resposta cabal. Os discursos entre Deus e Jó não explicam o sofrimento de Jó, não defendem a justiça divina, não aceitam o confronto argumentativo exigido por Jó e nem respondem ao seu protesto de inocência. Ao invés disto, eles contrastam a fraqueza de Jó com a sabedoria e a omnipotência divina: “Onde estavas tu quando eu lançava os fundamentos da terra?” (Jó 38:4).
Não temos todas as respostas dos enigmas do universo. É um facto. Mas descartar esses enigmas, acreditando que aquilo que conhecemos já é completo, é um gesto de receio, de medo com o desconhecido.
Veja se as palavras de Ratzinger não fazem sentido: “A fé constitui para o incrédulo uma ameaça e uma tentação para o seu mundo aparentemente completo” (Joseph Ratzinger, Introdução ao Cristianismo, p. 32).
teste, está precisamente a confirmar aquilo que escrevi em cima sobre o snobismo cronológico. Os seres humanos vão tendo cada vez mais conhecimento do funcionamento das coisas criadas. Como esse conhecimento vai sendo maior, há uma tentação para o deslumbramento. Ficamos encadeados com o que sabemos e criamos a ilusão da sabedoria absoluta. Caímos no entusiasmo e vem ao de cima aquela crença que Owen Barfield denominou de “snobismo cronológico”: que a humanidade se enganou “por inúmeras gerações, nos erros mais infantis, em todo o tipo de assuntos elementares, até que foi redimida por um parecer científico do último século”. É precisamente isso que está o teste a fazer com essa argumentação.
O teste está empenhadíssimo em demonstrar que essa coisa da religião, da Igreja, são coisas ultrapassadas (nem fez caso, nem reflectiu sobre o que foi escrito em cima; o que interessa é segurar a bandeira). E, pegando em exemplos, vai de mostrar como o conhecimento é excelso (obviamente que é). Mas quis Deus que desse logo dois exemplos, cujas teses nasceram de padres da Igreja: a teoria do Big Bang (concebida pelo padre Georges Lemaître) e o heliocentrismo (elaborado pelo padre Nicolau Copérnico, no desenvolvimento dos estudos do bispo Nicolau d’Oresme e do padre Jean Buridan)
Como já disse em cima, não pode querer uma evidência e um conhecimento sobre o Criador, como tem sobre as coisas criadas. Se assim fosse então o Criador mais não era que uma coisa criada. E então, aí sim, a doutrina judaico-cristã estava toda ela errada. Consegue perceber isso?
Outro mestre do absurdo:
“Il faut laisser les autres avoir raison, puisque cela les console de ne pas avoir autre chose.” (“Devemos deixar os outros terem razão, ja que isso os consola de não terem outra coisa.”)
André Gide
Boas
quem parece não estar a perceber é o pinto. já lhe disse que pode acreditar na mentira que quiser desde que não pretenda que todos os outros acreditem nela, ou dela queira fazer lei.
vejam lá, que o pinto está tão convencido que a religião católica está correcta que até traz a liça a confissão religiosa dos cientistas como forma de atestar da veracidade do que dizem. como se o facto de usarmos numeração árabe quisesse dizer que Allah é que é o verdadeiros deus, será isso Pinto? Diga-me, algum dos que refere acima citou Deus como explicação para o que propunha? E porque não?
Depois ainda passa por cima da perseguição movida pelos “especialistas em textos sagrados” aos tais cientistas a que agora reconhece mérito e verdade no que dizem. Seria porque eram os papas e bispos eram crianças, pinto?
Mas, e quem me garante que não são crianças agora, os que constituem a hierarquia da igreja? quem me garante que não estão carregados de snobismo cronologico? há alguma forma de testarmos a veracidade do que afirmam?
Ah raios, pois não há. A fé não é um caminho para o conhecimento pois com ela pode sustentar-se toda e qualquer posição, não permitindo por isso retirar qualquer conclusão válida e passível de ser aceite pelos outros como verdade. Por exemplo, como sabe o pinto que o que está a inspirar a igreja e seus bispos é deus e não o diabo? há alguma coisa para que possa apontar que permita sem dúvida saber qual das entidades sobrenaturais suporta a ICAR? é que a minha fezada está no chifrudo.
Consegue compreender isto, pinto?
Creio que não consegue. Aliás anda aí a acenar com o criador não criado de um lado para o outro mas duvido que me consiga explicar ou afirmar com certeza: se houve ou não um momento em que Jesus não era e outro diferente em que passou a ser.
Enquanto nos entretemos aqui com discussões, o Governo já publicou o Despacho n.º 5335-B/2020, estabelecendo “a forma da celebração das aparições de Fátima a 12 e 13 de maio”
Vale a pena ler a crónica do padre Portocarrero de Almada a esta aberração jurídica.
Não deixa de ser surpreendente que, a uma semana do aniversário da primeira aparição mariana em Fátima, o Governo, pelo despacho nº 5335-B/2020, publicado no Diário da República nº 89/2020, 2º Suplemento, Série II de 7 de Maio de 2020, decida pronunciar-se sobre “a forma de celebração das aparições de Fátima a 12 e 13 de maio”. Porquê surpreendente?! Porque sabe, há já alguns meses, a forma como essa celebração se vai realizar!
A peregrinação dos dias 12 e 13 de Maio, pela sua vertente internacional e pelo seu carácter multitudinário – provavelmente, a mais numerosa manifestação espontânea portuguesa – não é um evento que se prepare e realize com uma semana de antecedência. Por isso, se o Governo queria pronunciar-se sobre este acontecimento eclesial, tão querido dos portugueses e de tantos outros devotos de Maria, devia tê-lo feito, pelo menos, a meados de Março, quando já era conhecida a actual pandemia e se conjecturava a sua implicação na celebração de 12 e 13 de Maio em Fátima. Não agora, a uma semana do aniversário da primeira aparição mariana na Cova da Iria! Pode ser que, na iminência da realização da Festa do Avante!, em princípios de Setembro, e depois da incrível manifestação da CGTP, em pleno estado de emergência e em escandalosa contravenção das normas então em vigor, o Governo tenha querido, com este despacho, dar aos portugueses uma aparência de abertura e de imparcialidade. Mas esta sua despropositada iniciativa peca por extemporânea e oportunista e é também uma inqualificável ingerência numa questão que é, apenas e só, eclesial. O Governo pode decidir o que se relaciona com a vida pública, mas o modo como cada confissão religiosa comemora as suas festividades, só à própria diz respeito, como é óbvio. No preâmbulo às normas agora emanadas, lê-se: “entendendo como relevante para a comunidade católica portuguesa a celebração das aparições de Fátima, no dia 13 de Maio, e atendendo a que, mediante o cumprimento dos termos fixados no presente despacho, a saúde pública é adequadamente garantida, considera-se justificada e proporcional a realização da referida celebração, a qual, nos termos já oportunamente comunicados pela diocese de Leiria-Fátima, não contará este ano com a presença física de peregrinos no recinto do santuário.
Vale a pena chamar a atenção para algumas pérolas desta peça jurídico-teológica-literária. Como é sabido, nem todos os católicos acreditam nas aparições de Fátima, que não fazem parte do depósito da fé. Desgraçadamente, não obstante as provas que atestam a veracidade desses fenómenos, há quem não acredite que Maria apareceu, na Cova da Iria, entre Maio e Outubro de 1917. Mas – bendito seja Deus! – para dissipar quaisquer dúvidas a esse respeito, o Governo da República, por via deste seu despacho, entendeu por bem resolver definitivamente esta questão, declarando ao país que, como expressamente se refere neste despacho, houve mesmo “aparições”! O Dr. António Costa dixit, ex cathedra. Acto seguido, o Governo declara que, como o Bispo de Leiria-Fátima já disse que este ano não haverá a habitual comemoração da primeira aparição mariana, o Governo vem dizer… o que o Bispo já disse!! Por este andar, o Governo também poderá em breve declarar que, este ano, o dia 13 de Maio será mesmo depois do dia 12 e antes do 14 …
É muito sugestiva a forma de presença interdita: só se impede a “presença física”. Certamente que os teólogos, que assessoram o Governo em matéria tão sensível, ao escolherem esta adjectivação, tinham a intenção de não proibir a presença dos espíritos – sejam eles almas penadas, anjos, arcanjos, serafins, querubins ou, até, demónios, pois também estes desgraçados estão privados de natureza corpórea – cuja presença, não sendo “física”, está, portanto, autorizada pelo Governo. No seu único número, o presente decreto determina que “A celebração das aparições de Fátima, nos dias 12 e 13 de Maio de 2020, no recinto do santuário de Fátima, possa contar com a presença dos celebrantes e demais elementos necessários à celebração, convidados do Santuário de Fátima e respectivos funcionários, os quais devem observar o distanciamento físico de dois metros entre si.” Refere-se “a celebração das aparições de Fátima”, mas deve ser lapso pois, salvo melhor opinião, a celebração não é das ‘aparições’, mas do seu aniversário, a não ser que o Governo, por artes que só ele conheça, consiga trazer de novo Nossa Senhora à Cova da Iria… Decreta-se que o que, em princípio, não se podia fazer, afinal pode-se fazer, precisamente no modo já estabelecido pelo respectivo bispo, que é, aliás, a única autoridade competente em matéria litúrgica.
Dizer que a celebração pode contar com os celebrantes não lembra a ninguém, excepto ao Monsieur de La Palice. A afirmação de que a celebração também pode contar com os “demais elementos necessários à celebração” é igualmente supérflua, por redundante: se são necessários, é óbvio que a celebração não pode ter lugar sem a sua participação! Caso contrário, é evidente, meu caro Watson, que não seriam necessários! Mais é de espantar que, depois de se dizer que podem participar na celebração os que nunca poderiam a ela faltar, por serem ‘celebrantes’ ou ‘necessários à celebração’, depois se acrescente que também poderão estar presentes, supõe-se que não só em espírito como também fisicamente, os “convidados do Santuário de Fátima”! Ou seja, se o santuário tiver a magnanimidade de convidar todos os portugueses, todos os habitantes da península, todos os católicos, ou até mesmo todos os chineses, o Governo não se opõe, desde que, claro está, observem a distância ‘física’ de “dois metros entre si”! Concluindo e resumindo, o Governo achou por bem determinar que, afinal, podem ir a Fátima, para as celebrações do 12 e 13 de Maio, todas as pessoas que quiserem porque, sendo o santuário católico, ou seja universal, decerto que não vai discriminar os ciganos, nem os ateus, nem os crentes de outras religiões, nem os cidadãos estrangeiros…
Esta tardia e estranha generosidade do Governo da nação com a Igreja católica não parece ser, contudo, inocente. Na ausência deste despacho, os peregrinos poderiam culpabilizar o Governo por não lhes ter sido permitida, pela primeira vez na centenária história de Fátima, a participação na celebração religiosa comemorativa da primeira aparição mariana. Mas, graças a este aparentemente inócuo despacho, a quem proteste por não ter podido ir, este ano, nos dias 12 e 13 de Maio, à Cova da Iria, o Governo poderá dizer que a culpa é do Santuário e, portanto, da Igreja, porque, por este seu despacho, o Governo autorizou a presença física de todos os “convidados do Santuário de Fátima”! Espero bem que a Igreja católica que, desde que se declarou esta pandemia, tem dado um tão bom exemplo de prudência e responsabilidade cívica, sobretudo através do seu episcopado, não caia na esparrela de alterar o que sabiamente já determinou, certamente com grande pena dos pastores e dos milhares de peregrinos que, este ano, não poderão deslocar-se fisicamente à Cova da Iria, para as celebrações do 12 e 13 de Maio de 2020. Felizmente, a Igreja católica não é a CGTP, nem as celebrações do 12 e 13 de Maio são comparáveis à festa do Avante! Talvez a escusada, desajeitada e extemporânea autorização governamental para essas cerimónias religiosas não seja inocente. Com efeito, pode ter sido uma forma oportunista do Governo, de uma só cajadada, agradar agora aos católicos, para depois poder satisfazer o eleitorado comunista. Que Nossa Senhora de Fátima valha aos nossos governantes, não seja que o tiro lhes saia pela culatra.
