Mais política às escondidas e às pinguinhas

O Governo escondeu de todos nós  que se comprometeu junto da troika a cortar 4,7 mil milhões no âmbito da reforma do Estado até 2014, em vez de 2015. É uma brutaliidade.

Isto aconteceu através de uma cartinha de intenções apresentada à troika pelo Governo e pelo governador do Banco de Portugal e divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), incluída na análise da instituição no âmbito da sétima avaliação do programa de assistência financeira a Portugal.

Ou seja: o Governo comprometeu-se a cortar 4,7 mil milhões e os portugueses só o sabem por aquele relatório do FMI.

Não é só desistir de Governar. É insistir no insulto.

 

 

2 thoughts on “Mais política às escondidas e às pinguinhas”

  1. Isto é típico do primarismo político do partido laranja, que pelos vistos acha que se pode furtar a uma derrota eleitoral histórica, em 2015, antecipando as medidas dolorosas para 2014. Já deveria o PSD ter entendido, pelo caso Relvas, que um ano não vai chegar para o povo esquecer os insultos e as infâmias com que Passos Coelho brinda o povo português.

    Por outro lado, já é tempo de os rapazes de Wall Street perceberem que a globalização já está a dar a volta pelo outro lado; que a globalização cria agora, ela mesma, dinâmicas que se opõem a esta fusão entre o conservadorismo e o neoliberalismo. Emergem, por todo o lado, alterações profundas da estrutura social e cultural das nações. As sociedades globalizadas evoluem para a urbanização, para a alfabetização, para a livre troca de informação. Por isso exigem, crescentemente, um outro conjunto de valores sociais. O Portugal profundo, legado do antigo regime absolutista, do direito natural, da sociedade patriarcal, do Deus, pátria e família de Salazar, de que o partido laranja se erigiu como representante tardio, está em vias de extinção. E o capitalismo terá, agora, que arranjar um outro modelo de negócio: um que não se baseie na exploração de sociedades em fluxo entre a antiga sociedade patriarcal e a nova sociedade urbana.

    Já se viu que também na Turquia, apesar da situação social mais atrasada daquele país, relativamente a Portugal, as coisas também irão, no futuro, mudar. Na Turquia, o partido político local da direita “democrata-islâmica” (o que quer que isso signifique!), reclamando-se da fusão de valores ocidentais de democracia, de liberdade e do neoliberalismo com a religiosidade típica da Turquia profunda, entra agora em contradições profundas e insanáveis. Onde é que já vimos isto?! Também em Portugal, como eu próprio já aqui fiz notar, a fusão contra-natura do salazarismo com o neoliberalismo resultou nesta enorme trapalhada que todos podemos observar. É a política-karaoke, em todo o seu esplendor.

    Contudo, mesmo quando as relvas já não servem — de tão maduras que estão — para grandes esplendores, o Governo não se rende às evidências. Como os alemães na frente Oeste (1918) Gaspar anuncia a sua última ofensiva e desesperada ofensiva para 2014. É hoje bem claro, para mim, que tudo o que se passa em Portugal acaba por estar ligado. Não é por acaso que esta direita, que com toda a propriedade se pode classificar de reaccionária — reaccionária contra a derrocada do miguelismo, da monarquia e do salazarismo — é geneticamente avessa a tudo o que seja inovação social motivada pela globalização socio-cultural das sociedades. A atitude relativamente à co-adopção é um exemplo disso mesmo.

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