Desde a adolescência que registo este erro de tradução: eventually como eventualmente. Mas não sou só eu a reparar. Toda a minha gente repara. Todinha. Porque o erro aparece em filmes, em séries, em documentários. E aparece há décadas, aparece todo o santo dia.
Eventualmente, um dia estes nossos tradutores farão um ultimately aos ingleses para eles desistirem dos seus territórios semânticos.
Também já tinha reparado. Mas há mais: portugueses começam a usar “eventualmente” com o significado que os ingleses dão ao seu eventually. O erro auto-legitima-se, beware.
Também já vi “let’s make a toast” => “vamos fazer uma torrada”; e “sistemare” (arrumar em italiano) => “sistematizar”. Enfim…
Eventually, também temos algumas situações de marca engraçadas que, não sendo um erro, nos apoderámos delas, de tal forma, que custa acreditar que elas não tenham o mesmo significado na língua de origem: x-acto = cutter e passe-vite= passoire à légumes.
também fico bera quando os ingleses me perguntam pelo great portuguese poet Cámone
Vá lá, dá-nos um exemplo fresquinho dessa burrice. Espero que não tenha sido em nenhuma das traduções do nosso amigo Jorge.
Achei piada ver uma vez um actor inglês dizer ‘aerosol’ e a legenda, em português, traduzir para ‘spray’.
Se fosse somente esse o erro… são vários e só para abrir o apetite refiro a tradução de virtually por virtualmente.
E os Françêses!stop-em vês d’Arret-god wequend em lugar de bon-fin de semana,e isto é justo uma infima parte dos Anglicismos utilisados por povos no planeta.Sabias que nos U.S.A O Ingles nâo é a lingua oficial em todos os estados? E que eu escrevo mal em crrise de tabernac?
… ora bem que o eventually se traduz por finalmente ou parecido, já eu sabia há muitos anos. Agora pensava que virtually se traduzia por virtualmente. Como é?
uma vez vi uns postais dos Minho com solares, aquelas casa senhoriais, traduzido em inglês por sun set.
Que chatos e aborrecidos. Por exemplo, num filme do Allen vi traduzir-se Village Voice(o jornal) por ‘voz da cidade'(rumor).So what?!Desfiz-me em gargalhdas espanpanantes e absolutamente sadias.
creio já uma vez, num post do fernando que abordava temática próxima, ter referido este exemplo: também o português do brasil utiliza palavras com sentidos diferentes dos que lhes atribuimos, coloquialmente. uma amiga brasileira contou-me que demorou um bocado a conseguir comunicar, depois de estar cá. um dos exemplos que deu foi o «absolutamente!», no brasil usado á francesa, como «nem pensar!» e que cá tinha o sentido de «com toda a certeza!» (vai deixando de ter, entretanto…)
Uma que me irrita e é usada com frequência é “aparentemente”, que em português contém a ideia de ilusão:
que só existe na aparência;
fingido;
Mas que é usado, por exemplo, pela Clara Ferreira Alves no sentido inglês, como bengala, em vez de “parece que”.
Por exemplo:
– Houve aqui um acidente?
“- Parece que sim.” tem o mesmo sentido que “Apparently, yes.”
“- Aparentemente, sim.” significa que o acidente terá sido fingido.
E o “actualmente” para “na realidade” (actually) e outros
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Os exemplos são diários. Passeia-te pela TV e eles lá estão ao saltar de cada tradução.
Susana,
A questão não é que outros dêem a certo termo um significado diferente do nosso. É que os nossos dêem aos nossos termos o significado que dão os outros.
João,
Você leu o post seguinte? Já aí está desde ontem. Bom, desde há quinze anos… Mas obrigado pelos seus cuidados.
tem razão, fernando, eu estava a pensar na possibilidade de mudança por permeabilidade, dado que se trata da mesma língua com divergências semânticas ocasionais. o que nada tem a ver com usos incorrectos decorrentes de traduções erradas, claro.