Teste, aprendi duas coisas consigo: que a filosofia não é um caminho para o conhecimento e que Lemaître e Copérnico foram perseguidos pela Igreja. Fiquemo-nos por aqui.
“O Governo pode decidir o que se relaciona com a vida pública, mas o modo como cada confissão religiosa comemora as suas festividades, só à própria diz respeito, como é óbvio.”
Errado. O que é obvio é que, se o governo pode decidir o que se relaciona com a vida publica, então ele pode interferir com cada confissão religiosa, com base na lei e no respeito das liberdades fundamentais, desde que ela comemore as suas festividades na esfera publica e que possa, por essa razão, por em causa a ordem publica…
Pinto, por quem és, deixa a César o que é de César…
Boas
ahahhahah pinto, a tua estulticia revela os problemas que a tua consciência tem acerca deste tema. Quem falou de filosofia, pinto? eu disse que a fé não era um caminho para o conhecimento. a fé é mera filosofia? é que a filosofia não necessita de pressupor deus nenhum, pinto.
e copérnico não foi perseguido pela igreja, dizes? por acaso também não disse que tinha sido, mas informo-te que tal só aconteceu porque morreu no ano em que publicou a sua teoria heliocentrica (acrescentemos que o editor do livro apesar de protestante tinha tanto medo do papa que escreveu um prefacio sem autorização do autor dizendo que aquilo não era uma visão real do universo mas apenas calculos coerentes com as observações). mas galileu foi-o e por advogar a mesma teoria heliocentrica de copernico, ou também disputas isso?
és engraçado, pinto. apresentas-te como sabedor de mais do que os outros e depois não respondes a nada.
és um exemplo perfeito dos problemas que a religião cria no conhecimento do homem. ou como tu dirias, estás claramente possuido pelo demónio da ignorância e da mentira.
Mateus 5:3 “Bem-aventurados os pobres de espírito pois será deles o reino dos céus “.
Ó Pinto não digas mais nada, está descansado que eu dou-te o meu lugar.
” és um exemplo perfeito dos problemas que a religião cria no conhecimento do homem. ou como tu dirias, estás claramente possuido pelo demónio da ignorância e da mentira.”
resumindo: um aldrabão
o advogado de defesa dá de frósques e a testemunha vira desabonatória.
Ó Pinto, para o que lhe havia de dar, vir enfiar-se num vespeiro socrático satânico para abordar questões dessas .
Never cared for what they do
Never cared for what they know
But I know
O ano passado morreram mais de três mil pessoas com gripe e não houve nenhum alarido. Este ano são cerca de mil e há este alarido todo.
Os mortos deste ano são mais importantes que os do ano passado, porquê?
Eu mesmo,
conhecida gripe com os medíocres hábitos de higiene social dos portugueses: 3000/12= 250/mes
novo vírus com quase todos os portugueses arrecadados: 1000/2 = 500/mes e continua…
percebes o problema?
Quanto ao vídeo, tanto quanto percebo, a intenção será ridicularizar a fé de meia-dúzia de queques. Nada contra, a liberdade de expressão e a religiosa são ambas uma conquista do estado de direito democrático. Mas a aspirante a humorista na verdade está é ressabiada pelo facto dos responsáveis da igreja terem tido a pronta sensatez e força política que a ministra da saúde não teve em relação ao dia 1 de maio que.
Notar bem que a ministra, com desonestidade intelectual, inexperiência política e achando que os outros, neste caso, os padrecos, seriammenos inteligentes do que ela, tentou escamotear o que de muito mal decidiu em relação ao dia 1 admitindo como possível a celebração religiosa do dia 13. A coisa correu-lhe muito mal, não há nada que o consiga esconder, muito menos o humor fácil da Penélope, desculpe lá dizê-lo.
“O ano passado morreram mais de três mil pessoas com gripe e não houve nenhum alarido. Este ano são cerca de mil e há este alarido todo.”
Cerca de mil com gripe influenza, ou com corona beer ?
O Alarido, é assim, é um sujeito que tem a mania de armar banzé.
Se se comparar os dados do país da bota, relativos a mortos por gripe influenza, a gripe mais vulgar, no ano de 2017 temos que,
“Nos dados de 2017 do Instituto Nacional de Estatística da Itália (Istat), os mais recentes disponíveis, mostram que, naquele ano, o país da bota registrou 16.270 mortes por doenças respiratórias, sendo 15.316 por pneumonia, 663 por influenza e 297 por tuberculose “
e,
“ Desde o início da crise, o novo coronavírus matou 7.503 pessoas na Itália, segundo dados oficiais do governo “
Este texto é datado de 26-3-2020 .
Linque :
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/03/26/covid-matou-num-mes-metade-do-que-doencas-respiratorias-em-um-ano-na-italia.htm
Portanto, como não morreu ninguém em Italia em 2017, com corona vírus, à tua maneira, tens sempre razão, a gripe vulgar, que matou 663, matou mais que o corona jururu .
Parabéns !
“Os mortos deste ano são mais importantes que os do ano passado, porquê?”
É pa, nao sei !
Talvez por a vítima n° 1 ter sido massagista do Estrela da Armadora, e a segunda, sherman de um banco espanhol, La Calculadora .
Só pode ser …
é vê-los a espumar raiva por todas as caixas de comentários, trumpeando números e bolsonando teorias. encomendem mais umas desgraças que o costa chega aos 60%.
Colado com cuspo,
Tens uns rácios porreiros, é pena é serem uma falácia. Terias razão se comparasses no tempo as mortes do ano passado com as mortes deste ano , ou seja para fazeres essas contas tens de aguardar o fim do ano e se calhar hás-de ver que as mortes do corona encaixam nas médias da gripe dos anos anteriores, e repara que houve anos com mais de seis mil mortos.
Ora faz lá as contas outra vez.
Felizmente, neste caso concreto, tanto os bispos como o próprio papa parecem vacinados contra o vírus da bacoquice idiota que afecta alguns paroquianos, mas, enfim, idiotices não se discutem e, como muito bem disse o Jota Cê, abençoados os pobres de espírito etc…
Agora tanto o Costa como o Marcelo davam uma nalguinha para que a Igreja celebrasse o 13 de maio, para ver se a polémica do 1º de maio se esfumava. Mas a Igreja, que já tem um saber acumulado de 2000 anos a lidar com reis, presidentes e imperadores, deu uma chapada de luva branca. E não parece que vai rejeitar (e bem) o presente envenenado.
Convém ainda recordar que o Governo não tem legitimidade para suspender ou proibir o culto religioso, bem como manifestações. E por isso, recorreu à manha legislativa proibindo celebrações (não refere a palavra “religiosas”) e “outros eventos” (para não usar a palavra “manifestações”). O ónus vai ficar na mão das polícias. Se os respectivos dirigentes da PSP e GNR forem sábios não engolem o isco e não se põem a proibir celebrações religiosas nem manifestações. Se forem papalvos e a coisa corre para o torto, o Governo toma aquela nobre e tradicional atitude política que hoje o Marcelo já colcou em execução: descarta. E fica a polícia com a carga em cima.
Onde se lê
“E não parece que vai rejeitar (e bem) o presente envenenado”
Deve ler-se
“E parece que vai rejeitar (e bem) o presente envenenado”
Pinto:
Veja a sacanice da primeira página do Público de hoje.
https://www.publico.pt/jornal?utm_source=HP#&gid=1&pid=1
«Seria mais fácil o mundo sobreviver sem o Sol do que sem a santa missa»
Também o Sol e a Lua pararam, segundo a bíblia, por ordem de Josué para se cumprir a vingança dos israelitas sobre os de Gabaon.
E tal era a prova concludente do engano de Copérnico.
Claro, mistérios da santa missa.
sendo certo que já está confirmado, por analises a um senhor , que o vírus já se passeava calmamente por Paris em Dezembro , é caso para dizer que o vírus começou a matar como o caraças quando a comunicação merdial o descobriu. um exibido , o cara.
O Público escreveu aquilo que foi encomendado. O Público e o DN não são jornais. São panfletos ao serviço da política.
Eu mesmo, tu é que falaste em números e se queres tanto falar de números, a base tem de ser os números conhecidos, porque nenhum de nós sabe o que vai realmente acontecer. A gripe é sazonal. É sazonal há milénios, sabias? A gripe depende muito menos dos contactos sociais do que depende da temperatura do ar, por isso é que no verão, apesar das pessoas conviverem muito mais, tens muito menos casos.
Os casos de gripe ocorrem praticamente todos entre novembro e fevereiro, sabias? No site da DGS tens relatórios semanais desde 2016, vai lá ver.
Insistes em comparar dois vírus diferentes e que pouco têm em comum, nem sequer nos sintomas.
Por exemplo, a pneumonia causada pela CoVID é viral e ataca a zona mais sensível e profunda dos pulmões, ou seja, os alvéolos pulmonares, ao passo que a da gripe é bacteriana e está longe de alcançar essa zona. De tal modo é assim que uma das formas de diagnosticar a CoVID-19 é simplesmente através de um radiografia ao tórax, pela especificidade da imagem obtida.
Ora, à medida que o tempo passa e se alcança mais conhecimento sobre o SARS-CoV-2, o fosso que separa ambos os vírus, que já é muito extenso, será cada vez maior, é inevitável. E existem até na comunidade médica algumas dúvidas acerca da classificação da CoVID-19 como uma doença respiratória, uma vez que começam a surgir indícios de que os problemas respiratórios advêm de coagulação do sangue precisamente nos alvéolos pulmonares, problema sanguíneo idêntico que surge também noutros órgãos vitais que são atacados pela doença. A comprovar-se, esta suspeita será um “game changer”.
Nem tu sonhas o quão pouco se sabe desta doença.
Quanto ao vírus SARS-CoV2, que causa a doença CoVID-19 não há, por enquanto, evidência científica de que seja sazonal, pelo que, até prova em contrário, terás de considerar que a taxa de contágio depende, acima de tudo, do número de contactos sociais, caso em que se manterá relativamente estável ao longo do ano.
Em suma, se vires bem as minhas contas, apesar de merceeiras, admito, não são assim tão falaciosas.
Eu mesmo, “uma das formas de diagnosticar a CoVID-19 é simplesmente através de um radiografia ao tórax, pela especificidade da imagem obtida.” – para clarificação, isto é assim quando já existe pneumonia, ou seja, numa fase avançada da doença.
Pois, então diz-me lá quantos casos de gripe houve em janeiro e fevereiro deste ano. É que segundo as tuas contas já devíamos ter esses dados, não?
E já agora quantos é que morreram de gripe normal?
a morte entrou num processo semelhante ao simplex no que se refere a causas, por ordens superiores : já não há mortes por cancer, doenças cardiorespiratorias, avc, diabetes, gripe, ela, etc, etc, e tal , a partir de agora leva tudo o selo certificado corona, muito mais chic e na moda. depois, para além do brilharete no combate ao covid, 2020 ficará conhecido como o ano em que houve uma diminuição brutal nas causas de morte habituais , graças aos grandes avanços da medicina. tudo isto em países como a Itália , Espanha , USA e tal , porque em Portugal não há mortos que cheguem.
Eu mesmo, agora é que me dei conta do seguinte.
Eu não sei onde viste que a gripe causa 3.000 mortos por ano em portugal, deves estar a basear-te em notícias erradas, porque no site do INE em 2017 e 2018 não passam das cerca de 120 por ano.
