(o caso very-light 12 anos depois)
Vinha Rui Mendes em festa
Num bilhete que ele trazia
Uma gente que não presta
Deu-lhe a morte nesse dia
A varanda de Pilatos
É na Praça da Alegria
Visto isso mais os actos
Ninguém faz da noite dia
Ninguém faz a obrigação
Todos fogem dos sarilhos
Há que saber dar a mão
Às mãos frias dos filhos
Ninguém faz o seu dever
Ninguém segue o preceito
As lágrimas duma mulher
Não cabem dentro do peito
Por duas vezes negada
A razão de uma sentença
Eles fingem que não é nada
E dormem na indiferença
Fizeram os jogadores
Das camisolas um leilão
Vieram logo os doutores
À procura duma posição
Como se esta simpatia
Trazida pelos jogadores
Tivesse nascido um dia
Na cabeça dos doutores
Rui já morreu três vezes
Não é uma ideia confusa
Uma viram os portugueses
As outras em cada recusa
Nenhum dinheiro fazia
Um preço da sua vida
Mas na Praça da Alegria
O Zero é regra e medida
E assinam os contratos
No meio duma euforia
A varanda de Pilatos
É na Praça da Alegria
Desculpem: no verso vinte é bem «dormem» na indiferença. Olhei e não vi o lapso.
já está corrigido.
Obrigado! Se fosse na Beira Alta – bem haja!
http://clix.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/320280
O estado a que isto chegou… Doze anos depois do assassinato do sócio do Sporting com um very light no peito ninguém comenta. Que se passa afinal?
Ninguém comenta porque o mundo deve ter piorado ainda mais desde aí… fica-me aquele desconforto do “sucedeu e agora isto está pior”…
Um dia sentei-me naquele estádio, não havia ninguém excepto quem me acompanhava que apontou e disse: foi ali, ele estava sentado ali…
Eu olhei… não sabia que tinha sido “ali”. É assim que o vejo, um vazio no meio de um imenso vazio.
Há demasiadas mortes jcf, demasiadas…
Por isso não vejo o telejornal todos os dias.
Pronto, já é um princípio. Eu fui lá e falei com as pessoas: a viúva, o cunhado, a filha. O filho desandou dali porque é complicado falar da morte. Obrigado Raquel pelo comentário. Como diz o outro: Já tudo foi dito mas como não ligam nenhuma é preciso dizer tudo de novo… No domingo faz exactamente 12 anos.
creio que o facto de ninguém ter comentado até ali não significa nada no sentido do desrespeito pela vítima do verylight. isto dos comentários é muitas vezes uma casualidade.
A vitória de ontem foi também uma consolação. Nada resolve mas ajuda a lembrar. Foram dois golos contra o esquecimento. As palavras também nada resolvem mas não somos nada sem as palavras.