
«Muitos intelectuais», escreveu Marguerite Duras, «são amantes desajeitados, tímidos, assustados, distraídos. Isso não me incomodava sempre que percebia que quando estavam longe de mim eles eram escritores igualmente distraídos do seu próprio corpo». E Pedro Mexia transcreve-o num artigo de ontem no «Ípsilon» («Ypsilon» tinha outra graça) do Público. Você não deitou fora, pois não?
«É uma bela expressão: “distraídos do seu próprio corpo”», prossegue Mexia. «Como se o corpo não fosse o corpo. Como se o corpo dos escritores fosse o seu texto e o corpo propriamente dito um facto vivido distraidamente».
E eram – dizia-se – uma classe invejável. Porque amantes, amantes, são mesmo os trolhas. Lentos, exactos, e duros.
Li algures em V.Ferreira, quanto mais espírito, menos corpo.
http://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/2007/07/pas-do-esterco.html#links
Isso é em relação às suas personagens, Cláudia. É uma das traves-mestre da sua obra romanesca (sobretudo a posterior ao magnífico ensaio INVOCAÇÃO AO MEU CORPO, cujo momento mais alto são o PARA SEMPRE e EM NOME DA TERRA): quando mais novo é um corpo, menos ele existe, maior é o «espírito», aqui sinónimo de consciência da sua existência.
O Pedro Mexia fala de outra coisa (bem menos interessante, mas sintomática dos seus escritos): a condição do escritor e do seu corpo fora da obra romanesca e a sua identificação com a obra. Interpretação muito miserabilista e abusadora, sobretudo se tivermos em conta o que foi a vivência corporal da Marguerite Duras.
olhem lá bros, eu quero ir de férias descansado e anda aqui uma maldade neomalthusiana que me irrita.
Então à conta da porra das contas públicas um governo socialista, humanista e o caralho, anda a pôr os profs a trabalhar até morrerem à frente dos miúdos? Ao mesmo tempo que assim impede jovens de aceder àqueles lugares, com energia, motivação e sei lá que mais?
Está por demais sabido que os cancros só se curam a namorar e portanto gente com essas coisas devia ter um subsídio especial para ir até ao Brasil ou parecido.
E depois isso das contas públicas é tudo uma mistificação. É economia é completamente feita e regulada pelos homens, podem reconcertá-la quando e como quiserem, embora tenham de atender à inércia do sistema se quiserem evitar transições catastróficas.
O euro está a quase $1,40, aguenta muito bem que seja desde já criada pelo BCE uma bolsa de muitos milhões para sustentar as reformas nos próximos 30 ou mais anos. Se quiserem indexá-la fiduciariamente façam-no ao Carbono, o átomo dos esqueletos das moléculas orgânicas.
Já agora não esqueçam que no espaço dual da economia do Carbono está o Oxigénio, de valor infinito, feito de borla pelas plantas verdes.
Sapiens non sapiens, tss
Eu, Mexia, me confesso? É que, nesta matéria, cada um fale por si. E a Duras não estava de certeza a falar do mesmo do que estará a falar o Mexia.
João Pedro, eu ainda não li o texto do Pedro Mexia. O que escrevi foi essencialmente deduzido pelo pouco que li do post do F.Venâncio.
Só depois de ler é que poderei emitir opinião ;-P ( e agora só mesmo quando voltar ao Porto).
macacos me mordam se o gajo da foto não é bonzão! Olhos azuis, cabelos negros…
Notável equívoco do Mexia. É de mexer pouco em corpos, avento.
Fernando Venâncio, onde posso arranjar esse texto do Pedro Mexia na net?
Cláudia,
Por umas horas perdemos o rasto à coisa. A minha assinatura permite ler o Público de 20/07/07, mas já não o Ípsilon desse dia. So o de hoje. A mudança deu-se… esta manhã.
Não sei onde moras. Mas o Público fica a dez minutos a andar do Marquês de Pombal. Lá podes adquirir ou fazer fotocópia.
Boa sorte. A melhor.
Fogo. Vou de propósito andar até ao Público para ir buscar o texto. Vou-lho pedir. Pode ser que ele mo envie.
Agora que tenho o texto em mão, posso adiantar que não se trata de uma interpretação miserabilista e abusadora, dado que o Pedro Mexia se cinge de forma isenta, objectiva, ao texto da M.Duras.
Li primeiro “O Corpo dos Escritores” de Duras e, em seguida, o texto do Pedro Mexia, que não adultera em nada o que já fora dito pela escritora, até temos frases ainda mais esclarecedoras como esta
Como se o corpo dos escritores fosse o seu texto e o corpo propriamente dito um facto vivido distraidamente.
“…,sobretudo se tivermos em conta o que foi a vivência corporal da Marguerite Duras.” J.P.
Não devemos confundir um pensamento da Duras, aquele que é explicitado em “O Corpo dos Escritores”, com a sua vivência corporal.
Acaso a sua vivência corporal a teria impedido de andar distraída do seu próprio corpo?
É uma questão fora do âmbito literário, mas que não deixa de ter a sua pertinência.