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0008206&contexto=bd&selTab=tab2&xlang=pt
Aliás, um UCI por ano em casa período da gripe também tens cerca de 120 NO TOTAL de doentes e outros tantos em enfermaria. Vai ver os relatórios semanais da gripe publicados na DGS.
Desculpa lá, mas o que dizes não faz sentido.
Pois a net é tramada. Vai ao Google e procura. Está lá tudo.
Já agora tenta ser um bocadinho mais crítico e não acredites piamente nas instituições.
Eu mesmo , este médico é bom, vale a pena espalhar para os hipocondríacos ouvirem
https://as.com/deporteyvida/2020/04/29/videos/1588175539_112772.html?id_externo_rsoc=comp_fb&fbclid=IwAR1vEs25snPXbTYpnFofVJq-8ZITPOrflLi2lpGeyQV1f2_c5VoJmNgrEO0
Bom vídeo yo.
Concordo com o titulo.
Sou ateu e não vou ir à missa, mas também não vou começar a discutir as actividades que cada um considera essenciais, desde que isso seja feito com responsabilidade, como me parece ser o caso, nomeadamente prontificando-se a tomar as precauções necessarias, no minimo equivalentes às que se tomam noutras actividades ditas essenciais, tais como ir ao supermercado comprar comida. E se alguém pretende que ir ver futebol ou hoquei em patins é para ele uma actividade essencial imprescindivel ? Bom, não conheço quem diga isso, mas se fosse o caso, acharia normal respeitar…
Se estiveres com falta de guerras de religião, acho melhor arranjares outro campo de batalha, porque neste arriscas-te a ter rapidamente de dar o braço a torcer ao pinto.
Boas
Ò Viegas, achas que se essa maltinha vivesse na Somália teria o mesmo conceito de “essencial” ? Não te parece que poderiam ter arranjado melhor adjectivo para a alegada “carência”, caso tivessem uma noção minima do que é a vida para os milhões que não se podem dar ao luxo do confinamento burguês ? Não achas que falha aqui qualquer coisa de relevante na compreensão do mundo e do lugar que nele se ocupa ? Será caso ?
MRocha, não me parece que as pessoas que viveram na Europa ao longo destes últimos 20 séculos tivessem tido todos uma vida de luxo. E ao que parece não prescindiam das cerimónias da Eucaristia. Muitos celebravam a Eucaristia com o estómago e os bolsos vazios.
Pinto, filho, não desconverses, meu ! Não estou a fazer extrapolações sociológicas. Refiro-me em concreto ao estereótipo burguesinho plasmado no videozinho em apreço.
Quanto ao que dizes relativamente a celebrar a tal eucaristica de estómago vazio, não te contesto. Sei como é grande o poder dos hipócritas para formatar as prioridades dos simples. Como de resto fica bem evidente na frase pia que remata o poente do triste episódio.
Amém!
“Muitos celebravam a Eucaristia com o estómago e os bolsos vazios.”
e se não fossem à missa lá se ia o emprego precário s/recibo e o crédito no banco jonéte, com a barriga e a despensa cheias ninguém lá punha os butes e lá se ia a merda da caridadezinha pelo ralo. a igreja sabe disso e tu tamém, têm a noção dos adeptos que vão perdendo com a melhoria das condições de vida do piople, mas fazem que não percebem, baralham e voltam a dar o mesmo jogo viciado de antanhos. ide pró caralho mais as rezas, missas, caridades & afins, a eucaristia da vida é a inflação e o resto é marketing bolorento.
Not my point, MRocha,
A questão é saber se tu estas pronto a aceitar restringires-te ao “essencial” definido numa hipotética Somalia e, sobretudo, quem é que tu propões que possa julgar, em teu nome e em nome de todos, se a volta que deste ontem ao quarteirão e os iogurtes de fruta que compraste no supermercado eram mesmo “essenciais” nesse sentido.
Assumindo que é improvavel que aceites isso, parece inevitavel encarares a hipotese de que alguém tenha um conceito do que é “essencial” diferente do teu, ainda que esse alguém se chame pinto. A sociedade liberal tem dessas coisas…
Boas
MRocha, não vou discutir consigo a questão da fé. Respeito a sua crença e percebo-a. Afinal de contas nasceu e cresceu numa mui nobre e isenta república laica com um sistema de ensino que, digamos, auxilia a pensar numa determinada direcção. A única coisa que me deixa apreensivo dos devotos da sua legião é a forma intolerante como reagem. Começam logo com os habituais insultos que muito dizem sobre a elasticidade mental, a tolerância e o respeito.
Quem respondeu a seguir a si esse já está num patamar acima no nível de jihadismo. Ainda bem que as discussões na internet não permitem o contacto físico se não já estou a imaginar muita gente com uma guilhotina pronta para aprimorar a argumentação.
Pinto, amigo: não confundas virulência argumentativa com falta de civismo. Pode ser ? Optimo. Adiante.
Pareceu-me que tinha ficado claro que no comentário que produzi a questão da fé nem marginal é. Tudo o que pretendi foi criticar uma certa forma burguesa de alienação em relação ao básico, às merdas tão comezinhas como a necessidade da própria merda para continuar a cultivar as couves bio-vegan que usam lá em casa. Esclarecido ?
Viegas, my man: não te preocupes, pá, pois quem irá nivelar todos pelo essencial será a natureza madrasta no dia em que resolver dizer basta ás multi-explorações neo capitalistas que proliferam por aí. Os somalis já sabem bem do que falo. E tal como o covid, esse virus tb cá chegará. Será nesse dia, quando tivermos de optar entre ocupar os barros de Ferreira com trigo ou com laranjeiras, que o essencial virá á tona. Como vés nem precisei de voltar à missa para vincar o meu ponto. Atingiste ?
MRocha, ao estar a rotular o espírito missionário da conversão como “alienação”, está a partir do pressuposto que esse espírito não é puro e sincero. Para lhe dar um exemplo, até aos meus vinte e muitos anos era agnóstico e as Escrituras Sagradas não me diziam grande coisa, independentemente e ter ido à catequese. A minha conversão deu-se a partir dos estudos que inicialmente tive de fazer por razões académicas. Essas investigações suscitaram curiosidade e admiração pelas Escrituras e por toda a história da cultura judaico-cristã. E foi a partir daí que passei a ir às celebrações eucarísticas. Se alguém me alienou fui eu a mim mesmo.
A fé é racional. Se não o for é fideísmo. É superstição. Quando diz que a pessoa que é católica foi alienada está a menorizá-la. A Igreja não obriga ninguém a nada. Apela.
O conceito de essencial cada um toma aquele que lhe “parece” para si na vida o mais importante ou qualquer coisa do género conforme o gosto ético-cultural de cada um.
Mas o que é a “essência” de uma coisa ou ainda para maior absurdo lógico considerar essencial a irracionalidade da fé, objecto da missa?
No mundo ocidental andam os pensadores desde os tempos arcaicos a discutir qual prevalece sobre a outra, a essência ou a existência e a discussão ainda não acabou.
De qualquer modo está definido que uma “essência” é aquilo sem a qual uma coisa não pode ser essa coisa mas será outra, talvez, pelo que uma essência humana individual será a nossa natureza ontológica de seres pensantes.
Será que aqueles meninos, os papás e os seus mentores deixarão de ser pessoas pensantes (gente) por falta de a missa?
“A igreja não obriga ninguém a nada. Apela”
Assim como apelou no tempo da inquisição.
ler simplesmente “por falta de missa” sem o «a» que foi na pressa.
“A fé é racional.”
e a ciência é irracional.
“A Igreja não obriga ninguém a nada. Apela.”
pedofilia e inquisição são apelos que ninguém esquece.
Os bispos portugueses não são estúpidos, têm sentido de responsabilidade e estão-se nas tintas para esses imbecis do video, que até se servem de crianças inconscientes para a sua miserável propaganda.
Além do mais, é óbvio que os bispos também não querem ver os seus párocos a morrer, desfalcando um clero para o qual há cada vez menos vocações.
Essa beataria do video, cuja motivação é obviamente mais política do que religiosa, adoraria agarrar qualquer pretexto para agitar o papão da questão religiosa, que tanto jeito lhes faria na guerra contra a esquerda “ateia” que nos governa. A citação final do Padre Pio, ídolo da direita católica italiana, é eloquente.
Os bispos portugueses, cumprindo aliás as firmes directivas do papa Francisco (que essa beataria conservadora odeia), não alinharam até agora com atitudes irresponsáveis nem com provocações de fanáticos. Voltará a haver missas e peregrinações quando os bispos e os padres acharem que isso se pode fazer e sem que a Igreja esteja a contribuir para agravar a pandemia.
Pinto, assuntos de fé e de sagradas escrituras não debato – não alcanço, não conheço , não domino.
Neves, sem estômago composto , corpinho protegido e hidratado, não há ser pensante ( ou não ) que funcione durante muito mais que dois pares de dias. Extingue-se. Ponto. Portanto, salvo melhor opinião, colocar o assunto como se fosse um opção entre alternativas, nem dá para inicio de conversa. Essencial é o que nos mantém vivos. O resto, por muito importante que seja para o bem estar de cada um, será sempre qualquer coisa do dominio do complementar. As palavras ainda têm de valer pelo seu significado tangível, ou a comunicação entre os falantes torna-se mero exercicio de estilo.
José Neves, apenas duas questões. Pegando na sua última frase, eu pergunto: o José deixará de ser pessoa pensante (gente) por falta de liberdade? Não o sendo, deve prescindir da sua liberdade até o Estado lhe apetecer de lha devolver. É isso? Segunda questão: se a fé é irracional, na sua perspectiva as pessoas que têm fé não são seres pensantes? Não são seres racionais? São pedras? São árvores?
Eu mesmo, a Inquisição foi um tribunal criado a pedido dos monarcas europeus e para resolver problemas sociais que tinham a ver com o fanatismo cátaro. Esse tribunal foi muito instrumentalizado (por exemplo, por D. Fernando II aqui ao lado) com a conivência de alguns papas, que cederam a essas pressões. Haveria muito a escrever sobre a Iquisição, a sua origem, a sua evolução, etc. Mas deixo-lhe só duas notas. A primeira que não foi a Inquisição que inventou a tortura. A tortura como meio de obtenção de prova e o emprego da dor como pena, como castigo pelos ilícitos, eram realidades transversais a todos os tribunais. Tanto em todos os reinos europeus como no oriente, nas Américas, e na África. Se há algo de pioneiro na Inquisição podemos apontar, entre outros aspectos, a abolição da tortura como meio de obtenção de prova e a criação de uma nova fase, a fase de inquérito, que antecede a fase de julgamento. A segunda nota para lhe dizer que não faz parte da matriz axiológica da doutrina da Igreja obrigar à fé, mas antes a conversão. E isso constata-se ao longo da história. Desde Santo Atanásio – “é uma execrável heresia torturar pela força, pela brutalidade, pelas prisões, aqueles que não foi possível convencer pela razão” – a São Justino – “Nada é mais contrário à Religião do que o constrangimento”, desde Santo Agostinho – “Perseguiremos nós aqueles a quem Deus tolera?” – a Lactâncio – “a religião forçada não é uma religião; é necessário persuadir, e não constranger; a religião não se encomenda” – desde São Bernardo – “aconselhai, porém não forçai” – a mais uma infinidade de personalidades da Igreja, essa posição é bem visível. Os papas seguiram quase sempre esta posição. Recorde-se a carta de protecção aos judeus, de 1271, do papa Gregório X (“ninguém deve perturbá-los [aos judeus] de qualquer forma durante a celebração de seus festivais, seja de dia ou de noite, com paus, pedras, ou qualquer outra coisa”), as bulas do papa Clemente VI em 1348 (6 de julho e 26 de setembro, a última chamada Quamvis Perfidiam) a condenar a culpabilização dos judeus pela peste negra e as inúmeras bulas e encíclicas a condenar as conversões forçadas.
