É um 31, não é?

Lendo opinião que já traduz uma linha de pensamento, pergunta-se: se Deputados do PS da anterior legislatura não integram as actuais listas foram, com toda a certeza, objecto de uma purga, os Deputados do PSD da anterior legislatura que não integram as actuais listas também foram sujeitos a esse horror anti-democrático, certo?

18 thoughts on “É um 31, não é?”

  1. Cara Isabel,
    nada de mais errado. No PSD trata-se de uma renovação democraticamente aceite e uma abertura à sociedade civil, no PS é que é sempre uma bandalheira e uma data de manobras, mesmo que haja cabeças de lista substituídos que votavam com a malta do PSD nas comissões onde tinham assento.

  2. Gabo-lhe a paciência por tomar o que não passa de spin por “linha de pensamento”. Esta das “purgas” é assim [spin mode:on]: como o congresso do PS correu (muito) bem, ao contrário do que esperavam, pega-se nesse facto e denuncia-se como “estalinista” ou “coreia do norte”, etc etc. Se estão todos unidos, é por medo. Meeeeeedo de Sócrates, ouvi ó populaça! Temos aqui as provas! Este, que foi excluído por ter dito mal do líder! Aquele, por ter mentido coragem. Eles não estão unidos, isso é falso! Têm é medo, medo das represálias, só por isso é que não dizem tão mal de Sócrates como nós dizemos.
    [spin mode:off]

    Mas confesso que o Moita de Deus tem piada. Devia ter o seu próprio programa de humor. Mas não é propriamente para levar a sério, ou confundir com “linha de pensamento”. Ou sequer “opinião”. É spin.

  3. VEGA 9000, o teu comentário trás-me à mente algo que já ha tempos ando para deixar aqui. Tem a ver com os comentários a que te referes frequentemente ouvidos ácerca da forma como decorreram o Congresso do PS e a reeleição de Sócrates com cerca de 93% dos votos entrados nas urnas.

    Votação estilo Albânia ou Coreia do Norte é o que se ouve. Pois eu quero dizer a essa gente que, no meu caso pessoal, se quis votar e fi-lo com imenso prazer, tive que deixar no Secretariado da mesa de voto, a importância de 72 Euros relativa a quotas que, por motivos de minha vida que não vêm ao caso, tinha deixado atrasar! E mais, penso que como o meu caso outros haveria pois o número de pessoas que se encontrava a pôr em dia as suas quotas para poder votar era apreciável. Se isto não é empenhamento sério e consciente não sei o que isso seja!

  4. Dizem que não há democracia no PS! Então reparem: o Ps foi buscar o Basílio Horta ao CDS e quem mandou para lá? Freitas do Amaral.
    O PSD foi buscar o Fernando Nobre ao BE. Quem mandou? Ninguém.

  5. SINCERAMENTE GOSTEI MUITO DE VER A RESPOSTA QUE OS SOCIALISTAS DERAM AO IR VOTAR: A PERCENTAGEM A IR VOTAR FOI DE 89% – E 93% VOTOU EM JOSÉ SÓCRATES!
    FOI LINDO! E A CS – TÃO LARANJA – FICOU ROXA!

  6. Sim claro, mas no caso do PSD, e ao contrário do objectivo de uma boa purga, aproveitaram as impurezas e livraram-se do licor.

  7. Cara Isabel Moreira,

    Nestas coisas das listas de deputados ou para vereadores, há sempre “purgas” atrás da orelha, em qualquer dos partidos. Depois, fazem o seu papel ao procurarem passar para a opinião pública sinais de que acolheram as mais variadas sensibilidades do partido e até da sociedade civil nas listas de deputados, em ordem a conseguir a necessária pacificação e mobilização internas para a batalha eleitoral que se avizinha.

    Isto é natural e ninguém pode levar a mal. O que, de facto, como penso que quer sublinhar, não é nada natural, é a actual mediação que a comunicação social está a fazer destes assuntos com o público em geral. Por exemplo, na TVI 24 passaram uma peça onde em rodapé se referia algo com uma conotação negativa (purga? afastamento? exclusão?) em relação à não presença de Teixeira dos Santos, Luís Amado e mais dois cujo nome não me recordo nas listas do PS (Victor Baptista ?). Logo de seguida, passam outra peça em relação às listas do PSD sobre actuais deputados que não constam das listas e em rodapé aparece apenas a palavra “surpresas”… Neste caso, ainda por cima, concordando-se ou não com eles, estamos a falar de alguns dos deputados históricos e mais bem preparados como Pacheco Pereira, Marques Guedes, Bacelar Gouveia, José Eduardo Martins ou mesmo Jorge Costa…

    Como romper esta asfixiante ausência de pluralidade na informação e nos debates (sobretudo, entre comentadores “não políticos” e, portanto, “pseudo-imparciais”) dos principais orgãos de comunicação social portugueses? Quem são os accionistas maioritários dos principais orgãos de Comunicação Social Portugueses? Esses accionistas maioritários têm ou tiveram conflitos ou expectactivas de uma “mão amiga” do Governo em Opa`s, no BPP, no BPN, ou em futuros negócios de privatização da RTP? Que tipo de relações existem, de facto, entre as Agências de Comunicação e os principais jornalistas / opinion makers das orgãos de Comunicação Social Portugueses (ligações repudiadas veementemente pela generalidade da Comunicação Social quando denunciadas por Manuel Maria Carrilho, curiosamente, hoje em dia, um dos meninos queridos da Comunicação Social anti- Sócrates)? Para quando um processo “Caneta Dourada”?

