São todas de madeira e de vidro
As casas de Blackheath Park
A outra metade é feita de tijolos
Tristes porque são todos iguais
Na sua tão repetida monotonia
À volta da avenida fica o arvoredo
Antigo como as casas dos guardas
Lembra um velho tempo de quintas
Com cavalos e carroças no mercado
Hoje só recordado aos domingos
Esquilos nos ramos, corvos na relva
De noite raposas fogem assustadas
Dos poucos táxis a circular na rua
Na escuridão fria da noite inglesa
À hora dos comboios mais raros
Envolvido nas rotinas das escolas
Levo na mão o meu neto de manhã
E vou buscá-lo perto do meio-dia
Pego na pasta azul com o seu nome
E levo o saco da fruta que ele espera
Todos os dias trocam o livro da mala
São elefantes, borboletas e ovelhas
Entram na floresta que eu lhe conto
E tremem de medo dos monstros
Como eu tremo de medo da doença
São todas de madeira e de vidro
As casas de Blackheath Park
Frágeis perante a neve a chegar
Tal como eu frente ao pâncreas
Que de súbito há-de ficar cansado
Tudo é intenso e frágil nos dedos
Maneira de eu dizer adeus à vida
Todos os momentos são preciosos
Para que o meu neto me lembre
E não se esqueça de me recordar
Pâncreas, José do Carmo Francisco ?!
Se você se deixasse de disparates e pensasse na eternidade dos seus órgãos, para alegria do seu neto ! Ainda nem lhe ensinou a pôr o acento no nome: é Tomás e não Tomas, miúdo !
Um abraço “saudoso”, de saúde claro, do
Jnascimento
:-) tão lindo.
(prometes que enfrentas o pâncreas malvado?)
Obrigado malta, porreiro. Foi bom estar lá mas é bom estar de volta. Sou daqui – poderia adaptar-me lá mas não sou de lá. Sinto é saudades de brincar às lojas com ele «tome lá cinco libras e dê-me dois quilos de batatas, não se esqueça do troco». coisa fofa…