Atenção que não estou aqui a dizer que os papas nunca cometeram falhas, que nunca pecaram. Claro que sim. Diria mesmo que todos os papas pecaram; a começar por Pedro que negou Cristo três vezes. A Igreja existe precisamente porque somos pecadores. Pegando nas palavras do padre Portocarrero de Almada, a Igreja não é um condomínio fechado de almas selectas mas um hospital de campanha para pecadores.
Júlio, concordo consigo. Mas a Igreja não criou nenhum dogma nesta questão e estas pessoas estão apenas a expressar a sua opinião. Eu também penso que a Igreja está a agir bem ao apelar a que se sigam as instruções e os pareceres dos especialistas. Mas há uma fronteira: a partir do momento em que se perceba que um Estado – seja ele qual for – esteja a restringir ou a proibir a liberdade de culto por mera questão ideológica, a Igreja faz mal se continuar a seguir. Se isso acontecer, a Igreja deve desobedecer. A Igreja também pode e deve ouvir os especialistas e não apenas aqueles que estão ao serviço dos governos. Por uma questão de transparência.
” A Igreja também pode e deve ouvir os especialistas e não apenas aqueles que estão ao serviço dos governos. Por uma questão de transparência.”
certo ! é o que fazem as chamadas republicas islâmicas: em caso de dúvida sobre a razão dos especialistas, segue-se a sagrada escritura. na apostólica, católica, romana, tb temos disso: em caso de dúvidas sobre o “momento” em que começa a “vida”, nada de contraceptivos e não ao aborto, que isto de pinocar sem proposito procriativo é pecado. tá bem, pinto. estamos conversados.
O problema Pinto ,é que ao longo dos tempos houve sempre uma promiscuidade muito grande entre a política e a religião, e a forma de lidar com a pandemia é um exemplo. Vê lá se o vídeo não te faz lembrar os tempos da mocidade portuguesa.
Eu mesmo, há uma promiscuidade entre política e religião porque um grupo de pessoas deu uma opinião através de um vídeo? Então há uma promiscuidade entre política e tudo.
A religião faz parte da sociedade. Não é um corpo estranho.
Ricardo, as escolas, os clubes de futebol,as empresas, o ricardo não pode ouvir especialistas da saúde para orientar as suas decisões? O Estado não é a sua mamã que lhe mudava a fralda quando era bebé. E se tiver dignidade, nunca deixe que o Estado o eclipse. Aliás, se estivesse à espera das orientações do Governo para tomar todas as decisões, a esta hora já estava no Júlio de Matos com tamanha confusão.
Agora obedecer às leis de cada Estado, isso deve. A lei constitucional portuguesa garante a liberdade de culto . O Governo pode, por uma razão imperiosa, pedir ao presidente para suspender temporariamente esses direitos. E fê-lo. Neste momento já estamos em normalidade constitucional (cfr. art. 19.º da CRP) por isso a Igreja não tem de pedir autorização ao Governo para celebrar cerimónias nem o Governo tem legitimidade para as proibir. Tal como o ricardo não tem de pedir para se manifestar nem o Governo tem legitimidade para o proibir de se manifestar. Se o Governo pretende fazê-lo em normalidade constitucional os cidadãos têm o dever cívico de rejeitar essa pretensão totalitária e abusiva.
O papa pediu aos bispos para ouvirem as recomendações dos especialistas e as acatar. Mas não disse para ouvir apenas os especialistas sob a alçada dos governos.
Eu acho que a Igreja fez bem em não querer celebrar o 13 de maio este ano. Em primeiro lugar porque os especialistas dizem que ainda é perigoso e em segundo lugar porque não deve potenciar esse perigo. Mas neste momento, repito, não tem qualquer impedimento legal. O art. 18.º da Resolução do Conselho de Ministros n.º 33-A não se aplica a celebrações religiosas nem a manifestações (e o Governo teve o cuidado de não escrever expressamente “religiosas” nem “manifestações”). Se a intenção do Governo for que se aplique, então está em completo e descarado confronto com a Constituição e os mais elementares direitos consagrados. Nesse caso estaríamos oficialmente em regime totalitário.
o problema do pinto é ser facho e esconder-se na igreja justificar o injustificável, até cita aquele porschecarrera turb-ó-conservador e o vosso problema é darem trela a filhos da puta que bolsam latâncios & atanásios de cátedra a ver se cola. só falta vir com a treta dos comunistas poderem comer criancinhas ao pequeno almoço e os padres é que são acusados de pedofilia. vejam lá se o gajo fala do papa francisco, tá bom, esse é comuna, aquele nazi de almada éké fixe.
Não são o grupo de pessoas a dar opinião, é a forma com que o vídeo transmite a mensagem, só falta porem no final a célebre frase “viva salazar”.
só falta porem no final a célebre frase “viva salazar”
Isso cheira a preconceito.
Salazar nunca ia a uma missa. A sua aproximação à Igreja foi mera estratégia política.
Ó Pinto chama-lhe preconceito chama-lhe o que quiseres, mas não achas que estes vídeos paternalistas já não fazem sentido em pleno século XXI.
As pessoas não precisam que lhes digam o que fazer, as pessoas precisam é de ser informadas com isenção e sem fundamentalismos.
A igreja só tem de fazer o seu papel, que é difundir a fé e apoiar os mais necessitados.
“Salazar nunca ia a uma missa.”
yah meu! basta googlar salazar+missa e vais a quantidade de fotografias que aparecem do gajo na missa.
https://www.google.com/search?q=salazar+missa&rlz=1C5CHFA_enPT833PT833&sxsrf=ALeKk02ehgXBv_IYJhoZFCLwwyby7cipnQ:1588780564030&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwi0lpTpzJ_pAhXDA2MBHaWsC0AQ_AUoAXoECAwQAw&biw=1843&bih=946
“A sua aproximação à Igreja foi mera estratégia política.”
deve ter sido com cagufa depois deste atentado
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/21-out-2018/atentado-contra-salazar-10047327.html
“Salazar nunca ia a uma missa”.
Pois não, a última vez que foi, 1937, escapou a um atentado à bomba. A partir de então, tinha capela privativa na nova casa (S. Bento) e um capelão que lá ia rezar a missa todos os domingos sem falta, só para ele. E tinha o seu confessor oficial, como os reis.
“A sua aproximação à Igreja foi mera estratégia política.”
Não se aproximou da Igreja, sempre lá esteve, mandava nela e ela obedecia-lhe. Esqueces que ele fez o seminário todo e só recuou no momento da ordenação. Esqueces que ele foi dirigente do Centro Católico Português. Esqueces que ele teve a total confiança dos papas, da grande maioria dos bispos e do patriarca de Lisboa, seu íntimo. De certo modo, Salazar foi verdadeiro dono da Igreja até aos anos 1950-60, quando começou a surgir alguma contestação de fieis, padres e dois ou três bispos.
“Salazar nunca ia a uma missa.”
não era preciso, o cerejeira e o barbeiro iam lá a casa.
“A sua aproximação à Igreja foi mera estratégia política.”
e ao hitler tamém, diziam que o gajo era comunista e assim convenceu aos alemães do contrário
“Neste momento já estamos em normalidade constitucional (cfr. art. 19.º da CRP) por isso a Igreja não tem de pedir autorização ao Governo para celebrar cerimónias nem o Governo tem legitimidade para as proibir.”
então bora lá fazer missas a granel, espalhar o vírus e infectar os infiéis. tás à espera de quê? o que tu queres mesmo é cenas à ventura pró currículo.
«Será que aqueles meninos, os papás e os seus mentores deixarão de ser pessoas pensantes (gente) por falta de a missa?»
Pinto, afinal que leste, e não tresleste, nesta frase que não viste precisamente o sentido da proposição feita na interrogativa?
Se tivesses lido com cabeça terias logo concluído que a tal frase tinha o sentido preciso que defendes em 8:43, isto é, que a missa não só não é essencial como não tem ponta de corno de qualquer “essencia”.
E por isso mesmo nem eu nem os meninos deixam de ser o que são por falta de missa.
Percebeste agora ou precisas de mais racionalidade.
A propósito de racionalidade.
Quanto à fé como sendo uma racionalidade já os melhores neoplatónicos escolásticos e Aquino tentaram a todo o custo e milhares de páginas de papiros e papel demonstrar tal proposição e não o conseguiram nem ninguém depois deles que eu saiba. Mas talvez o teu mestre Portocarrero cometa tal proeza num golpe de fézada transcendental.
Entendi bem? Cafés, Restaurantes e Comércio em geral não são atividades essenciais, mas as missas são.
Só podem ser atrasados mentais.
Júlio, uma coisa reconheço: estudar a história é sempre difícil e complexo. Analisar a fé de figuras históricas que já não estão entre nós é amplamente difícil. Mas recorramos ao que temos. Salazar ia às missas como vão muitos portugueses hoje (casamentos, baptizados, em honra de um amigo ou familiar, etc.) ou na qualidade do cargo que ocupava. Agora o que as biografias dele indicam (com excepções, como é óbvio) é que não ia a missas como devoto e não tinha grande apreço pelo culto mariano. Em 1946, na primeira visita do representante do papa ao país, o cardeal Benedetto Masella (naquela altura o papa não saía de Roma), nem sequer o recebeu, tendo deixado o cardeal Cerejeira furioso pois dava um sinal de afastamento. E em 1967, quando o papa Paulo VI veio a Portugal no 50º aniversário das aparições, recebeu-o apenas em contexto diplomático, não tendo comparecido nas cerimónias religiosas.
Aliás, até a insuspeita e vermelhusca historiadora Irene Pimentel (vou logo à mais radical para não dizer que procuro historiadores a jeito) escreveu que ” tanto Cerejeira como Salazar advogavam a separação entre o Estado e a Igreja” e que “criticavam já o relacionamento entre a Igreja e a monarquia constitucional, a forma como os padres se sentavam à mesa do orçamento de Estado”. Diz ainda que quer o estadista quer o clérigo “eram dois estrategas e depois do período mais fatal de relacionamento, na década de 1930, Estado e Igreja dividem tarefas”. Atenção que estou a citar a historiadora com reconhecida e aberta tendência político-ideológica.
José Neves, se tivesse lido a resposta, teria percebido que eu não retorqui na questão do que é essencial. Apenas fiz um paralelismo com a liberdade que também não é essencial do ponto de vista biológico do termo. E a questão que eu volto a colocar é esta: e deixa de ser essencial por isso?
Não me recordo de um, um único filósofo, de um único teólogo a tentar demonstrar que a fé é racional. Só o simples exercício intelectual sobre a fé já por si é racional. As “Cinco Vias” de São Tomás de Aquino não são ou deixam de ser racionais. Isso nem sequer é conversa (foi uma pedra que as escreveu?). São de uma subtileza intelectual, de uma riqueza racional, que ainda hoje são doutrina em todas as universidades do mundo.
Quando eu faço uma análise histórica à vida de Jesus de Nazaré e um pensamento dialético sobre essa investigação – sem preconceitos e com a devida elasticidade mental que o assunto recomenda – a argumentação lógico-racional aponta para a veracidade da Sua ressurreição e da Sua natureza divina. É mais racional, mais lógica esta tese que outra qualquer. Eu sei que à primeira leitura isto faz confusão. E até se mexeu na cadeira quando o leu. Mas é factual: se nos libertarmos de algumas amarras, se nos debruçarmos sem a prévia conclusão (ou seja, o preconceito) que não houve ressurreição, e estudarmos com uma mente aberta (e ter uma mente aberta é precisamente isto e não aquela ideia propagandística que muitas vezes é vendida), a conclusão mais lógica é que Jesus Cristo, filho de Deus, ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras.
dass… ò galináceo. lê os jornais da época e caga nas biografias dos lambe cus. claro que o botas queria mandar no país e não ter de obedecer a ordens do vaticano, mas a irene não diz que deixou de ser católico e não ia à missa. ele, como bom ditador, não ia à bola com quem lhe dava ordens, só com cunhas e muita vassalagem. a ressurreição é como a cena de fátima, ninguém acredita naquela porra, mas como vai rendendo umas massas livres de impostos, a igreja vai dizendo que sim porque o povo delira com idas ao santuário de joelhos para curar artrites.
