Domingo rústico
Da mistura do branco com o tinto
e dos dois com aguardente
pode nascer uma poça de sangue.
Da mistura dum olhar atrevido
com um desejo de libertação
pode nascer uma criança.
Da mistura dos cansaços da semana
e dos azares do chinquilho
pode nascer um brilho de navalha.
Já vi
que ficar eternamente ao sol
nada resolve
mas o desejo de emigrar
tornou-se inútil.
Anti-Turismo
Deixaram arrefecer o sangue do povo
durante séculos de esquecimento
mas as câmaras de televisão
dos países sem passado vieram
vieram também operadores de cinema
e gravadores para as canções populares
mas os aldeões deitaram os técnicos ao rio
e fizeram uma fogueira com fitas magnéticas
depois dançaram todos à volta do lume
e assaram uma script girl que era deliciosa.
José do Carmo Francisco in «Lugar de ser»
JCF:
Ofereço estes versos declamados por Carneiro Alves, um meu conterrâneo. Espero que goste.
Ah, carneiro!
Ah, macho !
Ah filho dum cacho !
Anda pacheco !
Jnascimento
raska rustical style, alcool, sexo, porrada, canibalismo e sorna. trabalhar tá quieto. a luta continua apesar da greve ter sido desconvocada e dos máquinistas já ganharem mais que o méne do pingo doce. dá lhe com força, camarada xico.
Manuel Pacheco, por acaso já assistiu a uma sessão dos Alcoólicos Anónimos? Não? Então, vá. Talvez comece a ter a noção do que é a dependência do álcool. Quanta miséria humana, quanto sofrimento, quanta insegurança, quanto medo de recaídas! Pessoa das minhas amizades, uma jovem mulher, casada, com dois filhos de 10 e 12 anos, já fez vários internamentos em Portugal e no estrangeiro, sem resultado. A família perdeu a esperança, ela também. A apologia da bebedeira (mesmo num bom poema) pode fazer estragos, pode magoar. Pensou nesses «pormenores»? Poderá brindar-nos com outro poema onde se enalteça a droga? Se procurar bem, é capaz de encontrar.
Manuel Pacheco: tenha vergonha!
Jnascimento: tenha juízo!
Pensei que estava a dizer o mesmo que você, antes de você, Anónimo II !
Não estava ?
Jnascimento
os cansaços só indicam dois tipos de caminhos: ou os errados ou os demasiado rápidos e o brilho da navalha só pode significar desilusão, para o primeiro caminho, ou aborto para o segundo; e depois a emigração pode ser um atalho – que não se livra dos cansaços.
(o melhor, mesmo, é parar apanhar outro caminho – sendo errado – ou então parar para respirar e abrandar – sendo rápido). pronto, já fiz a digestão.:-)
Jnascimento, para quem entrou com pézinhos de lã no aspirina, não está mal a resposta. Com quem tem aprendido a grosseria? Adivinha-se fácilmente. Realmente, tem tido um bom professor. Ora meta a viola no saco e veja se começa a comportar-se como gente crescida. Para impertinentes de meia tigela, chega um!
Se conduzir, beba o suficiente e depois leve a garrafa consigo, de preferência bem cheia. Copo não é preciso.
Só mesmo uma cambada de bêbedos e carroceiros para fazerem grupo com o jcF!
eu também faço grupo com eles. até quero ver o que me vão chamar.
(aviso: a mera pretensão de insultar tem efeito boomerang) :-)
Não costumo responder a anónimos, principalmente a um, em segundo plano, por motivo de avaria no meu portátil, não sei se derivado à prosa com que me brindou não o fiz mais cedo.
Para começar informo-o que o meu pai enquanto vivo, gostava do seu copito e nos fins-de-semana excedia-se um pouco, o que por vezes, animava-o a vir para comigo e fazia o trajecto com ele a pé. Era novato, nessa altura não tinha idade para tirar carta de condução, os automóveis rareavam e como disse o trajecto era a pé, morava um pouco retirado do centro da vila.
Nesse trajecto até casa e sempre que acendia um cigarro, para acertar com o fósforo no cigarro era um dia de juízo, às vezes, só se apercebia quando lhe queimava os dedos.
Brincava com ele nunca se aborrecia. Era um parceirão. Nesses dias oferecia-me tudo, só era pena ter tão pouco. Cada passo, cada conversa. Quando reparava cada vez estávamos mais longe de casa, por cada passo para a frente dava dois para a retaguarda, o que me levou a propor-lhe que nos virássemos em sentido contrário, assim alcançávamos a casa mais depressa.
Ao me referir a meu pai, faço-o como uma declaração de interesses, ao contrário dele, sou abstémio, não sou nenhum menino, pelo contrário, tive momentos em que celebrei com alegria mas, nunca até hoje “animei” o que quero dizer que nunca me embebedei.
Mas, também compreendo, que não é por publicar este ou aquele escrito ou verso, vá contribuir para a multiplicação de bêbados. No outro regime havia a censura, não se podia vender livros, revistas ou filmes pornográficos e por esse motivo não evitou a prostituição. Nem tudo que é publicado ou proibido vai contribuir para o aumento.
Vou terminar e reafirmar que quem me dera pagar uma bebedeira a meu pai. Não sabe o prazer que sentia.
Deixe-se de lamentar, ao contrário dos alcoólicos anónimos, estes a qualquer momento podem se ver livres, ao contrário o senhor nunca se vê livre da sua cegueira e fanatismo.
Passe bem.
um abraço amigos Nascimento e Pacheco, não liguem aos chanfrados há malta a valer menos que o peido de um vendedor de burros nas feiras da raia
o que são feiras da raia? :-)
Sao feiras de burros e machos perto da fronteria de Espanha…
burro és tu, macho já duvido