Oficinas da saudade
Meu trabalho semanal
Transfigurar a cidade
Num artigo de jornal
Cinquenta anos depois
Inventários e balanço
Multiplicado por dois
Valor que não alcanço
Torneiras de chafarizes
Cidade, bilhete-postal
Passei tempos felizes
Nas ruas desta capital
Os comboios a carvão
Debaixo do miradouro
O Rossio foi a estação
Onde perdi um tesouro
Escadinhas escondidas
Boqueirões de Cesário
Sombra de muitas vidas
De magotes ao contrário
Vem gente dos estaleiros
Fechou porta se janelas
Na tasca dos marinheiros
Vai comer iscas com elas
Feira da ladra o estendal
Numa mercantil tropelia
Nossa questão pessoal
Nas vidas de cada dia
Roupa roubada à janela
Quando o gato dá sinal
Cuequinhas de flanela
Duma velha sem igual
Eléctricos de atrelado
À espera da campainha
Se o jogo é no relvado
O rádio é o da vizinha
Cidade, escolas, oficinas
Teatros velhos, cinemas
Manteigas ou margarinas
Fotocópias dos poemas
Para Ceuta foram tubas
Guitarras Alcácer Quibir
Quer tu desças ou subas
A cidade faz-te sorrir
E do Aljube ao Castelo
Nas fragatas de Portugal
O melão mais amarelo
Vem com o vinho e o sal
O boneco é interessante.
Peço desculpa: com a pressa esqueci-me de informar o nome do autor do quadro aqui reproduzido – J. B. Durão. Peço desulpa ao autor e à Marta, sempre gentil a arranjar as ilustrações.
eng. estrábico com pancada por transportes públicos e calçada portuguesa ilustra balada das iscas com elas de autor vesgo. já que o prato do dia é sempre o mesmo, podias mudar as ilustrações.
Os parabéns ao autor do quadro, sinceramente acho magnífico. Não posso enganar-me se disser que ele resolveu dar uma de Braunio, colorido! Eu também brinco muito com isso, ja cacei umas poucas de torres da cerca velha, mas tem outras que enganam.
O bailarico das casas e das muralhas faz lembrar as festas de Santo António, os carros são de alguém que cresceu com o Papagaio, o Cavaleiro Andante, o Nody e o Carrossel Mágico, o céu não é o de Lisboa, nem o rio, o gato é parisiense, a composição é tudo menos “naïf art”.
“O melão mais amarelo” vem com o Sporting a 21 pontos do FC Porto.
gostei tanto, Zézinho, do quadro e da rua das cuequinhas de flanela. e das casas cor de rosa e do gato com o rabo a dizer vem. gostei da balada e fiquei abalalada. :-)
Naive but nice. E a balada, também, é pena é não falar da fuga de penixe com a colaboração da peed.
É isso Sinhã. Depois de 45 anos de Lisboa já não há «tipos» mas sim as suas memórias. Já não há cégadas com as suas quatro «figuras» e no fim o «chapa» manda tuda para a esquadra… E uns rapazes pobres com um lençol velho a pediram umas moedinhas para o jantar.
Volta não volta, lá se esquece o meu caro jcFrancisco de divulgar o nome do autor das ilustrações dos seus posts. Sabe que pedir desculpa não chega? É muito feio utilizar o trabalho dos outros e esquecer o seu nome. Trata-se de mais uma outra prova de falta de respeito para com o próximo. Penso que a sua pressa em postar os seus escritos o torna verdadeiramente cego. Tão cego, que não vê quanto é má esta balada. Ao contrário do Armando Gama («linda, linda, esta balada que te dou»), fica-nos uma balada que é mais uma «badalada» a anunciar outro péssimo trabalho «poético»…
ó Zezinho, tu tens a certeza que a Maria não é uma das que só serviu para picar na cuequinha de flanela e que depois ficou raivosa e agora vem para a vingança e traz aí uns três ou quatro irmãos de caçadeira? :-D
Sinhã, tens razão. Quem finge não perceber que o meu trabalho poético existe antes e para além do quadro (que só foi enviado muito depois…) e insiste em me tratar por «meu caro» para, de seguida, despejar bojardas maldosas, também é capaz de roubar jeans e cuequinhas de flanela das casas de Alfama a caminho da feira da Ladra. O poema foi escrito no Café di Roma da Baixa Chiado a olhar para o Castelo mas a ilustração foi cedida pela Marta no dia seguinte. Não tem nada a ver. O meu pedido de desculpas foi imediato. Até por isso…
jcf, tu chamas poema a cada coisa! Se ficares na História da aldeia de Sta Catarina será como esforçado remendão de versos de pé-quebrado :)
Nunca ouviste dizer «Na tua boca sou tudo o que tu quiseres mas eu não sou nem serei aquilo que tu queres dizer». Ninguém é profeta na sua terra e ninguém é excepção, muito menos eu. Já há, além do bispo Rebelo, dois escritores esquecidos na minha terra, eu serei mais um. Tudo normal.
estas naífadas do durão parecem ter sido encomendadas pela comissão das comemorações do terramoto, já balada é mais calçada portuguesa talhada a martelo.
Não foi a martelo foi a caneta. Safa!
(estou a pensar, Zézinho, se estes irmãos da maria têm andar de cowboy. mas não, não, não, isto de terem as pernas abertonas não quer dizer que são cowboys) :-D
Ó Sinhã eu sou mais do tempo das «filhas de Maria», meninas qeu eram levadas para o Curso de Formação Feminina nas Escolas Técnicas e saíam quase directamente para o altar.
“estás cadado comigo porque me amas?
claro que não: isso é superstição. tenho de amar-te porque estou casado contigo.
(creio, mesmo, na prostituição legal)”
:-)