João Cabral de Melo Neto – «a vida que levo sob o efeito permanente de aspirina»
O livro é organizado, apresentado e anotado por Flora Süssekind, editado pela Nova Fonteira e Casa de Rui Barbosa e chama-se «Correspondência de Cabral com Bandeira e Drummond». Aqui se juntam cartas, bilhetes, telegramas, poemas e cartões trocados entre João Cabral de Melo Neto (1920-1999) com Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Manuel Bandeira (1886-1968). Neles se descobre por exemplo como Mário Calábria foi responsável em 1952 pela denúncia de João Cabral de Melo Neto como comunista o que levaria o poeta a ser desligado do Itamarati, só conseguindo a reintegração dois anos depois. Tudo porque Cabral solicitou a Paulo Cotrim Rodrigues Pereira um artigo para a revista do Partido Trabalhista Inglês. O mesmo Cabral escreveu em 1951 a Manuel Bandeira «porque da Europa é que pude descobrir como o Brasil é pobre e miserável. Isto é: depois de ver o que é a miséria europeia acho que é preciso inventar outra palavra para a nossa, cem vezes mais forte.»
Como curiosidade há uma carta de 1942 de João Cabral de Melo Neto a Carlos Drummond de Andrade. Depois de ter passado seis meses no sanatório de seu tio Ulisses, Cabral dirige-se a Drummond pedindo ajuda: «se a vida que levo, sob o efeito permanente de aspirina, me permite passar por um rapaz apenas magro e um tanto pálido, mas um rapaz que trabalha, vai ao cinema, lê, etc., lembro-me pela experiência que me ficou pelo tiro de guerra que os analgésicos não são suficientes para dominar os exercícios físicos, as marcha, a avida de soldado. Por todas estas coisas é que lhe estou mandando esta carta. Creio que uma colocação no Rio, mesmo provisória, me permitira fazer qualquer tratamento, principalmente porque me sinto em condições de assumir qualquer serviço.»
tás cum uma pedrada meue, oube, granda pedrada, meue, inté comes as bígulas e te atrebes a albitrare coisas pulíticas. táze disculpado pa, chumbaste a terceira classe, a base.
Como gosto do Braziu,
porque eu sei do que falo,
quando alegre eu Rio,
e quando triste S. Paulo!