Os Underworld foram uma das bandas mais importantes da música de dança da década de 90, sobretudo por terem procedido a uma intrigante síntese entre o novo e o antigo (um pouco como o meu avô paterno quando engravidou a filha do caseiro), adaptando a emergente música electrónica (house, dub, techno e trance) ao formato canção.
DUBNOBASSWITHMYHEADMAN (1993) e SECOND TOUGHEST IN THE INFANTS (1996) são dois discos incontornáveis para se perceber os caminhos trilhados pela música na década de 90 e talvez mais nenhum outro tema como «Born Slippy», incluído na banda sonora de TRAINSPOTTING (1996), se tenha aproximado tanto daquilo que se poderá designar como o hino de uma geração. A minha.
O música que vos deixo intitula-se «Rez» (1993) e posso vos assegurar que foi o primeiro tema electrónico que aprendi a gostar: tinha, na altura, 19 anos e odiava tudo aquilo que não metesse uma guitarra eléctrica. Lembro-me muito bem: estava muito charrado (un peu comme maintenant) em casa de um amigo a olhar de forma pouco sadia para uma rapariga linda de morrer (chamava-se Sara). Quando a música começou (cortesia do anfitrião), ficamos os dois em silêncio absoluto e, no fim, pedi para ela se casar comigo. Nunca mais lhe pus a vista em cima, é verdade, mas sempre que oiço este tema, algo me diz (ó heresia!) que não fui eu quem ficou mais a perder.
(A letra é muito boa.)
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Explicas-me porque é que te lembras de afixar música precisamente quando estou no remanso do meu paraíso campestre e ligado por um banal fio telefónico?
Para chatear, Luís. Apenas para chatear.
Já estava preparado para elogiar a capa quando dei por mim a ouvir o tema pela segunda vez. Muito melhor que a capa.
Então aconselho a ouvi-la de um qualquer bootleg ao vivo… E também CowGirl!
Cumprimentos, pá.
Esses gajos eram fantásticos.
Olhó Explícito: grande abraço para ti, pá.
Katraponga: «eram» mesmo. Embora ainda tenho resistido ao BEAUCOUP FISH.
Encontro-me em estado de techno.
Berk!
‘Tá impecável, primo. E a letra transportou-me imediatamente para alguns poemas do Vitorino Nemésio.
Quando saiu o “Colossal Youth”, dos Young Marble Giants, também vi ali, por antecipação à posteriori, o resumo da década de 80 e séculos seguintes. Mas este meu dom profético já tinha repetido a graça com o “The Wall”, e isso só por uma faixa nessa muralha.
O COLOSSAL YOUTH também é um dos meus discos favoritos. Mas olha que o Stuart Moxham continuou a lançar discos a solo muito interessantes.
Pois continuou, pois continuou. O cabrão.
E ainda bem, não só para a Sara, que ficámos todos a ganhar.
iezl aageue