  8. Como romper? No meu caso é simples: jornais, não os compro. Telejornais, vejo pouco. E espero que um dia apareça um órgão de comunicação social digno desse nome. Até lá, boicote. Não por ideologia, mas por desinteresse. Chama-se “votar com a carteira”.

    (Quanto ao resto do mundo, felizmente existe o New York Times, a CNN, o Guardian, e a Atlantic. E o Sullivan, o melhor do mundo.)

  9. Caro Vega9000,

    Concordo contigo. Aliás, faço exactamente o mesmo, votando com a “carteira”. A minha questão tinha, no entanto, a ver, isso sim, com as formas de romper o cerco informativo à população menos politizada – como é fácil de imaginar, grande parte da população portuguesa.

    Põe-te, por exemplo, no lugar dessa população menos politizada (posso estar a falar dos meus pais, dos meus avós, dos meus sogros), ao ver comentar, na RTPN (portanto, uma estação pública que eles até suspeitam ser, na velha tradição de governamentalização da informação pública, mais “favorável” às posições do Governo) a entrevista ao Primeiro Ministro, através de um painel de comentadores constituído pela Inês Serra Lopes, o João Marcelino, a Maria João Avillez e o André Macedo, todos eles com a mesma “cartilha” e, alguns deles, que até salivam compulsivamente sempre que ouvem o nome de José Sócrates. Tudo aquilo parece um coro, todos concordam com uns com os outros. Não há dúvidas, não há nuances. tudo é dito em tom inequívoco e até radical. O Primeiro Ministro é avaliado não pelo que disse ou deixou de dizer, pelo que propôs ou deixou de propôr, mas apenas por um conjunto de ideias feitas ou preconceitos que têm para com ele (“o vindeirinho”), ou por cartilhas ideológicas mal amanhadas de Senhores Professores pseuso-isentos (Duques, Cantigas e outras más “Moedas”).

    O grande risco é que, tudo o que esses pseudo-comentadores ou Senhores Professores dizem na qualidade de “não políticos” e, portanto, pessoas teoricamente isentas, pode passar, ainda por cima sem qualquer contraditório por parte de ninguém, a ser assumido por essa população como “a verdade” da política. Com raríssimas excepções, este é o triste estado a que chegou a comunicação social portuguesa.

  10. Tem toda a razão, “JP1”. O que os poderes mediáticos do eixo Lisboa-Queluz de Baixo (passando por Carnaxide e por Paço de Arcos/Norte, junto à Quinta do Torneiro) estão a fazer à opinião pública portuguesa indefesa é uma malfeitoria comparável, mutatis mutandis, ao bombardeamento de civis líbios pela Aviação de Khadafi.

    E contudo, apesar desse bombardeamento intenso, a Resistência não desanima…

  11. Caro Marco,

    Infelizmente, com algumas honrosas excepções, a descrição da situação da comunicação social que o genial Eça fazia há cerca de 140 anos nas Farpas “Chronica Mensal da Politica, das Letras e dos Costumes” pode ser reproduzida quase na totalidade para o momento actual. Tudo isto é triste, tudo isto será fado?

    As Farpas: Chronica Mensal da Politica, das Letras e dos Costumes

    Outubro a Novembro de 1873

    A imprensa de Lisboa não tem opinião. Aquelles dos seus membros que por excepção presentem as idéas proprias, vivas, originaes zumbindo-lhes importunamente no cerebro, enxotam-as como vespas venenosas. É que a missão do jornalismo portuguez não é ter idéas suas, é transmittir as idéas dos outros. Por tal razão em Lisboa o homem que pensa não é nunca o homem que escreve. O jornalista nunca se concentra, nunca se recolhe com o seu problema para o meditar, para o estudar, para o resolver. Nunca procura a verdade. Procura apenas a solução achada pelo publico, pelo publico d’elle, pelo seu partido politico, pelos consocios do seu club, pelos seus amigos, pelos seus protectores, pelos seus assignantes. Portanto trabalha na rua, debaixo da arcada do Terreiro do Paço, nos corredores ou nas tribunas de S. Bento, no Chiado, no Martinho, no Gremio. Como trabalha? Trabalha d’este modo: informando-se;—é o termo technico. Uma vez informado, o jornalista considera-se instruido. Desde que tem a informação recebida tem o jornal feito. O que elle vos escreve hoje—notae-o bem—é o que vós lhes dissestes hontem. O jornal não é uma fonte de critica, de analyse, de investigação. O jornal é o barril de transporte das idéas em circulação, das soluções previamente recebidas e approvadas pelo consenso publico. O jornalista é o aguadeiro submisso e fiel da opinião. Não a dirige, não a corrige, não a modifica, não a tempera. O unico serviço que lhe faz é este: transporta-a dos centros publicos aos domicilios particulares. O publico é a nascente, é o veio, é o manancial; a imprensa periodica é simplesmente — o cano.

  12. Cada partido escolhe, e exclui,
    quem quer, entende, acha bem…
    tudo isso,
    no seu somatorio,
    tem um significado politico
    que se vem a traduzir nos resultados eleitorais
    e sobretudo no futuro trabalho parlamentar
    logo… penso eu de que…
    a luta continua
    em temas serios e com significado e implicancias poiliticas
    nas conjunturas que se seguem
    abraço

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