Sócrates – digo eu – até foi contido em relação ao conspirador PR. Há mais a dizer para além da criminosa inventona de belém e do discurso de tomada de posse digno de um PR com falta de carácter.
Para espanto, vem Ricardo Costa dizer “atenção!!!”, porque deslealdade teve também Sócrates com o estatuto dos Açores que entra na história de tantas inconstitucionalidades!!
Perdão?
Esse foi mais um episódio conspirativo comido por Ricardo Costa.
Uma questão absolutamente menor de interpretação no sentido a ou b de dois preceitos constitucionais, um nada de assunto, deu lugar ao anúncio histérico de que haveria uma declaração do PR às 20h da noite.
A pátria parou, esperou, temeu o pior e Cavaco anunciou um ataque às suas competências.
Pelos vistos, conseguiu mais uma teoria da conspiração ainda hoje com frutos.
A questão era absolutamente menor e dividia os constitucionalistas em conversas de café. Lembro-me de perceber os argumentos de gente muito mais autorizada do que eu (Jorge Reis Novais, por exemplo), mas de me inclinar para a inconstitucionalidade da norma .
Este nada que que se resolveria apenas com o envio do diploma governamental para o TC (que deu razão ao PR e estranhamente a gente com eu na questão menos importante que vi ser levada àquele tribunal) foi aproveitado para um grito à nação: “socorro, o Governo atreve-se a interpretar a CRP de forma diversa da minha numa noma que envolve os meus poderes no estatuto regional dos Açores!!!”
O país não percebeu por que esperou um dia inteiro até às 20h da noite. Aliás: indignou-se.
Já Ricardo Costa viu outro filme.
Exactissimamente.
o post mais anti-climax da noite…
O brilho que aqui puxas para ti está ofuscado. espera pelo menos 24 horas, belinha.
Ora… http://lishbuna.blogspot.pt/2013/03/1-fraquinho-fraquinho.html
Ricardo Costa no seu melhor. O pintelho do estatuto dos Açores!
Tal e qual.
Toda a linguagem corporal do Ricardo Costa foi bastante inquetante, parecia genuinamente irritado com o regresso de José Sócrates, sendo esta intervenção não só a mais desesperada como a mais afetada. A primeira reação que tive a este ofendidismo descabido foi pensar que o regresso de José Sócrates não deixa só António José Seguro na sombra como outras personalidades socialistas, nomeadamente o irmão. Amor fraterno é a explicação mais simpática para os comentários e postura destemeperada que mostrou.
A dada altura também referiu que Sócrates voltou a afirmar que tomou a decisão de pedir ajuda externa depois de um almoço com Teixeira dos Santos quando o que ele disse foi que almoçou com representantes de entidades externas.
joão lisboa,tu que te contentas com o tótó do jeronimo,que mete dó no parlamento quando la vai,porque não havemos nós de ficar felizes quando ouvimos os independentes dizerem que a partir de hoje a oposiçao nunca mais sera como antes.alem de social -fascista és invejoso o que são defeitos a mais para um homem só.
Isabel
Não vês que o regresso de Sócrates não interessa ao PS. Hoje ficou demonstrado com a atitude do Ricardo Costa. Mas alguém vai ver o Seguro como alternativa credível, a partir de hoje?
Agora é que vai começar a caça às bruxas dentro do PS. Põe-te a pau!
não foi contido – só não quis aproveitar o tempo a lavar roupa que já está tingida: o que é preciso é lavar a roupa branca que está suja.
De facto, Sócrates pôs a mão na ferida no que diz respeito a Cavaco Silva. Este homem é o primeiro protagonista do velho sonho da direita:
“Uma maioria, um governo, um presidente”.
Esta fórmula propagandística, criada por Sá Carneiro, tomou logo a partir da sua génese vida própria e tornou-se o objectivo de uma direita vingativa, que sempre odiou a democracia, o 25 de Abril e o progresso das condições de vida dos portugueses e da sua cultura e educação. A direita ressabiada com o fim do salazarismo só tem um desejo: voltar ao Portugal miserável do antigamente, ao Portugal da incultura, do analfabetismo e das elites vesgas (que, em terra de cegos, quem tem um olho é rei).
Cavaco Silva não foi o mentor de Passos Coelho — esse papel foi desempenhado por Luís Filipe Menezes, Ângelo Correia, etc. Mas, conforme disse Sócrates, foi o patrono desta solução governativa. Como a direita adora usar a familia como metáfora, vou escrevê-lo de forma a que melhor o entendam:
Cavaco Silva foi o padrinho de Passos Coelho.
E, desde então, tem sido esse padrinho a que Passos Coelho recorre, sempre que se encontra encurralado. Foi padrinho quando não enviou para o Tribunal Constitucional o orçamento de 2012, claramente inconstitucional. Foi padrinho quando salvou o primeiro-ministro do chumbo da TSU pelo povo, nas ruas do país. Foi padrinho quando promulgou o segundo orçamento inconstitucional deste governo; aliás, como já não tinha espaço de manobra para fingir que era constitucional, lavou as mãos como Pilatos e enviou-o para o TC para… verificação sucessiva (quando para tal não são necessários os poderes do presidente; basta um grupo pequeno de deputados). Aliás, pode bem ter sido uma forma de condicionar a decisão do TC, antecipando-se ao previsível envio para o TC por parte dos deputados com uma justificação muito mais forte que a sua.
Se alguma dúvida havia, viu-se nas declarações que fez ontem mesmo (com o logótipo da Gelpeixe por trás (!)), que Cavaco Silva tem exactamente a mesma opinião do momento político nacional que Belmiro de Azevedo.
Por tudo isto, Cavaco Silva foi, é e continuará a ser o padrinho deste governo. É o vértice inferior do triângulo “uma maioria, um governo, um presidente”; o suporte de último recurso (enquanto tal for possível) do governo e da maioria. E quando isso deixar de ser possível, Cavaco Silva tentará erigir-se em patrono de uma futura tentativa de salvação do protagonismo do PSD na cena política nacional.