Pinto, estudar o catolicismo do Salazar não é nada difícil, é preciso é estudá-lo, e não acreditar em bocas sem qualquer fundamento. Há material muito abundante, a começar pelas agendas dele, em que o Salazar registou sem falha todas as missas dominicais em sua casa desde os anos 30 até ao fim. Quanto à falta de “apreço” do Salazar pelo culto mariano, pelos vistos não sabes que ele sempre teve uma imagem da Virgem na parede do gabinete em S. Bento.
O ponto principal, que parece que não entendeste, é que ele tinha uma atitude regalista em relação à Igreja, isto é, queria mandar nela, até porque estava convicto, e insinuou isso várias vezes, que conhecia o catolicismo melhor que os próprios bispos. Era assim que ele entendia a tal “separação”: com o Estado (que era ele próprio) a mandar na Igreja e não a Igreja a mandar no Estado. O que não o impediu de dar muitas benesses à Igreja, coisa de que ele próprio sempre se gabou, sobretudo para exigir dela apoio político e obediência.
Paulo VI era um democrata cristão e foi um dos principais fundadores da Democracia Cristã em Itália no pós-guerra. Salazar considerava a democracia cristã uma porta aberta para o comunismo.
O mesmo Paulo VI, e antes dele João XXIII, eram anticolonialistas, pelo que entraram fatalmente em choque frontal com Salazar durante a guerra colonial.
Seria absurdo, perante estes e muitos outros factos, sustentar que o Salazar era pouco católico ou que hostilizou a Igreja. Tinha fortes convicções católicas, mas muito antiquadas e bolorentas. Hostilizou apenas os católicos que lhe fizeram frente, em Portugal ou em Roma, mas em ambos os lugares tinha muitos apoiantes e lambe-botas.
Vou citar um texto de um autor a ver se o convence que Salazar não era católico: “ele [Salazar] tinha uma atitude regalista em relação à Igreja, isto é, queria mandar nela, até porque estava convicto, e insinuou isso várias vezes, que conhecia o catolicismo melhor que os próprios bispos. Era assim que ele entendia a tal “separação”: com o Estado (que era ele próprio) a mandar na Igreja e não a Igreja a mandar no Estado (…) ele próprio sempre se gabou, sobretudo para exigir dela apoio político e obediência (…)
Júlio, sem querer estar aqui a debater cada frase que escreveu, o seu texto contradiz-se nele mesmo. E porquê? Porque antes de tudo é preciso saber o que é o catolicismo e o que é ser católico. Um católico nunca, jamais e em tempo algum pode querer “mandar na Igreja”. Em primeiro lugar porque quem manda na Igreja é Jesus Cristo. A Igreja somos nós e todas as almas dos que já cá passaram e não a Benfica SAD. Em segundo lugar, o católico deve obedecer ao papa. A Igreja tem dogmas e nenhum católico pode achar que, tendo mais conhecimentos teológicos que os papas, pode contrariar ou rejeitar esses dogmas. Se assim pensa, não é católico. Pode dizer à boca cheia que o é. Mas na melhor das hipóteses para ele, é um ignorante. Na pior, um mal intencionado. São Tomás de Aquino certamente sabia mais que o papa. Mas nunca almejou ser ele a mandar na Igreja. E porquê? Precisamente porque conhecia bem o que é a Igreja.
Se correr este país de Norte a Sul, o que mais vê são pessoas com um terço pendurado no retrovisor do carro e que nunca puseram um pé numa cerimónia da Eucaristia (exceptuando um ou outro casamento no qual vão beber martinis para o café mais próximo enquanto decorre). Também vê muitas fotos do presidente da República em gabinetes de responsáveis de organismos do Estado com as pessoas a falar mal do presidente com ele pendurado nas costas. O que eu lhe apontei foram actos (ou omissões) praticados por Salazar e que demonstram o desdém que teve pela Igreja. O Júlio adicionou argumentos. Eu agradeço
Pinto, não sou eu que sou contraditório, o Salazar é que o poderia ser, segundo essa óptica, que não é a minha. Ele sempre foi católico, mas sempre quis mandar na Igreja, não propriamente para a oprimir ou subjugar, como o Afonso Costa, mas porque se achava o verdadeiro chefe e patrono dela em Portugal. E teve de facto a seus pés, durante muitos anos, toda a Igreja portuguesa, que o considerava unanimemente uma dádiva de Deus a Portugal. O cardeal Cerejeira chegou mesmo a associar o advento do salazarismo à história de Fátima e a chamar ungido de Deus ao ditador. A Irmã Lúcia derretia-se toda pelo seu Salazarinho. Não há maneira de iludir isto.
E quanto aos papas, o Salazar teve durante décadas os maiores elogios do Pio XI e do Pio XII, que também o consideraram providencial. Esses papas, sim, eram obedecidos e venerados pelo Salazar e pelo Cerejeira. Depois apareceram outros papas, com outras visões políticas, que tanto o Salazar como o cardeal Cerejeira consideraram que eram maus papas, porque eram “progressistas”. Acha que o Cerejeira também não era católico?
ò galináceo vai estudar, pela amostra nem a primária fizeste. podes começar por aqui:
deus, pátria, família:
a trilogia
da educação nacional
procura no google que achas e de caminho e enfia os martinis mais a eucaristia cu acima. farto de investigadores da treta, especialistas em coisas vagas baseadas em bitaites de porteira amanhados em conversa tipo vendedor de cobertores de refugo. és capaz de ter futuro a pregar essas cenas à porta do império em dia de hálámerda.
Pinto: Contive-me até agora, o que é uma vitória. Obviamente não te achas ridículo a tratar personagens míticas como se existência tivessem. Enfim, estás feliz, eu estou feliz por ti. Mas diz-me só o que andou o teu deus a fazer durante cerca de, pelo menos, 200 000 anos de homo sapiens até se dignar mandar o suposto filho para finalmente iluminar a humanidade, deixando “na escuridão” milhares de infelizes lá atrás? “Troubles” na nebulosa de Andrómeda?
E, já agora, dos 3000 deuses conhecidos (número redondo, simbólico) por que razão rejeitas tu 2999? Homem, se gostas dessas coisas, há todo um manancial de histórias a explorar!
Júlio, para início de conversa eu não partilho quase nenhuma das posições políticas de Salazar. Seja do ponto de vista da economia centrada no Estado, seja o corporativismo económico, seja o anti-semitismo, seja o anti-americanismo, seja o anti-capitalismo, nada disto faz parte integrante da minha ideia de política. Eu não defendo Salazar. Critico esta visão a preto e branco. Quando se quer criticar a ideia do outro e não há um argumento à mão lá vai a conversa do Salazar. E aqui aconteceu precisamente isso: estava-se a discutir numa linha e veio o Eu mesmo: “só falta porem no final a célebre frase “viva salazar””.
Mas vamos de volta ao assunto. Eu comecei por dizer que analisar a fé é dificílimo. E é: ninguém sabe sequer muito bem em que acredita quanto mais naquilo que os outros acreditam. Mais difícil ainda, naquilo que os que já morreram acreditavam. Salazar era católico? Bem, foi baptizado católico. Mas Estaline também foi baptizado na Igreja Ortodoxa. Aliás, não só foi baptizado, como estudou numa escola da Igreja (de Gori) e, mais tarde, num seminário. E a partir da II Guerra permitiu novamente que os bispos celebrassem os seus rituais religiosos. E isso diz-nos o quê? Que Estaline virou um devoto da Igreja Ortodoxa?
O que devemos separar é a religião como sentimento individual, íntimo, da vida pessoal, da religião como instrumento de acção política. A primeira é difícil de se estudar e discutir. Voltando ao exemplo de Estaline, há teorias que defendem que ele acreditou que a Batalha de Moscovo teve intercessão divina. Porventura passou-lhe pela cabeça algumas noites. Quem não tem, ao longo de toda a vida, pensamentos supersticiosos? Mas o que interessa aqui é a religião como instrumento de acção política. E é óbvio, é nítido, é claro, é unânime que Salazar instrumentalizou o catolicismo para os seus objectivos políticos. Mas não foi só Salazar que fez isso. Fez Salazar, fez Mussolini, fez Hitler, fez Estaline (o historiador Oleg Khlevniuk, escreveu: “Mudar da abordagem iconoclasta das décadas de 1920 e 1930, da repressão em massa contra padres e fiéis, à reconciliação foi uma ação prática e demonstrativa. Essa mudança na política soviética em relação à religião deve ser vista dentro do contexto de incentivo ao patriotismo russo”), fez Napoleão, fez D. Fernando II de Aragão. Se quisermos, fizeram todos (Maquiavel dissecou isso tão bem, e com tantos exemplos, para explicar ao Príncipe como deveria instrumentalizar a religião). E Salazar fê-lo particularmente porque o antagonismo ao catolicismo foi uma das principais razões que levou à queda da I República. E ele sabia-o perfeitamente. E mudou o rumo com uma aproximação estratégica (como escreveu Maquiavel, “Pode ver-se, quem considera bem a história romana, o quanto a religião foi útil para comandar os exércitos, animar o povo, manter os homens bons e envergonhar os maus” (Discorsi I, 11)). Mas jamais colocou os interesses da Igreja à frente dos da nação.
Esses papas, sim, eram obedecidos e venerados pelo Salazar
Júlio, volto a recordar em que 1946, na primeira visita do cardeal Benedetto Masella, em representação do papa Pio XII (que na altura nunca saía de Roma) ao país, nem sequer o recebeu, tendo deixado o cardeal Cerejeira bastante chateado. E por acaso em 1967 até recebeu (diplomaticamente) o papa Paulo VI. Quanto ao papa Pio XII, convém recordar que foi o autor (embora ainda não fosse papa) das encíclicas “Non abbiamo bisogno”, de 1931, criticando abertamente o fascismo e “Mit brennender Sorge”, onde critica ferozmente o nazismo (tendo conduzido mais de 2500 padres para o campo de concentração de Dachau). E também não é demais lembrar muito boa gente da Inglaterra e dos EUA criticaram o papa por ter um discurso de conflito, quando estes ainda acreditavam na boa fé de Hitler.
Vou terminar como comecei: isto não é uma apologia a Salazar (nem pouco mais ou menos) mas uma rejeição desta ideia de que tudo o que Salazar fez, decidiu, disse, comeu, vestiu e pensou, foi mau. Aliás, esta pandemia já serviu para uma coisa: fazer salientar o porquê do povo ter aceitado as restrições à liberdade em nome da estabilidade. De cada vez que eu dizia que era preciso analisarmos o contexto da época era acusado por certos colegas de estar a querer defender Salazar. E sempre disse que não; que simplesmente não sou apologista desta ideia snob (Clive Staples Lewis chamou de snobismo cronológico) de pegar nos olhinhos de hoje e fazer julgamentos da história através da nossa perspectiva. Mas há por aí uam escola que insiste que não senhor. Que o povo aceitou porque era ignorante. E dizem: olha os ingleses e os americanos que não nunca prescindiram das suas liberdades. Mas foi ver a chegar uma pandemia, que comparada com os problemas que os nossos antepassados viviam nas décadas de 20 e de 30, é uma brincadeira, e os portugueses a ficarem atarantados. Foi ver o Governo a dizer: meus amigos, vou suspender as liberdades até nova decisão”. E os portugueses, em pavor, com as maozinhas entre as pernas a dizer que sim. Suspendam tudo, metam tudo em casa, mas por favor, que não aconteça o que acontece em Espanha. Foi ver os bufos a ligar para a polícia que o senhor do café estava a vender cervejas pelas traseiras, foi ver aquele tom moralista a condenar toda a gente que ande na rua. Agora imagine-se que em vez de se olhar para a Espanha e ver milhares de idosos sem conseguirem ter assistência hospitalar (que tanto nos horrorizou) fosse ver milhões de espanhóis a serem fuzilados, bombardeados e cheios de fome. A nossa natureza veio ao de cima: aceitamos muito melhor a supressão das liberdades que os ingleses e norte-americanos. Com medo entregamos tudo de mão beijada.
