Crónica quase em verso
Em latim a palavra «verso» significava a volta que dava a charrua ao fim de cada sulco inscrito na terra. Mais tarde, por extensão, a palavra passou a aplicar-se ao próprio «sulco». Depois, muito tempo depois, ganhou o sentido de «linha» de escrita. Talvez com estas palavras fique explicado o meu pendor para as referências agrícolas quando escrevo. Os meus poemas e as minhas crónicas viajam pelos lagares de azeite, pelas vinhas, pelos pomares, pelo lagar de vinho, pelo suor dos ceifeiros, pelo cansaço de quem ao fim da tarde regava uma horta a que chamava «brejo» a partir de um pequeno poço. De onde a água saía puxada por alguém numa picota com uma pedra pequena atada ao balde e uma pedra grande no fim do pinheiro furado ao meio: uma servia para ele entrar de lado na água e a outra para ser mais fácil subir o balde já cheio. Afinal poesia e agricultura são da mesma família. Em ambos os lugares se semeia e se perdem colheitas, em ambos os ofícios há o risco de uma colheita perdida – título de um livro de Carlos de Oliveira. Talvez não por acaso esse mesmo poeta e romancista escreveu e afirmou várias vezes: «Escrever é lavrar numa terra de camponeses e escritores abandonados». Por mim, na modéstia de uma intervenção quase particular, sem holofotes nem referências, respiro de alívio ao descobrir que a minha intuição me colocou, sem eu o saber ou prever sequer, nos caminhos dos versos mais antigos do Mundo. Por isso quando escrevo, quando te escrevo, me coloco ao lado dos mais obscuros agricultores, aqueles que, anónimos e confiantes, regam com o seu suor uma sementeira da qual nada nem ninguém lhes poderá garantir frutos. Mas dão-se por inteiro nessa tarefa.
Cheira a suor rançoso de neo-realismo fora do prazo. Se a poesia é uma ramo da agricultura, porque não vais antes cavar?
Fifi, faz-me lembrar fífia e figurona. Nem mais. E que moderna me saíu a figurona da Fifi! «Neo-realismo fora de prazo», é isso então, o que lhe chamas? E ainda por cima «rançoso». Que sabes tu, ó figurona dos grandes autores do neo-realismo? Daqueles que hão-de ficar para sempre na História da nossa Literatura? Decerto não conheces nem um, aposto. Sabes, por acaso quem foi Alves Redol, Armindo Rodrigues, Sidónio Muralha, Mário Dionísio, Joaquim Namorado, Alexandre Cabral, Manuel da Fonseca ou Soeiro Pereira Gomes? Pobre de ti Fifi, só mostras a tua ignorância. Ignorância e grosseria por não seres capaz de entender este belo texto e aquilo que a literatura nas suas diversas correntes nos transmitem. Só posso dar os parabéns ao JCF por esta «prenda de Páscoa». O resto, é conversa de ignorantes desprovidos de sensibilidade e de conhecimento da cultura do século XX. Melhor seria fecharem a boca para não sair asneira, como é o caso da Fifi fífia figurona!
Se gosto ou não do neo-realismo ainda não o disse aqui. Por acaso, não é manjar por que me pele, querida Quegandabesta. Mas outra coisa é o neo-realismo fora de prazo, a cheirar a suor rançoso. E não esbracejes comigo, porque sou Fifi, mas não sou assustadiça.
Pensavas que te ia dar trela, Fifi? Lembrei-me agora que Fifi também é nome de caniche. Rançosa e petulante me pareces tu. Aliás, não escreveste o nome completo: Quegandabestamesaiuesta. É claro que «esta» és tu, evidentemente. Só podia. E vê-se logo que deves gostar muito do neo-realismo… Já agora, queres um conselho? Vai mas é «cavar» daqui para fora. Não deves ser da «casa». Os da «casa» são comentadores inteligentes. E ponto final na conversa, que já vai longa. Não vou perder mais tempo com ignorantes a fingir de cultas
Já sei, Fifi. Os teus autores preferidos são Teresa Guilherme, Tony Carreira e Fátima Lopes! E deves estar ansiosa à espera do livro da Júlia Pinheiro!
Quegandabesta, parece-me que a menina é o JCF com o rabiosque de fora. Se assim for, fica-lhe muito mal gabar a sua própria obra, esse tal ovo de Páscoa a cheirar a neo-realejo.
Nunca isso aconteceu nem poderá acontecer. Nunca fui pessoa para me esconder em pseudónimos, muito menos para me defender… Era o que faltava. Aliás basta consultar o gestor para saber qual o mail que deu origem. O meu texto sai sempre com «jcfrancisco» e basta ir ao google ou a qualquer outro motor de busca para perceber quem sou. Escrevo em jornais desde 1978 e publico livros desde 1980 e nunca me escondi. Esta Fifi ou este Fifi não interessa nem ao menino Jesus. Safa!
e cresce, sim. :-)
cresce o quê Sinhá? Que quer isso dizer???
a sementeira que regas. boa?:-)