«No dorso do vento» de Alice Ruivo
O pano de fundo da acção deste romance de amor é o intervalo entre 1945 e 1974: o fim da II Guerra Mundial e a Revolução de Abril. Por oposição a uma Europa devastada o ponto de encontro (e de desencontro) é Sintra, lugar onde o romantismo a tudo resiste. No dorso do vento de 1945 havia conflito mas também amor: a família Ávila (Jeremias e Olívia) com sua fortuna e pergaminhos, encontra a família Teixeira (Manuel e Rosa) apenas com fortuna. O encontro breve entre Jacinta e João origina o desabafo com o mordomo Tomás («amo-o como nunca amei ninguém») e, tempos depois, nasce Mariazinha: «quando a menina a invadia com perguntas acerca do pai, Jacinta falava dele sem rancor». Anos depois o «25 de Abril» proporciona-lhe o relacionamento com o médico David: «Este interesse de David não passava despercebido a Jacinta mas ela, alegando respeito à filha, não queria qualquer envolvimento». Mas quando, anos depois, parecia ter chegado a paz entre João e Jacinta, esta descobre o seu drama em gente: «O meu pai teve outro filho? Então quer dizer que tenho um meio-irmão». E é num ritmo quase policial que a narrativa evolui. Obtidas certidões de nascimento dos pais de David se percebe melhor a frase de João: «se algo aconteceu… não tens de te sentir culpada. Vocês não sabiam».
Nem a morte física de David o levou no dorso do vento: «Para Jacinta ele fora o irmão, o apaixonado, o confessor e o amigo que lhe dera, ao longo de muitos anos, a força de que ela precisou para agora ser feliz».
(Editora: Terramar, Ilustração da capa: Rita Ruivo Simões)
Muito trágico. Muito déjà vu. Sem desprimor, naturalmente, para com a qualidade da Srª. escritora.
Desculpa lá mas esse livro é uma merda. =)
Bastou-me ler a frase «…quando a menina a invadia com perguntas…», para ficar desagradado. Melhor, quanto a mim, «…a sufocava com perguntas…» ou «…a afogava com perguntas…» ou ainda: submetia, sujeitava, inundava de, enfim, por aí fora…
Sem dúvida, André.