Ahahahahaha,
Vocês conseguem por-se a jeito para levar baile do pinto e é muito bem feito.
Vamos la ver uma coisa simples : quando o pinto diz que as religiões, ou antes os grandes monoteismos, são racionais, ele tem carradas de razão. De facto os grandes monoteismos, na medida em que contribuiram (ou acompanharam) o processo que coloca a raiz da religião na convicção pessoal e na “crença” de cada um, são intrinsecamente racionais. Basta ver, alias, que todas elas produziram paginas e paginas de raciocinação, materializadas por bibliotecas inteiras de teologia…
Esse racionalismo não é incompativel com intolerância, nem com obscurantismo, nem com fanatismo ? Pois não. Seguramente que não. Nenhum racionalismo é. Vocês e os vossos comentarios são a demonstração acabada deste facto.
A ver se alguém, entre os racionalistas de trazer por casa que fazem este blogue, é capaz de rebater isto de forma convincente…
Boas
só faltava aqui o especialista do absurdo a defender o racionalismo do irracional. bora lá ser racionalmente tolerantes com a intolerância, o obscurantismo, o fanatismo e já agora com o idiotice militante do Ahahahahaha.
Ola Inacio, uma beijoca para ti !
“What I know, I believe”
A ver se és capaz de identificar o mestre do absurdo que escreveu isso.
Boas
Pinto, quem puxou para aqui o assunto Salazar não fui eu, foi você e outro opinante. Também não chamei salazarista a ninguém, nem sequer aos patetas dos video. Recordo que contestei duas frases suas: “Salazar nunca ia a uma missa. A sua aproximação à Igreja foi mera estratégia política.” Noutro comentário, você dizia que Salazar não tinha apreço pelo culto mariano. Provei que Salazar nunca falhou uma missa, que era um devoto da Virgem e que não tinha que se aproximar da Igreja, pois sempre lá esteve, era mesmo a figura mais destacada da “política católica” e durante muitos anos foi entusiasticamente apoiado e até sacralizado pela Igreja. O resto da sua argumentação foi basicamente tentar mudar de conversa.
Mas já que falou na encíclica Mit brennender Sorge, apesar de isso não vir nada a propósito, ela não foi escrita por Pacelli, o futuro Pio XII, como afirma, mas sim colectivamente por Pio XI, Pacelli e três cardeais e dois bispos alemães. Alguns destes eram críticos da política racial e religiosa dos nazis, mas outros não queriam uma confrontação com o regime, de que admiravam vários aspectos. Foi o cardeal Faulhaber o redactor do rascunho inicial da encíclica, que foi quase todo retomado na versão final. Um esboço escrito por Pacelli (que, além de cobarde, era um velho germanófilo) foi julgado demasiado débil pelo próprio Pio XI. A encíclica, aliás, atacou a doutrina racial dos nazis, mas não atacou nem o nacional socialismo nem o Hitler. Vários dos bispos e cardeais alemães que colaboraram na redacção da encíclica apoiaram depois as guerras de agressão desencadeadas por Hitler a partir de 1939. Mandaram tocar os sinos por toda a Alemanha quando a católica Polónia foi invadida. E apoiaram a ‘cruzada’ anti-bolchevique em 1941. Mas estas coisas, como digo, nem sequer vinham a propósito.
Estou em total e absoluto desacordo com a sua outraa afirmação de que Salazar instrumentalizou o catolicismo como o fizeram Mussolini, Hitler e até Estaline (este, quando muito, buscou durante a guerra o apoio da Igreja ortodoxa, que tinha antes perseguido e dizimado). Salazar serviu-se da Igreja, mas era católico e idolatrado por essa mesma Igreja, que se revia nele e no seu regime. Nada de comparável com isso aconteceu nos casos da Itália fascista e da Alemanha nazi, muito menos no caso da URSS. De resto, todos os autores que escreveram sobre esses ditadores concordam que a sua diferença principal entre eles era que Salazar era… católico.
A terminar: praticamente todos os conflitos que Salazar teve com a Igreja de Roma antes, durante e depois da II guerra advieram do simples facto de Salazar ser muito mais reaccionário do que os papas.
Penélope, coloca duas questões (das mais vendidas no mercado de acções do ateísmo) e por isso vou responder separadamente às duas. Mas antes disso quero dizer uma coisa. Eu não digo: o meu raciocínio é este e quem tiver um diferente do meu é ridículo. Pelo contrário, aceito todos os raciocínios divergentes. E aceito com gosto aqueles que sejam dialeticamente ricos e densos.
A mente humana tende a arrumar assuntos complexos em gavetas para facilitar a sua percepção. Acontece que, muitas vezes (quase sempre) a realidade é muito mais complexa que as gavetas que construímos. A palavra “Deus” e o conceito de “religião” tanto servem para arrumar lá dentro os monoteísmos abraãmicos como o budimso, como i sistema de crenças dos vikings e dos romanos. Acontece que se retirarmos estes conceitos e analisarmos cada uma destas realidades, umas nada têm a ver com as outras. Os tais “deuses” do sistema de crenças nórdico, dos romanos, dos gregos ou dos incas eram representações alegóricas ddo Sol, da Lua, da guerra, etc. Ou seja, representações figurativas de coisas criadas que conhecemos. Mas não encontra nestes sistemas de crenças, nem no Budismo, (que para muitos autores é classificado como uma filosofia com um conjunto de preceitos) nem no Hinduísmo, nem em qualquer outra crença, a questão do Criador. Ou seja, aquele que criou mas não foi criado. Esta questão é riquíssima do ponto de vista filosófico. Quando alguém faz aquela famosa questão de Leibniz, “porquê algo ao invés de nada?”, ainda hoje leva a debates infinitos entre pessoas. Stephen Hawking, um excelente físico (o que não significa que seja excelente em tudo) cai na armadilha de querer responder de forma científica e diz que “devido à existência lei da gravidade o universo pode, e irá, criar-se a si mesmo a partir do nada”. Esta frase desastrosa (do ponto de vista filosófico) foi deliciosamente dissecada pelo professor John Lennox, da universidade de Oxford, numa palestra de 50 minutos, que se pode assistir no youtube (esta questão em concreto no minuto 13). A nossa mente não consegue sequer materializar, de forma concreta o que é o “nada” (se existe lei da gravidade, existe algo; já não estamos a falar do nada). Quando falamos do Deus cristão estamos a falar do Criador de todas as coisas criadas. As ciências (a física, a química, a matemática, a biologia, a música) estudam o funcionamento das coisas criadas. Mas é redutor, do ponto de vista intelectual, que se aspire a que estas ciências também consigam estudar o Criador das coisas criadas. O Criador não é uma coisa criada. Não é algo que está ali, naquele sítio. É o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis (citando o credo de Niceia). É o Criador do tempo.
E aqui entramos na sua segunda questão. Para Deus não há o “lá atrás” nem o lá à frente. Deus não está amarrado ao tempo. Deus criou o tempo. E é aqui que é muito difícil dar o passo seguinte. Não queiramos conceber de uma forma concreta o que é isso de não estar no tempo ou o que é o nada. Apenas conseguimos materializar isso de forma abstrata. E por isso não vamos conseguir ter uma resposta taxativa a essa questão. Temos de ter a humildade intelectual de admitir que há razões que a nossa razão não alcança (por exemplo, o que é o nada). E essa sua segunda questão só pode ser respondida desta forma: para Deus eles não estão lá atrás e nós cá à frente. Porque Deus não está no tempo. Deus criou o tempo.
Júlio, nem eu. Apenas respondi a uma outra pessoa e o Júlio veio atrás para responder. O Júlio não provou que Salazar não falhou uma missa. Duvido que alguém viva sem falhar uma missa. Nem sequer que ele ia à missa devotamente. O único que sabemos é que esteve em missas em representação na qualidade do cargo (e acredito que tenha ido a muitas de amigos, de casamentos, etc.). Mas eu demonstrrei, com factos, que ele teve atitudes que demonstram pouco apreço pelo catolicismo: não recebeu o bispo em 1946 e não foi às cerimónias religiosas aquando dos 50 anos das aparições.
O papa Pio XII não só redigiu a encíclica* (nenhuma encíclica é escrita por uma só pessoa) como teve atitudes louváveis ao longo da guerra, incluindo o acolhimento de 30 mil judeus no Vaticano, para não serem transportados para campos de concentração, o que lhe valeu um quase bombardeamento daquela cidade Estado (episódio histórico representado na série “Sotto il cielo di Roma”; série que desconfio que nunca passará na “isentíssima” RTP ou na “isentíssima” SIC). A sua ajuda aos judeus foi reconhecida, nada mais nada menos, que por Golda Meir que afirmou, aquando da sua morte: “Nós choramos um grande servidor da paz” pois na ocasião do “terrível martírio que se abateu sobre nosso povo, a voz do Papa elevou-se em favor das vítimas.”
Então porquê esta imagem negativa que por vezes anda no ar sobre Pio XII? Convém ir à raíz e ler um pouco sobre a operação Trono-12 da ex-URSS.
Por fim, eu nunca afirmei que todos os clérigos eram contra Hitler. Teve muitos do lado dele. Tal como houve muitos ao lado de comunistas. Mas isso é à revelia da hierarquia máxima da Igreja. Espero que se esses padres se tenham arrependido e confessado antes da morte. Pois muitos deles pecaram e pecaram muito.
(*) Encíclica que utilizou a expressão “campos de concentração” na sua crítica. Local que à época que foi escrita, não era destinada aos católicos. Foi depois, precisamente por causa da encíclica e da sua leitura
pinto,
o problema com a sua resposta ao enigma da criação é que não explica absolutamente nada. Uma resposta ou explicação é algo que reduz o complexo ou incompreensível a partes mais simples ou compreensiveis de forma a iluminar o entendimento sobre a primeira.
ora ,a sua resposta não esclarece absolutamente nada e é indistinguível de responder a alguém que não entende aerodinâmica que os aviões voam “por magia”.
que o Pinto se console com uma explicação tão pobre, apelando a uma entidade da qual não tem absolutamente nenhuma prova de existência, diz mais sobre si e sobre o seu método de raciocínio que outra coisa.
Nada na natureza implica a existência de um criador e a ideia de que esse tal criador estaria liberto das amarras do tempo torna-o ainda mais absurdo e paradoxal, como é fácil de compreender.
Pinto: Estás mal informado. A ideia de um criador é tudo menos original. Digo mais: de tão simples, seria duvidoso que ninguém se tivesse lembrado de a pensar ou verbalizar até há dois milénios. O hinduismo tem no seu deus Brahma o criador do mundo, em Visnu o seu sustentáculo e em Siva o seu destruidor (uma trindade que até o “diabo” contempla). No zoroastrismo, Ahura Mazda era o deus criador. No antigo Egipto, Ra teria criado o mundo. Cronos criou o tempo, segundo a mitologia grega. E por aí fora. Mas, antes destas, já muitas outras explicações orais semelhantes para o mundo seguramente existiram sem deixarem registo. Portanto, nada de particularmente novo nesse criador cristão nem nada capaz de fazer parar o trânsito hoje em dia. Nem o trânsito, nem felizmente a ciência, pouco dada a explicações simplistas e fantasiosas. Hoje sabe-se (a bem dizer, sempre se soube – mas a religião tem servido vários propósitos) que as probabilidades da existência de um criador do universo ou dos vários universos de que agora se suspeita são nulas. Até de “criação” propriamente dita.
Por outro lado, quando dizes lá atrás, continuando no teu estranho mundo, que acreditas piamente na existência física de uma mãe e de um filho de uma divindade, casos de uma tal Maria e de um tal Jesus, referidos nuns dados escritos antigos – registos de histórias que se ouviam, ou que se criaram para realizar profecias -, de criaturas capazes de multiplicar pães e de subir ao céu, o mínimo que posso responder é que estás a ser ridículo. Como o Portocarrero e a virgindade da Maria. Para mim, o que dizes é o equivalente a dizeres-me que a Terra é plana. És livre de o dizer? És. Mas para mim é impensável que seja tema para conversa séria.
seria duvidoso que ninguém se tivesse lembrado de a pensar ou verbalizar até há dois milénios
Dois mil anos Penélope? Mas acha que as Escrituras Sagradas foram escritas há dois mil anos? Que se juntaram uns quantos homens numa sala e um ficou de escrever Génesis, o outro a Epistola de São Paulo aos Coríntios e por aí fora? Bem, não me admira que ache tudo ridículo. Os meus filhos também achavam que lavar os dentes era ridículo. E achavam porque de facto o era? Não: porque a razão deles não alcançava a importância daquilo que estavam a fazer.
Penélope, Cronos é o deus do tempo e o seu pai, Urano, o deus do céu. Mas não é o criador do tempo (como é que um criador do tempo poderia ter um pai que lhe antecedia?). A ideia de criação do tempo ou do antes temporal nem sequer alguma vez foram teologicamente discutidos fora do contexto judaico-cristão. De igual modo, Brahma é o deus do Universo mas jamais essa mitologia abordou a questão da criação de algo a partir do nada. São figuras representativas de coisas criadas, existentes. Mas não a razão da existência das coisas.
nesse criador cristão
Nem me vou alongar. Primeiro deveria entender melhor as religiões abraãmicas.
Hoje sabe-se (a bem dizer, sempre se soube – mas a religião tem servido vários propósitos) que as probabilidades da existência de um criador do universo ou dos vários universos de que agora se suspeita são nulas
Ai é? Mas foi o resultado de uma experiência num laboratório? Vá avisar todos os filósofos e teólogos que discutem por essas universidades, por esse mundo fora, que já tem a verdade no bolso. É que ninguém sabe da novidade. E continuam a discutir as “Cinco Vias” de Tomás de Aquino quando a Penélope já traz consigo a verdade desconhecida por esses ignorantes.
Owen Barfield, há sensivelmente cem anos, rotulava de “snobismo cronológico” àquela crença (imatura) de que a humanidade se enganou “por inúmeras gerações, nos erros mais infantis, em todo o tipo de assuntos elementares, até que foi redimida por um parecer científico do último século” (History in English Words). O seu amigo C. S. Lewis, um agnóstico que achava que a religião estava ultrapassada, confessou mais tarde no seu livro: os “contra-ataques [de Barfield] destruíram para sempre dois elementos do meu pensamento. Em primeiro lugar, acabou com o que eu chamo de “snobismo cronológico”, a aceitação sem crítica do clima intelectual comum da nossa Era e a suposição de que qualquer ideia que tenha saído de moda é, por esse motivo, desacreditada. Você precisa de descobrir porque saiu de moda: foi refutada (e se sim, por quem, onde e como se chegou a essa conclusão) ou simplesmente foi desaparecendo, como na moda costuma suceder? Se foi este último caso, isto não diz nada sobre a verdade ou a falsidade. Percebendo isto, compreende-se que o nosso tempo é também “um período” e certamente tem, como todos os períodos, as suas ilusões”.
(LEWIS, Clive Staples, “Suprised by joy”, C. 13, PP. 207 a 208)
Antes de me responder, pense um pouco sobre isto. Faça isso por si.
Olhem, outros especialista do absurdo :
https://www.youtube.com/watch?v=ZS8Pznrg9rE
Enjoy !
Boas
portanto, como a humanidade andou anos a dizer que os faraós eram deuses, os faraós deviam ser deuses. estou a perceber a sua lógica. deixe lá ver o que foi que a humanidade andou anos a dizer e estava errada: ah olhe que o sol e as estrelas andavam à volta da terra, que eramos uma espécie diferenciada dos outros animais, por exemplo. o pinto ainda acredita nisso?
eu percebo-o, pinto. o pinto acredita no acreditar. acha que isso cria comunidade e dá força, e eu não tenho nada contra. não tente é passar essa patranha em que acredita como verdade ao mesmo nível da radiação cósmica de fundo ou a recessão das galáxias como prova para o modelo do Big Bang. Porque não tem nada a ver uma coisa com a outra.
E o problema torna-se ainda maior quando, e nem o pinto consegue escapar disso, se tenta dizer que uma dada confissão religiosa tem mais valor que outras. Porque os muçulmanos têm exactamente a mesma convição que o Pinto acerca dos seus textos sagrados. E então como ficamos? Quais é que são os sagrados, inspirados e criados por uma força superior transcendental? Porque dizem coisas diferentes, não é?
Se o pinto me conseguir demonstrar aqui que uns escritos são mais verdadeiros, espiritualmente verdadeiros, que transmitem a verdadeira mensagem divina, por assim dizer, quem vai recolher os louros da Academia filosófica, religiosa, científica, literária, de toda a humanidade vai ser você. e a mim restará aplaudi-lo.
tenho alguma confiança que ganharei o desafio, no entanto. creio que o pinto nem sabe em que lingua foram escritos os evangelhos, quanto mais.
deixo mais uma pergunta para acabar, pinto: porque é que deus, omnipotente, não conseguiu deixar a sua mensagem, partindo do principio que quis deixar alguma, à humanidade de uma forma clara e inequívoca?
depois diga coisas.
Pinto: Quem tem a verdade no bolso pareces ser tu. Afinal é tudo muito simples e não há que gastar neurónios. Há um criador que ninguém criou (enfim, podemos ter sido nós, quem sabe?), autor de tudo o que existe e de mais além. Imaginemos que sim. Nada contra. Até dava jeito. Olha, por mim, se for esse o caso, deixo-o estar sossegado, onde e se estiver. Fez o que tinha a fazer. Um criador cria. E ele criou. Está feito. Só não percebo por que razão mereceria essa criatura (ser, entidade, ente, espírito – riscar o que não interessa) adoração, reverência e louvores, rezas, etc.. Eu até tinha umas sugestões a fazer-lhe. Os tremores de terra, por exemplo, chateiam-me.
Não há dúvida, aqui respira-se coltura…
Ó pinto também sabes o que é o esternocleidomastóideo ou ainda lá não chegaste.
Ora vamos lá a pôr alguma seriedade nesta conversa e a conferir alguma substância à sua confrangedora superficialidade. Para começo e fim da dita, em verdade vos digo que Deus é gordo e leva no cu e sobre esta telúrica verificação edificarei a minha igr… perdão, a minha catedrálica palhota. Nela viverei feliz para sempre e também nela darei o peido final. Oremos.
Quem tem a verdade no bolso pareces ser tu
Não é verdade Penélope. A Penélope desafiou-me a responder ao que aconteceu aos que morreram antes da vinda de Cristo e eu não respondi “foi assim”. Apenas formulei uma resposta dialética sobre a natureza divina: se Deus é o Criador de todas as coisas, se é o criador do tempo, Deus não está amarrado ao tempo.
Tal como não há uma resposta taxativa sobre a razão de Deus nos pedir que acreditemos Nele. Ou do porquê da nossa existência. Ou porque é que criou a gravidade e não outra coisa qualquer. Em vez de tentarmos uma resposta, devemos recuar dois passos e analisarmos a pergunta. Mais importante que dar uma resposta a essas questões, é a reflexão sobre essas mesmas questões.
Quando uma criança de 2 anos lhe pergunta como é que o carro anda, a Penélope responde que carrega no pedal e ele anda: e ele percebe isso porque está ao seu alcance. Mas não lhe vai explicar o funcionamento do motor a combustão, a importância do eixo de transmissão e a formulação química da gasolina, para que não lhe escape nada. Porquê? Porque a Penélope sabe que ele não o entenderia. E estamos a falar de dois seres humanos, com uma diferença de idades.
Se Deus é o Criador de todas as coisas criadas, nós, coisas criadas, teremos o alcance cognitivo para entender todos os mistérios do Criador? E é precisamente a este reconhecimento, a esta humildade, que nos convida a reflectir o Livro de Jó. Quando Jó perguntou a Deus porque havia tido tantos infortúnios se Lhe era tão fiel, Deus não lhe deu uma resposta cabal. Os discursos entre Deus e Jó não explicam o sofrimento de Jó, não defendem a justiça divina, não aceitam o confronto argumentativo exigido por Jó e nem respondem ao seu protesto de inocência. Ao invés disto, eles contrastam a fraqueza de Jó com a sabedoria e a omnipotência divina: “Onde estavas tu quando eu lançava os fundamentos da terra?” (Jó 38:4).
Não temos todas as respostas dos enigmas do universo. É um facto. Mas descartar esses enigmas, acreditando que aquilo que conhecemos já é completo, é um gesto de receio, de medo com o desconhecido.
Veja se as palavras de Ratzinger não fazem sentido: “A fé constitui para o incrédulo uma ameaça e uma tentação para o seu mundo aparentemente completo” (Joseph Ratzinger, Introdução ao Cristianismo, p. 32).
teste, está precisamente a confirmar aquilo que escrevi em cima sobre o snobismo cronológico. Os seres humanos vão tendo cada vez mais conhecimento do funcionamento das coisas criadas. Como esse conhecimento vai sendo maior, há uma tentação para o deslumbramento. Ficamos encadeados com o que sabemos e criamos a ilusão da sabedoria absoluta. Caímos no entusiasmo e vem ao de cima aquela crença que Owen Barfield denominou de “snobismo cronológico”: que a humanidade se enganou “por inúmeras gerações, nos erros mais infantis, em todo o tipo de assuntos elementares, até que foi redimida por um parecer científico do último século”. É precisamente isso que está o teste a fazer com essa argumentação.
O teste está empenhadíssimo em demonstrar que essa coisa da religião, da Igreja, são coisas ultrapassadas (nem fez caso, nem reflectiu sobre o que foi escrito em cima; o que interessa é segurar a bandeira). E, pegando em exemplos, vai de mostrar como o conhecimento é excelso (obviamente que é). Mas quis Deus que desse logo dois exemplos, cujas teses nasceram de padres da Igreja: a teoria do Big Bang (concebida pelo padre Georges Lemaître) e o heliocentrismo (elaborado pelo padre Nicolau Copérnico, no desenvolvimento dos estudos do bispo Nicolau d’Oresme e do padre Jean Buridan)
Como já disse em cima, não pode querer uma evidência e um conhecimento sobre o Criador, como tem sobre as coisas criadas. Se assim fosse então o Criador mais não era que uma coisa criada. E então, aí sim, a doutrina judaico-cristã estava toda ela errada. Consegue perceber isso?
Outro mestre do absurdo:
“Il faut laisser les autres avoir raison, puisque cela les console de ne pas avoir autre chose.” (“Devemos deixar os outros terem razão, ja que isso os consola de não terem outra coisa.”)
André Gide
Boas
quem parece não estar a perceber é o pinto. já lhe disse que pode acreditar na mentira que quiser desde que não pretenda que todos os outros acreditem nela, ou dela queira fazer lei.
vejam lá, que o pinto está tão convencido que a religião católica está correcta que até traz a liça a confissão religiosa dos cientistas como forma de atestar da veracidade do que dizem. como se o facto de usarmos numeração árabe quisesse dizer que Allah é que é o verdadeiros deus, será isso Pinto? Diga-me, algum dos que refere acima citou Deus como explicação para o que propunha? E porque não?
Depois ainda passa por cima da perseguição movida pelos “especialistas em textos sagrados” aos tais cientistas a que agora reconhece mérito e verdade no que dizem. Seria porque eram os papas e bispos eram crianças, pinto?
Mas, e quem me garante que não são crianças agora, os que constituem a hierarquia da igreja? quem me garante que não estão carregados de snobismo cronologico? há alguma forma de testarmos a veracidade do que afirmam?
Ah raios, pois não há. A fé não é um caminho para o conhecimento pois com ela pode sustentar-se toda e qualquer posição, não permitindo por isso retirar qualquer conclusão válida e passível de ser aceite pelos outros como verdade. Por exemplo, como sabe o pinto que o que está a inspirar a igreja e seus bispos é deus e não o diabo? há alguma coisa para que possa apontar que permita sem dúvida saber qual das entidades sobrenaturais suporta a ICAR? é que a minha fezada está no chifrudo.
Consegue compreender isto, pinto?
Creio que não consegue. Aliás anda aí a acenar com o criador não criado de um lado para o outro mas duvido que me consiga explicar ou afirmar com certeza: se houve ou não um momento em que Jesus não era e outro diferente em que passou a ser.
Enquanto nos entretemos aqui com discussões, o Governo já publicou o Despacho n.º 5335-B/2020, estabelecendo “a forma da celebração das aparições de Fátima a 12 e 13 de maio”
Vale a pena ler a crónica do padre Portocarrero de Almada a esta aberração jurídica.
Não deixa de ser surpreendente que, a uma semana do aniversário da primeira aparição mariana em Fátima, o Governo, pelo despacho nº 5335-B/2020, publicado no Diário da República nº 89/2020, 2º Suplemento, Série II de 7 de Maio de 2020, decida pronunciar-se sobre “a forma de celebração das aparições de Fátima a 12 e 13 de maio”. Porquê surpreendente?! Porque sabe, há já alguns meses, a forma como essa celebração se vai realizar!
A peregrinação dos dias 12 e 13 de Maio, pela sua vertente internacional e pelo seu carácter multitudinário – provavelmente, a mais numerosa manifestação espontânea portuguesa – não é um evento que se prepare e realize com uma semana de antecedência. Por isso, se o Governo queria pronunciar-se sobre este acontecimento eclesial, tão querido dos portugueses e de tantos outros devotos de Maria, devia tê-lo feito, pelo menos, a meados de Março, quando já era conhecida a actual pandemia e se conjecturava a sua implicação na celebração de 12 e 13 de Maio em Fátima. Não agora, a uma semana do aniversário da primeira aparição mariana na Cova da Iria! Pode ser que, na iminência da realização da Festa do Avante!, em princípios de Setembro, e depois da incrível manifestação da CGTP, em pleno estado de emergência e em escandalosa contravenção das normas então em vigor, o Governo tenha querido, com este despacho, dar aos portugueses uma aparência de abertura e de imparcialidade. Mas esta sua despropositada iniciativa peca por extemporânea e oportunista e é também uma inqualificável ingerência numa questão que é, apenas e só, eclesial. O Governo pode decidir o que se relaciona com a vida pública, mas o modo como cada confissão religiosa comemora as suas festividades, só à própria diz respeito, como é óbvio. No preâmbulo às normas agora emanadas, lê-se: “entendendo como relevante para a comunidade católica portuguesa a celebração das aparições de Fátima, no dia 13 de Maio, e atendendo a que, mediante o cumprimento dos termos fixados no presente despacho, a saúde pública é adequadamente garantida, considera-se justificada e proporcional a realização da referida celebração, a qual, nos termos já oportunamente comunicados pela diocese de Leiria-Fátima, não contará este ano com a presença física de peregrinos no recinto do santuário.
Vale a pena chamar a atenção para algumas pérolas desta peça jurídico-teológica-literária. Como é sabido, nem todos os católicos acreditam nas aparições de Fátima, que não fazem parte do depósito da fé. Desgraçadamente, não obstante as provas que atestam a veracidade desses fenómenos, há quem não acredite que Maria apareceu, na Cova da Iria, entre Maio e Outubro de 1917. Mas – bendito seja Deus! – para dissipar quaisquer dúvidas a esse respeito, o Governo da República, por via deste seu despacho, entendeu por bem resolver definitivamente esta questão, declarando ao país que, como expressamente se refere neste despacho, houve mesmo “aparições”! O Dr. António Costa dixit, ex cathedra. Acto seguido, o Governo declara que, como o Bispo de Leiria-Fátima já disse que este ano não haverá a habitual comemoração da primeira aparição mariana, o Governo vem dizer… o que o Bispo já disse!! Por este andar, o Governo também poderá em breve declarar que, este ano, o dia 13 de Maio será mesmo depois do dia 12 e antes do 14 …
É muito sugestiva a forma de presença interdita: só se impede a “presença física”. Certamente que os teólogos, que assessoram o Governo em matéria tão sensível, ao escolherem esta adjectivação, tinham a intenção de não proibir a presença dos espíritos – sejam eles almas penadas, anjos, arcanjos, serafins, querubins ou, até, demónios, pois também estes desgraçados estão privados de natureza corpórea – cuja presença, não sendo “física”, está, portanto, autorizada pelo Governo. No seu único número, o presente decreto determina que “A celebração das aparições de Fátima, nos dias 12 e 13 de Maio de 2020, no recinto do santuário de Fátima, possa contar com a presença dos celebrantes e demais elementos necessários à celebração, convidados do Santuário de Fátima e respectivos funcionários, os quais devem observar o distanciamento físico de dois metros entre si.” Refere-se “a celebração das aparições de Fátima”, mas deve ser lapso pois, salvo melhor opinião, a celebração não é das ‘aparições’, mas do seu aniversário, a não ser que o Governo, por artes que só ele conheça, consiga trazer de novo Nossa Senhora à Cova da Iria… Decreta-se que o que, em princípio, não se podia fazer, afinal pode-se fazer, precisamente no modo já estabelecido pelo respectivo bispo, que é, aliás, a única autoridade competente em matéria litúrgica.
Dizer que a celebração pode contar com os celebrantes não lembra a ninguém, excepto ao Monsieur de La Palice. A afirmação de que a celebração também pode contar com os “demais elementos necessários à celebração” é igualmente supérflua, por redundante: se são necessários, é óbvio que a celebração não pode ter lugar sem a sua participação! Caso contrário, é evidente, meu caro Watson, que não seriam necessários! Mais é de espantar que, depois de se dizer que podem participar na celebração os que nunca poderiam a ela faltar, por serem ‘celebrantes’ ou ‘necessários à celebração’, depois se acrescente que também poderão estar presentes, supõe-se que não só em espírito como também fisicamente, os “convidados do Santuário de Fátima”! Ou seja, se o santuário tiver a magnanimidade de convidar todos os portugueses, todos os habitantes da península, todos os católicos, ou até mesmo todos os chineses, o Governo não se opõe, desde que, claro está, observem a distância ‘física’ de “dois metros entre si”! Concluindo e resumindo, o Governo achou por bem determinar que, afinal, podem ir a Fátima, para as celebrações do 12 e 13 de Maio, todas as pessoas que quiserem porque, sendo o santuário católico, ou seja universal, decerto que não vai discriminar os ciganos, nem os ateus, nem os crentes de outras religiões, nem os cidadãos estrangeiros…
Esta tardia e estranha generosidade do Governo da nação com a Igreja católica não parece ser, contudo, inocente. Na ausência deste despacho, os peregrinos poderiam culpabilizar o Governo por não lhes ter sido permitida, pela primeira vez na centenária história de Fátima, a participação na celebração religiosa comemorativa da primeira aparição mariana. Mas, graças a este aparentemente inócuo despacho, a quem proteste por não ter podido ir, este ano, nos dias 12 e 13 de Maio, à Cova da Iria, o Governo poderá dizer que a culpa é do Santuário e, portanto, da Igreja, porque, por este seu despacho, o Governo autorizou a presença física de todos os “convidados do Santuário de Fátima”! Espero bem que a Igreja católica que, desde que se declarou esta pandemia, tem dado um tão bom exemplo de prudência e responsabilidade cívica, sobretudo através do seu episcopado, não caia na esparrela de alterar o que sabiamente já determinou, certamente com grande pena dos pastores e dos milhares de peregrinos que, este ano, não poderão deslocar-se fisicamente à Cova da Iria, para as celebrações do 12 e 13 de Maio de 2020. Felizmente, a Igreja católica não é a CGTP, nem as celebrações do 12 e 13 de Maio são comparáveis à festa do Avante! Talvez a escusada, desajeitada e extemporânea autorização governamental para essas cerimónias religiosas não seja inocente. Com efeito, pode ter sido uma forma oportunista do Governo, de uma só cajadada, agradar agora aos católicos, para depois poder satisfazer o eleitorado comunista. Que Nossa Senhora de Fátima valha aos nossos governantes, não seja que o tiro lhes saia pela culatra.
Teste, aprendi duas coisas consigo: que a filosofia não é um caminho para o conhecimento e que Lemaître e Copérnico foram perseguidos pela Igreja. Fiquemo-nos por aqui.
“O Governo pode decidir o que se relaciona com a vida pública, mas o modo como cada confissão religiosa comemora as suas festividades, só à própria diz respeito, como é óbvio.”
Errado. O que é obvio é que, se o governo pode decidir o que se relaciona com a vida publica, então ele pode interferir com cada confissão religiosa, com base na lei e no respeito das liberdades fundamentais, desde que ela comemore as suas festividades na esfera publica e que possa, por essa razão, por em causa a ordem publica…
Pinto, por quem és, deixa a César o que é de César…
Boas
ahahhahah pinto, a tua estulticia revela os problemas que a tua consciência tem acerca deste tema. Quem falou de filosofia, pinto? eu disse que a fé não era um caminho para o conhecimento. a fé é mera filosofia? é que a filosofia não necessita de pressupor deus nenhum, pinto.
e copérnico não foi perseguido pela igreja, dizes? por acaso também não disse que tinha sido, mas informo-te que tal só aconteceu porque morreu no ano em que publicou a sua teoria heliocentrica (acrescentemos que o editor do livro apesar de protestante tinha tanto medo do papa que escreveu um prefacio sem autorização do autor dizendo que aquilo não era uma visão real do universo mas apenas calculos coerentes com as observações). mas galileu foi-o e por advogar a mesma teoria heliocentrica de copernico, ou também disputas isso?
és engraçado, pinto. apresentas-te como sabedor de mais do que os outros e depois não respondes a nada.
és um exemplo perfeito dos problemas que a religião cria no conhecimento do homem. ou como tu dirias, estás claramente possuido pelo demónio da ignorância e da mentira.
Mateus 5:3 “Bem-aventurados os pobres de espírito pois será deles o reino dos céus “.
Ó Pinto não digas mais nada, está descansado que eu dou-te o meu lugar.
” és um exemplo perfeito dos problemas que a religião cria no conhecimento do homem. ou como tu dirias, estás claramente possuido pelo demónio da ignorância e da mentira.”
resumindo: um aldrabão
o advogado de defesa dá de frósques e a testemunha vira desabonatória.
Ó Pinto, para o que lhe havia de dar, vir enfiar-se num vespeiro socrático satânico para abordar questões dessas .
Never cared for what they do
Never cared for what they know
But I know
Metallica, 2:10
https://www.uc.pt/fluc/dfci/public_/publicacoes/Spinoza_y_el_arbol